quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Mané Seleção, rapá...

A Seleção Brasileira já me deu mais títulos que o Esporte Clube Bahia. No mesmo ano em que a Canarinha quebrava o jejum de 24 anos sem vencer uma Copa do Mundo, em 1994, o Esquadrão de Aço vencia o seu antepenúltimo Campeonato Baiano (a edição de 1999 foi uma vergonha e nem comemorei, tamanha covardia do meu time, que teve medo de decidir o título no Barradão).

Porém, mesmo sem ter gritado tantas vezes "É campeão porra" com o meu time de coração, hoje percebo que a incondicionalidade do amor clubístico é muito maior que o patriotismo. Não é a toa que em todas as partidas do Brasil as câmeras flagram torcedores dos mais diversos times, do Remo ao Grêmio, todos orgulhosos vestindo o manto que os fazem rir e chorar. Chorei muito pela perda na final da Copa de 1998, quando a Canarinha perdeu de uma forma até hoje misteriosa e cheia de teorias da conspiração. No entanto, é o Bahia que me faz sentir parte integrante da história, eu e todos os torcedores tricolores existimos para o time a partir do momento em que vamos ao estádio e não deixamos de ser apaixonados mesmo com todas as grosserias da diretoria contra torcedores opositores, que amam o time muito mais que eles.

Já quando a coisa é Seleção, não dá para deixar de sentir uma "broxação" enorme ao ler o perfil do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, na revista Piauí de julho desse ano. A diferença entre a paixão entre um clube e uma seleção é que a revolta pela situação do time lhe faz querer mudar todas as estruturas dele, pedir democracia, reestruturação, contratações melhores e etc, enquanto a Seleção lhe faz simplesmente desligar a TV para não dar Ibope a uma instituição que prefere distanciar um patrimônio do seu povo, realizando a maioria de suas partidas na Europa, do que tentar aproximá-lo, já que as relações parecem estar cada vez mais frias.

Já fui a dois jogos da Seleção Brasileira: em 1999, um amistoso contra a Holanda, na Fonte Nova, e em 2009, contra o Chile, partida válida pelas Eliminatórias da Copa, em Pituaçu. Não dá para negar que o público de jogo da Seleção é diferente do público de um time, principalmente de massa, como Bahia, Atlético Mineiro e Santa Cruz. Eu perguntei a muitas pessoas que estavam na partida entre Brasil x Chile qual foi a última vez que elas foram ao estádio, e a resposta de boa parte delas foi há 10 anos, no Brasil x Holanda. Em partidas como essas, "torcedores de ocasião", que enxergam o futebol como um evento, e não como uma paixão, se misturam aos clubistas que gritam para ver o jogador do seu time representando o país.

Nem todas as Seleções têm um elo tão fraco com o torcedor. Os Argentinos pulam pela Albiceleste tanto quanto pelos times de coração, até mesmo no basquete. Não resta dúvida que a relação do brasileiro está estremecida com a CBF, e não irá se recuperar na Copa de 2014, pois um evento como esse vai atrair torcedores de ocasião, que não conhecem a atmosfera de um estádio, sem falar que os estrangeiros vão predominar, como sempre predominam em mundiais. Os cartolas estão copiando o que há de pior no futebol europeu: a elitização do público. A Inglaterra está repleta de senhoras e senhores comportados, enquanto quem não pode comprar os ingressos vai assistir aos jogos nos pubs. Sinceramente, pouco me importa se o Brasil vencerá hoje: só quero saber do meu Bahia domingo, contra o Fluminense.
Lomba é Lomba, o resto é Jefferson

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