O porque de existirem cidades grandes (próximo a estradas, ferrovias, rio, porto...)
Algum dia na vida você já deve ter se perguntado: porque existem cidades tão povoadas? Certamente não foi uma escolha espontânea dos seus primeiros habitantes, e tais locais atraíram o público por algum motivo.
Um dos motivos mais antigos que reúnem pessoal numa pequena faixa de terra é a água: as primeiras civilizações ocidentais ficavam na ‘Crescente fértil’ (nome que justifica a fertilidade da água para essas terras), uma região do Oriente médio onde grandes rios faziam seu percurso pela capital e interiores*: o rio Jordão passa pela Palestina (região até hoje disputada entre palestinos árabes e israelenses), já o Tigre e Eufrates são os principais rios da Mesopotâmia*² (palavra essa que vem do grego e significa ‘entre rios’, justamente por essa civilização ficar entre os vales desses rios) e o rio Nilo é uma das principais referências do Egito, especialmente porque passa pela sua capita, Cairo.
Outras civilizações tinham lá seus motivos para justificar sua fama: a Fenícia*³ estava protegida num local estratégico, onde para o norte havia deserto, para o leste floresta de Cedras, para o sul montanhas e para o oeste entrada para o mar (daí os fenícios serem grandes navegadores, os primeiros a terem necessidade de se expandir afim de se estabelecer relação comercial com outros povos- inclusive parte dos estudos de navegação dos europeus ocidentais foram estudos reaproveitados dos fenícios, que passaram pelo Brasil antes mesmo de os portugueses sonharem com a existência da Índia).
Oriente médio e a crescente fértil, destacada de vermelho na gravura
A importância dos portos
Pegando o gancho da importância da Fenícia para a tradição comercial e marítima, muitos países de hoje em dia tem em suas cidades portuárias, se não a capital, uma de suas principais cidades: Buenos Aires- Argentina, Val Paraíso- Chile, Santos- Brasil**, Nova Iorque- EUA, Montreal- Canadá, Hamburgo- Alemanha, Roterdã- Holanda, Marselha- França, Yokohama-Japão, Xangai- China, Melbourne- Austrália, Auckland- Nova Zelândia, Lisboa- Portugal e Dakar- Senegal são apenas alguns exemplos.
Na esfera nacional, já teve estado que mudou de capital por a 1ª não ser 'praieira'***, logo, não podendo ser portuário: São Cristovão, apesar de cidade histórica, perdeu o posto de capital de Sergipe para Aracaju.
A esquerda, o porto de Santos, o maior da América Latina, e a direita, o maior porto artificial do mundo, em Roterdã- Holanda (repare que a cidade fica abaixo do nível do mar e um dique fecha o canal- há soteropolitanos que alegarão acerca da experiência dos holandeses de contruir diques, embora os estudiosos saibam que o Dique do Tororó não foi criação holandesa)
A importância dos Rios
Vale lembrar que algumas cidades portuárias também tem seus rios (a exemplo de Lisboa e o rio Tejo), mas grandes capitais não portuárias muitas vezes ganharam o status de sede do poder executivo pelos seus rios: Londres- Tâmisa, Paris- Sena, Madrid- Manzanares, Roma- Tibre, além de exemplos de rios que ficam a margem de mais de uma capital, como o Danúbio, presente na vida dos habitantes de Praga, Budapeste e Viena.
Cidades às margens de rodovias e ferrovias
Ferrovias e rodovias se tornaram extremamente úteis para a locomoção segura de habitantes de um centro urbano ao outro. Graças a ferrovia na Inglaterra, uma cidade se desenvolveu muito e se tornou uma dos mais importantes pólos industriais desde a revolução industrial: a cidade de Manchester.
Em busca de expansão e criação de novos centros urbanos, pessoas do mundo todo procuram estar presente com a civilização e criam às margens de estradas novas cidades, e assim se desenvolveu Feira de Santana (às margens da BR-324), cidade essa que aos poucos está cada vez mais ligada a Salvador, pois com o crescimento da população da capital, bairros como Cajazeiras, situado próximo a essa rodovia, crescem sempre às margens dela, e a tendência é chegar cada vez mais próximo de Feira de Santana.
Nos Estados Unidos, uma antiga estrada ligava Chicago a Santa Mônica, numa distância de 3939 km (equivalente a de Aracaju à Porto Alegre, ou seja- cruzava quase um país inteiro). As suas margens, surgiram o primeiro Mc’Donalds e primeiro Motel**** dos Estados Unidos, além de diversas cidades. Mas com a construção de uma rodovia mais moderna, a Highways, a rota 66 iniciou um processo de esquecimento, e as cidades as suas margens, que tanto recebiam visitas, passaram a ser esquecidas, logo, muitos estabelecimentos se fecharam e muitas dessas cidades hoje são apelidadas de ‘cidades fantasma’, por terem pouquíssimo moradores, embora grandes edificações.
Assim como municípios, bairros também surgem às margens de fluxo de pessoal: a avenida Paralela, em Salvador, fora inaugurada na década de 70 como uma nova via para ligar a região da rodoviária (próxima ao centro da cidade) ao aeroporto (antes ligado pela EVA- estrada velha do aeroporto). Com o decorrer dos tempos, bairros foram surgindo aos lados dessa avenida, a exemplo do Imbuí- ao lado direito da avenida (sentido rodoviária aeroporto)- e Canabrava- ao lado esquerdo.
Voando nos trilhos: time de 'origem ferroviária' (nascera com operários do depósito da Cia. ferroviária de Lancashire e Yorkshire), hoje ja é detentor de um luxuoso avião (imagem da esquerda abaixo), mas apesar disso, suas recordações aéreas não são boas: em 1958, um acidente aéreo em Munique matou 8 de seus jogadores (imagem a direita acima). Abaixo, homenagem às vítimas e heróis da tragédia, e ao lado esquerdo acima, o time do Manchester da temporada 1905-1906, responsável pela subida para a 1ª divisão da liga inglesa.
Artifícios para tornar a vida possível em cidades inesperadas
Se muitas cidades hoje são grandes devido a sua história de longas datas, a exemplo de Roma e Atenas (referências de grandes civilizações da antiguidade) ou municípios europeus que foram feudos (e nestes, sempre existirá forma de sobrevivência auto-sustentável, já que não se podia sair de seu território- a não ser por migrações ou guerra), outras tantas, que não teriam como existir nesses tempos, hoje com o auxílio da tecnologia desempenham importante papel na economia mundial: Atlanta, sede da coca-cola e das olimpíadas de 1996, fora construída no meio do deserto! Brasília, a nova capital do Brasil, fora construída no meio do cerrado na década de 50, sendo um local estratégico por estar no centro do Brasil (dificultando ataques por mar e aéreos- já que terá de se percorrer boa parte do Brasil para se atacar sua capital).
Importância de grandes centros econômicos no futebol
Você já reparou que a maioria dos times de futebol presentes na elite do futebol local pertencem a regiões povoadas ou ricas? O atual campeão europeu, por exemplo, é o Manchester United, da cidade de mesmo nome, que ganhara importância especialmente depois da construção da primeira linha férrea do mundo, que a ligava com Liverpool (Liverpool já era famosa por ser portuária, mas Manchester se tornou com essa colaboração).
No Brasil, os times mais vencedores estão no sudeste, região que se tornara mais importante economicamente que o Nordeste após descoberta de ouro nas Minas Gerais (antes o Nordeste era hegemônico com a plantação e colheita de cana de Açúcar).
Na época de amadorismo no futebol, a grande maioria dos jogadores de um time eram nativos da mesma região. Mesmo com o início da profissionalização, ainda existia o teto salarial, ou seja: jogando em um clube rico ou modesto, se ganharia o mesmo salário, sendo assim, muitos jogadores optavam por jogar para equipes de cidades pequenas, mais tranqüilas. Porém, o fim do teto salarial marcou o início da hegemonia das grandes potências, marcando o declínio de times do interior e supremacia de equipes dos grandes centros urbanos, que poderiam pagar muito mais.
Esse é mais um exemplo de como o futebol, ao mesmo tempo que faz parte da nossa sociedade, a reflete com tamanha fidelidade.
*O conceito de capital remonta a local mais influente, embora a idéia do capitalismo só tenha se consolidado com o fim da idade média e feudalismo e início da idade moderna e expansão do comércio. –O oposto de capital na língua portuguesa é interior, porque se tinha uma idéia de que as cidades mais influentes geralmente teriam de ser portos, e a maior parte das demais ficam no ‘interior do país’ (por dentro, e não às margens do mar); Já na língua inglesa, o oposto de capital é ‘country’, o que remete a uma idéia de pouco urbanismo.
*² Atual Iraque e Kuwait
*³Atual Líbano
**A primeira capital do Brasil, Salvador, também é portuária. Ao se descobrir ouro nas Minas Gerais (região central do Brasil), a região mais influente deixou de ser o Nordeste e a capital e porto principal passou a ser Rio de Janeiro. Com a descoberta da terra Roxa pelo estado de São Paulo (onde sua capital, também chamada de São Paulo, não é litorânea), a capital continuou sendo Rio de Janeiro, mas o principal porto passou a ser o de Santos, devido a importância da colheita de café para o enriquecimento do país (proporcionado pelas férteis terras por esse estado)
***Não é tão óbvio quanto parece: Roterdã, embora seja portuária, fica abaixo do nível do mar (logo, não é praieira), sendo o maior porto artificial do mundo
****O conceito inicial de motel não estava associado a um lugar para práticas sexuais, e sim um local onde se pagava mais barato que um hotel convencional para ficar menos tempo (o equivalente a uma noite de sono) e era muito freqüentado por caminhoneiros que passavam pelas rodovias
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Um comentário:
Muito bom cara. sério mesmo (y)'
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