Quantas vezes você foi levado pela euforia de um movimento, sem parar para pensar ou se informar se era compatível com a sua ideologia? A corrente 'Barack Obama' vem ganhando a simpatia da maior parte do mundo, embora suas razões sejam mais por deméritos dos adversários do que pelos próprios méritos.
O antagonismo entre os partidos Democrata e Republicano se fazem presentes em aspectos como etnia e religião dos eleitores (os democratas tem um público mais ligado a minorias étnicas, judeus e católicos, enquanto os republicanos são mais ligados à brancos protestantes) e postura (os democratas se consideram modernos, enquanto os republicanos são conservadores). Apesar dessas tendências, já houveram fatos que fogem a regra, a exemplo do 1º presidente republicano dos Estados Unidos, Abraham Lincoln*, que por ser anti-escravista, gerou a fúria dos sulistas, que se separaram do norte do país formando os Estados Confederados da América, que em oposição aos Estados Unidos da América (industrializado que usava mão de obra assalariada), era agrário e escravista.
A União (como eram chamado os nortistas e até hoje é chamado o governo federal central, exemplo: 'Essa verba vem da União') venceram os confederados (sul), unificando a nação que abolira o trabalho escravo. Portanto, atribuir o conservadorismo republicano ao racismo é uma idéia equivocada. Não se pode confundir uma postura tradicional com opressão às minorias, cada um pode adotar a postura política que bem entender, embora ela não agrade a todos (no caso, os democratas agradam muito mais as minorias).
Questão racial
O racismo nos Estados Unidos tem forte ligação com o fim da guerra de Secessão (que fora solucionada por um republicano): no sul, grupos de veteranos dessa guerra civil, revoltados com a adequação de seu território a uma nova política imposta pelo sul, criaram movimentos racistas, sendo o mais famoso deles o Ku Klux Klan (famosos por vestirem roupas brancas e chapéus em formato de cone). Se a maioria dos adeptos destes tristes grupos são republicanos, não fora este que pregara tais condutas*² (embora grupos possam desvirtuar idéias, confundindo conservadorismo com rejeição aos emergentes, e dentro do partido republicano acredito que tenham pessoas que não pensem assim e lutam todos os dias para re-estabelecer a idéia original do partido).
Memórias dos partidos
George W. Bush certamente foi um dos piores presidentes da história dos EUA, e a análise feita sobre o desempenho do governo da maior potência do mundo é feita de acordo com suas relações com o exterior: fora negligente nos quesitos de defesa (há quem afirme a previsibilidade que se instalava sobre um atentado terrorista de grandes proporções pouco antes do 11 de setembro de 2001) e ataque (dois países foram invadidos, com seus objetivos frustrados: o custo dessas operações militares não compensam o controle político e econômico dessas áreas. Se John McCain fará um governo semelhante? Bom, não é o que ele demonstra transparecer, a começar pelo fato de que o atual candidato republicano evita ser visto ao lado de Bush*³.
O novo presidente da nação de 50 estados terá como grandes desafios dar um novo rumo a guerra do Iraque (se possível, retirar as tropas deste país asiático) e solucionar a crise (nem que para isso o estado arque com as consequências da irresponsabilidade da iniciativa privada), e nas palavras do escritor João Ubaldo Ribeiro: "Com crise ou sem crise, é burrice colonizada e hollywoodiana ficar apoiando candidatos democratas americanos, quando, para nós [brasileiros], os melhores são sempre e invariavelmente os americanos. Os democratas tendem a fortalecer barreiras protecionistas, cobrir a economia de subsídios e, em suma, procurar garantir american jobs, empregos americanos, em detrimento de economias frágeis ou dependentes. Nada contra, pois eles são americanos e têm que cuidar dos interesses deles mesmos da forma que acham certo, mas não é bom esquecer que foi Nixon, republicano, que iniciou a abertura para a China, por exemplo. E que as preocupações de governos democratas conosco, podem ter certeza, seriam basicamente meter o bedelho na administração dos nossos recursos naturais, principalmente a Amazônia, e nos pregar sermões santimoniais em todos os foros do mundo. Barack, enfim- e uso a expressão propositadamente- é bom para as negas dele, porque nem bom para as nossas negas ele é, não tem porque."
*Parte de sua história de vida [Lincoln]
*²O mesmo ocorre no Brasil quando muitos esquerdistas julgam partidos de oposição como vilões, embora o PSDB, por exemplo, como na própria sigla afirma (Partido Social democrata brasileiro), é social democrata, uma corrente que visou de início fundir conceitos positivos dos pólos socialista e capitalista (embora na prática não se confirmara, a exemplo do governo de Fernando Henrique). Nem todas as práticas correspondem aos manuais e ao seu formato de criação, o tempo muda as ideologias e as adequem aos novos tempos, embora se julgue tanto partidos pelo que se domina na mentalidade de uma minoria, tirando a crença de que excessões dentro do partido podem trazer idéias que fujam um pouco desse estereótipo (a exemplo da paulista Marta do PT, que pouco tem haver com a história, e que é uma das diversas ramificações ideológicas dentro de um partido dividido).
*³No Brasil, analisamos nossos presidentes muito mais pela questão interna (até porque não entramos em conflitos militares constantes com outras nações), já nos EUA, a análise é muito mais pelas ações americanas no exterior.
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