Há times que vivem dos ecos de glórias passadas, e por viverem num momento difícil, recorrem às velhas recordações para amenizar o sofrimento. O contrário também é válido: equipes que passaram por momentos sofridos e hoje vivem dias de glórias, buscam metaforizar o futebol para superar os problemas da vida real.
No entanto, há um time que junta, em apenas 13 anos, o fundo do posso à glória suprema, o P.A.F.C(Pó de Arroz Futebol Clube), localizado no Rio das Laranjeiras. Em 1995, venceu o campeonato do Rio contra o seu maior rival com direito a gol de barriga de Renato. No mesmo ano, por pouco não chega a final do campeonato nacional.
Se em 1995 seus momentos de glória orgulharam a torcida laranja, os 4 anos que se seguiram foram de sofrimento, no pior momento da história da equipe que dali a pouco completaria 100 anos: em 96, não fora rebaixado do campeonato nacional por uma espécie de proteção da federação a favor das grandes equipes denominada 'virada de mesa', mas em 97 não houve jeito, teve de amargurar a segunda divisão nacional. Em 98 o seu declínio não parara e fora parar na 3ª divisão!
Em 99 começara uma grande recuperação: patrocinados por um seguro de saúde, em que o dono era grande torcedor da equipe, o P.A.F.C.saíra da ‘U.T.I’ para ‘voltar a viver sem ajuda de aparelhos’ aos poucos: fora campeão da 3ª divisão do nacional, e como num 'passe de mágica' de dirigentes da federação, dispostos a proteger as grandes equipes, em 2000 já estava na 1ª divisão(última ajuda dos aparelhos), e de lá nunca mais saíra, pelo contrário, tem feito grandes campanhas e lutando pelo título todos os anos.
A equipe, que não disputava o torneio continental máximo desde 1984, passava perto de garantir uma vaga para esta, mas geralmente no jogo decisivo algo dava errado: na copa nacional de 2005 perdera a vaga para uma equipe sem expressão, no mesmo ano, no campeonato nacional, perdera a vaga no último jogo para o Palestra Itália. Tentando várias vezes na copa nacional e se frustrando, finalmente ano passado a tão sonhada vaga, almejada há 22 anos, virara realidade.
O P.A.F.C., que já participara de 3 torneios deste porte(o continental máximo), nunca passara da 1ª fase, e mesmo com um grande elenco nesse ano, andava desconfiado pela falta de tradição, algo que costuma pesar, porém, ninguém nasce com tradição, então, como a tradição se forma? Vencendo, e então, porque não começar hoje a construir uma história vitoriosa internacionalmente? Se tradição ganhasse jogo, os atuais 'tradicionais' em determinada competição revezariam entre si os títulos sem ‘abrir vagas para revelações’, e no entanto, há espaço para novas equipes criarem sua história, pois a história do futebol não tem nem 200 anos, ainda está em construção, e a partir de hoje, se pode fazer um futuro melhor.
O 1° fato histórico já havia ocorrido: o P.A.F.C. passou da 1ª fase. Aos poucos, tudo que conquistara era inédito, e a empolgação por sempre conquistar algo novo se tornara uma motivação para sempre seguir adiante: agora, nas quartas-de-final, pegara um time do mesmo país, o Santo Paulo, que vencera 3 vezes esse torneio e, por ter tradição, levava certa vantagem histórica sobre o clube das Laranjeiras.
O Santo Paulo estava levando a classificação num jogo disputadíssimo, até os acréscimos do 2° tempo, quando o centro-avante York, de cabeça, no meio de 3 adversários, cabeçeou com força para o gol, no canto, dando a classificação para o P.A.F.C., que novamente conseguia um feito inédito: as semi-finais.
Em breve, o clube das Laranjeiras pegará o Olho Adulto, clube 6 vezes campeão da competição e terror das equipes de seu país(país vizinho do P.A.F.C). Há medo, receio, o que é normal, mas segurança por ter quebrado tantos tabus, por ter sido tão forte, por ter chegado tão longe, e se sabe que no esporte se pode esperar de todos os resultados, positivos ou negativos, se não, nem haveria partida para decidir. O que se sabe é que uma linda história está sendo construída. Se acabará em breve, já seria um best-seller, ou uma super produção hollywoodiana. Você pode se perguntar 'como pode ser uma grande história se o final poderia guardar algo muito mais grandioso?' e eu lhe respondo 'a obra 1984 poderia acarretar na queda do sistema do grande irmão por Winston Smith, que tentou revolucionar sem sucesso, assim como Robin Hood poderia ter sobrevivido a opressão dos seus perseguidores, então, nem toda história tem de ter final feliz, o que está em jogo é a garra pela qual se luta para conseguir o objetivo, e não a concretização deste'.
Pó de Arroz Futebol Clube em 2008 já entrou para a história, o que vier daqui para frente só tende a acrescentar na beleza dessa obra fantástica que tanto tem a nos ensinar sobre valores de guerreiros que lutam até o último momento pela vitória, pois até o apito final, se pode lutar, se pode vencer, se pode continuar a história.
Estreias da semana - Nos cinemas
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*Cristina 1300 - Affonso Ávila - Homem ao termo*
Está nos cinemas brasileiros esse bom e bem curtinho documentário, de
apenas 60 minutos, que resga...
Há 11 horas
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