sábado, 24 de maio de 2008

Pó de Arroz Futebol Clube

Há times que vivem dos ecos de glórias passadas, e por viverem num momento difícil, recorrem às velhas recordações para amenizar o sofrimento. O contrário também é válido: equipes que passaram por momentos sofridos e hoje vivem dias de glórias, buscam metaforizar o futebol para superar os problemas da vida real.
No entanto, há um time que junta, em apenas 13 anos, o fundo do posso à glória suprema, o P.A.F.C(Pó de Arroz Futebol Clube), localizado no Rio das Laranjeiras. Em 1995, venceu o campeonato do Rio contra o seu maior rival com direito a gol de barriga de Renato. No mesmo ano, por pouco não chega a final do campeonato nacional.
Se em 1995 seus momentos de glória orgulharam a torcida laranja, os 4 anos que se seguiram foram de sofrimento, no pior momento da história da equipe que dali a pouco completaria 100 anos: em 96, não fora rebaixado do campeonato nacional por uma espécie de proteção da federação a favor das grandes equipes denominada 'virada de mesa', mas em 97 não houve jeito, teve de amargurar a segunda divisão nacional. Em 98 o seu declínio não parara e fora parar na 3ª divisão!
Em 99 começara uma grande recuperação: patrocinados por um seguro de saúde, em que o dono era grande torcedor da equipe, o P.A.F.C.saíra da ‘U.T.I’ para ‘voltar a viver sem ajuda de aparelhos’ aos poucos: fora campeão da 3ª divisão do nacional, e como num 'passe de mágica' de dirigentes da federação, dispostos a proteger as grandes equipes, em 2000 já estava na 1ª divisão(última ajuda dos aparelhos), e de lá nunca mais saíra, pelo contrário, tem feito grandes campanhas e lutando pelo título todos os anos.
A equipe, que não disputava o torneio continental máximo desde 1984, passava perto de garantir uma vaga para esta, mas geralmente no jogo decisivo algo dava errado: na copa nacional de 2005 perdera a vaga para uma equipe sem expressão, no mesmo ano, no campeonato nacional, perdera a vaga no último jogo para o Palestra Itália. Tentando várias vezes na copa nacional e se frustrando, finalmente ano passado a tão sonhada vaga, almejada há 22 anos, virara realidade.
O P.A.F.C., que já participara de 3 torneios deste porte(o continental máximo), nunca passara da 1ª fase, e mesmo com um grande elenco nesse ano, andava desconfiado pela falta de tradição, algo que costuma pesar, porém, ninguém nasce com tradição, então, como a tradição se forma? Vencendo, e então, porque não começar hoje a construir uma história vitoriosa internacionalmente? Se tradição ganhasse jogo, os atuais 'tradicionais' em determinada competição revezariam entre si os títulos sem ‘abrir vagas para revelações’, e no entanto, há espaço para novas equipes criarem sua história, pois a história do futebol não tem nem 200 anos, ainda está em construção, e a partir de hoje, se pode fazer um futuro melhor.
O 1° fato histórico já havia ocorrido: o P.A.F.C. passou da 1ª fase. Aos poucos, tudo que conquistara era inédito, e a empolgação por sempre conquistar algo novo se tornara uma motivação para sempre seguir adiante: agora, nas quartas-de-final, pegara um time do mesmo país, o Santo Paulo, que vencera 3 vezes esse torneio e, por ter tradição, levava certa vantagem histórica sobre o clube das Laranjeiras.
O Santo Paulo estava levando a classificação num jogo disputadíssimo, até os acréscimos do 2° tempo, quando o centro-avante York, de cabeça, no meio de 3 adversários, cabeçeou com força para o gol, no canto, dando a classificação para o P.A.F.C., que novamente conseguia um feito inédito: as semi-finais.
Em breve, o clube das Laranjeiras pegará o Olho Adulto, clube 6 vezes campeão da competição e terror das equipes de seu país(país vizinho do P.A.F.C). Há medo, receio, o que é normal, mas segurança por ter quebrado tantos tabus, por ter sido tão forte, por ter chegado tão longe, e se sabe que no esporte se pode esperar de todos os resultados, positivos ou negativos, se não, nem haveria partida para decidir. O que se sabe é que uma linda história está sendo construída. Se acabará em breve, já seria um best-seller, ou uma super produção hollywoodiana. Você pode se perguntar 'como pode ser uma grande história se o final poderia guardar algo muito mais grandioso?' e eu lhe respondo 'a obra 1984 poderia acarretar na queda do sistema do grande irmão por Winston Smith, que tentou revolucionar sem sucesso, assim como Robin Hood poderia ter sobrevivido a opressão dos seus perseguidores, então, nem toda história tem de ter final feliz, o que está em jogo é a garra pela qual se luta para conseguir o objetivo, e não a concretização deste'.
Pó de Arroz Futebol Clube em 2008 já entrou para a história, o que vier daqui para frente só tende a acrescentar na beleza dessa obra fantástica que tanto tem a nos ensinar sobre valores de guerreiros que lutam até o último momento pela vitória, pois até o apito final, se pode lutar, se pode vencer, se pode continuar a história.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

A triste noite de João da Terra

Nascido na cidade de Sedron, na terra dos anglos, João Gregório da Terra sempre sonhou em ser um jogador de futebol. Seu time, o Leão Azul, da mesma cidade, tem uma história de altos e baixos, assim como o próprio futebol, uma das maiores metáforas da vida humana.
Pouco depois do nascimento de João, o Leão Azul estava numa terrível crise, e foi comprado a 4 reais por um tal de Nek Setab. Este competente empresário recuperou a equipe e, 2 décadas depois, a vendeu por 600 milhões de reais para um mafioso chamado Namorvich, não se sabe ao certo onde ele nasceu, e nem de onde vem todo seu dinheiro, o que importava era que ele estava disposto a gastar muito dinheiro e energia no seu mais novo investimento.
Para os torcedores do Leão Azul, pouco importava a origem do dinheiro aplicada na equipe, pois o seu crescimento justificava os meios. Em apenas 4 anos, ja se tinha metade do que fora conquistado em mais de 100 anos de história, mas isso não era o bastante: a meta agora era o título continental. Em 2004, 2005 e 2007 haviam chegado nas semi-finais, sendo que em 2 destes haviam perdido pelo mesmo adversário, e nos pênaltis, o rival regional, o poderoso Poça de Fígado.
Em 2008, era hora de acertar contas com o Poça de Fígado, novamente nas semi-finais. A partida já estava encaminhando para os pênaltis, e todos visualizavam uma 3ª repetição de fatos: nova derrota dos fregueses azuis, nos pênaltis... Mas na prorrogação, um gol heróico levou o Leão Azul para a final inédita!
Tudo estava pronto em Sedron para uma grande festa azulada, seria o dia mais importante da história do clube, que re-nascera das cinzas, assim como a fênix, e com a garra de um leão, conseguiria o respeito de todos e reconhecimento internacional. Na final, havia a equipe que já lhe havia tirado o título nacional na temporada, o União dos Diabos Vermelhos. O União, como é mais conhecido, gozava de certo favoritismo, e até ficou na frente do placar, mas quem chegou tão longe não iria desistir tão fácil, e então o Leão Azul igualou o placar e levou a decisão para os pênaltis.
Na disputa de penalidades máximas, o melhor jogador do União havia perdido o pênalti, e a decisão estava nos pés advinha de quem? Justamente de João Gregório da Terra, o jogador mais bem pago da equipe e melhor zagueiro do mundo, da mesma cidade da equipe e referência maior pela sua técnica e garra, cabia apenas colocar a bola, com o seu poderoso pé direito, para detrás da linha do gol adversário, coisa que todos os seu companheiros já haviam feito, e depois comemorar o seu heroísmo. João Terra olhou fixamente para a bola, na sua cabeça se passava um filme de toda a sua vida, desde criança, quando sonhava em ser jogador de futebol, em sua paixão pelo Leão Azul, no quanto batalhou e sofreu para chegar neste momento tão perto da glória, onde ele não imaginava que todos dependessem só dele para vencer, até o futuro, em seu reconhecimento profissional, nos prêmios que iria ganhar, no seu nome nos livros de história imortalizando o grande momento... Sua cabeça não parava de pensar em tantas coisas numa velocidade grande num curto período de tempo. Suas pernas estavam cansadas, aturara uma partida inteira, com muito gás, e era final de temporada, em breve estaria com férias merecidas. O árbitro apitou, João Terra deu o último suspiro, correu em direção à bola, e chutou, no mesmo momento que tropeçou, e a bola fora pra fora, e a chance de ouro havia sido perdida.
A disputa de pênaltis ainda estava acontecendo, e todos convertiam pênaltis, ironicamente, as referências das duas equipes haviam desperdiçado. Até que um companheiro seu perdera a penalidade e dera o título para o Diabo Vermelho. Neste momento, o seu mundo desabava: só havia lugar para tristeza, e não havia palavras de consolo que o confortassem, pois João sabia que todo o seu trabalho árduo não havia o levado para onde ele queria, e dificilmente, num futebol competitivo como o de hoje em dia, sua equipe irá chegar tão longe quanto chegou, e se chegar, haverá descrença por essa perda, o que será um peso na consciência para o resto da vida.
Choro sem consolo, tristeza desconfortável, que atinge a alma, que guardará para sempre em seu coração, um leão também chora, só os que querem ser grandes estão sujeitos a queda, só quem quer nadar até a ilha pode morrer na praia, só quem um dia pode se superar saberá lidar com as frustrações. João, da Terra ao inferno dos Diabos Vermelhos, tão próximo a alcançar o céu, ainda o quer, mas agora, não há esperança, só lamentação.

sábado, 10 de maio de 2008

Vitória-0 x 2-Cruzeiro


Bem amigos da GrandeSportS! Começou hoje o maior espetáculo esportivo da nossa nação, o campeonato brasileiro de futebol! Hoje fui ao Barradão presenciar o 1º gol do brasileirão 2008, Marcelo Moreno, do Cruzeiro, com 1 minuto e meio, já abriu o placar contra os donos da casa.
O centro-avante boliviano não só marcara o 1º gol da competição: recebera também os primeiros cartão amarelo e vermelho, e pelo mesmo motivo nos 2 lances, chutar a bola ao gol mesmo depois do apito do árbitro confirmando impedimento. Por falar em impedimento, vale lembrar que se os bandeirinhas não estivesses atentos, o Leão da Canabrava poderia ter sofrido uma goleada histórica, porém, os precipitados atacantes cruzeirenses não souberam aproveitar essa falha da zaga rubro-negra. Mesmo com as situações de impedimento, alguns momentos contaram com cenas em que o goleiro Nei ficava cara a cara com cruzeirenses, e em uma delas, Ramires perdeu uma chance incrível, digna de bola murcha do Fantástico!
Já o Vitória parou nas mãos de Fábio, que operou grandes defesas. Essa foi a primeira vitória do Cruzeiro no Barradão na história! A torcida rubro-negra mostra preocupação e pede novos nomes para o elenco.
Independente do resultado, fora um espetáculo, e futebol é isso: é arte, é deslumbramento, é se encantar com lances fantásticos, como o de Ricardinho do Vitória no 1º tempo que quase acarreta num golaço, ou nas defesas do goleiro Fábio do Cruzeiro, e fora do campo, a festa das torcidas, as perturbações sadias e a confraternização que o futebol proporciona: eu sou torcedor do Bahia, e fiquei na torcida do Cruzeiro, com meus amigos Theo(Vitória) e Helena(dividida entre Vitória e Cruzeiro), já que o pai de Helena é mineiro e cruzeirense. Lá, vi vários mineiros que residem em Salvador, felizes em ver conterrâneos, e houve até distribuição de panfleto afim de reunir os cruzeirenses da cidade a se reunirem para ver os jogos do Cruzeiro juntos(quem sabe em barzinho, ou na casa de alguém, já que a Premiere passará todos os jogos da série A), e por alguns momentos me senti um mineiro, até me perguntaram "Você é de BH mesmo?" e "Ta morando aqui há quanto tempo?".
Achei muito boa a energia positiva no estádio, encontrei amigos que torciam para o Vitória, tirei sarro, mas tudo na esportividade, sorrindo, brincando, enfim, ir a um estádio de futebol é muito mais que assistir a uma partida: é estar em contato com uma sintonia mágica, de pessoas que se encontram por um mesmo ideal: se divertir, independente do resultado(claro que há os 'brigões' e claro que compreendo a frustração da torcida do Vitória, que pede melhoras a equipe, mas devemos sempre buscar a felicidade, quem sente a vibração do futebol sabe disso, que está em todos os cantos, e, se tivermos que lutar por um mundo melhor, não esqueçamos de viver nossa vida aqui e agora, pois a vida, é só uma, e merecemos o máximo de momentos de alegria, pois estamos aqui nesse mundo para curtimos o que ele tem de melhor!)

Abaixo, melhores momentos da partida(foi um vídeo editado por torcedor do Cruzeiro, portanto, os melhores momentos são tendenciosos):

terça-feira, 6 de maio de 2008

E se...

...Os árabes muçulmanos tivessem vencido a batalha de Poitiers? Como seria o mundo ocidental hoje? Minhas colegas usariam véu, e eu e meus amigos não poderíamos beber cerveja?

E se a mãe de Hitler o tivesse abortado, como planejava, ja que este nascera de um estupro de um judeu? Será que haveria menos intolerância? Menos anti-semitismo?

E se os nazi-fascistas tivessem vencido a ll guerra mundial? Entrariam eles em declínio como o poderoso império romano, ou estariam fortes até hoje, sem dar chance as falhas internas?

E se os espanhóis chegassem ao atual México num dia que não fosse o sagrado para os astecas? Será que conseguiriam derrotar o poderoso império, que, por essa infeliz coincidência, abriu suas portas para os 'Deuses que te destruiriam'?

E se a Hungria, com sua maravilhosa seleção, derrotasse a Alemanha na final da copa do mundo de 54? Como o mundo reagiria ao ver um país comunista campeão de futebol? Será que sem essa vitória a Alemanha hoje seria a potência que é nesse esporte?

E se aquela bola na trave da Holanda, na final da copa de 78, entrasse no gol, contra a Argentina, nos últimos instantes do 2º tempo? Como seria a auto-estima de 'los hermanos' sem essa memorável conquista?(na prorrogação, os argentinos fizeram 2 gols e venceram a copa)

E se aquele gol legal de Willmots, da Bélgica, não fosse anulado, nas oitavas-de-final contra o Brasil? Será que viraríamos o placar? Será que Luís Felipe Scolari hoje seria herói nacional? Será que sem o estímulo de vencer o torneio, Ronaldo se firmaria como um dos maiores jogadores da história do futebol?

Para todas essas e demais perguntas que se baseiem em possibilidades, não adiantam estudos que busquem nos aproximar de uma realidade inexistente: jamais saberemos como seria o mundo se ocorridos tais fatos, por mínimos que sejam, ja que a improbabilidade é um grande marco na história geral e do futebol.