O começo da solução de um problema é quando se detecta sua origem e logo, uma solução. Problemas do fundo da alma, como a depressão, estão longe de ser apenas patologias dependentes de remédios alopáticos: apenas a ingestão de substâncias químicas podem dar uma falsa cura para quem queira continuar a levar uma vida de mentiras e de falta de autoconhecimento, sendo o maior responsável pelas nossas soluções nós mesmos, e sendo nós mesmos, sabemos de nosso tempo em lidar com as situações, que não precisam ser imediatistas.
A agilidade se tornou uma convenção tão contagiante que nós não respeitamos mais a nós mesmos, seja comendo fast-foods, afirmando que não há tempo para fazer exames preventivos (enquanto, em caso de doença, não arranjará mais tempo para nada) e querendo correr para fazer tarefas extremamente destrutivas em nome de uma 'vida melhor' ('tempo é dinheiro', e enquanto for, a vida não será melhor). Manter as aparências nessa sociedade é um trabalho árduo e desgastante, que levará a relações supérfluas e interesseiras. Se mostrar feliz, distribuindo sorrisos, enquanto por dentro se está triste, é um auto-castigo. Não significa que o universo tem haver com os seus problemas, mas tampouco tem o direito de julgá-los, levando em conta que cada um lida com as situações diferentes, e essa é a riqueza das diversidades pessoais. Tentar curar a depressão para se fazer mais agradável para os outros ou manter o emprego é prolongar um problema em que remete a incrível obsessão do ser humano pela cura.
Se toparmos com o dedão do pé em um buraco na rua, não temos dúvida em tomar um analgésico. Se parte do corpo dói constantemente, busca-se a 'cura', e não a investigação interior em que tais dores são consequência maior do que da limitada parte atingida: até problemas de ordem psicológica podem ser causas de incômodos pelos braços e pernas, e a solução pode vir com reflexões, dispensando-se muitas vezes a pressa em se curar imediatamente.
Meu professor de Estética, Duda Bastos, me contou uma história interessantíssima sobre uma amiga dele que tem um gato. O felino em questão fora submetido a uma cirurgia, em que o veterinário cometeu um erro e acabou ferindo outra parte de seu corpo, deixando-o em depressão e isolado. O gato ficou debaixo da cama, sem 'querer papo com ninguém', nem com a dona que tanto te ama. Após 3 dias, a dona estava dormindo e fora acordada com as lambidas do felino, o que fora um alívio para ela, pois este era um sinal do fim de seu tempo de isolamento e depressão. A lição dessa história que tiro para mim é que o animal se respeita muito mais que o homem. Ele é coerente com o seu tempo, e assim devíamos ser, devíamos ser verdadeiros com nós mesmos, e tirar o proveito de cada situação, mesmo sendo triste, que pode levar ao autoconhecimento não proporcionado muitas vezes pela mania de cura do ser humano, em que algumas teses afirmam poder ser 3 fatores: culpa, medo e desespero.
Estar bem é uma busca, que nem sempre fazemos por nós mesmos, respeitando o nosso tempo, afinal, não aceitamos nossa fragilidade, queremos sempre ter o controle da situação, e por vezes, aceitar nossa condição de meros personagens de um filme chamado vida pode nos ajudar a descobrir todas as nossas facetas e reações que por muitas vezes não conhecemos por não nos dar oportunidades. Tapar o sol com a peneira é como adiar uma crise, e mais tarde, para depois, numa eterna bola de neve que nos levará a lugar nenhum, ou melhor: pode nos levar um dia a reflexão que pouco nos conhecemos.
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Há 2 dias
Um comentário:
Adorei.Interessante esta reflexão que não temos tempo para refletirmos e fazermos coisas que verdadeiramente nos fazem felizes, procurando acelerar tudo, para nos mostrarmos "sembre bem"
bjs
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