segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A década que começou numa primavera


Na minha opinião, dois fatos simbolizaram os anos 2000. A eleição de Barack Obama e as dez estatuetas conquistadas pelo filme “Quem quer ser um milionário?” apontavam uma quebra de paradigma inimaginável há 10 anos. Na semana da consciência negra, em 2008, um homem negro foi eleito o presidente dos Estados Unidos, a maior potência econômica do planeta. Menos de um ano depois, um filme estrelado por indianos e ambientado na Índia foi reconhecido por Hollywood como a melhor obra cinematográfica do mundo, em 2009. Aqueles fatos eram um aperitivo para o que viria na década seguinte. E 2011 não decepcionou as pretensões de quem acredita em mudanças significativas na sociedade.

A primavera árabe foi a transformação mais significativa deste ano. Populações controladas pelo medo se rebelaram contra regimes sanguinários e covardes, e o saldo, até o momento, são mais de 30 mil mortos e algumas reivindicações conquistadas pelos manifestantes, a exemplo do exílio de alguns ditadores, como o ex-presidente do Iêmen, Saleh, que deixou o poder após 33 anos, disposto a conciliar novas eleições em dois anos. Há quem diga que os povos do norte da África e oriente médio estão acostumados com o regime ditatorial e o vácuo deixado pelos antigos líderes não poderá ser preenchido com a democracia. Isso só o futuro irá dizer, mas assim como a Revolução Francesa, a Primavera Árabe tem inspirado diversos movimentos pelo mundo, até mesmo no futebol. Torcedores de Palmeiras e Bahia que querem eleições diretas em seus clubes afirmam que suas inspirações foram os movimentos ocorridos no Oriente Médio a partir do final do ano passado.

Será que o mundo está mudando para melhor? É bom não fazer qualquer tipo de prognóstico precipitado, afinal, a Primavera Árabe, que completou um ano anteontem, 17 de dezembro, ainda terá muita água para rolar. Enquanto os árabes buscam mudanças radicais em suas estruturas políticas, aqui no Brasil a Copa de 2014 parece fazer a população esquecer suas necessidades básicas. Soteropolitanos manifestaram sua indignação por serem negligenciados pela FIFA na escolha das datas do Mundial. A primeira capital do país só receberá a Seleção Brasileira se esta terminar na segunda colocação do grupo e passar pelas oitavas de final. João Saldanha diria que "se macumba ganhasse jogo, o Campeonato Baiano terminaria empatado". Serão precisos muitos "trabalhos" para fazer a equipe canarinha não terminar a primeira fase na liderança, mas quem duvida do povo baiano?

Brincadeiras à parte, o evento da FIFA pretende driblar algumas regras estabelecidas pelas leis brasileiras, a exemplo do consumo de bebidas alcoólicas em estádios e a venda de ingressos a meia-entrada para estudantes e idosos. A Lei Geral da Copa foi assinada pela presidente Dilma Rousseff, que não se mostrava tão subserviente ao órgão máximo do futebol como seu antecessor Lula. Agora, a Lei Geral da Copa será discutida no plenário da Câmara do Senado e precisa ser assinada pelos seus membros para que o evento seja “oficializado”. Essa questão vem sendo questionada inclusive por gente de fora, como o jornalista escocês Andrew Jennings. Autor do livro Jogo Sujo - O Mundo Secreto da FIFA, Jennings se tornou conhecido no Brasil após duas participações no programa Bola da Vez, da ESPN, e de ter prestado depoimento na Câmara dos Deputados, em Brasília, esclarecendo os interesses da FIFA com a realização do Mundial e defendendo a soberania do Estado Brasileiro.



Romário: a surpresa e decepção do ano na política

Andrew Jennings parecia ter um aliado e tanto na Câmara. Deputado Federal pelo Rio de Janeiro, o ex-jogador Romário havia sido eleito sob muita desconfiança, numa época em que o palhaço Tiririca havia levado a maior quantidade de votos do país com o slogan "Vote em Tiririca, pior do que tá não fica". No entanto, Romário mostrou ser diferente dos candidatos folclóricos e se tornou assíduo frequentador das audiências, além de questionar constantemente os métodos para a realização da Copa de 2014. O ex-jogador deu esperanças a muitos brasileiros quando se pronunciou sobre o presidente da CBF Ricardo Teixeira e o secretário geral da FIFA Jerome Valcke.



Na última sexta-feira, porém, Romário se reuniu com Ricardo Teixeira e o também ex-atacante Ronaldo, que ganhou um cargo no COL, Comitê Organizador Local da Copa do Mundo, na sede do COL, no Rio de Janeiro. O discurso conivente do deputado federal decepcionou todos que depositaram nele as esperança de busca por transparência no mundial. Terá sido apenas uma recaída de quem por tanto tempo foi amigo do ex-presidente do Vasco Eurico Miranda, ou Romário resolveu "trocar de time?". Só o tempo irá dizer.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Jogo Bahia x Ceará vira polêmica antes de a bola rolar

Após episódios bizarros em Campeonatos Brasileiros, a CBF decidiu realizar os principais clássicos regionais na última rodada da Série A, para evitar constrangimentos como na última rodada do Brasileirão de 2009, em que o Grêmio entrou em campo com o time reserva para enfrentar o Flamengo, no Maracanã. O triunfo da equipe carioca livraria qualquer possibilidade de o rival do Grêmio, o Internacional, levar o trofeu para casa, e o rubro-negro fez sua parte, se tornando campeão. A partir desse ano, oito clássicos regionais esquentam a última rodada, evitando especulações de “entrega”.

Porém, nem todos os clubes têm rivais na Série A. O Bahia, livre do rebaixamento, recebe um Ceará desesperado em vencer para escapar da segundona. Essas equipes só vão se enfrentar na última rodada porque Vitória e Fortaleza, seus respectivos rivais, estão fora da elite do futebol nacional. Mas uma nota oficial no site do Bahia tem dado o que falar. Ao parabenizar, no sábado, Sport e Náutico pelo acesso à Série A, ressaltando a força do futebol nordestino, o texto desejou também boa sorte para o alvinegro cearense. Embora a nota tenha sido escrita antes da partida desse fim de semana, era evidente que o triunfo do Cruzeiro sobre o Ceará seria melhor para as pretensões do Bahia, que enfrentou o Santos e, caso perdesse, teria que lutar contra o rebaixamento enfrentando o Ceará na última rodada. Para alívio dos tricolores, o empate em 1 a 1 com o Santos, aliado a derrota do Atlético Paranaense para o América Mineiro e o empate entre Ceará e Cruzeiro, garantiram o time na primeira divisão do ano que vem.

NOTA NO SITE DO BAHIA GERA POLÊMICA

A nota oficial no site do Bahia não foi editada até agora e os rumores andam soltos entre torcedores e cronistas esportivos, como o comentarista da ESPN Leo Bertozzi, que levantou a polêmica em seu blog. "Parece óbvio que o objetivo principal do clube tem de ser a vaga continental. E o torcedor, como pensa? Manifestem-se", solicitou. Alguns tricolores que comentaram em seu blog já tinham até criado um suposto movimento, o M.E.B. (Movimento Entrega Bahia). "Sou torcedor do Bahia e quero entrar no M.E.B - Movimento Entrega Bahia. Vamos devolver a gentileza que eles fizeram", opinou Lincoln, se referindo aos 7 a 0 sofridos em 2003, que rebaixou o tricolor. Porém, boa parte do movimento nada tem haver com o "fortalecimento do futebol nordestino". Boa parte dos que pedem a entrega do Bahia são torcedores do Atlético Mineiro. "Entrega Baea!!! Vai ter trio elétrico no Bar do Peixe! É Carnaval em BH!!!!", comentou o atleticano Bessas.

Em meio a opiniões divididas entre torcedores de diversos times, o fato é que o Bahia fez uma campanha muito ruim dentro de casa no Brasileirão: foram seis vitórias, sete empates e cinco derrotas, logo, não será algo de outro mundo se o tricolor perder. Para o torcedor do Fortaleza Fawber Gladson Quintino, o tricolor não deve abrir mão de disputar um torneio internacional, o que não acontece há 21 anos. "Se o Bahia abrir [as pernas] e o cruzeiro ganhar e ai como fica quem vai pagar pelo prejuízo de abrir mão de uma sul-americana?", contesta.

BAIRRISMO

“Secar” o rival (torcer contra) é natural. Mas a região Nordeste, ao longo da história, tem dado exemplos de bairrismo que não existem em outros cantos do país. Na semifinal do Campeonato Brasileiro de 1975, o Estádio do Arruda estava repleto de torcedores do Sport, Náutico e América-PE, que levaram suas bandeiras e se uniram ao lado dos tricolores para apoiar o Santa Cruz no duelo contra o Cruzeiro. O Santa perdeu e não pôde disputar a decisão contra o Internacional, mas certamente Pernambuco se entristeceu com a derrota. No ano passado, assistindo a Brasiliense x Náutico pela Série B (13/11/2010), me assustei com uma cena inusitada: um rapaz com camisa do Sport no meio da torcida do... Náutico! Os comentaristas do PFC repercutiram a cena. Quando o Timbu fez o gol, o rubro-negro se uniu aos alvirrubros na comemoração. Será que em Pernambuco há mais exemplos desse tipo do que em outros lugares pelo mundo?


Combinando ou não, os clubes de Recife vivem em sintonias parecidas. Em 2001, Santa Cruz e Sport foram rebaixados para a segunda divisão. Em 2005, Santa Cruz e Náutico disputaram o quadrangular final da Série B, houve um movimento para que ambos subissem, mas o Timbu não conseguiu vencer o Grêmio com quatro jogadores a mais (a “epopeia” gaúcha ganhou o nome de “Batalha dos Aflitos”). No ano seguinte, o Santa viveu a tristeza do rebaixamento enquanto Sport e Náutico foram promovidos para a Série A. Em 2011, os três clubes de Recife subiram: o Santa Cruz ascendeu para a Série C e Sport e Náutico para a elite do futebol nacional.

A semelhança entre todas as torcidas nordestinas, porém, não se resume a campanhas nas competições nacionais. Muitos torcedores de times da região questionam a “mídia do eixo”, que estaria dando pouco espaço aos clubes nordestinos. “Só assim pra o Bertozzi dar destaque ao Baêa, lógico que de forma negativa. Esta é a verdadeira imagem que eles têm do nosso futebol: timinhos sem caráter, com torcidas folclóricas, doidas para entregar a rapadura ao primeiro aceno”, questionou o torcedor do Bahia Jorge Ramos, no blog do comentarista da ESPN.

PROBABILIDADE

Matematicamente, o Cruzeiro tem 19,8% de chances de cair, segundo o site Chance de Gol. O Ceará tem 84,8%. Porém, há quatro anos, um episódio semelhante deu pistas de como os matemáticos podem estar errados. Corinthians e Goiás brigavam para não cair, e o time paulista era favorito a escapar da degola na última rodada, pois estava fora do Z-4 e dependia apenas de si. No entanto, a partida do Corinthians seria fora de casa, contra um Grêmio motivado em conseguir vaga na Libertadores e, de quebra, rebaixar um dos clubes mais odiados do país. Já o Goiás, precisava torcer por derrota ou empate do Corinthians e vencer, em seus domínios, o desmotivado Internacional, que além de não almejar nada, havia perdido o título brasileiro dois anos antes justamente para o Corinthians. Pesquisas feitas na época apontavam que a maioria dos colorados torciam para que o time de coração entregasse a partida para o alviverde goiano. Corinthians e Grêmio empataram em 1 a 1, o Goiás venceu o Internacional e o segundo clube de maior torcida do Brasil foi rebaixado, contra os prognósticos matemáticos.

Para a última rodada do Brasileirão 2011, o Cruzeiro recebe o Atlético Mineiro na Arena do Jacaré, em Set Lagoas. Em clássicos entre as duas equipes, o estádio só pode ser ocupado pelo torcedor da equipe mandante. Os atleticanos não poderão presenciar um eventual rebaixamento, mas estarão com o radinho ligado entre as partidas de Salvador e Sete Lagoas. Desde o primeiro campeonato nacional, chamado de Taça do Brasil, em 1959, o Cruzeiro só deixou de participar de quatro Brasileirões: 1959, 1963, 1964 e 1965. Na época, as melhores equipes nos estaduais garantiam vaga no Campeonato Brasileiro. O Cruzeiro nunca foi rebaixado.

O Ceará venceu o Bahia por 3 a 0 no jogo de ida, em Fortaleza

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Os animais do selvagem futebol brasileiro


"Série B é briga de foice no escuro", dizem os comentaristas mais exaltados. Na selva da segunda divisão, porém, é o leão quem tem gritado mais alto. Ou melhor: os leões. A Portuguesa de Desportos se sagrou campeã no dia 8 desse mês, ao empatar como o Sport num duelo em que ambas equipes tem como mascote o rei da selva. Se a equipe paulista levou a competição com tranqulidade, outros três leões brigam por uma única vaga do acesso: Sport, Bragantino e Vitória. Quem quer que suba, entrará no lugar de outro leão, o Avaí, que já está matematicamente rebaixado para a Série B.

Outro animal que tem chamado atenção em 2011 é o galo. Se na elite do futebol brasileiro o Atlético Mineiro não tem representado bem a ave, uma outra equipe de Minas Gerais "cocoricou" tão alto que levou um título nacional. O Tupi de Juiz de Fora foi campeão da Série D ao vencer o Santa Cruz por 2 a 0, em pleno Arruda lotado. Próximo do seu centenário, o galo carijó, como é chamado o time do interior de Minas, conseguiu seu primeiro título nacional, batendo a equipe pernambucana nos dois jogos.

Outro galo pode se tornar campeão nacional ainda em 2011. O CRB de Maceió é finalista da Série C. Precisa superar o Joinville de Santa Catarina, que tem como mascote um coelho. Nada mal para quem já bicou até dragão (o América de Natal).

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Um gol que valeu R$ 4 milhões

O triunfo, de virada, sobre o Atlético Mineiro, de 2 a 1, domingo passado, para muitos, “carimbou” o título de campeão para o Corinthians. Você pagaria R$ 4 milhões pelo título Brasileiro? Sem ter colaborado com a equipe nas três partidas que havia entrado em campo pelo Campeonato Brasileiro da Série A de 2012, Adriano fez um gol no finzinho do jogo e a equipe paulista se mantém na ponta da tabela faltando apenas duas rodadas para o término da competição. Os R$ 300 mil mensais, gastos em oito meses desde que o atacante chegou ao Parque São Jorge, equivalem a R$ 4 milhões, mas muitos torcedores não se importam com a fortuna investida caso o Corinthians leve o título.

Mas, por experiência própria, o clube paulista sabe que um título não é garantia de paz a longo prazo. Em 2005, o Corinthians firmou uma parceria com a empresa MSI, que montou um elenco com grandes jogadores. O clube paulista foi campeão naquele ano, mas foi rebaixado para a segunda divisão dois anos depois, na mesma temporada em que se deu o fim da pareceria e o Ministério Público congelou os bens da MSI no Brasil, após denúncias de lavagem de dinheiro.

Com 1,89 m de altura, o peso ideal de Adriano seria 87 kg. Quanto mais acima do peso o atleta, mas propenso a contusão ele está, pois está carregando alguns quilos a mais do que pode sustentar. O atacante assinou contrato em 25 de março desse ano, fora de forma. No dia 19 de abril, um rompimento nos ligamentos do tendão de aquiles prolongou sua estreia, que deveria acontecer em meados de maio.

O “imperador”, como é chamado, entrou em campo pela primeira vez com a camisa do alvinegro em 9 de outubro, no Pacaembu, quando a equipe do Parque São Jorge já vencia por 3 a 0 do Atlético de Goiás. O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, porém, nunca se mostrou preocupado com o atraso da estreia. Ao saber que Adriano bebeu um chopp num dia de folga, no Rio de Janeiro, mostrou-se indiferente a polêmica. “Bebeu só chope? Poderia ter tomado whisky, porque chope engorda. Eu não sou babá de jogador. Treinando no horário dele, ele que encha a lata. Na folga dele, ele faz o que achar melhor”, comentou, mostrando não ligar para a demora de Adriano em entrar em campo.

domingo, 13 de novembro de 2011

O que se ganha com o autocontrole?

Há uma semana, escrevi uma postagem intitulada "O que se perde sem as redes sociais?", abordando meu ponto de vista sobre o vício causado pelo Facebook, twitter e afins. Pensei em me "excluir" do mundo digital, mas depois de tomar conhecimento de uma experiência sobre autocontrole, mudei meus conceitos.

O estudo em questão foi feito pela Universidade Stanford, coincidentemente a mesma em que o fundador do Orkut, o turco Orkut Buyukkokten, fez pós-doutorado em ciência da computação no tempo em que criou o viciante site dos anos 2000, que atualmente se encontra em decadência.

Na década de 60, Stanford recrutou algumas crianças e, para testar o autocontrole, colocou um pedaço de marshmallow na frente de cada uma delas. Instruídos por uma mulher, que prometia dar mais um marshmallow se estas resistissem a não comer o doce, os pirralhos ficaram azucrinados, e a maioria não conseguiu adiar a satisfação pelo prazer imediato. Descobriu-se com isso que os que resistiram se tornaram pessoas com mais capacidade de autocontrole, além de outras virtudes, como persistência e maior tolerância à frustração.

Sempre há tempo de cortar hábitos destrutivos. Ter uma ferramenta viciante por perto pode ser um teste, e a busca pela autoaprovação é diária. Vejam o vídeo da experiência com as crianças, com legenda em português.



Leiam mais sobre a experiência em:

http://super.abril.com.br/ciencia/formula-sucesso-574653.shtml

http://www.alexandredecampos.com.br/blog/emocoes/auto-controle-em-criancas-o-teste-do-marshmallow/

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O que se perde sem as redes sociais?

Eu pensei em deletar minha conta em todas as redes sociais. Se isso acontecer, não terá sido um ato inconsequente. Coloquei na balança as vantagens e desvantagens de estar incluído no mundo digital, e descobri que a mantenho mais por questões profissionais. Numa eventual entrevista de emprego - essas coisas podem acontecer a qualquer momento - não pega bem afirmar que não tem Facebook. Os discursos são pomposos: "é a janela para o mundo", "é fazer parte da sociedade", “jornalista precisa saber o que está acontecendo a sua volta”, e por aí vai. No final das contas, porém, ninguém tem controle sobre si mesmo quando o assunto é internet.

Provavelmente as redações não bloquearam as redes sociais porque estas são ferramentas de trabalho. Inúmeras pautas surgem através de comentários inusitados nestes sites. Mas, assim como podem ser a salvação para cumprir o número mínimo de notícias a serem publicadas diariamente, Facebook e twitter distraem, e não digo apenas por mim mesmo: conheço muita gente, de todas as áreas, que revelam ter dificuldade para se focarem no trabalho ou estudo graças a estas ferramentas viciantes. Não é preciso nem guardar sigilo: pela timeline dos usuários, dá para perceber a frequência de publicações, algumas delas, inclusive, de desabafo, mostrando indignação por não saber conciliar as redes sociais com as obrigações.

No dia que eu me sentir seguro para "me livrar" das redes sociais, eu farei. O estilo de vida da sociedade mudou para pior em alguns aspectos. Com os celulares com acesso à internet cada vez mais popularizados, se tornou comum ver alguém conversando no chat em pleno barzinho, quando que poderia estar interagindo com quem está próximo. Enquanto não tenho coragem, tento diminuir o tempo que uso com tais "vícios".

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Barueri, o fake dos fakes


Numa viagem que fiz ao Chile, conheci um casal de paranaenses, torcedores do Paraná Clube. Arthur e Sofia, naquela época, tinham por volta de 50 anos. Questionei-os sobre o fato de torcerem por um time nascido a pouco mais de 10 anos, e eles me contaram a história da gralha azul, que começou após uma fusão entre os tradicionais Colorado e Pinheiros.

Arthur e Sofia não "decidiram" torcer pelo Paraná. Apenas deram continuidade ao amor pelo Colorado. Estranho, porém, é torcer por um time fundado sem paixão, com o objetivo de ganhar dinheiro. Tolo são seus torcedores. "Eu acredito que, com o passar dos anos, o torcedor vai comprar mais camisas, acessórios e principalmente, vai colocar na mente e no coração que ele tem um time para torcer pelo resto dos seus dias", iludiu-se o radialista Thiago Caldeira, de Presidente Prudente, sobre o Grêmio Prudente, clube que ficou apenas um ano e meio instalado na sua cidade. Já o publicitário Richard de Almeida, também morador do interior paulista, viveu momentos efêmeros com o time itinerante. "Não foi um time que surgiu aos poucos, nós já ganhamos um presente top".

Criado em 1989, o Grêmio Barueri Futebol Ltda., como o nome já diz, é um clube-empresa. Em 2001, passou a disputar competições profissionais, e sua ascensão meteórica o levou da sexta divisão de São Paulo até a elite do futebol estadual e nacional, em 2009. Divergências com a prefeitura de Barueri, no final de 2009, levaram o time à cidade de Presidente Prudente, a 527.85 km. Os baruerienses não gostaram nada da mudança.

"O time que me deu alegria muda de repente para uma cidade distante, que eu não posso acompanhar. O Prudente está esquecido para mim, vou torcer sempre contra", desabafou o torcedor Vani Vanin no início desse ano, antes do retorno do Grêmio itinerante.

Editor de esportes do jornal O Imparcial, de Presidente Prudente, Cássio Oliveira parecia prever a volta do Grêmio a Barueri. "Tem que ver se a cultura dessa cidade vai se adaptar a estrutura de clube-empresa e entender o pensamento da diretoria de estar vindo para a cidade, que é totalmente diferente", ressalta.

Um time "fake" como esse não poderia ter candidatas a musa mais adequadas. "Depois que eu fiquei maiorzinha, conheci uma amiga, lá em Barueri, comecei a frequentar os jogos, e assim virei torcedora", contou Giovanna Giorgetti, nascida em Rio Claro e candidata em 2009. "Eu comecei a acompanhar o time, foi amor a primeira vista. Hoje sou torcedora fanática, faça frio ou faça sol, estou lá apoiando, me considero a 12ª jogadora", exagerou Mayara de Souza, nascida em Presidente Prudente e candidata em 2010. Ao menos, musas do Brasileirão e Grêmio itinerante se combinam.

Aspas de Thiago Caldeira e Richard de Almeida (Brasileirão Petrobras - A Energia de Todas as Torcidas):



Aspas de Vani Vanin e Cássio Oliveira (ESPN - Além das Quatro Linhas - Clube-Empresa: Dá Para Confiar?):



Aspa de Giovanna Giorgetti (Entrevista da Globo.com):



Aspa de Mayara de Souza (Entrevista da Globo.com):

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Torcedoras fakes do Brasileirão

Torcedor, fale a verdade: você se importa com o concurso Musa do Brasileirão? Não dá para questionar a "qualidade" das moças que representam os times da Série A. É uma mais bonita e gostosa que a outra. Porém, eleição por eleição, já existe o concurso da coelhinha da Playboy para apreciarmos o mulherio.

As "representantes" dos clubes que disputarão o "título" no Caldeirão do Huck não ilustram a paixão de quem, incondicionalmente, vive pelo time de coração. São modelos apenas fazendo um de seus "trampos". Candidata a musa do Esporte Clube Bahia, Dani Mangá é a coelhinha da Playboy de 2010, mora no Rio de Janeiro e, durante a apresentação das candidatas, na TV, errou o hino. Seguindo os passos da baiana, a gaúcha Carolina Gonçalves foi coelhinha da Playboy do mês de julho e candidata a garota da Stock Car na etapa de Santa Rita-RS. Porém, perdeu a vaga de musa do Grêmio para Marilisy Antonelli.

Marilisy Antonelli, por sinal, me conquistou pela entrevista, ao assumir que sua família toda é colorada e que sua paixão pelo tricolor gaúcho nasceu com Paulo Nunes, jogador da equipe na época em que ela era criança. Ela não é a única mulher que escolheu o time por causa do jogador, mas na história dos concursos, não lembro outra que tenha assumido. Quem sabe, ela é a única que de fato se importa com o clube que está representando.

Pelas entrevistas, é possível identificar um discurso parecido nas candidatas. Parece que tiveram aula com o mesmo professor de discurso. "Eu torço pelo alvinegro desde criancinha", "meus pais me incentivaram a ser rubro-negra", e por aí vai. Poucas assumem que nem sempre torceram pelo time. Larissa Rezende, a candidata do Atlético-GO em 2010 e, na minha opinião, a mais gata daquele ano, não teve problema em dizer que nem sempre foi atleticana. Em locais onde boa parte das pessoas torcem por clubes de fora do seu estado, como Santa Catarina e Goiás, eu desconfio ainda mais que as musas só passaram a conhecer o time da cidade quando ele chegou na Série A.

O concurso Musa do Brasileirão, da Globo.com, é fake. Mas nada pior que o concurso Gatas do Brasileirão, da UOL. A representante do Bahia, por exemplo, sequer tem sotaque de baiana. Se for para vestir uma modelo com a camisa de um clube para simplesmente concorrer com o portal rival, que ao menos escolha uma representante local. Nesse tipo de concurso, eu deixo de ser Bahia. Prefiro que ganhe a que me soar mais verdadeira, por isso torço pela musa do Grêmio, Marilisy Antonelli.

Entrevistas com Marilisy Antonelli:

Site da torcida do Grêmio

GloboEsporte.com

Grêmio TV e Rádio

sábado, 29 de outubro de 2011

Até que ponto os cartolas podem estragar tudo?

O futebol é um reflexo da sociedade. O sucesso de um clube está ligado a sua administração, assim como a qualidade de vida de um povo está relacionado ao bom trabalho do governo. Arrisco dizer que a Confederação Brasileira de Futrebol nunca foi gerida por gente decente, e nem por isso a Seleção Canarinha deixou de dar espetáculo. Numa época de ditadura militar, que influenciava diretamente no esporte, o Brasil deu um espetáculo no México. A Copa de 70 é tida por muita gente como a melhor de todos os tempos. O presidente da CBF na época, João Havelange, buscou se imortalizar no poder, rumando para a presidência da Fifa, enquanto seu genro, Ricardo Teixeira, continuou no comandando da CBF, dando continuidade a sujeira.

O sucesso de equipes como a Seleção Brasileira de 70 não pode ser atribuído aos políticos e cartolas. Tampouco todos os fracassos. O fato é que os clubes brasileiros poderiam ser bem melhores do que são hoje, mas jamais teriam o poder econômico dos europeus. Deixaríamos de ser um mangue, mas nem por isso seríamos o centro do futebol mundial. A mesma coisa vale para o Nordeste, que deixou de ser a região mais importante do Brasil após a descoberta de ouro nas Minas Gerais, o que acarretou em mudança da capital nacional (de Salvador para o Rio de Janeiro) e decretou o declínio da monocultura de cana-de-açúcar. Portanto, mesmo que o novo CT do Bahia faça frente aos locais onde treinam São Paulo, Palmeiras, Cruzeiro e Atlético Mineiro, o fator mais importante num time são os jogadores. Caso contrário, o Atlético Paranaense teria sido campeão brasileiro mais vezes, e o Rio de Janeiro não estaria tão bem na Série A.

Denúncias de corrupção que envolvem os gestores do futebol devem ser levadas a sério. Suas medidas, quando equivocadas, devem ser criticadas, a exemplo do péssimo calendário da CBF, que não interromperá o Brasileirão durante as Olimpíadas, em que jogadores como Neymar, Lucas, Casemiro e Leandro Damião podem desfalcar seus clubes. Mas se o futebol sobreviveu até aqui, significa que o talento brasileiro é capaz de superar algumas adversidades. Nosso futebol poderia ser bem melhor do que é hoje, nossos clubes poderiam ser mais atraentes no exterior, mas ainda assim, o futebol é um reflexo do mundo, e enquanto o Brasil continuar sendo um país com população com necessidades primárias, o esporte não poderá acompanhar seu ritmo. Se nossos políticos não conseguem parar as nossas vidas, apesar das limitações impostas pelo governo, ninguém poderá destruir o futebol, nem o mais perverso dos cartolas.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Bahia, desista da Copa Sul-Americana

O Campeonato Brasileiro de pontos corridos cria objetivo para os 20 times da Série A. Título, vagas na Libertadores e Copa Sul-Americana, além da luta contra o rebaixamento, fazem o Brasileirão ser estimulante, e cada "grupinho" vive sua competição à parte. O Bahia disputa a permanência na Série A e uma classificação para a Copa Sul-Americana.

Eu não entendo o que leva o Bahia a se interessar pela Copa Sul-Americana, um torneio que tanto atrapalha os clubes que a disputam. Se Vasco e Flamengo, que têm elencos fortes, dificilmente reverterão seus revezes, quanto mais o Bahia, que sequer tem um time titular de respeito. Claro que entrar na zona de classificação do torneio é consequência de se distanciar do rebaixamento, mas a expectativa gerada em torno de disputar a Sul-Americana parece não reconhecer o desgaste de jogar três vezes por semana (lembrem da partida contra o Cruzeiro dia 12, quando a equipe mineira levou vantagem por ter ficado uma semana sem jogar).

Se ano que vem o Bahia tiver numa situação parecida com a que vive esse ano, será melhor colocar o time B para disputar esse torneio internacional, porque Série A é prioridade. Pobre Taça Governador do Estado, que receberá o time C do Esquadrão. O elenco do Bahia é fraco, mas Joel Santana colabora para mostrar tamanhas limitações.

Contra o Avaí, apostou no volante Camacho no papel de meia, e teve que ouvir o couro de "burro" da torcida para fazer as substituições que garantiram o triunfo (as entradas de Lulinha e Maranhão). Contra o Vasco hoje, inventou uma formação com três volantes e três atacantes de ofício, quando que a alternativa mais lógica seria colocar um meia (Maranhão era o favorito para a vaga) e dois atacantes. O Vasco não perdoou.

De qualquer modo, o fato é que o Bahia não tem banco, e sem bons reservas é impossível suprir as ausências de atletas do nível técnico de Ricardinho e Carlos Alberto. Jogadores de currículo internacional como eles só vestem a camisa tricolor se estiverem num momento de declínio, rendendo abaixo do que já jogaram, pois se atuassem em alto nível, não faltaria mercado para eles. Pra completar, Carlos Alberto sempre "está contundido".

Definitivamente, o Bahia deve pensar em, a longo prazo, crescer no Brasileirão, buscar outros objetivos. Os frutos poderão ser colhidos, seja com a construção do novo Centro de Treinamento ou a democratização do clube. Libertadores é sonho a longo prazo. Copa Sul-Americana, hoje, é pesadelo.
Os campeões mundiais Carlos Alberto (com o Porto em 2004) e Ricardinho (com o Corinthians em 2000 e com a Seleção em 2002) chegaram para ser titulares: você acha que eles renderam no Bahia?

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A Copa da ilusão

A cena que mais me chamou atenção hoje, dia em que São Paulo foi oficializada como cidade da abertura da Copa de 2014, foi a alegria de um operário. Ao ser entrevistado pelo repórter Mauro Naves, da TV Globo, o trabalhador abriu um sorriso de contentamento pelo feito e ainda fez merchandising, citando o nome da construtora pela qual trabalha. Ora, o Estádio de Itaquera está tão atrasado no cronograma de obras que sequer fará parte da Copa das Confederações de 2013. O paulistano não deveria comemorar. Alías, o brasileiro, do Caburaí ao Chuí, deveria ser contra a Copa do Mundo de 2014.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A paixão em números

Futebol sempre foi minha paixão. Mas por não ter quem me levasse para o estádio, assistir meu time jogar era o "evento do ano". Meu pai não compartilhava comigo o fascínio pelo esporte mais popular do mundo, e durante minha infância, só pude visitar a Fonte Nova quando meu tio Zé de Freitas, amigo de infância de meu pai e tricolor, ia junto.

Nunca vou esquecer da primeira vez que vi meu time de coração em campo. Vencemos o Paraná Clube de virada, por 2 a 1, em 11 de setembro de 1997. Meus olhos brilharam ao ver aquele gramado verdinho, iluminado pelos fortes refletores. Com o tempo, me tornei "independente", e de carro passei a frequentar mais vezes o Bahia. Ainda assim, eu acho que vou pouco. Quero ir mais vezes.

Tantas idas ao Barradão tem um motivo: embora eu não seja torcedor do Vitória, eu sentia carência de assistir futebol no estádio, e um tio meu, rubro-negro roxo, me levava algumas vezes. Ainda assim, nunca me "bandiei" para o lado de lá. Até já fui ver o rival jogar depois de adulto, como mero observador, uma espécie de antropólogo futebolístico.

Abaixo, um gráfico com o número de vezes que eu fui a algum estádio de futebol, a cada ano, contendo informações interessantes sobre algumas partidas e, mais abaixo, todos os jogos que já fui em minha vida. Viva o futebol. Bora Baêa Minha Porra!



Abaixo, lista de todas as partidas de futebol que ja fui em minha vida, com suas datas, competições e respectivos estádios, lembrando as siglas: Fonte Nova (FN), Barradão (B), Santiago Bernabeu (SB), Camp Nou (CN), Pituaçu (P), Morumbi (M), Parque Antárctica (PA), Rua Javari (J) e Canindé (C).

JOGO /COMPETIÇÃO /ESTÁDIO /DATA
Bahia-2x1-Paraná Série A (FN), 11-9-97
Vitória-2x0-Bragantino Série A (B), 17-9-97
Bahia-1x4-Internacional Série A (FN), 22-10-97
Bahia-1x2-Ceará Série B (FN), 24-9-98
Brasil-2x2-Holanda Amistoso (FN), 5-6-99
Vitória-0x3-São Paulo Série A (B), 10-11-99
Bahia-1x3-Flamengo Copa do Brasil (FN), 24-5-00
Bahia-2x0-Santos Copa do Brasil (FN), 11-4-01
Bahia-3x1-Sport Camp. Nordeste (FN), 28-4-01
Bahia-1x0-Náutico Camp. Nordeste (FN), 27-4-02
Bahia-1x2-Botafogo Série A (FN), 28-9-02
Bahia-2x1-Vitória Série A (FN), 15-6-03
Vitória-1x2-Corinthians Série A (B), 5-10-03
Bahia-1x1-Vitória Camp.baiano (FN), 11-4-04
Bahia-3x1-CRB Série B (FN), 1-7-04
Bahia-1x0-Náutico Série B (FN), 10-10-04
Bahia-1x1-Grêmio Série B (FN), 7-8-05
Bahia-3x0-Santo André Série B (FN), 3-9-05
Bahia-4x3-Icasa Série C (FN), 20-8-06
Bahia-0x2-Ipatinga Série C (FN), 28-10-06
Bahia-2x4-Vitória camp.baiano (FN), 11-3-07
Bahia-5x6-Vitória Camp.baiano (FN), 22-4-07
Bahia-1x0-Crac Série C (FN), 14-10-07
Bahia-1x1-Altético-Go Série C (FN), 11-11-07
Bahia-0x0-Vila Nova Série C (FN), 25-11-07
Vitória-0x2-Cruzeiro Série A (B), 10-05-08
Vitória-4x0-Figueirense Série A (B), 24-05-08
Vitória-1x0-Santos Série A (B), 08-06-08
Vitória-1x3-São Paulo Série A (B), 16-07-08
Vitória-1x0-Náutico Série A (B), 23-07-08
Vitória-1x0-Coritiba Série A (B), 14-09-08
Vitória-0x0-Flamengo Série A (B), 29-10-08
R.Madrid-1x0-Valencia La Liga (SB), 20-12-08
Barcelona-5x0-D.L.Coruña La Liga (CN), 17-01-09
Bahia-2x0-Poções camp.baiano (P), 11-02-09
Bahia-4x1-Feirense camp.baiano (P), 15-02-09
Bahia-3x1-Colocolo camp.baiano (P), 26-02-09
Bahia-1x0-Ceará Série B (P), 23-05-09
São Paulo-2x0-Náutico Série A (M), 27-06-09
Palmeiras-1x1-Santos Série A (PA), 28-06-09
Juventus-0x0-PAEC Copa Paulista (J), 11-07-09
Vitória-0x0-Altético MG Série A (B), 19-07-09
Bahia-2x1-Vasco Série B (P), 25-07-09
Brasil-4x2-Chile Eliminatórias (P), 09-09-09
Vitória-2x0-Internacional Série A (B), 19-09-09
Bahia-1x2-Duque de Caxias Série B (P), 29-09-09
Bahia-2x2-Fortaleza Série B (P), 06-11-09
Bahia-2x0-Guarani Série B (P), 21-11-09
Bahia-1x1-Internacional Amistoso festivo (P), 13-12-09
Vitória-2x0-Bahia camp.baiano (P), 24-01-10
Bahia-2x1-Vitória camp.baiano (P), 28-02-10
Bahia-1x0-Atlético-GO Copa do Brasil (P), 31-03-10
Galícia-1x3-Catuense camp.baiano série B (P), 01-05-10
Bahia-1x0-América-RN Série B (P), 07-05-10
Bahia-2x0-Sport Série B (P), 29-05-10
Bahia-0x1-Duque de Caxias Série B (P), 04-06-10
Bahia-2x2-Figueirense Série B (P), 31-07-10
Bahia-2x1-Paraná Série B (P), 10-08-10
Bahia-3x0-Náutico Série B (P), 15-10-10
Vitória-4x2-Vasco Série A (B), 30-10-10
Vitória-0x1-Cruzeiro Série A (B), 07-11-10
Ypiranga-3x2-Galícia camp.baiano série B (P), 30-04-11
Bahia-1x1-Atlético-MG Série A (P), 12-06-11
Bahia-0x1-Corinthians Série A (P), 29-06-11
Bahia-1x1-Botafogo Série A (P), 10-07-11
Bahia-0x0-Coritiba Série A (P), 24-07-11
Bahia-1x2-Santos Série A (P), 21-08-11
Portuguesa-3x3-Icasa Série B (C), 27-08-11
Bahia-0x0-América-MG Série A (P), 1º-09-11
Bahia-1x0-Atlético-PR Série A (P), 21-09-11
Bahia-3x2-Avaí Série A (P), 1º-10-11
Bahia-0x0-Cruzeiro Série A (P), 12-10-11

sábado, 8 de outubro de 2011

O que é paixão o tempo não apaga

Fenômenos pop passaram a existir quando tecnologias se tornaram capazes de expandir informação com mais abrangência. O rádio criou mitos como Elvis Presley e Frank Sinatra, cultuados até hoje. Com o tempo, o mercado passou a produzir ídolos descartáveis em larga escala. Minha tia foi fã dos Menudos, banda porto-riquenha de muito sucesso entra as garotas dos anos 80. Hoje, lhe restam apenas lembranças, sem nenhuma incondicionalidade ou fervor.

"Justins Biebers" estão fadados a sumirem e suas fãs, a tratarem tais ídolos como tolices da juventude. O que é paixão o tempo não apaga, e hoje, parece faltar paixões duradouras no mundo. Em meio a tantas relações artificiais, os clubes de futebol tradicionais dão uma aula de como se eternizar o sentimento, incondicional enquanto vivermos.

Bahia x Harry Potter

Nos cinemas de Salvador, o documentário “Bahêa Minha Vida” bateu o último filme da série Harry Potter em pré-venda de ingressos na semana de estreia. Mais do que justo. De um lado, milhões de torcedores representados em 80 anos de história do Esporte Clube Bahia. Do outro, uma saga que completou uma década nos cinemas e que, futuramente, será apenas uma lembrança, sem continuidade e fervor, que fez “apenas” 600 soteropolitanos comprarem com antecedência os ingressos para assistirem o bruxinho mais querido do pedaço. Enquanto isso, 1.000 tricolores garantiram suas entradas para transformarem as salas de cinema em arquibancadas.

Desrespeito ao torcedor

Os próprios clubes de futebol correm riscos de acabarem com suas torcidas. A cada vez que o preço do ingresso sobe, tenha certeza, a arquibancada vai perdendo parte do seu tempero. O “embranquecimento” da massa é percebido de longe. Um país miscigenado como o Brasil não comporta um só tipo de torcedor, mas ao que parece, os cartolas estão excluindo o povo da festa, assim como já fizeram na Inglaterra, onde o valor das entradas é tão obsceno que o torcedor comum passou a adotar os pubs como os locais para acompanhar sua paixão, enquanto os estádios parecem cemitérios, em que sentar na cadeira é a única alternativa para acompanhar a partida. Futebol não é teatro, cinema ou concerto. Futebol é festa, emoção, gritaria e pulos. É o momento em que ricos e pobres podem se abraçar, sem se conhecerem, porque todos estão ali unidos por uma só energia.

Há tempos a Federação Paulista de Futebol tem se esforçado para dar um perfil careta aos torcedores com a regra do “não pode”: não pode entrar com bandeira com mastro de bambu, não pode levar instrumentos, não pode isso, não pode aquilo. Ora, num momento de uma briga entre torcidas, o mais inusitado será ver alguém segurar um enorme bambu, difícil de manejar, para acertar a cabeça do rival. Sejamos razoáveis: há outras armas muito mais letais, e a ausência de bandeiras e música só deixa o espetáculo sem tempero. A maioria das brigas entre torcedores são protagonizadas pelos membros das chamadas “organizadas”, e esses não necessariamente escolhem o estádio como campo de batalha. Qualquer lugar é propício para marcar um acerto de contas.

O lado bizarro do futebol

Nem todo clube de futebol mobiliza as multidões. Hoje em dia, futebol virou um negócio lucrativo. Os empresários da bola não dão bobeira e compram significativo percentual dos direitos federativos dos atletas, que se tornam reféns das ambições dos seus agentes e acabam deixando um clube, onde a longo prazo poderia se chegar ao estrelato, para ganhar dinheiro fácil em países onde a isenção fiscal permite que jovens recebam promessas “irrecusáveis”. O jogador, que já poderia ter um farto pé de meia, não recebe orientação do empresário e torra a fortuna sem pensar no futuro e corre o risco de desaparecer do mapa da bola. Os mais prejudicados, no entanto, são os clubes, que fazem dívidas enormes para equiparar bons salários com “jogadores de aluguel”, pertencentes a empresários que não abrem mão de ceder parte dos direitos federativos por uma grana preta.

Americana, BOA Esporte e Grêmio Barueri não acrescentam nada para o nosso futebol. São clubes que deslocarão sua sede para outra cidade quando foi conveniente, não se importando em criar identidade em lugar algum, pois acreditam que não tem torcedores. O Grêmio Barueri passou a ter um clube de futebol profissional em 2001. De lá pra cá, saiu da sexta divisão de São Paulo até a elite do futebol nacional e estadual. Já no topo, preferiu por mudar-se para a cidade de Presidente Prudente, a 587 km. Os habitantes de Barueri se revoltaram, muitos disseram que passariam a torcer contra o “Grêmio Itinerante”. Mas a passagem pelo oeste paulista durou apenas um ano e meio, e nesse semestre, a equipe voltou para Barueri. Fosse eu barueriense, odiaria o retorno. Até o ano passado, o Boa Esporte, hoje de Varginha, era de Ituiutaba, e o Americana era de Guaratinguetá.

Quem torce por esses times acha que está apoiando sua cidade, quando na verdade eles estão pouco se lixando para seus habitantes. Há quem vá ao estádio secar os rivais, e eu vos digo: mesmo sendo Bahia, é melhor ver um BaVi na Séria A do que esses três itinerantes. Nem todo time do interior merece desprezo. Guarani e Ponte Preta de Campinas, Juventude e Caxias de Caxias do Sul e Criciúma de Santa Catarina têm alma, mudam trajetórias de vida, fazem pessoas rirem ou chorarem. Não importa aí a quantidade, e sim a fidelidade que cada um sente. Não sou a favor de se torcer por um time tão longe de sua cidade, afinal, que identificação você sentirá pelo Flamengo se nunca foi ao Rio de Janeiro? Porém, há gente esperta demais tentando manipular um sentimento tão bonito quanto a paixão. E o brasileiro do interior deve ter cuidado para, de uma hora para outra, não ver seu patrimônio migrando para longe de seu raio de alcance. Pois se isso acontecer, você estará tão perto do seu clube quanto de Justin Bieber.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A Seleção perdeu seu encanto

“Quem não sonhou ser um jogador de futebol?”, já indagava a banda mineira Skank, que transformou a música “Partida de Futebol” num hino dos apaixonados do esporte mais popular do planeta. O topo da carreira para um boleiro, sem dúvida, era jogar uma Copa do Mundo pela Seleção de seu país.

Mas as coisas têm mudado, a camisa canarinha não exerce o mesmo fascínio e não adianta culpar a nova geração de não ter amor à camisa. O povo brasileiro sente falta de ver seus jogadores de perto, já que a maioria dos jogos da Seleção têm sido realizados na Europa. Pra completar, o número de denúncias de corrupção contra Ricardo Teixeira tem repercutido ainda mais, embora não se tratem de novidades.

O presidente da CBF está há mais de 20 anos no poder e só pretende largar o osso após a Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. Teixeira está organizando o torneio e pretende usá-lo como plataforma política para se eleger presidente da Fifa em 2015. Para sua infelicidade, o mundial corre risco de não acontecer, já que, segundo o jornal carioca O Globo, a entidade máxima do futebol não está satisfeita com o andamento das coisas e a cláusula 7.7 do contrato determina que até o dia 1º de junho de 2012 o torneio pode ser retirado do Brasil sem pagamento de multa.

O reflexo de tanta cartolagem é o descrédito do brasileiro, que agora se concentra apenas no clube de coração. O bairrismo sempre foi uma marca da Espanha, onde os atletas preferiam defender o clube de coração do que “La Fúria”. A conquista da Copa de 2010 tem equilibrado as coisas, embora a rivalidade entre Barça x Real continue a mesma. Porém, se os espanhóis curtem mais sua seleção do que antes, nós, brasileiros, até torcemos contra o próprio patrimônio, basta reparar nas redes sociais.

O garoto que rejeitou a canarinha(na foto, duelo de fujões: Mário Fernandes x Jóbson)


O lateral-direito do Grêmio Mário Fernandes, 21 anos, foi o assunto do dia. Ao se negar a defender a Seleção Brasileira, faltando dois dias para a decisão do Superclássico das Américas, contra a Argentina, o atleta dividiu a opinião pública, entrando no trending topics do twitter e ganhando a hashtag #mariofernandesfacts. “Não aceitar a Seleção Brasileira é simbólico. Hoje, todo mundo prefere assistir seu time do que ver jogo da Seleção”, escreveu o usuário @futebol_pontual. Já o repórter da Rádio Guaíba Ígor Póvoa escreveu na sua conta “O que mais me impressiona é que a vida do Mário segue adiante, sempre. Ele não tem dimensão do que tá perdendo. E do prejuízo ao Grêmio.”

Em 2009, o jogador protagonizou outro episódio inusitado, quando passou três dias desaparecido após realizar apenas um treino no Grêmio. Vindo do São Caetano, o atleta alegou que o clube paulista havia prometido que ele seria emprestado. Porém, ele descobriu que estava contratado por cinco temporadas pelo time de Porto Alegre. Revoltado, ele voltou para São Paulo, alegou estar em depressão e pensou em abandonar o futebol, mas acabou voltando ao Grêmio.

No caso de hoje, se especulou um boicote à CBF, mas o empresário do jogador, Jorge Machado, disse que seu cliente não é idealista, apenas não gosta de mudar de ambiente e vive um momento maravilhoso no Grêmio. Tal declaração não foi suficiente para abafar os boatos. “Mário Fernandes não é gaúcho, mas também já está com o pensamento separatista em relação ao Brazil. Mandou bem guri...”, declarou @RafaelVGremista. Os colorados, por sua vez, disseram que o gremista desistiu após saber que três atletas do Internacional foram chamados para defender a Argentina no clássico. “Após ver a convocação do Guiñazu, D`Alessandro e Bolatti na seleção Argentina, Mário Fernandes amarelou”, brincou o @twinter_net.

Até o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, entrou na gozação e lançou o game “Convocando Mário”, no qual o usuário é Mano Menezes e o objetivo é vestir a camisa do Brasil no lateral-direito do Grêmio.



http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1§ion=Esportes&newsID=a3503111.xml

Piadas do #mariofernandesfacts

Se o Mário Fernandes fugir mais uma vez vai pedir música no Fantástico.

Você busca no Google por "Mário Fernandes" e vem o resultado: "Mário Fernandes não foi encontrado".

E no oitavo dia, após descansar, Deus disse: "onde diabos se meteu o Mário Fernandes"...

Chuck Norris é capaz de encontrar qualquer pessoa. Menos Mário Fernandes.

Filme "Convoque-me se for capaz" ganha Oscar. Mário Fernandes decide ir p gramado buscar um kikito.

Mário Fernandes conseguiu sair da ilha de Lost

Nike oferece patrocínio vitalício para Mario Fernandes. "Obrigado, estou bem com a Perusso."

Steve Jobs convida Mario Fernandes para ser o novo CEO da Apple. "Obrigado, estou bem no Grêmio."

Mario Fernandes ganhou na Mega Sena, mas não quis buscar o prêmio!

Pior situação do mundo: ser noiva do Mário Fernandes e estar a poucos minutos de entrar na igreja

Conhece o Mário? Que Mário? Aquele que tirou o mano pra otário

Certa vez, Mário ficou famoso por usar óculos, casaco e gorro para se disfarçar e fugir. Ele adotou o nome de Wally.

Mario Fernandes não se apresenta a Seleção para poder ficar mais tempo na fila do show do Justin Bieber!

Jesus havia chamado 13 apóstolos, mas um deles não quis. Era o Mario Fernandes

ir pra balada, beber todas e esquecer de pegar um avião acho que o #MarioFernandesFacts deveria ser #CharlieSheenFacts

Como eu faço pra encontrar o Mário Fernandes?! num sei não, melhor cê perguntar lá no posto Ipiranga!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Futebol, história e economia

A versão de toda história costuma balançar para o lado de quem a conta. A história geral nos é passada na escola como uma aventura de seis mil anos movida principalmente por conquistas territoriais. Como não podia ser diferente, os povos que obtiveram maior destaque nesses seis milênios de civilização foram os que mais "venceram", ou seja, invadiram outras nações, roubando seus conhecimentos para, dessa forma, criar e inventar inúmeras coisas, como as navegações e a pólvora.

Civilizações que habitavam a América antes da chegada de Colombo deixaram incríveis legados, mas a ausência de escrita as privaram de dar suas versões dos fatos de forma mais clara e objetiva. No caso do futebol moderno, todos podem ter voz através das redes sociais, mas uma velha regra do jogo predomina: o poder econômico. Não é a toa que, na hierarquia da bola, Barcelona, Real Madrid e Manchester United estão no topo e times de milionários como Manchester City e Anzhi sonham em chegar lá, e para isso, fazem o que o Arsenal não faz: torram o dinheiro sem piedade. A Europa é, sem dúvida, o centro do mundo, seja na história geral ou no futebol.

O bom momento da economia brasileira tem feito o país segurar seus principais astros, como Neymar, Lucas e Leandro Damião. Não se sabe até quando, mas em outros tempos, esses atletas já teriam feito as malas. Como, dentro da América do Sul, é possível competir com eles, os times grandes do Brasil? O Bahia é um reflexo que o crescimento do Brasileirão não é só favorável para os times de São Paulo, Rio, Minas e Rio Grande do Sul, pois tem o time caríssimo, mas com um torneio competitivo, é natural que a folha salarial dos rebaixados seja maior do que as folhas salariais das equipes rebaixadas nos anos anteriores. Com isso, será cada vez mais difícil uma equipe do Nordeste vencer a Série A de pontos corridos. Uma economia ruída ao menos possibilitava ao Atlético Paranaense faturar o título em 2001 e o São Caetano chegar em duas finais consecutivas, em 2000 e 2001.

Vale mais um campeonato "de estrelas" em que você pode ver Neymar, Lucas e Damião no estádio ou um torneio menos competitivo em que seu time tem mais chances de ser campeão? Que os "amantes do futebol" me perdoem, mas bons eram os tempos em que o Bahia brigava pela parte de cima da tabela, enquanto a Europa enfraquecia os clubes do sudeste "roubando" seus astros.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Mané Seleção, rapá...

A Seleção Brasileira já me deu mais títulos que o Esporte Clube Bahia. No mesmo ano em que a Canarinha quebrava o jejum de 24 anos sem vencer uma Copa do Mundo, em 1994, o Esquadrão de Aço vencia o seu antepenúltimo Campeonato Baiano (a edição de 1999 foi uma vergonha e nem comemorei, tamanha covardia do meu time, que teve medo de decidir o título no Barradão).

Porém, mesmo sem ter gritado tantas vezes "É campeão porra" com o meu time de coração, hoje percebo que a incondicionalidade do amor clubístico é muito maior que o patriotismo. Não é a toa que em todas as partidas do Brasil as câmeras flagram torcedores dos mais diversos times, do Remo ao Grêmio, todos orgulhosos vestindo o manto que os fazem rir e chorar. Chorei muito pela perda na final da Copa de 1998, quando a Canarinha perdeu de uma forma até hoje misteriosa e cheia de teorias da conspiração. No entanto, é o Bahia que me faz sentir parte integrante da história, eu e todos os torcedores tricolores existimos para o time a partir do momento em que vamos ao estádio e não deixamos de ser apaixonados mesmo com todas as grosserias da diretoria contra torcedores opositores, que amam o time muito mais que eles.

Já quando a coisa é Seleção, não dá para deixar de sentir uma "broxação" enorme ao ler o perfil do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, na revista Piauí de julho desse ano. A diferença entre a paixão entre um clube e uma seleção é que a revolta pela situação do time lhe faz querer mudar todas as estruturas dele, pedir democracia, reestruturação, contratações melhores e etc, enquanto a Seleção lhe faz simplesmente desligar a TV para não dar Ibope a uma instituição que prefere distanciar um patrimônio do seu povo, realizando a maioria de suas partidas na Europa, do que tentar aproximá-lo, já que as relações parecem estar cada vez mais frias.

Já fui a dois jogos da Seleção Brasileira: em 1999, um amistoso contra a Holanda, na Fonte Nova, e em 2009, contra o Chile, partida válida pelas Eliminatórias da Copa, em Pituaçu. Não dá para negar que o público de jogo da Seleção é diferente do público de um time, principalmente de massa, como Bahia, Atlético Mineiro e Santa Cruz. Eu perguntei a muitas pessoas que estavam na partida entre Brasil x Chile qual foi a última vez que elas foram ao estádio, e a resposta de boa parte delas foi há 10 anos, no Brasil x Holanda. Em partidas como essas, "torcedores de ocasião", que enxergam o futebol como um evento, e não como uma paixão, se misturam aos clubistas que gritam para ver o jogador do seu time representando o país.

Nem todas as Seleções têm um elo tão fraco com o torcedor. Os Argentinos pulam pela Albiceleste tanto quanto pelos times de coração, até mesmo no basquete. Não resta dúvida que a relação do brasileiro está estremecida com a CBF, e não irá se recuperar na Copa de 2014, pois um evento como esse vai atrair torcedores de ocasião, que não conhecem a atmosfera de um estádio, sem falar que os estrangeiros vão predominar, como sempre predominam em mundiais. Os cartolas estão copiando o que há de pior no futebol europeu: a elitização do público. A Inglaterra está repleta de senhoras e senhores comportados, enquanto quem não pode comprar os ingressos vai assistir aos jogos nos pubs. Sinceramente, pouco me importa se o Brasil vencerá hoje: só quero saber do meu Bahia domingo, contra o Fluminense.
Lomba é Lomba, o resto é Jefferson

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O discurso paciente que irrita

Ninguém gosta de perder. Mas as desculpas dadas após uma derrota definem o caráter do derrotado. Se tratando de treinadores de futebol, alguns preferem assumir toda a responsabilidade - que num jogo coletivo, deve ser compartilhada pelo grupo. Outros preferem pedir desculpas, sem prestar tantos esclarecimentos. Porém, os coitadinhos estão entre os mais irritantes: o tipo de sujeito que, após o vexame, põe a culpa no "sistema", conceito que vai da arbitragem a falta de dinheiro para contratar.




Nas coletivas de imprensa, Mano Menezes não se encaixa em nenhum desses perfis. Ele não cita os erros que cometeu durante a partida, como substituições absurdas, tampouco reclama do sistema, até porque ele se acostumou a ser beneficiado pelo mesmo quando treinava o Corinthians. Seu desempenho na Seleção Brasileira conseguiu despertar, em torcedores exaltados, a saudade de Dunga. O discurso de que o ex-técnico da Canarinha acertou em não convocar os talentosíssimos Ganso e Neymar se difundiu nas redes sociais.



Ao longo da carreira, Cuca reclamou mais da arbitragem do que ganhou títulos

Eu não duvido que o temperamental Felipe Melo seja cotado para acender a equipe, que em um ano de renovação teve um retrospecto pífio: em 12 jogos, foram 6 vitórias, 4 empates e 2 derrotas, 16 gols marcados e 6 sofridos, com direito a uma eliminação nas quartas-de-final da Copa América, após quatro cobranças de pênalti desperdiçadas contra o Paraguai.

Mano parece muito tranquilão, com perspectivas de evolução que ofuscam a frustração de não fazer os resultados chegarem logo. Essa excessiva serenidade contamina os seus atletas. Não falta talento ou controle emocional, duas das virtudes que não viajaram na bagagem de Dunga na África do Sul em 2010. Faltam jogadas concluídas sem a paciência de quem busca a batida perfeita.



Todo mundo perde, logo, todos têm um perfil de perdedor. Ao não conseguir seus objetivos, Mano opta pela serenidade inabalável, algo ainda mais irritante do que a pose de coitadinho. Talvez, ele esteja tão tranquilo porque tem muita confiança no trabalho que vem fazendo. Eu não penso nessa hipótese. Todos querem vencer, mas para essa Seleção Brasilera, acredito que falte querer mais, imediatamente.





René Simões costuma exaltar as qualidades das equipes por onde treinou, mesmo sendo limitadas

Fotos: Divulgação

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Cineasta baiano com nome de gringo

Pelo nome, Benito Walter Webb Galtieri, 74 anos, parece ser um estrangeiro. Descendente de italiano e alemão, esse baiano de Jaguaquara, a 326 Km de Salvador, teve seu trabalho reconhecido além das fronteiras regionais, e hoje mora entre Washigton D.C.(EUA) e São Paulo. Diretor de produção das cenas de O Exorcista 2 gravadas no Brasil, produtor de quatro filmes de Didi (Renato Aragão), entre outros longas (e curtas), Walter Webb também se destacou no mercado publicitário, principalmente com o filme We Did - Nós Fizemos (na década de 70), premiado nos festivais de Cannes, Clio de Nova York e Grand-Prix da Irlanda.

Num bate-papo descontraído em Itapuã, Walter conversou comigo sobre o cinema baiano, do qual ele integrou o movimento Cinema Novo, sendo assistente de direção de dois filmes de Roberto Pires (A Grande Feira e Tocaia no Asfalto).




Como é estar na Bahia novamente?


Apreensivo, porque na Bahia eu nunca fui bem recebido. Depois que nós saímos daqui, eu, Glauber, Roberto, Fernando, Geraldo, Paulo Gil, Orlando Sena, os caras ficaram de bronca com a gente. Mas eu gosto (da Bahia), eu acho que essa cidade tem um potencial bom, é uma pena que o cinema não emplacou como nos anos 60, quando nós fizemos 26 filmes. Mas estamos aí, eu estou dando força para que as coisas na Bahia aconteçam

Glauber Rocha hoje é uma grande referência para o cinema baiano. Sempre ele foi bem visto aqui na Bahia?


Grande hipocrisia. O Baiano é muito hipócrita, porque Glauber foi estilhaçado aqui, o governo nunca deu um tostão a ele. A única vez que emprestou um jeep, tomaram no meio das filmagens. Glauber morava fora e nunca os baianos perdoaram isso e hoje, fica uma turminha de raquíticos do cinema a dizer que Glauber foi o grande paxá, o grande guru. Ele sempre mandou esses caras à merda porque nunca acreditou neles.

Me fale um pouco sobre o Cinema Novo...

O Cinema Novo foi tão bom que ele morreu de velho em pouco tempo. Não emplacou porque os caras não queriam mudar só o cinema, eles queriam mudar o Brasil. Os caras quiseram fazer um negócio totalmente diferente, e o público estava empurrado com a ditadura militar, então ou apoiava a ditadura ou assistia o Cinema Novo. O Cinema Novo fez o que pôde, mas serviu para evidenciar nomes de grandes diretores como Glauber, Saraceni, Leon Hirszman, Marcos Faria, Carvana, Antônio Carlos Fontoura e muita gente boa. O Cinema Novo foi a porta de abertura para muita gente, eu inclusive tirei uma casquinha dela com a Grande Feira e Tocaia do Asfalto. Mas foi um cinema que teve sua época e espero que aquela filosofia não volte mais.

Em qual cultura você gosta mais de trabalhar no cinema?

Eu gosto muito do esquema americano, porque tem o produtor que manda no filme, o diretor geral é o contratado, ao invés do Brasil, que quem produz o filme é o diretor, que através da Lei do Audiovisual, consegue os financiamentos pelo seu currículo. Então ele contrata o diretor-executivo, como eu, para administrar o filme. Eu acho que isso ainda é um entrave, porque as pessoas não se empenham em fazer roteiros livres e universais, e ficam ainda presas e apegadas ao regionalismo, que é uma coisa muito chata. Repare que os filmes baianos são em sua maioria regionais, feito para a Bahia. Você vai passar o filme em outro lugar e ninguém vê, porque é coisa para a Bahia. Isso tem que mudar, é preciso fazer filmes com temas livres, universais. Como no Brasil você não põe o seu dinheiro, você põe o dinheiro do governo, o cara se dá ao luxo de escrever sua própria história, as vezes muita merda, e faz um filme que nunca será exibido. Há 435 filmes na Rio Filmes sem nenhuma condição de exibir por questões temáticas e formais. Isso não significa que não tenhamos bons roteiristas e até bons diretores que façam roteiros bons, mas a maioria são gente medíocre.

Você já fez muitos comerciais exibidos na TV. Qual a diferença entre fazer um filme e um comercial e o que vale mais a pena?

O comercial é uma grande escola, você faz seis, sete comerciais por mês, tem acesso à pós-produção e coisas maravilhosas, equipamentos de finalização de filme que num longa no Brasil não tem, em que a edição é feita de forma analógica. No comercial, se usa digital o tempo todo. Eu sempre gostei de fazer comercial, fiz mais de 600, tenho prêmios, em Cannes, Clio de Nova York, Grand-Prix da Irlanda. Para mim foi um grande caminho, que me deixou no cinema até hoje e que me dá sustento.

Qual a diferença entre o produtor, roteirista e diretor?

A minha função é de produtor. O produtor é o homem que bota dinheiro ou administra dinheiro, que é o meu caso. Eu sou o durão que recebo o dinheiro dos outros para administrar. O cara me dá 2 milhões para administrar o filme e eu vou administrar. O roteirista é a pessoa responsável para fazer a história do filme e o diretor é a pessoa que vai dar vida e corpo ao roteiro, ao plano e a produção. Tem que haver uma grande empatia entre o roteirista, o produtor e o diretor, se você quiser ter um bom resultado visual e também comercial.

Há uma certa richa entre cineastas e críticos de cinema?

Crítico de cinema em geral é amigo, mas na Bahia existem as igrejinhas. Aqui sempre houve um pessoal contra Walter da Silveira, Glauber... Eu fui crítico na época, fazia parte de um grupo com Plínio de Aguiar, Paulo Valadão, Milton Chagas, Pessoa Esteves e Nílton Rocha. Mas tinha um grupo liderado pelo pessoal do jornal A Tarde, na época com José Berbert, que fazia uma guerra enorme contra a gente, mas nós sempre conseguimos dar a volta por cima, e nós tínhamos o clube de cinema na mão. A crítica na Bahia sempre foi provinciana, isso aqui é uma província e ainda está no Século XVl.

Uma última pergunta: quais dicas você dá para quem quer ser produtor, diretor, roteirista e ator de cinema...

Ter muita perseverança, talento, criatividade, e três fatores importantes: muita imaginação, muita imaginação e muita imaginação, aí eles vão embora.

domingo, 15 de maio de 2011

Uma nova década para o futebol baiano


Já em janeiro, os anos 2010 prometiam ser diferentes da década anterior: no primeiro mês do ano, a bola da vez era o Esporte Clube Bahia, que chegava na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, além de estar na Série A e ser considerado, oficialmente (pela CBF), bi-campeão brasileiro (com a unificação dos títulos de Taça do Brasil e Robertão, que passaram a ser considerados Brasileiros).

No entanto, o Esquadrão de Aço correu sérios riscos de não passar para a segunda fase do Baianão 2011. As coisas pioraram quando o time levou 6 a 0 do Atlético Paranaense na Copa do Brasil e foi eliminado pelo seu maior rival na semi-final do estadual. O tricolor, então, rumou para um resort em Águas de Lindoia, interior de São Paulo acostumado a receber equipes de futebol em fase de preparação para torneio.

Enquanto os jogadores do Esquadrão treinavam, longe da pressão soteropolitana, seus torcedores estavam de olho em outro Bahia, o de Feira, finalista do estadual contra o Vitória. O Tremendão (apelido da equipe feirense) começou esse ano com o pé direito, ao se tornar o primeiro time do interior a faturar o Torneio Início, em cima do Conquista na final, com destaque para o artilheiro da competição, João Neto, com três gols.

O rubro-negro baiano teve um crescimento fantástico na sua história recente: superou Galícia em número de estaduais nos anos 60, o Botafogo nos 70, o Ypiranga nos 80, nos 90 veio o primeiro tri-campeonato consecutivo(95-96-97) e, em 8 dos 10 anos da década de 2000, se sagrou vitorioso no estado. No ano de 2002, houveram duas edições de estadual: o Palmeiras Nordeste, de Feira de Santana, venceu o Baianão, do qual a dupla BaVi negligenciou em detrimento do Nordestão, mas o Vitória ficou com o Supercampeonato, que ocorreu durante a Copa do Mundo, quando a CBF paralisou competições nacionais.

O Vitória entrou hoje em campo como grande favorito ao título. O inédito penta ficou próximo com o empate no jogo de ida, no Joia da Princesa, na semana passada. Quando Geovanni, cobrando falta com maestria, abriu o placar aos 15 minutos então... Porém, no final do primeiro tempo e novamente na bola pelo alto, o Leão, que pretende subir de avião para a Série A, viveu seu característico momento de pane aérea: foi o 11º gol oriundo de cruzamento, de 21 sofridos na competição. O intervalo foi tenso, com vaias dos torcedores. Mas o pior ainda estava por vir: João Neto virou o placar, aos 21 da segunda etapa, após um chute forte que contou com a colaboração de Viáfara, que perderá a vaga de titular na Série B para Fernando.

Dali por diante, o fantasma do Colo Colo se materializava em um bicho papão. Porém, diferente do time de Ilhéus, que se aproveitou da pior fase dos times da capital (ambos na Série C do Brasileiro em 2006), o Bahia de Feira, na classificação geral, ficou em segundo lugar, a frente do chará da capital, atualmente na primeirona, e invicto jogando em casa (diferente do Vitória, que perdeu três jogos no Barradão: na estreia para o Colo Colo, na semi contra o E.C. Bahia e na decisão para o Tremendão). Foi o quinto título baiano vencido por uma equipe do interior: o Fluminense de Feira ganhou em 63 e 69, o Palmeiras Nordeste em 2002, o Colo Colo em 2006 e hoje, o Bahia de Feira.

A nova era do fuebol baiano se estende ao Ypiranga, Botafogo e Galícia, que podem voltar a elite em 2012 (apenas dois sobem). A nota negativa dessa nova década é a itinerância de clubes pequenos, que vivem mudando de sede e dessa forma, não criam identidade com cidade nenhuma. O melhor exemplo é o Ipitanga, que nasceu em 2003, em Lauro de Freitas, e já passou por Terra Nova, Madre de Deus, por pouco não joga em Santo Antônio de Jesus e atualmente, está em Senhor do Bonfim, cidade que também abrigou o Juazeiro nesse ano, e que abrigará o Feirense no ano que vem.

É triste ver tamanha falta de identidade com uma torcida e uma região. Por isso, vejo como positivo a ascensão de ex-campeões estaduais. Desejo que, no decorrer dessa década, times de verdade representem o nosso futebol. Já o Bahia de Feira, um clube empresa, que se fortaleça, continue em Feira, para quem sabe, conseguir um dia respeito nacional. Viva o futebol baiano!

domingo, 8 de maio de 2011

Bem vindo ao passado

A história do mundo é cheia de idas e vindas. Os acontecimentos parecem se repetir, como num eterno retorno, conceito do filósofo alemão Nietzsche, em que, se o mundo tivesse uma finalidade, já teríamos alcançado. Sem início definido, sem final prévio, a atualidade é muito menos que um grão de areia no deserto: é impossível se medir o quão pequenos somos nesse universo.

Mas os seres humanos não parecem se cansar da sua realidade repetitiva, e celebram com entusiasmo o casamento de um príncipe, a beatificação de um papa, uma "cruzada" contra o "terrorismo" e a morte de um mouro, como se ainda estivéssemos na Idade Média. Na semana em que a família real inglesa cultivou sua tradição, o Vaticano santificou João Paulo ll e militares americanos mataram Osama Bin Laden, depois de quase uma década do maior atentado terrorista da história, em 2001, o que efetivamente mudará em nossas vidas?

A monarquia vive de sua imagem simbólica, embora as decisões sejam tomadas pelo primeiro ministro, a Igreja Católica influencia nas decisões de estados, que mesmo se considerando laicos, se rendem ao poder dessa instituição religiosa (não é a toa que o casamento gay demorou para ser legalizado no Brasil) e os fundamentalistas islâmicos continuarão sua guerra contra "O Grande Satã", os Estados Unidos; A morte de Bin Laden apenas deixará os ânimos ainda mais exaltados.

É nesse cenário que nos encontramos. As tecnologias mudam, alguns tabus são quebrados, outros são criados, vidas entram e saem desse planeta, mas alguns pilares tradicionais insistem em se manter. Mas que mal há nisso, se nesse mundo não há objetivos? Metas são conceitos artificiais, e hoje consigo entender porque o ser humano não vive muito mais que 80 anos: seria tedioso chegar aos 10 mil anos vendo e vivendo as mesmas coisas. Mas até os 80, muita coisa parece ser novidade, afinal, o que são 80 anos perto de milênios de civilização?

domingo, 1 de maio de 2011

Clássico nostálgico do futebol baiano


Nunca tive um irmão mais velho para me levar aos estádios, já que meu pai nunca foi fã de futebol. Continuo sendo filho único, mas vez por outra, sou um irmão mais velho para um primo, de 11 anos. Por isso, ontem pela tarde (30 de abril) levei-o para ver o Ypiranga, "O Mais Querido", enfrentar o Galícia, "O Demolidor de Campeões", pela segunda divisão do Campeonato Baiano. É o tipo de jogo ideal para levar uma criança: sem a violência que vem crescendo nas torcidas de Bahia e Vitória, o "clássico alternativo" era uma boa oportunidade de conhecer uma nova realidade. E me surpreendi com ela.

Quando eu passava de carro pela Paralela, vi, de longe, camisas aurinegras e azuis penduradas num varal. Mas questionei: com essa chuva, esse vendedor conseguirá cumprir sua meta? O ingresso foi R$ 12, e como cheguei umas 15h (o jogo foi às 16h) praticamente não havia fila. Porém, ao entrar no estádio de Pituaçu, vi uma aglomeração significativa embaixo das cabines de TV e rádio, a única parte coberta do estádio (o resto estava vazio).



Senhores, jovens, de todas as etnias e classes sociais, já estavam num clima de resenha esperando pelo “clássico de ouro”, mesmo durante a partida preliminar, entre os juniores de Bahia x Fluminense de Feira. Incrível como dois times, em decadência há décadas, ainda mobilizam torcedores, muitos deles, inclusive, só torcem para um time de coração. "Sou só Galícia. Quando Bahia e Vitória jogam no Brasileirão, quero que eles ganhem, mas no Baianão, quero que eles sejam rebaixados para fazer companhia para a gente", comentou um torcedor do Demolidor de Campeões.

A galera levava o jogo tão a sério que por alguns momentos eu esqueci que aquela partida valia pela fase classificatória, e não pelo mata-mata do acesso: xingamentos ao juiz, buzinaço e até briga! Segundo um ypiranguista, o "fight" rolou entre os próprios torcedores do Ypiranga porque um deles, revoltado com a armação do time, xingou a esposa do treinador, e o irmão dela estava por perto e deu início a "porradaria".

Com 741 pagantes e renda de R$ 8.892,00, a partida terminou 3 a 2 para "O Mais Querido", que roubou a liderança do rival no grupo 1, que também tem Botafogo, Camaçariense e Juazeirense. Os dois melhores colocados de cada grupo vão para a semifinal, onde medirão forças contra o grupo 2, que tem Guanambí, Itabuna, Jacuípense, Jequié e Poções.



Em tempos de times itinerantes como o sem graça Ipitanga, que vive mudando de sede, me sinto feliz de ter ido ao estádio e ver tanta mobilização por esses dois times tradicionais da capital.

sábado, 23 de abril de 2011

Viver não é competir

Diferente dos esportes, na vida real o conceito de vencedor e perdedor não é tão pré-estabelecido. Não existe um prêmio de "pessoa mais feliz do mundo". Se houvesse, não necessariamente corresponderia a realidade: cada um sabe a dor e delícia de ser o que é. O filme Amor por Contrato é um exemplo empírico de que para muitas pessoas, vale mais a pena manter as aparências e buscar ganhar com isso (seja dinheiro ou fama) do que buscar a alegria silenciosa, que não precisa de alarde e não quer provar nada para ninguém.

No mercado de trabalho, bem sucedido é aquele que chegou ao patamar que desejou. Não adianta para um jornalista ter no currículo passagens pelas maiores empresas de comunicação do mundo, se dentro de cada lugar pelo qual passou ele não marcar e não se sentir bem pelo trabalho que está realizando. O filme Uma Manhã Gloriosa é um exemplo empírico de que uma proposta profissional não deve ser medida pelo tamanho da empresa, e sim pela realização que você terá no seu ambiente de trabalho: sucesso e grana vêm naturalmente, mas ainda assim, ser feliz é mais importante.

A vida não é uma corrida de resistência, em que os fracos vão deixando de competir durante o trajeto. Com uma série de interpretações subjetivas, viver é escolher entre o tipo de competição e o estilo de reflexão, a maneira de pensar e a melhor forma de se praticar o que é a sua verdade: ser verdadeiro ou continuar na superficialidade.

terça-feira, 29 de março de 2011

Só quem é sabe o que é?

Os corintianos costumam dizer que só quem é corintiano sabe o que é ser corintiano. Para eles, é algo que transcende a razão, difícil de explicar. No entanto, várias outras coisas na vida são difíceis de se explicar, e só sendo pode se saber como é que é.

Da mesma forma que os alvinegros da terra da garoa se valorizam tanto no discurso, os torcedores de outros times usam frases de impacto para dizer que não há nada igual ao seu clube. Segundo o hino do Bahia, ninguém vence a sua torcida em vibração; Já o do Atlético Mineiro se trata como "imortal", e o do Flamengo afirma com convicção que, se o rubro-negro carioca não existisse, haveria mais tristeza no mundo

Cada um tem o direito de se expressar da forma que bem entender, mas para não cair no ridículo, é importante que a agremiação, no mínimo, tenha um hino e frases de efeito compatíveis com a sua realidade. Não adianta o Juventus da Mooca, por exemplo, se auto-afirmar como um "grande campeão": o rótulo de Moleque Travesso é apropriado para um time que não se destaca pelas glórias, e sim por ser pequeno e aprontar para cima dos grandes. Já o Galícia, de Salvador, se rotula como o "demolidor de campeões", e eu me pergunto: será que a sua torcida não gostaria de ser o próprio campeão, ao invés de trucidar equipes gloriosas e no final não ficar com o título? Apesar de respeitado na cidade pela sua história, o time da colônia espanhola é apenas o quinto maior vencedor de Campeonatos Baianos.

É preciso se reconhecer no slogan, mesmo que ele não corresponda com a expectativa mais desejada. Antes ser um emergente assumido do que ser um mentiroso com mania de grandeza. Nesse caso, não é preciso ser para saber o que é: todos reconhecem a cuiúda.




Será que todos os flamenguistas sentiriam um desgosto profundo se faltasse o Flamengo no mundo?




Será que ninguém nunca vence o Bahia em vibração?

sábado, 19 de março de 2011

O momento fast

A velocidade que o mundo nos impõe é cruel e nos tira o que de melhor podemos aproveitar. Os horários encurtam as relações e as rotinas, não é a toa que os fast foods são tão populares. A vida não dura muito mais do que 80 anos, e esse é o melhor pretexto para se jogar e transformar em realidade tudo que ainda é sonho. Temer a decepção inibe a ousadia.

Ao desistir de assistir um jogo decisivo do meu Bahia, deixei de fazer parte do momento mais emocionante desse time na década de 2000. A partida em questão era Bahia x Fast Clube, às 18h do dia 7 de outubro de 2007, e daria vaga para a última fase da Série C daquele ano. Na ocasião, o ABC de Natal viajou ao Acre para enfrentar, no mesmo horário, o Rio Branco. Já classificados, os potiguares não foram com o time completo, e se perdessem para a equipe acreana, o que era provável, o Bahia não teria chances de chegar na última etapa do torneio, que reuniria oito times na disputa por quatro vagas para subir à Serie B de 2008.

Pra que sofrer? Nem liguei o rádio. Nunca deixaria de ser Bahia, mas até um cara otimista como eu sabia que o mais provável era me frustrar se tentasse acompanhar a rodada dupla que definiria o destino do meu time de coração, que passava pelo pior momento da sua história. Lá pelas oito e pouca daquela noite, um estranho foguetório tomou as ruas de onde eu moro. Estávamos longe do São João, mas não era raro a vizinhança quebrar a rotina soltando fogos. Nem me toquei. Pouco depois, o telefone de casa tocou e minha mãe atendeu, enquanto eu estava no meu quarto. Da sala, sua voz ecoou pelos corredores e chegaram ao meu ouvido, em um tom de alegria estranhíssimo para um domingo à noite, horário de poucas boas noticias. Era o meu tio Mareco, um esquadrista (adjetivo para torcedor do Bahia que inventei agora) que há anos mora em Aracaju e nunca deixou de acompanhar o Esquadrão de Aço.

Não vou mentir que antes de ouvir a sua voz, cheguei a imaginar que pudesse ser algo com a classificação do Bahia, afinal, àquela hora a partida já havia terminado. Mas tentei não criar expectativa, até ouvir a notícia vinda de tão longe (356 km) relacionada a algo tão perto de mim: milagre na Fonte Nova! Ao saber de mais detalhes, me dividi entre a alegria de saber que meu Esquadrão estava classificado e a frustração de não ter acompanhado o jogo, uma epopeia fruto da fé da sofrida torcida, do empate sem gols entre Rio Branco e ABC, com direito a pênalti perdido, e para completar, cinco minutos de acréscimo num jogo sem paralisações que justificassem tamanha mãozinha da arbitragem. O gol foi aos 49 do segundo tempo, do sergipano Charles, atacante que, assim como Raudinei, herói do Baianão de 94, ficara eternizado pelo feito histórico, e não pelo futebol que apresentou. Foi de Aracaju que veio a informação do tento, assim como nela nasceu o seu autor: nem mesmo uma tradicional feijoada sergipana, com muita abóbora, seria tão saborosa quanto o novo prato da terra do caranguejo, o gol sobre o Fast Clube. Mas eu só o provei frio, embora ainda estivesse uma delícia.

O fim da década de 2000 deu amostras de como os anos 2010 podem ser diferentes para o Bahia: título brasileiro de 1959 reconhecido, acesso para a Série A do Brasileiro garantido e planejamento para a construção de um novo CT, que a longo prazo nos dará ótimos frutos. Não quero ver o Bahia em situações como a do jogo do Fast nunca mais, mas independente do que aconteça, terei mais coragem para acompanhar todos os jogos, e quem sabe, poder contar o quanto foi difícil acompanhar uma partida em que tudo conspirava contra, e ainda assim, as coisas deram certo. Mas prefiro superações na Libertadores do que na Série C, por favor.

domingo, 13 de março de 2011

O preço do sonho

O cinema nos ensina muito, assistir filmes é como fugir da realidade por alguns instantes e mergulhar na pele do personagem da história que estamos acompanhando. Uma das reflexões que tive hoje, assistindo dois filmes - Click e Cisne Negro - foi o preço que se paga por um sonho.

O primeiro, que passou hoje à tarde, na Globo/TV Bahia, eu já havia assistido em algumas oportunidades, e todas as vezes que o vejo aprendo algo novo, tento comparar a história do personagem de Adam Sandler com a minha. Michael Newman é um arquiteto workaholic que, ao tomar posse de um controle remoto que controla tudo que ele quiser, resolve usá-lo para conseguir melhores resultados profissionais, deixando a família para último plano. O excesso de domínio sobre a própria vida o faz perder momentos valiosos, e sem o comando de poder voltar atrás, ele vai se complicando e se arrependendo. No meu caso, estou no início da minha vida profissional, sou estagiário de um grande jornal da minha cidade, mas nunca é demais advertências como a dessa comédia cheia de lições de moral, afinal, o tempo vai passando rápido, e quando nos damos conta, conseguimos alcançar o que mais queríamos na nossa carreira, mas percebemos que deixamos para trás o que mais deveríamos amar: a nossa família.

Já em Cisne Negro, em cartaz nos cinemas, a israelense Natalie Portman interpreta uma bailarina que, de tão obcecada pelo papel em uma peça, deixa de lado a vida social e mergulha num inferno astral, com direito a alucinações e autoflagelação. Antes de conseguir ser selecionada como a rainha dos Cisnes, ela já dava mostras de sua fragilidade emocional, e mesmo realizada, não encontra paz interior (se você não viu o filme e acha que eu contei o final, fique tranquilo: só contei a introdução).

Vale a pena ir até o fim por qualquer coisa, pagando qualquer preço? Em Click, o cara que deu o controle para Michael Newman, Morty, deu um conselho ao protagonista ao contar a história de uma pessoa que perseguiu o arco-íris, acreditando que, ao chegar nele, encontraria potes de ouro, mas se decepciona ao cumprir sua meta e se deparar com um pote de cereais. Morty lhe alertou que não há como ser feliz trocando as ambições pelas coisas simples da vida.

Sonhar é válido, mas não vale qualquer preço, nem renúncias por coisas que não voltam mais.

Fotos: na esquerda, Click, na direita, Cisne Negro. Crédito: Divulgação