Como profissionais em busca de retransmitir para a sociedade os seus próprios valores (ou quem sabe conhecê-los para ajudar na transgressão construtiva), um jornalista precisa viver, sair de casa e conhecer o mundo pelo qual ele descreve.
Geralmente as coisas acontecem quando se está 'no mundo', e não na sua casa. Os livros são uma excelente ferramenta para o conhecimento, mas jamais substituirão a vivência prática de se expor, se envolver nas misturas do mundo, descobri-lo e depois relatá-lo. Um jornalista enclausurado no seu apartamento tenderá a ser um 'menino amarelo', e se tratando de jornalismo esportivo, deixar de cobrir os times de sua cidade (onde se tem oportunidade de ir aos treinos, conversas com os jogadores, ver os jogos de perto, compartilhar emoções com o torcedor presente e se emocionar pela proximidade das circunstâncias) para escrever sobre times distantes, nos quais não se acompanha a rotina dos jogadores e só se vê as partidas por tv, é como estar numa realidade virtual, onde do outro lado ninguém sabe da sua existência, e você acha que os conhece.
Deixar de ir ao centro de treinamento ver meu time de coração (e no qual eu estou escrevendo sobre) para ficar no sofá assistindo pela tv a Liga dos campeões da Europa enquanto como pipoca e guaraná me faria ser um 'foca* amarelo'. Um repórter sem tempero, sem ousadia, que busca conforto mesmo sabendo que o primordial é ir a fonte buscar a informação, e não recorrer a outro jornalista se submetendo a condição de 'parasita' (já que numa cobertura de torneio internacional se está pegando carona do trabalho de outros profissionais da comunicação, que transmitem, editam, comentam, e você dará apenas palpites de mesa de bar sem saber a fundo toda complexidade que envolve a partida ocorrida tão longe de você).
Jornalista ético, sério e competente vai buscar da fonte as suas respostas, e não se aproveitar das respostas direcionadas a outros jornalistas e assim apenas 'mudar as palavras' para dar a impressão que esteve 'no mesmo lugar do concorrente'. Com a internet, os furos de reportagem perderam parte de seu valor, já que a instantaneidade das informações fazem a corrida não parecer diária, e sim a cada segundo, logo, segundos são tão poucos que não se sabe quem descobriu algo novo primeiro.
Portanto jornalistas, tratemos de 'sujar as mãos' (no sentido de renunciar ao luxo e cair no mundo real) para sermos independentes (não quero dizer ausência a subordinação de alguma empresa, e sim competência para lidarmos sozinhos- ou com a nossa equipe- com a responsabilidade de dar nossas informações, para isso, estudemos, pratiquemos, e principalmente, vivemos!)
*Foca é como são chamados os jornalistas iniciantes
obs: Eu acho que dias em casa sozinho tem o seu valor, refletir, ler um livro e ociar terão seu espaço no cotidiano, só que como jornalistas, não podemos nos dar ao luxo de 'não sair de casa' (em algumas profissões seria até aceitável), pois temos uma responsabilidade de informar, e parte das informações não se encontram na bolha em que você vive isolado, e sim no mundo diverso que você terá de encarar.
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