segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Brasil campeão mundial de futsal

Brasil x Espanha

Desde a derrota na Guatemala em 2000, estávamos com a Espanha engasgada. Achávamos que, apesar de ‘La fúria’ (apelido da seleção espanhola) ser a 2ª força do futsal mundial (atrás de nós brasileiros), aquela derrota havia sido um acidente de percurso dificilmente repetido no novo século que surgiria. Como no futsal não há tantos torneios em que essas duas seleções possam se enfrentar (a exemplo do futebol de campo com copas do mundo, das confederações e olimpíadas), os 4 anos até a copa do mundo realizada em Taiwan demoraram uma eternidade. Em 2004 enfrentamos nossos principais rivais na semifinal, e perdemos nos pênaltis, o que firmou a Espanha como a seleção de futsal mais bem sucedida da atualidade (já que era a atual bi-campeã consecutiva e havia disputado as 3 últimas finais- e o Brasil se contentara com um ‘modesto’ 3º lugar em 2004).
Expectativa não faltou para o mundial de 2008, que além do fato de que precisávamos quebrar a série de conquistas da Espanha, seríamos o país sede. Os jogos em Brasília na 1ª fase não foram difíceis, como esperado, mas nem por isso deixei de ‘filar aula’ para assistir, empolgado, um Brasil Vs ILHAS SALOMÃO! Já os espanhóis se complicaram em um dos jogos: estavam tomando 3 a 0 para o surpreendente Irã, mas conseguiram empatar.
Passamos por Japão, Ilhas Salomão, Rússia e Cuba na 1ª fase, Irã, Itália e Ucrânia na 2ª fase e Rússia na semifinal, vencendo todas as partidas, marcando 62 gols e sofrendo apenas 6. Já a Espanha, empatou com o Irã e foi a prorrogação da semifinal contra a Itália (o gol que dera sua vaga na final fora polêmico- marcado no último segundo para uns, para outros, deveria ser invalidado por o cronômetro ter sido zerado). A Espanha marcou 27 gols e sofreu 9, campanha bem inferior a do Brasil.
Na final, de nada valia retrospecto: as duas maiores potências do futsal se enfrentariam mais uma vez, sendo que os espanhóis buscavam vingança pela vitória que o Brasil conquistara em plena Espanha (em 96, última conquista brasileira). O 1º tempo em 0 a 0 era reflexo da postura séria das duas equipes, extremamente atentas e calculistas como num jogo de xadrez. O gol do Brasil veio de forma inesperada: gol olímpico de Marquinhos (na verdade, contou com o desvio do espanhol Marcelo, que ao levar a bolada no rosto, saiu por um tempo da quadra). A Espanha igualou o marcador em um chute inesperado de Torras, em que a marcação brasileira bobeou . Depois de um bate rebate, perto do fim, Vinícius (irmão do número 10 Lenísio) marcou um gol chorado que ‘poderia’ ser o gol do título. ‘Poderia’, se a Espanha desistisse, mas como isso não aconteceu (inclusive os espanhóis usando uma das inovações do futsal moderno, o ‘goleiro linha’- no caso, o número 8 Kike-, em que um jogador de linha entra com roupa de goleiro com bola rolando, após a equipe passar do meio campo, para assim ajuda-la no setor de ataque), Alvaro aproveitou cruzamento rasteiro da direita e colocou no fundo da rede.
Na prorrogação, se percebeu nitidamente a ausência de ousadia dos dois lados, ainda porque o craque do mundial, o brasileiro Falcão, estava com um problema no joelho e não pode ajudar a equipe nos instantes finais- ele que havia anunciado que caso não vencesse essa copa, não jogaria mais pela seleção. Nos pênaltis, o goleiro Tiago (que mais tarde fora escolhido como 3º melhor jogador do torneio e goleiro menos vazado) fora substituído por Franklin, que é mais alto e melhor em pegar pênaltis (por sinal, pegou 2 e ajudou o Brasil a ser campeão mundial!)


Potências emergentes

Se tratando de tradição, Brasil e Espanha no futsal estão num patamar de Brasil e Portugal no Beach Soccer, Estados Unidos e Alemanha no futebol feminino e Brasil, Alemanha, Itália e Argentina no masculino no gramado.
Mas nos salões a Itália tem posição de destaque nas duas últimas competições: chegou a final em 2004 e ficou na 3ª colocação esse ano (sendo que o polêmico jogo da semifinal é extremamente controvertido, como já afirmado anteriormente). Embora a maioria de seus jogadores sejam estrangeiros naturalizados, este país pode ser em breve uma potência no futsal mundial pela construção de tradição (embora não tão vitoriosa se tratando de títulos) ao longa das competições.
Mas sem dúvida, a sensação desse mundial foi o surpreendente Irã: no jogo de estréia, chegou a abrir 3 a 0 sobre a Espanha (o jogo terminara 3 a 3), depois vencera todos os outros jogos da 1ª fase, classificando-se com facilidade num grupo que contava também com Líbia, Uruguai e República Tcheca. No jogo de estréia da 2ª fase, perdera pela menor margem de gols para o Brasil (1 a 0), vencera a respeitada Ucrânia e só não conseguira a classificação para as semifinais porque empatara com a Itália, e os europeus tinham melhor saldo de gols (tanto que ambas equipes terminaram a 2ª fase com 4 pontos). Quem sabe da Ásia não surgirá uma nova potência dos salões?

O Brasil no cenário das grandes competições esportivas

Desde o final do século XX, o Brasil já mostrava empenho para atrair mais eventos midiáticos para suas terras: no início do ano 2000, fora sediado em Londrina o pré-olímpico sul-americano de futebol, e em esfera intercontinental, o 1º mundial de clubes da Fifa, com jogos no Morumbi e Maracanã, que fora vencido pelo Corinthians. As investidas para sediar olimpíadas eram grandes: Brasília foi candidata em 2000, o Rio de Janeiro em 2004, 2012 e ainda está concorrendo para 2016. Para copas do mundo, nos candidatamos em 2006 e 2010 e perdemos, mas iremos sediar em 2014, e de quebra, sediaremos a copa das confederações em 2013 (torneio esse que acontece 1 ano antes da copa no país que sediará o torneio principal de futebol).
Já sediamos os jogos sul-amerianos (um evento numa esfera menor que o pan-americano e ocorreu no Rio de Janeiro, São Paulo e Belém, em julho de 2002), os jogos pan-americanos e para-pan-americanos (ambos no Rio de Janeiro em 2007) e essa copa do mundo de futsal (Em Brasília e Rio de Janeiro) só confirmou o fato que nós brasileiros temos capacidade de realizar grandes competições.

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