quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A Eurocopa que deu e deixou... E a Copa das Confederações que está por vir...

Croatas na Euro 2012 | Foto: Rodrigo Cerqueira/Lance
O principal torneio de seleções da Europa é mágico. Arrisco dizer que a Uefa sabe fazer um espetáculo melhor que a Fifa, pelo menos é a impressão que eu tenho como telespectador. A competição europeia tem uma pegada mais “rock'n'roll”, há pouquíssimos jogos inexpressivos e me mobiliza tanto quando a Copa do Mundo.

Meu destaque da Euro 2012 foi a trilha sonora. Tinha música para tudo: na entrada das equipes perfiladas em campo, Heart of Courage, de Two Steps from Hell, deixava o clima de suspense tão intenso que parecia se tratar de uma batalha épica. Após a execução dos hinos nacionais, era a vez da música Sirius, de Alan Parsons, inflamar as arquibancadas, que deliravam com a contagem regressiva dos alto-falantes do estádio para a bola rolar. A música também é tocada nos jogos do Chicago Bulls. E o que falar do "hino informal" do torneio? Seven Nation Army, de White Stripes, era entoado apenas em vogais, "ô, ô ô ô ô"... Com tanta música boa, o hino oficial da Euro, Endless Summer, de Oceana, ficou ofuscado. E olhe que é consideravelmente mais interessante (na minha opinião) que as músicas que costumam tocar na Copa do Mundo.

Sábado tem sorteio da Copa das Confederações. Que a trilha sonora seja boa e não reflita o patriotismo infantil de alguns brasileiros que sequer conhecem de música brasileira.





sábado, 24 de novembro de 2012

Os melhores do ano na minha avaliação


Agüero fez o gol mais emocionante do ano (na minha opinião) | Foto: AFP
Já que a CBF definiu os melhores do Brasil antes mesmo de sua festa “coxinha”, vou selecionar o que achei de melhor (e pior) no ano de 2012. Não vou fazer uma escalação, mas escolher o gol mais emocionante, a maior vibração de uma torcida, o gol mais bonito, a melhor defesa, o gol perdido e a maior frustração do ano. Em tempo: coxinha é uma gíria que aprendi com Mauro Cezar Pereira, da ESPN, e se refere a algo ou alguém "engomado", "arrumadinho" e "criado pela avó", assim como a festa dos melhores do ano que acontece em dezembro no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com jogadores vestindo paletó e cartolas distribuindo sorrisos para as câmeras, algo bem diferente da atmosfera vibrante dos estádios de futebol.

Gol mais emocionante: Sérgio Agüero (Manchester City), aos 48 do segundo tempo contra o Queens Park Rangers pela última rodada da Premier League, no dia 14 de maio.

Em um ano de tanta quebra de paradigmas, com o Corinthians vencendo Libertadores, Chelsea faturando Champions League e o Bahia voltando a ser campeão baiano após 11 anos, foi do Manchester City, na minha opinião, o gol e a comemoração por título mais emocionante. Tá, o time tem como dono um sheik que provavelmente nunca chutou uma bola de futebol. Mas sua torcida, apaixonada, sofredora, não é fruto de negociação, e após 44 anos, o “primo pobre” da cidade de Manchester pôde gritar “campeão”. Detalhe: o City precisava vencer e perdia até os 46 do segundo tempo, quando o bósnio DzekoMe empatou. A virada foi surreal, me emocionei. 


Maior vibração de uma torcida: Escoceses em Celtic-2x1-Barcelona, no dia 7 de novembro.

Não valeu título, tampouco classificação para a fase de mata-mata da Champions League, já que o Celtic está na terceira colocação do Grupo G e precisa de combinação de resultados para seguir adiante. Mas a vitória contra o melhor time do mundo transformou Glasgow na cidade mais vibrante do mundo por algumas horas. Isso no aniversário de 125 anos da equipe escocesa.


Gol mais bonito: Ibrahimovic, pela Suécia, contra a Inglaterra, no dia 14 de novembro.

Uma imagem vale mais do que mil palavras. O gol de Ibra foi o melhor do ano pela plasticidade, embora se tratasse de um amistoso em que sua seleção venceu por 4 a 2 na inauguração da Friends Arena, em Estocolmo. E que inauguração...


Melhor defesa: Cássio, do Corinthians, contra o Vasco nas quartas da Libertadores, no dia 23 de maio.

Além da plasticidade, a importância da defesa se dá pela opinião dos próprios torcedores do Corinthians: muitos dirão que foi o lance mais importante para a inédita conquista da Libertadores. O jogo de ida, em São Januário, havia sido um empate sem gols e no momento em que Diego Souza correu sozinho com a bola, o confronto brasileiro estava 0 a 0. Um gol, ali, possibilitaria ao Vasco abrir o placar e poder levar até um gol, faltando 35 minutos para o fim da partida. Mas Cássio foi lá e buscou no canto. No final, Paulinho fez o gol da classificação para o time paulista.


O gol perdido: Deivid, do Flamengo, na derrota para o Vasco por 2 a 1 pela semifinal da Copa Guanabara, 22 de fevereiro

Os ares do Flamengo não eram dos melhores com a saída de Luxemburgo por conta de mau relacionamento com os jogadores. O gol perdido por Deivid reflete o que foi 2012 para o clube com mais torcedores do Brasil: inacreditável, mas negativamente. Ao chegar no Coritiba, o atacante recuperou seu futebol. Mas aquele lance já entrou para a história do futebol. Já o Flamengo, ainda procura entrar no eixo, apesar de ter escapado do rebaixamento.


Maior decepção: Flamengo-3 x 3-Olimpia no Engenhão, pela primeira fase da Libertadores, 15 de março

Clubismos à parte, a eliminação do Flamengo na primeira fase da Libertadores foi decepcionante (e eu não sou flamenguista) e se desenhou quando o time carioca não conseguiu segurar os paraguaios após vencerem por 3 a 0 faltando 15 minutos para o fim do jogo. Se algum torcedor, naquela noite, decidiu sair do Engenhão mais cedo para evitar engarrafamento, já que o jogo estava definido, e não ligou o rádio no caminho para casa (seja no carro ou no ônibus), certamente não acreditou no que aconteceu ao receber a notícia. Apesar de favorito a segunda vaga do Grupo 2, o Olimpia perdeu em casa para o Emelec e terminou como lanterna. O Flamengo venceu o Lanús na última rodada, mas não evitou sua eliminação precoce no dia 12 de abril. Para esquecer.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Não era a hora de mandar Mano para fora

Foto: Julio Cesar Guimarães/ UOL
Se você foi a favor da demissão do treinador Mano Menezes da seleção, reflita sobre o seguinte.

- Como você se sentiria se, em dois anos e meio na sua empresa, você não conseguisse cumprir as principais metas das quais sua contratação se condicionou e, próximo de justamente “entrar nos eixos”, fosse mandado para fora? Some-se a isso os fatos que:

1.    Você não tinha o melhor material para desenvolver um bom trabalho.
2.    A decisão tenha acontecido no semestre em que a empresa mudou de diretoria.

É nesse cenário em que o gaúcho de Passo do Sobrado levou um pé na bunda do presidente da CBF, José Maria Marin, e do vice Marco Polo Del Nero. Essa nem de longe era a pior fase do técnico. Cheguei a imaginar que a partida entre Brasil e Gana no dia 5 de setembro do ano passado, em Londres, seria sua última no comando. Após uma pífia campanha na Copa América e uma derrota em amistoso contra a Alemanha em Stuttgart com falha indivudal de André Santos, cliente de seu empresário Carlos Leite, Mano encontrava dificuldades para vencer a equipe africana, mas achou um gol redentor de Leandro Damião. O que falar do fiasco da Olimpíada então? Com muito sofrimento o “Scratch Canarinho”, que era a base do time que vai à Copa, bateu Honduras nas quartas de final, mas uma derrota para o México na decisão do sonhado ouro era o resultado que condicionaria uma demissão. Não para a direção da CBF, que após a derrota frustrante na final, parece ter esperado um vexame maior. Não aconteceu.

O time passava a ganhar consistência pela primeira vez. Tido como um dos maiores atacantes da atualidade, o colombiano Falcao Garcia foi anulado pelo sistema defensivo de Mano, levou um gol em falha individual de Leandro Castán, improvisado na lateral-esquerda, deixou de virar o placar após Neymar perder um pênalti e saiu de campo com o resultado de 1 a 1 contra uma equipe que, acredito eu, tem condições de surpreender em 2014. Se o resultado não agradou, a organização tática passava a ter uma cara. Que pode desfigurar com a chegada de um novo treinador.

Mano e toda a comissão técnica foram demitidos. Mas o diretor de seleções, Andrés Sanches, ainda continua no cargo e, em entrevista coletiva, disse ter defendido Mano, que treinou o Corinthians no tempo em que ele era presidente do clube.

- Eu achava que não era o momento. Entendo os motivos, os critérios e entendo o desejo de um novo planejamento para o ano que vem. Venho há meses defendendo a continuidade do trabalho, mas entendo e sei respeitar a hierarquia. Respeito, atendo e aceito.

No entanto, porque será que Andrés não levou um pé na bunda?

- O Andrés é um cara que eles não tocam porque é um cara que tem meio-campo com Lula, Dilma, e eles precisam muito disso. Eles não têm nenhuma entrada, e o único que pode amenizar alguma coisa, e nesse momento é sempre importante ter algum meio-campo para que não se intensifique olhar de polícia federal ou um monte dessas coisas, você precisa ter algum meio-campo, alguma entrada com Lula e Dilma e o Andrés é o cara dessa entrada. Então apesar de eles terem de engolir, de não ser do agrado, mas eles acabam engolindo o Andrés muito por causa disso - comentou o jornalista Lúcio de Castro no Bate-Bola primeira edição, da ESPN, algumas horas antes da demissão de Mano, quando o assunto era mera especulação.

Curiosidade 1: Sediada no Rio de Janeiro, a CBF, na verdade seu presidente, decidiu por fazer a reunião na sede da Federação Paulista de Futebol (FPF), da qual Marco Polo Del Nero preside, além de ser vice da CBF. Paulista, José Maria Marin, também na opinião de Lúcio de Castro, dessa vez depois da demissão, estaria por vaidade tentando tirar todas as raízes plantadas por Ricardo Teixeira, ainda que estas, se mantidas, pudessem render frutos. Após se perpetuar por 23 anos no poder, Teixeira, mineiro e muito ligado ao Rio de Janeiro, se envolveu em diversas acusações e, em um perfil extremamente nojento na revista Piauí, revelou estar “cagando” para acusações, algumas delas comprovadas.  

Curiosidade 2: Nova rixa entre paulistas e cariocas? Em 1930, a Confederação Brasileira de Desportos, CBD (atual CBF), assim como hoje, era sediada no Rio de Janeiro, que na época era a capital federal. Em tempos em que a política falava tão alto quanto dentro de campo, a seleção que disputou a primeira Copa do Mundo era composta por cariocas.

sábado, 13 de outubro de 2012

Curtos questionamentos sobre os esportes

Matéria com treino do Boston Celtics | Imagem: Reprodução

- A Seleção Americana de Basquete principal, apelidada de “Dream Team”, teria tempo de sobra para exibir sua performance pelas quadras do mundo todo, já que a temporada regular da NBA acontece de outubro a abril do ano seguinte. No entanto, os maiores astros do basquete mundial não topam “qualquer parada” e apesar de competirem na Olimpíada contra outras equipes nacionais, não disputam os Jogos Pan-Americanos. Então, porque a Seleção Brasileira de Futebol se submete a levar seus principais jogadores para amistosos com equipes pequenas e em lugares sem infra-estrutura? A ganância não colabora para “desvalorizar” uma seleção cinco vezes campeã do mundo?

- Ao contrário do futebol pelo Brasil e pelo mundo, os treinamentos dos times dos esportes americanos não têm tanta cobertura jornalística. Entrei rapidamente nos sites de alguns times de baseball, futebol americano e basquete e não encontrei com facilidade imagens e relatos de treinamentos, com informações sobre quem vai jogar, entrevistas coletivas e fotos dos jogadores treinando com seus uniformes de treino, como se consegue achar sem problemas nos sites que cobrem futebol no Brasil e na Europa. Na verdade, só achei uma matéria em vídeo do time da NBA Boston Celtics. O que será que os cadernos de esportes dos Estados Unidos passam de informação, já que os treinamentos não parecem ter cobertura diária dos setoristas?

Alemanha tem maior média de público |  Borussia Dortmund | Divulgação
- O Brasil não é o país do futebol. Até as segundas divisões da Alemanha e Inglaterra têm maior média de público que o Brasileirão. Primeira Divisão do futebol alemão, a Bundesliga atrai em média 45.116 torcedores por jogo.Na minha opinião, os alemães são merecedores de dias melhores no futebol não só por fazerem parte do torneio com maior média de público, mas também pela transparência dos seus times, que não têm histórico de lavagem de dinheiro como em outros países europeus por ter um rígido controle financeiro, como Paulo Vinícius Coelho comentou em palestra em Salvador.

- Está certo que nos jogos de baseball, futebol americano e basquete não há bonitas festas com bandeiras, côros, percussão, sinalizadores e gente pulando, mas os estádios estão lotados em todos os jogos. Uma boa gestão pode ser a explicação, mas a má gestão do futebol brasileiro não justifica a pífia média de público do Brasileirão até a 23ª rodada dessa temporada, de apenas 12.031 torcedores por jogo. Para mim, não existe preço do ingresso ou distância dos estádios que justifique, já que em dias de clássico os estádios lotam e nem por isso os preços diminuem ou os estádios são transferidos para regiões centrais. A fidelização de um torcedor não deve ser oportunista, pois não se apoia o Engenhão ou o Maracanã como protagonista da festa, e sim o Flamengo, Fluminense ou Botafogo. Os mesmos torcedores que reclamam dos preços preferem vaiar seus jogadores a protestar contra suas diretorias, o que mostra o descaso geral quanto às condições de se melhorar o espetáculo.

- Os Estados Unidos, que tem maior mobilização popular por esportes como futebol americano, baseball, basquete e hóquei no gelo, tem média de público maior que o Brasil no principal torneio de futebol nacional. A Major League Soccer (MLS) conta com times dos EUA e do Canadá e atrai, em média, 17.869 torcedores por jogo. China, Japão, Rússia, Escócia e Suíça também contam com maior média de público que nossa Série A. Uma vergonha.

- O futebol toma a maior parte dos noticiários de esportes no Brasil e os praticantes e apaixonados por esportes amadores culpam a imprensa pela hegemonização da “paixão nacional”. São poucos os fãs de “esportes alternativos” que fazem autocrítica sobre as condições que são dadas aos jornalistas para a cobertura de suas modalidades. Dirigentes e até atletas precisam se mobilizar para tornar viável o crescimento do seu esporte, que se exposto na mídia sem cuidados com infra-estrutura passarão uma má impressão para quem não o conhece. Ambulância nos jogos, equipes padronizadas, espaço seguro para que o repórter possa guardar seu material enquanto faz entrevistas nos intervalos e arquibancadas com um mínimo de conforto para atrair novos torcedores são “o mínimo” para que o esporte amador passe a ser um pouco, digamos, “profissional”. E só uma dose de “profissionalismo” pode atrair gente que não está disposta a se aventurar em eventos demasiadamente “underground”.

- Clique nesse link e confira as médias de público em torneios de futebol pelo mundo e em que posição o Brasileirão se encontra no ranking.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O esporte de uma só tradição

Zona de strike do baseball

Rituais, símbolos e códigos de conduta não modificariam o nível da competição, mas fazem diversas modalidades esportivas terem seu caráter. O ato de ajoelhar enquanto um jogador está machucado é obrigatório nas partidas de futebol americano, assim como o cumprimento ao adversário após a luta fez o judô atravessar séculos. No futebol não há uma tradição específica, a não ser a resistência dos “donos da bola” pelo uso da tecnologia.

Todos os valores ensinados nos primórdios do “football”, ainda no século lXX, parecem ter sido varridos com o tempo. Os mais conservadores podem atribuir a “modernização indesejada” ao profissionalismo, que contribuiu para o fim do aspecto “cavalheirístico britânico”, mas a defesa das regras, importante para se manter a identidade de um esporte, extrapola o bom senso no caso da modalidade jogada com os pés. Com a tecnologia dos dias de hoje seria possível solucionar ao menos dois dos principais problemas da arbitragem: o impedimento e o momento de dúvida em que nem os árbitros atrás do gol conseguem perceber se a bola entrou ou não.

Tenho acompanhado baseball e futebol americano e percebi que esses esportes não existiriam da forma profissional como a de hoje se não fosse a tecnologia. No caso do baseball, a zona de strike, que é o campo de visão do arremessador entre os joelhos e o peito do rebatedor (que atua no outro time), é exibida ao vivo durante as transmissões para não deixar dúvida se a bola entrou ou não na zona de strike. O arremessador, então, precisa jogar com força e efeito na área delimitada. 

No futebol americano, diversas faltas podem acontecer fora do lance e longe da bola. O uso das câmeras facilita o trabalho dos árbitros. Porém, esses dois esportes contam com mais paralisações que o futebol, que não pode perder a contagem corrida se quiser manter sua identidade. O uso da tecnologia apenas para verificar impedimentos e a posição da bola debaixo das traves não atrapalharia tanto com um chip na bola que emitisse resposta automática, que pudesse emitir um som a cada lance polêmico sem precisar de solicitação de consulta.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Bota na cadeia!


O folclórico Neném Prancha diria que “o pênalti é tão importante que devia ser cobrado pelo presidente do clube”. Embora o torcedor brasileiro não entenda, a maior responsabilidade do fracasso de sua agremiação não calça chuteiras ou corre atrás da bola. São os cartolas que qualificam um elenco, embora não levem vaias ao final da partida, tampouco recebem resistência dentro do clube e por anos se perpetuam no poder. Mas são atitudes como a de Maicosuel que estragam todo um planejamento ambicioso de um time que não costuma participar de torneios top. O ex-jogador do Botafogo, com 26 anos e recém-chegado na Udinese, decidiu cobrar pênalti com cavadinha em plena disputa de penalidades máximas que valia vaga para a fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa. Enquanto todos os seus companheiros e os adversários do Braga converteram suas cobranças no canto, o brasileiro cometeu o “crime” que custará € 7,2 milhões (R$ 18,4 milhões) aos cofres do clube italiano pela ausência na principal competição do futebol europeu. Levando em conta que o contrato de cinco anos do brasileiro foi de R$ 13 milhões, pode-se dizer que foi a contratação mais cara dessa última janela de transferência. Não há problema em perder um pênalti: para haver um vencedor, ao menos um dos jogadores deveria desperdiçar uma cobrança. Mas a atitude do brasileiro mostrou a falta de comprometimento com um time que fez das tripas coração para conseguir a vaga, após um árduo Campeonato Italiano. Ao final, o atleta se encontrava sentado, chorando, sem ninguém para consolá-lo. A falta de consolo é pouco. Ele merecia cadeia.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Abrasileiração da bola oval

Foto: Lucas Franco

“Ora, parece-nos que o football não se adapta a estas boas paragens do cangaço. Estrangeirices não entram facilmente na terra do espinho”. Há pouco mais de 90 anos Graciliano Ramos refletiu os prognósticos (negativos) sociais do esporte que hoje é o mais popular do Brasil e do mundo. O escritor alagoano só não contava que o “football” trocaria de vogais e eliminaria um “L” para se “abrasileirar” como um novo esporte, o futebol. O corner virou escanteio, o back zagueiro, e sua bola de cristal, meros cacos de vidro varridos junto com palpites como o de que o Bahia jamais venceria o Santos na primeira Taça Brasil.

Com os mesmos argumentos “gracilianísticos”, muita gente acredita que esportes como futebol americano e rugby jamais conseguirão ser grandes no país onde reina o antes desacreditado futebol. Os esportes da “bola oval” seriam “estrangeiros demais”, a começar pelos nomes das jogadas e posições dos jogadores. Mas se eu conheço a Bahia, “Touchdown” pode virar “tondidáu” na mesma velocidade em que a música “Don’t matter” ganhou a versão “Não vale mais chorar por ele” e inclusive foi cantada pelo autor da canção original, o rapper americano Akon. A antropofagia já fez das guitarras do rock instrumentos do tropicalismo e dos cultos africanos candomblé. Me surpreende que os “defensores da hegemonia da bola redonda” duvidem que outros esportes possam se “abrasileirar” e quem sabe, ganhar espaço semelhante ao do vôlei, que tem uma liga forte no país e jogos transmitidos pela TV aberta. Mas nada é conseguido sem esforço. "Algo só é impossível até que alguém duvide e acabe por provar o contrário" – Albert Einstein. 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A faca e o queijo nunca estiveram tão na mão

Foto: Reuters

O Brasil não pode ser considerado o país do futebol por ter inventado o esporte ou por contar com a maior média de público em jogos do campeonato nacional. Essa honra cabe a Inglaterra, que unificou as regras de jogos com bola do Século lXX para oficializar, em 1863, o surgimento do jogo mais popular do planeta, que se joga com os pés. A segunda divisão do país tem maior média de público que a elite do futebol brasileiro, mas as terras tupiniquins têm o rótulo de “país do futebol” por suas conquistas no gramado. Seus clubes já ganharam todos os torneios possíveis, que vão da extinta Copa Mercosul até o Mundial de Clubes da Fifa. Já a seleção nacional, na modalidade masculina, carece de apenas uma conquista: a olímpica.

O “tabu” pode ser quebrado neste sábado de manhã (11) em Wembley, contra o México. Em um ano em que a própria Inglaterra, sede da competição, viveu episódios interessantes com a conquista do título nacional do Manchester City após 44 anos e o título europeu inédito do Chelsea, tudo parece conspirar a favor da “Canarinha”. Some-se a isso quebras de paradigmas como o título de Libertadores do Corinthians e a conquista do Campeonato Baiano pelo Bahia após 10 anos sem títulos para se desconfiar que no “ano do fim do mundo”, os deuses do futebol resolveram dar uma “despedida digna” aos torcedores que mais sofreram pela ausência de uma conquista almejada.

CELESTE OLÍMPICA

Foto: EFE
O Uruguai provou do próprio veneno na Olimpíada de 2012. Até 1924 não havia intercâmbio entre América do Sul e Europa. O Uruguai, até então desconhecido para o resto do mundo, viajou para Paris nesse ano para disputar os Jogos Olímpicos. Seu primeiro adversário, a Iugoslávia, mandou espiões para observarem o “misterioso time” e, ao perceber isso, os sul-americanos decidiram fazer um treino “desastroso”, para que os espiões voltassem com informações otimistas como “esse tal Uruguai é ruim, está no papo”. Resultado: o Uruguai meteu incríveis 7 a 0 na equipe balcânica. Sua fama ao redor do mundo foi crescendo com conquistas como as Olimpíadas de 1924 e 28 e a Copa do Mundo de 1930, tudo isso em apenas seis anos. Ausente por 84 anos dos Jogos Olímpicos, os uruguaios provaram do próprio veneno em Londres 2012: enfrentou adversários sem tradição e não buscou investigá-los. Dessa forma, teve trabalho contra os Emirados Árabes na estreia, com vitória de virada por 2 a 1, e perdeu para Senegal por 2 a 0. O golpe de misericórdia foi dado pela Grã-Bretanha, que com triunfo de 1 a 0 eliminou a “Celeste Olímpica” do torneio.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

No caminho da segundona


Roda, roda e vira, solta a roda e vem, não ganhei da Portuguesa

Então eu vou ganhar de quem?

Meu nome é Esporte Clube Bahia, prazer?

Série B? Não, obrigado.

Só irei se for forçado. Por culpa da arbitragem, da bola, da curva e do vento

Conspiração universal, mesmo assim eu tento

Fugir da degola que dói o pescoço e machuca a alma

Calma. Nascestes para vencer, esse é seu slogan.

Mas vencer na segundona, ta mais fácil, vamos?

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Carência de medalhas


Não há nada errado com os atletas brasileiros. O problema da nação verde e amarela é quantitativo: se existissem cinco Césares Cielos, três Maurrens Maggis e quinze Évertons Lopes, mais medalhas teriam como destino os aeroportos tupiniquins. Todo agricultor sabe que as condições climáticas fogem do seu controle e uns hectares de plantações podem ser perdidas, mas quanto mais se planta, maior será a colheita no final das contas, independentemente do que foi perdido no caminho. O Brasil tem atletas de alto nível, mas não em quantidade abundante como um país de quase 200 milhões de habitantes poderia ter. Criar expectativa em dois ou três atletas para um evento que acontece de quatro em quatro anos é tão irracional quanto se apaixonar por uma mulher e não abrir mão dela, mesmo com todo seu esnobismo, apesar de tantas outras estarem ao redor dando bola.

Liu Xiang foi ouro em 2004 | Getty Images


A China ficou em primeiro lugar no quadro de medalhas em 2008, quando sediou a Olimpíada, e até o momento segue na ponta em Londres. A primeira participação da nação vermelha em Jogos Olímpicos de Verão foi em 1952, em Helsinque. No entanto, divergências com o Comitê Olímpico Internacional (COI), que reconheceu a rival Taiwan como nação, fez a China boicotar o evento até 1984, em Los Angeles. De lá para cá, todo porta-bandeira é um jogador do basquete masculino, modalidade que nunca deu uma medalha para o país. Wang Libin em 1984, Song Tao em 1988, Song Ligang em 1992, Liu Yudong em 1996 e 2000, Yao Ming em 2004 e 2008 e o atual jogador do Dallas Mavericks, Yi Jianlian, em 2012, não “contribuíram” para a fama que o país leva hoje de “potência olímpica”, mas são atletas de alto nível de um esporte que sequer é a paixão nacional, já que o tênis de mesa é mais popular e vitorioso. Ídolo nacional, o corredor de 100 m com barreira Liu Xiang deu ao país sua primeira medalha de ouro em atletismo, em 2004. Sua imagem simbolizava as ambições orientais para a edição seguinte dos Jogos, onde seria favorito e atuaria dentro de casa. No entanto, em 2008 e 2012 Liu Xiang se contundiu na prova em que lutava para repetir o feito pioneiro. Mesmo tristes, os chineses não deixaram de enxergá-lo como ídolo.

Medalhas são como propaganda política para a Coreia do Norte | Divulgação
Em um país com quase 1 bilhão e meio de habitantes e que sabe usar seu potencial, coisa que o Brasil ainda não aprendeu, derrotas de ídolos não refletem nas estatísticas. O quadro de medalhas segue inabalável, embora a dor de ver um ídolo ser derrotado seja a mesma. Mas por que o Brasil faz tanta questão de entrar no “hall das grandes potências olímpicas”? É possível ser um país digno sem isso: dono do melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Planeta no relatório de 2011, a Noruega, até o início desta quarta-feira (4), estava no modesto 35º lugar no quadro de medalhas de Londres 2012, com apenas três medalhas, uma de cada metal. Já a Coreia do Norte, em 14º no quadro geral, com quatro medalhas de ouro e uma de bronze, sequer figura nos relatórios de medição de IDH, tamanha censura vive uma população que ninguém sabe ao certo como vive por conta do mistério imposto pela ditadura local. Se a educação é prioridade, os esforços para fomentar esporte como ferramenta de integração social deveriam ser maiores que o investimento em atletas de alto rendimento, afinal, quantos campeões estarão a surgir se houver perspectiva de se levar uma vida digna?

domingo, 5 de agosto de 2012

Onde a Europa manda e desmanda


Até o início do Século XXl a América do Sul era o continente mais vitorioso do futebol. O pentacampeonato do Brasil em 2002 (que também levantou o caneco em 1958, 62, 70 e 94), somados aos dois de Argentina (1978 e 86) e Uruguai (1930 e 50), garantiu uma soberania de nove Copas do Mundo, contra oito do velho mundo, que até então tinha Itália (1934, 38 e 82) e Alemanha (1954, 74 e 90) com três títulos e Inglaterra (1966) e França (1998) com apenas um. A superioridade não se resumia aos embates entre seleções: somados os títulos de Copa Intercontinental e Mundial de Clubes da Fifa, até 2009 os sul-americanos levavam vantagem.

Mas a final de 2009 entre Barcelona e Estudiantes, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, foi um divisor de águas por dois aspectos. Em primeiro, porque o título da equipe catalã, com vitória de virada, na prorrogação, com gol do argentino Lionel Messi, igualou os continentes em números de títulos, 24 para cada um, e esse empate técnico não acontecia desde 1976, quando o Bayern de Munique venceu o Cruzeiro no Intercontinental e igualou o marcador em 8 a 8. De 1977 para 1984, os sul-americanos levaram a melhor por sete anos consecutivos e criaram folga de seis títulos (16 a 9), a maior do confronto até então.

Messi fez o gol do título mundial do Barça em 2009 | AP Photo 
O segundo aspecto que classifica a final entre Barcelona e Estudiantes como divisor de águas é que o time catalão é a base da “Fúria” e suas vitórias do clube fortaleciam a equipe nacional, que em 2010 se tornou a primeira Seleção do velho mundo a faturar uma Copa do Mundo fora de seu continente (foi na África do Sul) e de quebra, ultrapassou a América do Sul em conquistas de Copa: 10 a 9 (a Itália havia vencido em 2006). A Europa não ultrapassava a América do Sul em Copas do Mundo desde 1954, quando a Alemanha conseguiu seu primeiro título, o terceiro do continente até então (os outros dois foram da Itália, em 1934 e 38), contra dois do Uruguai, em 1930 e 1950.

Onde a Europa não manda e desmanda


Coreia bateu a Grã-Bretanha | Reuters
Há um torneio de futebol que, ultimamente, tem feito os europeus bufarem de raiva: o futebol masculino olímpico. A última vez que uma Seleção do velho continente chegou na decisão foi em 2000, com a Espanha (vice de Camarões), e o último título foi em 1992, também com a “Fúria”, atuando em Barcelona. De 1996 para cá, só dá África e América do Sul (1996 com Nigéria, 2000 com Camarões, 2004 e 2008 com Argentina), e esse ano não será diferente. Último representante europeu e anfitrião da Olimpíada de 2012, a Grã-Bretanha foi eliminada nos pênaltis pela Coreia do Sul, o que ajudará a manter o tabu por pelo menos mais quatro anos. Nenhum dos quatro semifinalistas de Londres 2012 já subiu ao lugar mais alto do pódio no futebol masculino olímpico. Adversários de terça-feira, Japão e México foram eliminados nas semifinais de 1968 (Tóquio) e se encontraram na disputa por terceiro lugar: melhor para os nipônicos na até hoje única medalha dos asiáticos na modalidade. A Coreia do Sul disputa sua sétima Olimpíada consecutiva, mas só passou da primeira fase em 2004, nos Jogos de Atenas, quando foi eliminada nas quartas de final pelo Paraguai. O Brasil tem a base que vai disputar a Copa do Mundo em 2014, enxerga o ouro como a “última conquista que falta para o futebol nacional” e já levou quatro medalhas: duas pratas (1984 em Los Angeles, derrota para a França e em 88, em Seul, derrota para a União Soviética) e dois bronzes (1996 em Atlanta, batendo Portugal na disputa por terceiro lugar em Pequim em 2008, batendo a Bélgica). Ao menos nas Olimpíadas os europeus não “mandam e desmandam”.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Ensaio sobre a amnésia


Imagens: Reprodução / Facebook (Clique nas imagens para ampliá-las)
Uns sonham com Neymar. Outros estão satisfeitos com Marcelo Moreno. Os torcedores do Bahia se iludem com a perspectiva de contar com Jóbson, após seu desligamento com o Barueri. Passo a imaginar o cenário de “Ensaio Sobre a Cegueira”, clássico de José Saramago, ambientado em Pituaçu, onde as lacunas vazias do tricolor não estão no campo visual, e sim na memória. De amnésia ou falta de informação sofrem aqueles que pedem por Jóbson e Jael. O primeiro deles colecionou desentendimentos e “problemas de adaptação” por todos os clubes por onde passou. Se desligou do Grêmio Barueri, lanterna da Série B, nesta segunda-feira (9), após disputar quatro jogos e não marcar nenhum gol. Motivo? Barueri não tem torcida. Nascido em 15 de fevereiro, mesma data em que o Rei Luís XV veio ao mundo, o atacante desempregado tem um “rei da França na barriga”. Habilidoso, acredita que ainda pode escolher onde jogar, e uma eventual chegada ao Bahia em nada o melhoraria, já que o mesmo foi desligado do clube a pedido dos próprios companheiros de time, em agosto do ano passado.



Já Jael, que saiu após desferir um soco no diretor tricolor André Araújo, é tido como um “apaixonado pelo Bahia”, mas pouco antes da sua demissão por justa causa, o atacante corria atrás de um contrato mais polpudo e por pouco não assinou com o Vasco. A boa passagem pela Portuguesa não teve continuidade no Flamengo e Sport, seu clube atual, o que prova que suas boas apresentações pelo Esquadrão nas Séries B de 2009 e 2010 não podem ser parâmetro de comparação com a elite do futebol nacional. Não me surpreende que os torcedores que tanto querem esses dois jogadores lamentaram pela não concretização da negociação com Zé Love. O Bahia é muito maior do que as ambições de parte de sua torcida.

Confira abaixo o vídeo que fiz para Jóbson, no dia em que ele marcou o gol do Bahia sobre o Fluminense em pleno Engenhão, o primeiro triunfo do tricolor baiano em Série A em quase 8 anos. Eu acreditava no cara e temia pela sua punição no tribunal internacional, por conta do seu envolvimento com drogas.

domingo, 8 de julho de 2012

O Ypiranga não foi o único derrotado


Tio Válter e eu em Pituaçu: acreditamos no Ypiranga

O clima de velório no final da tarde deste domingo (8) em Pituaçu se assemelha, em diversos aspectos, ao Maracanazo de 1950. O roteiro de ambos passa por uma partida de futebol em que o anfitrião abre o placar e permite a virada, impregnando nas mentes e corações de torcedores a falta de perspectiva de que o futuro poderá ser melhor um dia. Se a Seleção Brasileira mudou a cor de sua camisa após a derrota para o Uruguai na final da Copa do Mundo, o Ypiranga sempre teve trajes amarelos, cor adotada pelo scratch canarinho que superou o complexo de vira-lata e chegou cinco vezes ao topo do mundo. Que parte do uniforme o Ypiranga precisa mudar?

Decacampeão baiano, o clube da Vila Canária cumpriu à risca os passos da cartilha de um vencedor esportivo. O problema está no futebol. Fosse natação ou atletismo, onde os milésimos de segundos ganhos nos treinamentos são fruto de preparação rigorosa, o Mais Querido teria sobrado contra a modesta Jacuipense, que diga-se de passagem, mereceu o triunfo pela partida que fez hoje. Mas todo bom exemplo extra-campo deve ser exaltado, e por isso o Ypiranga não foi o único derrotado na tarde deste domingo: o futebol baiano perdeu a chance de contar com um clube ambicioso, que aliou a tradição centenária a estratégias de marketing modernas, como por exemplo vender camisas oficiais próximo das catracas de Pituaçu e produzir um mini-filme com película de cinema.

O Ypiranga não “mendigou” espaço na mídia: fez por merecer a visibilidade que ganhou nesta semana decisiva, e o resultado foi uma festa amarela e preta com 4.505 pessoas e arrecadação de R$ 67.650,00. Os próximos capítulos da vida do Mais Querido estão indefinidos, mas em um país de tantos clubes artificiais, que abdicam de suas tradições e da presença da torcida para mudar de cidade-sede, é triste que bons exemplos como o do aurinegro não se concretizem em um acesso para a elite do futebol estadual.

domingo, 10 de junho de 2012

Ao Bahia, as batatas

"Aos demais, ódio ou compaixão"

O humanitismo, teoria fictícia de Quincas Borba, personagem de Machado de Assis, defende a ideia de que duas tribos famintas devem lutar uma contra a outra para se alimentar das batatas restantes ao invés de dividi-las “irmanamente”, como prega o cristianismo. O futebol baiano passa por situação semelhante. Clubes do interior da Bahia certamente “passariam fome” se Bahia e Vitória não emprestassem seu prestígio ao Campeonato Baiano. Tal “filantropia” enfraquece a capital, pois os seus representantes não se preparam para “lutar pelas batatas das Séries A e B”, tão distantes do provinciano torneio estadual. Como Jesus não é personagem da literatura machadiana, a multiplicação de alimentos não passa de ficção científica para o autor do trecho “as batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância”.

Eu não assisti à derrota tricolor diante do Vasco hoje. Mas me assustei ao notar a presença de Jones Carioca no time titular. Enquanto a dupla Ba-Vi alimentar Feirenses e Conquistas da vida, todos por aqui “vão ganhar”: tricolores e rubro-negros viverão a ilusão de “serem os melhores” no primeiro semestre (Souza e Neto Baiano que o digam) e o interior continuará com um futebol ativo nos primeiros cinco meses do ano. É hora de sacrificar alguém, antes que ambos morram de fome. E convenhamos, os torcedores baianos não têm mostrado nas arquibancadas sinal de resistência para a manutenção do torneio, haja vista a média de público inferior a 5 mil pessoas por jogo. Ao Bahia e Vitória, as batatas. Aos demais, ódio ou compaixão.

Teoria do Humanitismo (Quincas Borba)

Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. (...) ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Atualização da postagem "A paixão em números"

Atualização da postagem "A paixão em números":

JOGO /COMPETIÇÃO /ESTÁDIO /DATA
Bahia-2x1-Paraná Série A (FN), 11-9-97
Vitória-2x0-Bragantino Série A (B), 17-9-97
Bahia-1x4-Internacional Série A (FN), 22-10-97
Bahia-1x2-Ceará Série B (FN), 24-9-98
Brasil-2x2-Holanda Amistoso (FN), 5-6-99
Vitória-0x3-São Paulo Série A (B), 10-11-99
Bahia-1x3-Flamengo Copa do Brasil (FN), 24-5-00
Bahia-2x0-Santos Copa do Brasil (FN), 11-4-01
Bahia-3x1-Sport Camp. Nordeste (FN), 28-4-01
Bahia-1x0-Náutico Camp. Nordeste (FN), 27-4-02
Bahia-1x2-Botafogo Série A (FN), 28-9-02
Bahia-2x1-Vitória Série A (FN), 15-6-03
Vitória-1x2-Corinthians Série A (B), 5-10-03
Bahia-1x1-Vitória Camp.baiano (FN), 11-4-04
Bahia-3x1-CRB Série B (FN), 1-7-04
Bahia-1x0-Náutico Série B (FN), 10-10-04
Bahia-1x1-Grêmio Série B (FN), 7-8-05
Bahia-3x0-Santo André Série B (FN), 3-9-05
Bahia-4x3-Icasa Série C (FN), 20-8-06
Bahia-0x2-Ipatinga Série C (FN), 28-10-06
Bahia-2x4-Vitória camp.baiano (FN), 11-3-07
Bahia-5x6-Vitória Camp.baiano (FN), 22-4-07
Bahia-1x0-Crac Série C (FN), 14-10-07
Bahia-1x1-Altético-Go Série C (FN), 11-11-07
Bahia-0x0-Vila Nova Série C (FN), 25-11-07
Vitória-0x2-Cruzeiro Série A (B), 10-05-08
Vitória-4x0-Figueirense Série A (B), 24-05-08
Vitória-1x0-Santos Série A (B), 08-06-08
Vitória-1x3-São Paulo Série A (B), 16-07-08
Vitória-1x0-Náutico Série A (B), 23-07-08
Vitória-1x0-Coritiba Série A (B), 14-09-08
Vitória-0x0-Flamengo Série A (B), 29-10-08
R.Madrid-1x0-Valencia La Liga (SB), 20-12-08
Barcelona-5x0-D.L.Coruña La Liga (CN), 17-01-09
Bahia-2x0-Poções camp.baiano (P), 11-02-09
Bahia-4x1-Feirense camp.baiano (P), 15-02-09
Bahia-3x1-Colocolo camp.baiano (P), 26-02-09
Bahia-1x0-Ceará Série B (P), 23-05-09
São Paulo-2x0-Náutico Série A (M), 27-06-09
Palmeiras-1x1-Santos Série A (PA), 28-06-09
Juventus-0x0-PAEC Copa Paulista (J), 11-07-09
Vitória-0x0-Altético MG Série A (B), 19-07-09
Bahia-2x1-Vasco Série B (P), 25-07-09
Brasil-4x2-Chile Eliminatórias (P), 09-09-09
Vitória-2x0-Internacional Série A (B), 19-09-09
Bahia-1x2-Duque de Caxias Série B (P), 29-09-09
Bahia-2x2-Fortaleza Série B (P), 06-11-09
Bahia-2x0-Guarani Série B (P), 21-11-09
Bahia-1x1-Internacional Amistoso festivo (P), 13-12-09
Vitória-2x0-Bahia camp.baiano (P), 24-01-10
Bahia-2x1-Vitória camp.baiano (P), 28-02-10
Bahia-1x0-Atlético-GO Copa do Brasil (P), 31-03-10
Galícia-1x3-Catuense camp.baiano série B (P), 01-05-10
Bahia-1x0-América-RN Série B (P), 07-05-10
Bahia-2x0-Sport Série B (P), 29-05-10
Bahia-0x1-Duque de Caxias Série B (P), 04-06-10
Bahia-2x2-Figueirense Série B (P), 31-07-10
Bahia-2x1-Paraná Série B (P), 10-08-10
Bahia-3x0-Náutico Série B (P), 15-10-10
Vitória-4x2-Vasco Série A (B), 30-10-10
Vitória-0x1-Cruzeiro Série A (B), 07-11-10
Ypiranga-3x2-Galícia camp.baiano série B (P), 30-04-11
Bahia-1x1-Atlético-MG Série A (P), 12-06-11
Bahia-0x1-Corinthians Série A (P), 29-06-11
Bahia-1x1-Botafogo Série A (P), 10-07-11
Bahia-0x0-Coritiba Série A (P), 24-07-11
Bahia-1x2-Santos Série A (P), 21-08-11
Portuguesa-3x3-Icasa Série B (C), 27-08-11
Bahia-0x0-América-MG Série A (P), 1º-09-11
Bahia-1x0-Atlético-PR Série A (P), 21-09-11
Bahia-3x2-Avaí Série A (P), 1º-10-11
Bahia-0x0-Cruzeiro Série A (P), 12-10-11
Bahia-0x2-Vasco Série A (P), 23-10-11
Bahia-4x3-São Paulo Série A (P), 05-11-11
Bahia-0x0-Vitória camp. baiano (P), 12-02-12
Bahia-4x0-Fluminense camp. baiano (P), 23-02-12
Vitória-3x2-Bahia camp. baiano (B), 18-03-12
Bahia-4x0-Remo Copa do Brasil (P), 19-04-12
Ypiranga-0x1-Botafogo camp. baiano série B (P), 28-04-12
Bahia-1x0-Conquista camp. baiano (P), 29-04-12
Bahia-3x3-Vitória camp.baiano (P), 13-05-12
Bahia-1x2-Grêmio Copa do Brasil (P), 17-05-12

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Solitários sim, esquecidos jamais

“Uh é paredão, o goleiro do...”. Coros que fazem referências aos goleiros podem ser completados com qualquer palavra terminada em "ão", que vão de Esquadrão a Leão. Em alguns casos, tais manifestações provocam mais barulho que a gritaria do gol. Claro, tudo depende do gol, que nem sempre é tão festejado, ou da defesa, que geralmente é esquecida logo em seguida. Solitários são os jogadores que vestem uniforme com cores diferentes das que os companheiros usam, além de passar a maior parte do tempo assistindo ao certame – a não ser que o adversário seja muito superior. Goleiros realmente merecem usar trajes diferenciados, afinal, são únicos. São a última esperança do scratch, mas podem ser os primeiros candidatos a vilões. Se as falhas tendem a ser mais lembradas que os milagres, apenas os “homens de luvas” podem ser canonizados. “São Marcos”, do Palmeiras, teve seus momentos de “mero mortal” no interclubes de 1999, quando sua falha culminou no gol do título do Mancheter United, e na furada na Copa do Brasil em 2003 contra o Vitória, no pior momento de sua carreira. Mas o paredão alviverde ganhou os céus, graças a suas grandes defesas e carisma. Como goleiro, não vejo a data de hoje como dia de reivindicação por “melhores condições de trabalho”, tampouco de desabafo contra os que por tantas vezes insultaram nosso ofício. Ser goleiro, para mim, é opção. Embora a maioria enxergue a execução da função como recurso para ser escolhido imediatamente no baba, logo após o par ou ímpar de formação dos times. Foto: Guilherme Dionísio/ Futurapress

terça-feira, 24 de abril de 2012

O Barça não é “da galera”

A popularidade do Barça já não é a mesma. As redes sociais são termômetros que confirmam o declínio da simpatia do clube catalão. Talvez o movimento #ChupaBarça seja antigo e apenas na derrota seja perceptível, mas o Chelsea hoje foi tão paparicado quanto o São Caetano na final do Brasileirão de 2000. O Barcelona continuará sendo o melhor time do mundo e tão surpreendente quanto a desclassificação na Uefa Champions League foram as reações generalizadas que vi inclusive na minha rua, onde a vizinhança gritou histericamente a cada gol do time azul de Londres. Nunca vi tamanha mobilização popular pelo torneio até então, embora ele seja transmitido pela TV aberta há muito tempo, primeiramente pela Record, com rápida passagem pela Band e desde as semifinais de 2010 na Globo. Porque somente com a eliminação da equipe espanhola percebi o quanto a Liga dos Campeões mobiliza “o povo?”. Não vejo em Messi e Guardiola traços de arrogância. Torcer pelo mais fraco nem sempre é tendência, afinal, o Santos de Neymar causa mais fascínio do que inveja. O mesmo Barça, que no final do ano passado veio a Salvador e Rio lançar um acampamento de férias para crianças, não é popular por aqui. Serão precisos muitos “Barcelonas Camps” até os catalães chegarem ao patamar de carisma de um Santos, por exemplo. Foto: Shaun Botterill/Getty Images

sábado, 14 de abril de 2012

Facebook cutuca meu jejum de títulos


Eu nunca gritei "campeão pooooorra" em nenhuma rede social. Na última vez em que meu Bahia ganhou um título, em 2002 (Copa do Nordeste), sequer existia Orkut. Não bastasse o incômodo jejum de conquistas, o Facebook tratou de me "torturar" com o aplicativo "Quantas vezes seu time foi campeão?", do perfil Barba, Cabelo e Bigode. Temi um resultado vexatório, mas por um momento me surpreendi: por 13 vezes o Esquadrão de Aço levantou o caneco. Não é tão grave assim né? Na verdade, é, pois três Taças Estado (torneio minúsculo da FBF) foram computadas (2000, 2002 e 2007). Nestes mais de 23 anos, o tricolor levou mais de um título em apenas duas temporadas: 1988, quando se sagrou campeão brasileiro e baiano, em 2001, com Copa do Nordeste e Baianão e 2002, com Copa do Nordeste e Taça Estado da Bahia (que eu nem conto como título).

Desde que nasci, foram apenas sete títulos estaduais, sendo que apenas em 1998 e 2001 eu comemorei. Em 1994 eu era pequeno e não lembro do gol épico de Raudinei, em 1999 Bahia e Vitória foram declarados campeões, sem haver decisão, pois o Esquadrão se reusou a jogar no Barradão. Treze títulos em 23 anos mostram o quão grave é o passado recente do Bahia. Esse aplicativo me fez refletir, mas apaguei o resultado da minha timeline do Facebook para evitar chacotas.

Títulos do Esporte Clube Bahia com a equipe principal depois do meu nascimento:

Campeonato Brasileiro: 1988
Campeonato Baiano: 1988, 1991, 93, 94, 98, 99 e 2001
Copa do Nordeste: 2001 e 2002
Taça Estado da Bahia: 2000, 2002 e 2007

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Volta Ypiranga, por favor!


Lá em cima, no céu, alguém torce pelo Ypiranga. Aliás, o Ypiranga tem mais torcedores vivendo nas nuvens do que na terra, embora os aurinegros baianos vivos tenham bastante pés no chão. Os 12 anos longe da elite do futebol estadual fizeram muitos perderem a capacidade de sonhar, e nem mesmo o ambicioso projeto capitaneado pelo presidente Emerson Ferretti pode garantir um acesso tranquilo. Futebol é decidido nos detalhes, e dentro de campo o novo uniforme produzido pela Lotto e o design moderno do site não poderão fazer a bola estufar as redes adversárias.

O Itabuna, que tirou o sonho do “mais querido” de voltar à Série A do Baianão no ano passado, já está rebaixado. O time do sul da Bahia sequer esperou Jorge Amado, ilustre filho da região cacaueira, completar 100 anos de seu nascimento (12 de agosto desse ano). De quebra, roubou do Ypiranga a magia de subir no ano da beatificação de sua ilustre torcedora Irmã Dulce (2011), que assim como Jorge Amado e meu avô Valdir, sonham em pintar o céu de amarelo e preto no dia 22 de julho, data da decisão do Baianão da Segunda Divisão, ão ão ão, Ypiranga campeão! Mas pouco importa o título: a data do eventual alívio será 8 de julho, quando acontece o jogo da volta da semifinal.

Na mitologia grega e na romana, há deuses e deusas para tudo: amor, trovão, farra... Se o futebol tiver uma divindade, certamente conspirará pelo acesso do “mais querido”, tão bem quisto na terra, mar e céu. Mas a realidade do futebol brasileiro me faz duvidar da existência de qualquer força sobrenatural que não seja o dinheiro. É triste se deparar com tamanha itinerância de clubes pelo país, que mudam de cidades como quem muda de cueca. O Ipitanga (não confundam com o glorioso Ypiranga), por exemplo, tem nome de praia de Lauro de Freitas e em seus oito anos de existência já mandou partidas em Terra Nova, Madre de Deus e Senhor do Bonfim, sem falar na tentativa de se instalar em Santo Antônio de Jesus. A maioria dessas cidades tem nomes “espirituais”, mas de santa essa instituição nada tem, já que tanto machuca o futebol, que é uma religião. Vai lá Ypiranga, e mostra que há motivos para ter fé em um futebol melhor!

Crédito da foto: Lucas Franco

terça-feira, 10 de abril de 2012

A Copa de “todos”

A Copa do Brasil é folclórica, democrática e surpreendente. Não faltam ingredientes para atrair tantos times pequenos na disputa do “caminho mais curto para se chegar à Libertadores”. Mas o que pensam os grandes clubes sobre esta competição? O São Paulo vai à Feira de Santana com a obrigação de vencer o modesto Bahia de Feira por pelo menos dois gols de diferença. O certame vem ofuscando até a participação da dupla Ba-Vi no torneio, mas de nada adiantará ao time do interior baiano arrancar bom resultado contra os paulistas se no domingo a classificação para as semifinais do Baianão não vier.

Com o calendário sufocado pelos estaduais, agremiações de todo o país que jogam a partida de ida fora de casa se doam ao máximo para vencer a partida por mais de um gol de diferença e com isso, eliminar a partida de volta. A Copa do Brasil é democrática até nas metas individuais de cada atleta: há os que lutam para segurar uma derrota por apenas 1 a 0 para viajar com os companheiros para uma cidade em que dificilmente poderiam conhecer se não fosse por intermédio do futebol. Há, porém, quem entre em campo focado em se exibir para a as câmeras de TV e conseguir ser negociado para outro clube.

A “Copa de todos” só terá um dono, mas distribui presentes que vão do prestígio de enfrentar Loco Abreu ao sonho de pisar no Engenhão. Depois do “jogo inesquecível”, a vida volta ao “normal”: partidas em gramados esburacados e sem transmissão televisiva e poucos coros de torcida. Que bom seria para os times pequenos se os duelos contra gigantes durassem o ano todo. Como seria melhor para os grandes clubes se houvessem mais vagas para a Libertadores.

Foto: Bahia de Feira venceu o Bahia no Joia da Princesa | Crédito: Luiz Tito

quinta-feira, 29 de março de 2012

Ídolo x título, o que mais importa?


Há quem diga que para se tornar ídolo de um time é preciso fazer parte de uma façanha histórica. A história do futebol, porém, contradiz essa tese com alguns exemplos, afinal de contas, de quem a torcida do Internacional sente mais saudade em campo: Falcão, gênio que não conseguiu dar o inédito título da Libertadores para o clube, ou Iarley, o destaque da final do mundial de clubes contra o Barcelona, em 2006? Iarley, sem dúvida, foi um bom jogador, vestiu a camisa 10 de Maradona no Boca Juniors quando o clube argentino ganhou seu último título mundial, em 2003, mas não entrou na relação dos principais jogadores brasileiros de todos os tempos, fruto de uma lista elaborada por PVC e André Kfouri com o nome de 182 craques em que internautas escolheram os 100 melhores.

Falcão nunca ganhou um título internacional como atleta, nem mesmo na Roma, onde é idolatrado até hoje por ter ajudado o clube a ser campeão italiano após quase 40 anos, em 1983. Nesse caso, o título nacional o ajudou a se tornar "rei". O craque colorado também se destacou na Seleção Brasileira, especialmente na Copa do Mundo de 1982, quando foi escolhido como melhor jogador do torneio apesar da saída prematura do "Scratch Canarinho". Mas os legados valem mais do que troféus e, com todo respeito a atletas como Iarley, para ser especial não basta se esforçar: é preciso ter o dom.

Cinco times brasileiros brigam para faturar a Libertadores. A maioria deles já conquistou a América: o Santos, em 1962, 63 e 2011, o Flamengo, em 1981, o Vasco, em 1998 e o Internacional, como já citei, em 2006. Fluminense e Corinthians sofrem com a chacota dos rivais por não terem chegado ao topo do continente. Mas será que se o tricolor carioca vencer Fred tomará o lugar de Castilho, Rivelino e Assis? E se o Coringão quebrar o tão incômodo jejum, Ralf e Paulinho ofuscarão o brilho de Sócrates? Magrão foi muito mais que um atleta brilhante: suas ideias de repensar o esporte estão vivas até hoje.

Eu não vi Falcão, Castilho, Rivelino, Assis e Sócrates jogarem, infelizmente. No entanto, nem sempre é preciso ter vivido uma época para tirar conclusões do que pode ser mais importante na história de um clube: o talento que deslumbra gerações ou o esforço para conquistar um título inédito. Atualmente me deslumbro pelo talento de Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo e defenderei para meus netos suas memórias assim como tanto defendem até hoje a memória de grandes astros do passado.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Torcedores fazem twitcam de jogo do Bahia na Paraíba


Apesar da expectativa em torno do jogo de estreia na Copa do Brasil, contra o Auto Esporte da Paraíba, o torcedor do Bahia ficou frustrado ao saber que a partida não seria transmitida pela TV. Criativos, os tricolores logo inventaram uma forma de levar as imagens de João Pessoa para todo mundo, com direito a narração dos torcedores e até “entrevista” com Binha de São Caetano, folclórico torcedor. A transmissão é feita pelos blogueiros do Bora Bahêa Minha Porra. Acompanhe clicando aqui.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Meu ex-ídolo Ronaldo

Sabe aqueles ídolos que você tem na infância? Torça para que eles nunca te decepcionem. Ronaldo Fenômeno, jogador tecnicamente inquestionável e de uma história de superação magnífica, já não é mais meu ídolo há algum tempo, mas não cansa de me surpreender [negativamente]. Aliado de Ricardo Teixeira desde que aceitou um cargo no Comitê Organizador Local da Copa de 2014 (COL), o “Fenômeno” tem mostrado habilidade para “driblar jornalistas” quando lhe convém, mostrando-se um autêntico “discípulo” do presidente da CBF, o mesmo que em entrevista à Revista Piauí declarou estar “cagando para denúncias de corrupção” repercutidas pela imprensa.


Curtindo o Carnaval de Salvador no camarote Expresso 2222 com sua esposa, Bia Anthony, o ex-jogador se recusou a falar com os repórteres que cobriam a festa no local, principalmente se o assunto envolvesse o mundial que acontecerá no país. “Depois a gente conversa sobre isso” foi o “migué” dado por Ronaldo ao Bahia Notícias, que queria saber mais detalhes sobre a ida do também ex-jogador Bebeto ao COL.

Carismático e sagaz, Ronaldo tem consciência de seu prestígio. Arrodeado de tietes até em coletivas de imprensa, quando jornalistas o saúdam de “fenômeno” ou “fera” antes de fazer uma pergunta, o ex-jogador também sabe intimidar. “Ué, ninguém vai me perguntar do tal tráfico de influência? Vocês só falavam disso e agora estão com medo de perguntar?”, disse na coletiva de imprensa em que explicou o cargo do COL, com a consciência de que não são poucos os jornalistas que pegariam uma fila quilométrica para tirar foto com o ídolo após a última pergunta.

Mas o jogo está se invertendo. Teixeira está cada vez mais ameaçado de deixar a presidência da CBF, após mais de duas décadas. O cronista esportivo Gian Oddi, no seu blog na ESPN, questionou o que pode ter levado o Fenômeno a correr o risco de manchar a reputação. “A explicação mais comum, de que Ronaldo fica mais influente com o cargo no COL e, portanto, terá mais condições de alavancar negócios para sua empresa [a agência de marketing esportivo 9ine] não me convence. Primeiro porque não se trataria de procedimento ético e, até que provem o contrário, não vou questionar a ética de Ronaldo.”

Fugas de perguntas “complicadas”, alianças duvidosas e até mudanças de opinião repentinas. Em sabatina da Folha de S. Paulo no dia 15/05/2009, o ex-jogador se referiu a Ricardo Teixeira como “uma pessoa que demonstra ter duplo caráter”. Na última sexta-feira, o ex-jogador disse que “a gente” (povo brasileiro) deve muito a ele por ter trazido a Copa ao país. Ao menos não há denúncias de corrupção com o nome de Ronaldo para que ele “cague” para a repercussão da imprensa.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

O carnaval que iniciou um ano

Há quem diga que, no Brasil, o ano só começa depois do carnaval. Faculdades com números irrisórios de alunos durante as primeiras semanas de fevereiro só reforçam esse estereótipo tupiniquim, e a produção nacional passa a se sentir ameaçada com tamanho mito acerca da folia momesca. Será que as pessoas dão o melhor de si antes de pular atrás do trio elétrico? Especulações à parte, o ano de 2012 vem representando com fidelidade o questionamento em questão.

A ocupação dos grupos de policiais grevistas na Assembleia Legislativa de Salvador, no fim de janeiro, assustaram os soteropolitanos e turistas que viam seu carnaval sob ameaça. Em estudo feito pela ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, a capital baiana aparece como a 22ª cidade mais violenta do mundo, e uma redução de contingente policial assustava a todos, menos os patrocinadores do carnaval, que estavam otimistas com a organização do evento. “Achamos legítimo que cada categoria possa reivindicar, mas estamos otimistas que o melhor vai acontecer para todos”, disse o diretor de marketing do Itaú, Fernando Chacon, em entrevista ao Bahia Notícias. Nos quatro primeiros dias da greve da polícia militar 50 homicídios foram registrados em Salvador e região metropolitana, fazendo o número dobrar em relação a média normal, que já credenciava a cidade como a 22ª mais violenta do planeta.

Tudo “acabou bem”. Ninguém conseguirá recuperar as vidas perdidas durante o período, tampouco o número de turistas que cancelaram suas vindas para o carnaval devido a falta de segurança da cidade. Mas o carnaval está rolando, o Campeonato Baiano sequer chegou a parar, a cerveja continua gelada e o Bahia agora usa Nike. Para quem só espera começar um ano depois da festa momesca, a quantidade de episódios e causos nos dois primeiros meses do ano não deixaram a desejar, e agora sim as aulas vão começar, a "segurança voltará", e tudo "voltará ao normal". O que esperar para o resto do ano? Se o mundo não acabar até lá, talvez nós acabemos com o mundo.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Calma tricolores...


Um clima de euforia tomou a torcida do Bahia, que além de estar feliz com a vaga para a Sul-Americana, terá como fornecedora de material esportivo a Nike. Há motivos para se gabar? A marca americana já recebeu inúmeras denúncias de exploração em países subdesenvolvidos da Ásia, onde a mão de obra é mais barata. Num amistoso entre Brasil e Holanda, na Fonte Nova, em 1999, uma faixa da Nike cobriu o círculo central do campo minutos antes da partida, provocando vaias dos espectadores, ainda desconfiados de que o fiasco na Copa de 98 tenha sido uma conspiração da marca americana, fazendo a Seleção Brasileira, vestida de Nike, perder para a França (patrocinada pela Adidas) por 3 a 0.

A Nike vai pagar para o Bahia quatro vezes mais que a Lotto, segundo o presidente do clube, Marcelo Guimarães Filho. Esse é o maior motivo para vangloriar a vinda da empresa ao Esquadrão de Aço, que terá mais recursos para montar um time mais competitivo – embora as contratações e renovações estejam demorando bastante. Porém, a questão do status tem feito a rivalidade Ba-Vi sair das quatro linhas, já que o Vitória é patrocinado pela marca nacional Penalty.

A marca não faz uma equipe ser vencedora. Corinthians, São Paulo e Internacional foram os últimos brasileiros a vencerem o mundial de clubes, em 2000, 2005 e 2006, respectivamente. Ambos trajavam Topper. O Flamengo teve a Nike estampada em sua camisa por sete anos. No ano em que rescindiram com o fornecedor, em 2009, acabaram sendo campeões brasileiros vestindo Olympikus, quebrando um jejum de 17 anos sem vencer o título nacional.

O torcedor, em geral, responde mais pelo coração do que pela razão, especialmente se for numa discussão com um rival, onde até o fornecedor de material esportivo vira chacota. Mas acho que o tricolor tem que ter em mente que a honra maior é a da Nike, que vai patrocinar um grande time como o Bahia, e não o contrário.