Dobradinha da Brawn é prova que o começo de uma nova era na F1 pode ter chegado
Não é garantia, como tudo na vida, mas não poderia haver uma estréia melhor para uma equipe numa competição tão competitiva: a Brawn GP manteve suas posições dos treinos e Button venceu e Rubinho terminou em 2º.
Está certo que a história desse Grande prêmio não foi a continuação linear do que se programava: Button largou bem, mas Barrichello demorou para sair e logo perdeu muitas posições, além de quase ter saído da corrida após um toque. Na maior parte da corrida o veterano piloto brasileiro foi coadjuvante, e com parte dianteira de seu carro danificada, demorou muito na manutenção dessa peça e de um abastecimento farto.
Sua posição após o primeiro pit stop não refletia seu bom desempenho no treino: com uma modesta 9ª colocação, seria muito difícil reparar as consequências geradas por uma única falha, a da largada. Mesmo assim, Barrichello continuou acreditando (enquanto isso seu companheiro Button liderava a maior parte da corrida), conseguia ultrapassagens, passava também quem fizesse pit stops e assim foi conseguindo a colocação necessária para te levar ao pódio, em 3º.
Faltando 6 voltas para terminar, eis que Rubinho teve de fazer mais um pit stop, e esse parecera um pouco demorado para quem precisava de apenas 6 voltas para finalizar uma corrida. Voltou para a pista em 5º, mas com garra ultrapassou Timo Glock e ficou numa 4ª colocação em que a possibilidade maior era o polonês Kubica (o então 3º) ultrapassar o alemão Vettel (o então 2º) do que ele chegar ao pódio, logo, sua 4ª colocação parecia se encaminhar, até que em uma ousada investida de Kubica, o polonês se chocou com o alemão, o que levou imediatamente o polaco para fora da corrida e o germânico a levar um final dramático onde parte de seu carro estava destruído, e então nosso brasileiro ultrapassou ambos e pegou a 2ª colocação, enquanto o Safety car entrou na pista.
Mesmo com o carro totalmente limitado, a esperança de Vettel era que o Safety car se mantivesse até o final da corrida (pois assim não poderia haver ultrapassagens e mesmo sem estado competitivo, poderia-se levar 'aos trancos e barrancos' o seu carro para a 3ª colocação), mas antes da saída do Safety car o carro do alemão não aguentou, e o italiano Trulli, que largou em último, garantiu sua vaga no pódio, sendo que o Safety car só entrou no box praticamente no final da corrida (no momento exato da bandeirada quadriculada).
Interessante foi como começou a corrida para o 1º e 2º colocados (Button e Rubinho) e como terminou igual, embora durante as 58 voltas tantas coisas tenham acontecido e por alguns momentos o destino ameaçava mudar de posição os líderes do prêmio. Assim é a vida: buscamos algo, parecemos distantes de nossos objetivos, que são dificultados por inúmeros fatores, mas continuamos insistindo e na cola dos nossos desejos, até quem sabe sermos presenteados com a sorte, que nada mais é que o merecimento para quem se manteve firme e forte na luta, afinal, Rubinho não ficaria na 2ª colocação se não insistisse com ela, e de nada adiantaria a batida entre Vettel e Kubica se ele estivesse logo atrás. A festa da nova equipe pode coroar uma nova era na Fórmula 1, em que as poderosas Ferrari e McLaren não foram tão bem (dos pilotos dessas equipes, melhor para Hamilton, que terminou em 4º), que ja vinha se construindo na corrida antes mesmo do final: houve um momento em que Button liderava, seguido de Vettel e Kubica, e a semelhança entre eles 3 é que ambos só haviam ganhado um grande prêmio na vida.
Button não é nenhum novato: estreou em 2000 e era a promessa dos ingleses apaixonados por automobilismo para conseguir sucesso na F1. O tempo passou e ele, pelo menos até hoje, não 'vingou' como o esperado. Hoje, 9 anos depois, o atual campeão também é inglês (Hamilton), mas a promessa daquele piloto vitorioso de quase uma década atrás não foi em vão: apenas esperou seu tempo para acontecer. Com 29 anos, é tempo de lutar, assim como Rubinho, com 36, que junto com seu parceiro, se tornou tão bem sucedido, ajudando a quebrar um tabu: há 45 anos uma equipe estreante não conseguia dobradinha (a 1ª e última vez tinha sido a Mercedes, em 1954).
Confio na equipe Brawn, muito também pelos valores metafóricos que ela tem mostrado para mim, e que, se prestando atenção, pode se tornar visível para muito mais gente.
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