quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Vitória-0 x 0-Flamengo

Uma das partidas mais esperados do ano em Salvador duraram mais de 90 minutos: do dia 26 até o término da partida, 29 (4ª feira) muitas histórias envolveram o embate de rubro-negros. Para começar com a venda de ingressos.

Nação Rubro-negra

Goste ou não goste, todos devem respeitar a paixão dos flamenguistas pelo seu time. Independente de como este sentimento foi manipulado pela poderosa mídia carioca ao longo de tantos anos, certamente de nada adiantaria investimentos baseados em teorias se a emoção não falasse mais alto para tantas pessoas que buscam tanto apoiar o clube. Na 2ª feira, o aeroporto de Salvador estava lotado de torcedores que recepcionaram seus ídolos, e a cena se repetiu no CT do Bahia, em Itinga, quando mais de 150 torcedores invadiram o campo no treino para recepcionaram calorosamente seus jogadores. Se faltou segurança para conter tais atos que devem ser coibidos afim de manter maior conforto para os atletas, algo jamais faltará para o time da Gávea: a certeza de que sempre terá quem te apoiar, seja na terra ou no mar, onde estiveres estarás uma nação cantando para todo mundo ver, que estes gostam de você*.

Fila de ingressos

Caravanas vindas de dezenas de interiores da Bahia e de estados próximos chegaram logo no começo da semana para garantir seu ingresso. O Shopping Capemi, onde fica a loja do Vitória (e a do Bahia também, no outro extremo do estabelecimento), estava com uma fila que percorria toda a sua parte coberta, indo parar além da fachada da loja do Esporte Clube Bahia, que vazia, podia-se ver uma vendedora assustada com tamanho fenômeno. Todos os pontos de venda do jogo estavam lotados, inclusive uma loja de cartuchos para impressora, que teve de fechar as portas para não encher demais sua lotação. Um motoboy foi responsável por entregar o ingresso nesse estabelecimento em que eu comprei meu ingresso, e embora a venda tenha sido rápida, a fila quase invadia a avenida!

Rumando para o Barradão

O jogo foi 8:50 horário de Salvador (fora transmitido para o resto do Brasil, que estava no horário de verão, uma hora adiantada). Sair de casa pouco depois do pôr do sol poderia ser uma idéia absurda pela antecedência, mas para essa partida, pareceu um absurdo pelo atraso: a avenida Paralela estava congestionada numa soma de hora de pico + o 2º jogo de maior público no Barradão (perdendo apenas para o 2º dos 3 jogos das semifinais do brasileirão de 99, quando o Vitória ganhou de 2 a 1 do Atlético Mineiro, num Domingo*²). Achar estacionamento foi difícil, passar pelas multidões também, mas felizmente nos portões de acesso não havia grandes filas. Achar lugar na torcida do Flamengo com mais 2 amigos foi difícil, inclusive em diversos momentos me pediram para ficar em outro lugar, alegando que eu estava na frente. Quando encontrei um lugar onde pude ficar em pé sem incomodar, fiquei por uns 10 minutos, até todos sentarem e eu perceber que no mesmo espaço em que eu teria de sentar havia outra pessoa, ou seja, eu tive que sair dali, porque a pessoa em questão não era minha mãe ou namorada para que eu pudesse permitir que sentasse no meu colo.

A festa

Sotaques caipiras tomavam conta das arquibancadas do time carioca (o Flamengo tem enorme torcida nos interiores da Bahia, e diversas caravanas dessas cidades rumaram a capital), e do outro lado, a torcida do Vitória gritava 'éu éu éu vai pra casa Tabarél!'. Momentos marcantes aconteceram não só na partida, como nas arquibancadas: um grupo de torcedores do Bahia estendeu a bandeira do tricolor na área restrita a torcida do Flamengo. Parte da torcida do Fla vibrou, outras reprovaram tal atitude, e o saldo foi uma bandeira apreendida por policiais, que pareciam justificar essa ação como prevenção a violência que poderia ocorrer com essa provocação. A torcida do Vitória fez uma faixa escrita 'vergonha do nordeste', com uma seta apontado para a torcida do Flamengo, desrespeitando o amor desses torcedores ao seu clube, que independente de não ser de sua região, não deixa de ser amor, e incondicional (já que não há limites geográficos que condicionem alguém a torcer por um time). Outro momento interessante, não noticiado na mídia: durante o jogo, após uma bola parar na seção de cadeiras da torcida do Vitória, um torcedor agarrou-a e não queria devolver. Um torcedor que estava próximo furioso mandou este entregar a bola de volta para os gandulas, e teve-se que abrir uma porta de acesso ao gramado para os gandulas a recuperarem na força.

O imprevisível

Assim como no jogo contra o Coritiba, os refletores (que funcionam por gerador) apagaram, interrompendo a partida (dessa vez, no início, e apenas os 2 refletores voltados para a parte dos campos de treinamento). Durante o 'apagão', li um pouco do jornal entregue na entrada do estádio, 'Refletor', para logo ouvir um trocadilho sensacional de minha amiga: 'o nome do jornal é refletor? Então acabaram com a entrega'. Os torcedores do Flamengo, além de atentos a partida de seu time (que perderam muitas oportunidades, embora houvera um pênalti não marcado), acompanhavam com atenção a partida entre Botafogo x São Paulo (secando o vice líder São Paulo, que venceu fora de casa) e Cruzeiro x Grêmio (em que os mineiros venceram por 3 a 0 e deixaram os gaúchos com o mesmo número de pontos do São Paulo, embora a equipe dos Pampas tenha mais vitórias e por isso continue na liderança). O duelo sem gols não pode resumir o quanto foi interessante esse duelo, que envolveu mais que 90 minutos, além de filas, apertos, confusões e apagão, embora, como todos saibam, o mais importante no futebol é gol.

* 'a certeza de que sempre terá quem te apoiar (parte de uma das músicas da torcida), seja na terra ou no mar( parte do hino), onde estiveres estarás uma nação cantando para todo mundo ver, que estes gostam de você (parte de outra música da torcida)

*² Imagine se esse jogo do Flamengo caísse num fim de semana?

O aperto era tão grande que não deu para conseguir tirar boas fotos. Nesta, parte da torcida do Flamengo que tomou parte das arquibancadas do limite das cadeiras até um dos gols (assim como são feitas as divisões de torcida em BaVi). O Flamengo foi o responsável pelo 2º maior público da história do Barradão. Abaixo um vídeo.

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