terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A 8ª arte.

Quarta-feira, 6 de Junho de 2007

Abre as cortinas e começa o espetáculo! A prensa começa o nivelamento para acertar qualquer irregularidade e compactar o terreno; Mas deixa uma leve inclinação partir da metade da circunferência para ajudar a drenar a chuva que cair no gramado; Um sistema de drenagem formado por 100 metros de cano! Os canos drenarão uma eventual chuva até ralos fora do palco do espetáculo, e logo acima do sistema de drenagem está o sistema de calefação com 27 km de tubulação que espalharão calor e manterão a temperatura entre 35ºC e 50ºC, impedindo o congelamento do palco no inverno; Esse palco é um gramado, e o sistema de irrigação é de última geração, pois molhar o campo não dá certo devido a distribuição desigual. Antes de plantar a grama despeja-se no terreno a matéria orgânica topsoil e areia, esta última para favorecer o escoamento da água! Acima do Topsil está uma camada fina de adubo nutritivo; Após plantada a grama, em 45 dias ela já está no ponto! A maquina de cortar grama trabalha periodicamente afim de manter uma altura média de 24 mm e assim o espetáculo poder seguir com naturalidade. Essa brincadeira custou 143 mil reais!
Mas este foi só o palco, ainda falta construir um lugar confortável para a platéia. Os arquitetos elaborarão a planta com cuidado, os engenheiros civis farão cálculos cansativos, os pedreiros trabalharão no sol quente, tudo para a obra estar pronta o quanto antes! Mas antes de tudo o engenheiros de tráfegos terão que elaborar um plano inteligente para que em dias de espetáculo as multidões não congestionem o trânsito da cidade, além de que terá que elaborar pontos de a chegada de transportes em lugares estratégicos, para que o público não precise andar muito antes de sentar na sua confortável cadeira marcada com o número do ingresso. Estacionamentos amplos serão feitos para mais de 10.000 carros, e uma entrada alternativa para o estádio será feita para os artistas entrarem direto nos seus camarins sem precisar se expor antes de começar o espetáculo.
Além do usual ingresso popular - sendo o mais popular de todos chamado de geral, que é um lugar mágico na beira do campo onde não há degraus e todos vêem o jogo em pé - haverão dentro dessa arena artística camarotes(onde as cadeiras são bem distante uma das outras, para ficar mais confortável, e não tão próximo do outro -claro, para quem não gosta do calor humano proporcionado por esse espetáculo) , tribunas de honra, tribunas para a imprensa, museu com a história das turnês antigas, lojas, cinema, restaurantes, enfim, um verdadeiro ‘Shopping center’. Essa arena será coberta para os torcedores, mas os artistas terão que tomar chuva, o que deixa o espetáculo interessante. Depois de concluída a obra, o preço assustador: 143 milhões de reais! Ou seja, 3 zeros a mais que a construção do gramado, ou palco, que custou 143 mil.
O camarim é luxuoso: nesse espetáculo, há 3 camarins: 2 para os artistas que irão disputar quem merece ser o dono do espetáculo e 1 para a comissão avaliadora de infrações. No camarim dos artistas que irão se enfrentar, há armários, onde eles colocam seus figurinos, há televisão e quadro, para o diretor fazer as últimas orientações antes do espetáculo, há duchas e banheiras de hidromassagem para relaxar os músculos e enfermarias, pois essa arte exige-se muito do corpo, que se cansa e muitas leves até leva-se a contusão; No meio entre os 3 camarins há um corredor com 3 direções(além da entrada dos próprios camarins): a de entrada e saída da arena, a para a porta da área de coletiva de imprensa e o túnel para a entrada e saída o palco. No túnel, onde pode-se entrar as duas equipes juntas ou a ‘equipe da casa’ ao som de aplausos e assobios e a equipe de fora sendo vaiada.
A platéia, apelidada de ‘torcedores’, fazem o caminho de suas casas ou hotéis para a arena, apelidada de estádio. Nesse caminho, tem-se dois caminhos: o ‘elite’, onde você deixa seu carro num estacionamento seguro e segue a poucos passos de sua cadeira, ou o ‘caminho popular’, onde você confiará seu carro à um vigia, ou você vem de ônibus, desce de um ponto relativamente distante do estádio, e assim, sentirás o agradável cheiro de churrasco, da gritaria de vendedores de ingresso alternativos, apelidados de ‘cambistas’, além da venda de bebidas mais baratas que dentro do estádio e som alto, bandeiras balançando num ritmo carnavalesco em que a festa começa antes do espetáculo.
Entrando no estádio, não importa onde esteja, você verá o mesmo espetáculo que todos, mas claro, com visões diferentes(no sentido físico e de pensamento). Lá dentro, acontecerá uma festa, com papéis brancos salpicados no gramado, sinalizadores de diversas cores, bandeiras, fogos de artifício e um telão que mostrará o ponto culminante do evento, o chamado ‘gol’.
Nesse evento, chamado ‘partida de futebol’, várias pessoas trabalham durante o espetáculo, e várias trabalharam para esse espetáculo acontecer nesse dia, e com qualidade, são eles os dirigentes(embora esses na maioria das vezes atrapalham, deveriam ajudar), patrocinadores(portanto que não se perca o foco da paixão pelo futebol, mas os patrocinadores tem sua função respeitada), policiais, jornalistas(que correm atrás da notícia e são credenciados com crachás e coletes, para transmitir a complexidade do evento ao alcance de todos), médicos(todos torcemos para que eles não precisem participar, mas infelizmente, lesões são constantes)...
Para executar a função melhor, o figurino dos jogadores(os artistas que competem em duas facções, chamadas de equipes ou times) são confortáveis, com tecidos de qualidade e calçados(chuteiras) que tirem a impressão de não estar descalço, e assim, os jogadores poderem desenvolver seu futebol simples e moleque, o ‘futebol-arte’, que é o que queremos ver.

*Colaboração de reportagens da revista Mundo Estranho na parte de infra-estrutura de estádios.

**Perceba que a utopia criada no texto reúne traços dos estádios sul-americanos(os papéis brancos salpicados, na Argentina; A Geral do Maracanã; A combi do regui da Fonte Nova e toda a bagunça gostosa de diversos estádios sul-americanos), europeus(com toda infra-estrutura, sistema de calefação, estádios que parecem shoppings...) e japonês(com arquibancadas umas distante das outras, onde a preocupação é o bem estar do público, e não lotar o estádio para arrecadar mais; Porém, o povo japonês não é tão apaixonado por futebol).

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