sábado, 21 de março de 2009

Relação ser humano x meio em que se vive

O homem nasce bom e a sociedade o corrompe, como diria Rousseau, ou nós também temos muito de primitivo em nossas essências, e sendo animais, nos faltam pudores em algumas ações tomadas por instinto, onde proibições e limites foram construídos pela sociedade? Talvez um meio termo seja válido: o ser humano é tão animal que surpreende quem sempre espera uma postura 'civilizada', mas de fato, a cultura em que este está incluída determina e muito as suas ações, logo, o maniqueísmo de 'bem ou mal' é fruto de seu meio, e as transgressões dependem de seu limite.

No meu país, Brasil, há uma inversão de valores nos quais os próprios brasileiros se entristecem: reclamamos da corrupção vinda dos políticos, sem enxergar ações controversas em nós mesmos, que compramos softwares de Windows pirata, chamamos cópias e mídias não autorizadas de 'genéricos' e justificamos a ilegalidade com discursos de 'boas intenções', nas quais as gravadoras são as grandes vilãs pelos preços abusivos e nós nos recusamos a pagar tão caro para ouvir o que queremos. Não são poucos os que 'agraciam' os responsáveis pela segurança pública com 'cortesias' a fim de se escapar de punições nas estradas ou multas pela cidade. Era comum na cultura local beber e dirigir, até o medo da punição se tornar mais alto que um hábito tão perigoso para nós e para as outras pessoas. Falamos de ética e somos contra o nepotismo, mas suponho que a maioria dos contestadores nessa questão se tivessem oportunidade dariam vagas para seus familiares. Joga-se lixo no chão achando que estamos garantindo o emprego dos garis, que com mais trabalho para recolher dejetos, voltam mais tarde para suas casas, ganhando o mesmo salário de que se fossem poupados de tamanho esforço.

Na mesma mentalidade de que 'se faz por não haver impunidade', agem políticos e cidadãos comuns: eu acredito em gente honesta, mas creio que o problema do Brasil não está só na política, e sim no meio em que vivemos que remetendo aos remotos tempos, nos leva a um país dominado a força, onde os fortes eram privilegiados e não sofriam censuras, e o povo através da malandragem sobrevivia nesse sistema bruto. O tempo foi passando e muito do que existe hoje é colheita de uma plantação tão hostil a sua própria terra. Achar solução está difícil, mas pelo menos a causa me parece clara, e se para melhorar algo é preciso saber onde está a raiz do problema, essa pode ser encontrada na triste história de exploração ao continente sul-americano, que teve como vilões maiores os colonizadores europeus, que tão 'charmosos' em seus lares e moralistas quanto aos bons costumes, dentro de seus países bancam os politicamente corretos, não jogam lixo no chão e criticam as posturas dos habitantes dos países subdesenvolvidos, mas que fora de lá, há muitos anos, seus habitantes soltaram seu 'extinto animal' em terras desconhecidas, afinal, ninguém quer mostrar suas 'impurezas' em seu lar, e sim na terra dos outros, que destruídas, pouco interferirão na sua sociedade (assim como nas favelas a paz é controlada pelos donos do tráfico, que promovem a violência fora de seus territórios, mas dentro de suas delimitações, são responsáveis pela 'manutenção da paz', exigindo dos moradores 'consciência social' e 'regras', mesmo que não as mesmas do estado- já que se vive em um estado paralelo- para evitar a entrada de polícia para solucionar qualquer problema que seja).

Escrevi tudo isso dessa postagem porque agora pouco não estava aguentando tamanho desrespeito dos meus vizinhos que, pouco se importando com os demais residentes da área, colocaram som em volume altíssimo para 'celebrar' de forma egoísta um sábado onde, se quisessem fazer festa, poderiam ir a um lugar mais apropriado, ou respeitar o próximo com o som mais baixo(já que os seus direitos terminam a partir do momento que interfere no direito do próximo). Pagodes e arrochas são manifestações culturais dignas e tem o seu espaço, só não podem transbordar das paredes de seus admiradores forçando toda uma rua a ouvir letras e melodias que não agradam unanimemente, e se uma pessoa estiver insatisfeita, não é ela que 'tem de mudar', afinal, se ela faz parte desse meio, a frase 'os incomodados que se mudem' não faz efeito, embora eu tente ser flexível para aceitar, mesmo que forçado, uma situação tão incomoda (não adianta Sucom, reclamação pessoal, nada disso: o sistema é mais 'bruto' e foge do campo em que legislações podem entrar a favor de quem tem razão, pois além da razão, a política da boa vizinhança é fundamental para quem não quer viver a vida toda brigando e se desgastando com problemas de solução há um prazo tão longo que, quando solucionados, dificilmente eu estarei aqui para desfrutá-los, logo, não vale a pena lutar para mudar o meio, e sim, mudar de meio, quem sabe, um dia não encontro um lugar com mais paz, mesmo sabendo que a paz verdadeira está dentro da gente, e que a paz interior depende de condições como o ambiente onde se vive).

Um comentário:

Teka disse...

Anháá... não sou só eu! heheheeh

cara, nem preciso comentar... temos posts "parecidos" nao é msmo? nos entendemos rsrsrs


quanto ao "joão louco"... voce vai achar que eo to devolvendo uma resposta á brincadeira, mas nao é uhahauahuha

acho que "importante" é pesado demais, afinal, só lembrei do cara por conta do filme (por favor, assista, vc é um dos no meu ciclo social, ki tenho crtza de que entenderia a essencisa do edgar navarro) O louco marcou, mas não tanto... você entenderá mais o post dpois do filme, e vai ver, que tbm tem um joao, ou maria louca rsrs