Escolhas futebolísticas revelam muito sobre o nosso perfil, e devem ser respeitadas
Qual o motivo para amar? Talvez, o tempo mostre provas de reciprocidade que podem fortalecer uma união (seja entre um casal, um funcionário e empresa, torcedor e time...), mas o amor nasce justamente sem tantas explicações. Simplesmente se ama, daí ser este sentimento incondicional (pelo menos enquanto dure, pois nem sempre é eterno).
Será que devemos julgar as pessoas pelos times pelos quais elas torcem? "É um absurdo um nordestino torcer pelo Flamengo, que nem sabe de sua existência"- afirma Juan Teixeira, torcedor do modesto Galícia, clube da 2ª divisão do campeonato baiano. Para ele, virar a folha* é um 'crime', e os nordestinos que torcem para times do sudeste são covardes pois, com medo de não ter de escolher um time mais vitorioso no futuro, optam pelos que dominam as grades de programação da tv.
Para o baiano Alan Rodrigues, torcedor do Vasco da Gama (do Rio de Janeiro), o time de coração é mais que o clube de futebol pelo qual torce, e sim parte importante do perfil de um brasileiro, goste de futebol ou não. "O futebol é uma manifestação cultural que no Brasil é tão digna quanto o folclore e carnaval, e a hereditariedade se faz presente, sendo o time um traço muitas vezes passado de pai para filho como o sobrenome, e como em toda cultura, há coisas que não se mudam em apenas uma geração", afirma.
É claro que a construção da dominância dos times do sudeste nos corações dos nordestinos foi um processo recente (por volta do século passado). A grande mídia, que sempre teve seu centro no Rio de Janeiro, foi responsável pela divulgação dos times cariocas, especialmente o Flamengo. Mas como toda cultura, concordemos ou não com suas manifestações, devemos respeitá-las, enxergar as opções desses torcedores como dignas, pois se tratando de futebol e buscando a razão, não haveria motivo para amar times de futebol, pois estes são comandados por administradores de secura na alma e frieza nos cálculos, enxergando cifras com as vitórias enquanto os fiéis fãs da equipe brigam entre si.
Uma dose de razão talvez possa ajudar a respeitarmos mais uns aos outros, ao invés de brigarmos sem motivo, com os nervos a flor da pele sem conseguir enxergar que estamos todos ligados pela mesma emoção: o futebol, embora possamos torcer para times diferentes que, não importando o motivo (se é que se tem um), fazem a Terra girar, sempre girando como um lançamento de 3 dedos com efeito.
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