quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Barueri, o fake dos fakes


Numa viagem que fiz ao Chile, conheci um casal de paranaenses, torcedores do Paraná Clube. Arthur e Sofia, naquela época, tinham por volta de 50 anos. Questionei-os sobre o fato de torcerem por um time nascido a pouco mais de 10 anos, e eles me contaram a história da gralha azul, que começou após uma fusão entre os tradicionais Colorado e Pinheiros.

Arthur e Sofia não "decidiram" torcer pelo Paraná. Apenas deram continuidade ao amor pelo Colorado. Estranho, porém, é torcer por um time fundado sem paixão, com o objetivo de ganhar dinheiro. Tolo são seus torcedores. "Eu acredito que, com o passar dos anos, o torcedor vai comprar mais camisas, acessórios e principalmente, vai colocar na mente e no coração que ele tem um time para torcer pelo resto dos seus dias", iludiu-se o radialista Thiago Caldeira, de Presidente Prudente, sobre o Grêmio Prudente, clube que ficou apenas um ano e meio instalado na sua cidade. Já o publicitário Richard de Almeida, também morador do interior paulista, viveu momentos efêmeros com o time itinerante. "Não foi um time que surgiu aos poucos, nós já ganhamos um presente top".

Criado em 1989, o Grêmio Barueri Futebol Ltda., como o nome já diz, é um clube-empresa. Em 2001, passou a disputar competições profissionais, e sua ascensão meteórica o levou da sexta divisão de São Paulo até a elite do futebol estadual e nacional, em 2009. Divergências com a prefeitura de Barueri, no final de 2009, levaram o time à cidade de Presidente Prudente, a 527.85 km. Os baruerienses não gostaram nada da mudança.

"O time que me deu alegria muda de repente para uma cidade distante, que eu não posso acompanhar. O Prudente está esquecido para mim, vou torcer sempre contra", desabafou o torcedor Vani Vanin no início desse ano, antes do retorno do Grêmio itinerante.

Editor de esportes do jornal O Imparcial, de Presidente Prudente, Cássio Oliveira parecia prever a volta do Grêmio a Barueri. "Tem que ver se a cultura dessa cidade vai se adaptar a estrutura de clube-empresa e entender o pensamento da diretoria de estar vindo para a cidade, que é totalmente diferente", ressalta.

Um time "fake" como esse não poderia ter candidatas a musa mais adequadas. "Depois que eu fiquei maiorzinha, conheci uma amiga, lá em Barueri, comecei a frequentar os jogos, e assim virei torcedora", contou Giovanna Giorgetti, nascida em Rio Claro e candidata em 2009. "Eu comecei a acompanhar o time, foi amor a primeira vista. Hoje sou torcedora fanática, faça frio ou faça sol, estou lá apoiando, me considero a 12ª jogadora", exagerou Mayara de Souza, nascida em Presidente Prudente e candidata em 2010. Ao menos, musas do Brasileirão e Grêmio itinerante se combinam.

Aspas de Thiago Caldeira e Richard de Almeida (Brasileirão Petrobras - A Energia de Todas as Torcidas):



Aspas de Vani Vanin e Cássio Oliveira (ESPN - Além das Quatro Linhas - Clube-Empresa: Dá Para Confiar?):



Aspa de Giovanna Giorgetti (Entrevista da Globo.com):



Aspa de Mayara de Souza (Entrevista da Globo.com):

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