terça-feira, 28 de abril de 2009

Sai do chão, sai do chão...

Não, não é um mero trecho interrompendo uma música de carnaval baiano, tampouco uma ordem sisuda ou mandamento religioso: saia do chão se quiser, ache o que quiser que seja chão, e grude nele se seu corpo for pesado demais.

O que é estar com os pés no chão? Estabilidade para muitos, sobriedade para outros. Flutuar não é usual, voar menos ainda, se arriscar e subjetivar conceitos óbvios fazem os pés alcançarem uma certa distância da superfície.

Viajar, sem destino, sem objetivo, simplesmente sair por aí, na loucura que faz da vida ter múltiplas significações, difíceis de entender para quem quer uniformizar a realidade, para quem crê que fora da realidade que se vive há ilusão, para quem se sente mais a vontade no seu cantinho: há espaço de sossegar no cantinho até para andarilhos de trajetórias errantes.

A vida é uma grande loucura não decodificada, que tentam decodificar e pôr fórmulas, que encaixam cálculos que resultam em números inexistentes até então. Todos os dias existimos, todos os dias existirão algo para quebrar a incrível equação que visa equilibrar uma balança sem pesos: a vida simplesmente se vive, não se mede.

domingo, 26 de abril de 2009

Trilhas, pegadas e marcas

Trilhas, pegadas e marcas: por onde se passa se faz presente, marca caminhos: João e Maria deixaram migalhas de pão para reconhecerem o caminho de volta, mas o destino incorporados em passarinhos mudou seus projetos, comeu suas pistas e fizeram-los se perder. Perder-se foi necessário para tal história ganhar um enredo mais rico, e os autores de nossas vidas não somos nós: é "o futuro, que é uma astronave que tentamos pilotar, mas que não tem tempo, nem piedade e nem tem hora de chegar; Sem pedir licença muda a nossa vida e depois convida a rir ou chorar...". "Mas nessa estrada onde não nos cabe conhecer ou ver o que virá", te convido a "ir a uma linda passarela
de uma aquarela que um dia enfim descolorirá", como tudo nessa vida, mas "o fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar".

Todos os dias pensamos algo, refletimos, crescemos com nossos próprios aprendizados, e aprendemos que o conceito de 'conclusão' deve ser revista, pois estamos todos os dias nos transformando, mas nessa construção somos fiéis as nossas leis de cada dia, as nossas crenças momentâneas, sem medo de nos contradizer: o erro não está em acreditar em algo que amanhã pode não valer, e sim se invalidar sem crenças que não nos fazem viver.

Como tudo nessa vida o amor é incerto no futuro, quando se nasce se faz mágico enquanto durar, sem prazo de validade, com surpresas que superam expectativas. Se cresce, se estagna, ou se acaba, têm poderes de juntar o céu e a terra, o corpo e a alma, o sonho em desejo da realidade, a realidade em mágica.

Trilhas, pegadas e marcas: nossa certeza de saber que a vida está valendo a pena, que preenche o vácuo, que completa a alma, que escreve as histórias, que faz-nos viver, no verdadeiro significado da palavra vida.

E os estaduais vão ganhando sua arte final

Jogos de ida dos estaduais de São Paulo, Rio e Minas terminaram. No campeonato baiano, o 1º tempo terminou 1 a 1.

Apenas clássicos em 3 dos 4 maiores estaduais do Brasil. No Rio Grande do Sul tudo terminou semana passada, quando o Internacional, ao golear o Caxias, faturou o gauchão sem a necessidade de mais 2 jogos. Por outro lado, Minas Gerais contou com o maior clássico do estado, um tanto desequilibrado diga-se de passagem: o Cruzeiro goleou pelo mesmo placar do ano passado o Atlético Mineiro no jogo de ida, por 5 a 0 (trocos violentos contra a goleada dos galos no jogo de ida da final de 2007, quando atleticanos golearam por 4 a 0).

Em São Paulo, 2 dos gols do Corinthians não foram narrados da forma convencional (''Gol do [nome do clube], [nome do jogador]", logo "gol do Corinthians, Ronaldo"), e sim 'Gooooooool de Ronaldo, para o Corinthians!!!". Fenomenal, o número 9 do Timão chegou aos 8 gols no estadual mais difícil do Brasil, e embora esteja longe da artilharia (que parece já ter dono, que é Pedrão do Grêmio de Barueri, já que com apenas 2 jogos, o jogador que tem mais gols de Santos ou Corinthians é Kleber Pereira, que teria de marcar 5 gols na única partida que falta contra o Corinthians para se igualar a Pedrão), é o artilheiro do Corinthians junto com o zagueiro Chicão, e apenas jogou sua 9ª partida na temporada! Com a vitória por 3 a 1, a equipe do Parque São Jorge poderá perder por até 2 gols de diferença dentro de casa para faturar o caneco, que não chega desde 2003 (é o último dos grandes de SP na fila, já que o Palmeiras ganhou no ano passado, o Santos em 2007 e o São Paulo em 2005 pela última vez). Recordista em títulos pelo seu estado, mesmo com o jejum de 23 anos entre 1954 e 1977, seu 26º título ajudará a ampliar sua distância para o 2º maior colocado Palmeiras em 4, sendo que o Verdão ano passado superou um jejum de 12 anos.

No estadual do Rio, o 2 a 2 não mudou muito as coisas, e como nenhuma das 2 equipes tem vantagens (ao contrário do Atlético no mineiro e do Corinthians no paulista, 2 resultados iguais levam aos pênaltis) a grande decisão começará no próximo domingo, com tudo igual. O Flamengo abriu o placar, sofreu a virada e buscou o empate.

Começou agora o 2º tempo do campeonato baiano.

sábado, 25 de abril de 2009

Você está a frente do seu tempo?

Julgamentos são muito fáceis de fazer: a escravidão, o nazismo e qualquer outro tipo de exploração servil de conduta racista quando olhamos para o passado nos parece um absurdo, abomináveis para um se humano que não merecesse algo menor que um castigo na mesma moeda.
Está certo que tais violações aos direitos humanos são absurdas e que todas as gerações devem estar muito atentas às suas condutas, mas eu pergunto: quantas pessoas hoje não percebem absurdos do cotidiano, e que em um futuro não tão distante algumas gerações irão saber sobre as nossas e pensar "Meu Deus, como pode aquilo, vocês da década de 2000 eram insanos!".
Afinal, o que você acha de pagar um salário mínimo para uma moça fazer todas as coisas que você não gosta, sendo que você poderia estar pagando mais, ou perder a preguiça e passar a lavar pratos e varrer a casa? E o que dizer de trazer uma humilde jovem do interior para 'ser criada na capital', em sua casa, e em troca ela fazer os serviços domésticos? Às vezes nem se quer ganham salário, e a 'troca' é: morar na capital com direito a casa, comida e roupa lavada, e para isso ter de cuidar da casa e às vezes, dos filhos barulhentos do casal. Um dia isso parecerá um absurdo, e nos perguntaremos 'como era possível isso?'.
Estar à frente do seu tempo significa ter sensibilidade para perceber os erros da sociedade mesmo estando 'acostumados' com ela. É cômodo não pensar diferente, mas quantos de nós não temos preconceitos infundados? Quantos de nós nos dizemos a favor da integração social, e preferem esquecer o termo racismo a ter que combatê-lo? O racismo é muito mais antigo que todos nós, mas nem por isso jogaremos a toalha: é tempo de lutar contra essa corrente, pois pode até ser extremamente desgastante ir contra a corrente hipócrita que visa taxar que 'racismo era em outros tempos', mas que acaba praticando todos os dias, mesmo em pequenos atos, coisas que fazem a manutenção da mesma mentalidade, e não um avanço.
Quem foi Senhor de Engenho viveu 'coerente com o seu tempo': para eles, escravo não era gente, e não sendo gente, não existem valores humanos, logo, não havia preocupação. Poucos estavam a frente do seu tempo e viam como absurdo um ser humano trabalhar forçado, assim como poucos hoje notam certo absurdos e são taxados de loucos quando contestam. Raça inferior era uma 'justificativa' para atos tão perversos, e aceitavam essas justificativas quem não quisesse ou não conseguisse enxergar um mundo além dessas convenções.
Logo, antes de criticar tanto o passado e 'venerar' os 'tempos modernos', olhemos para o aqui e agora, quantos absurdos somos acostumados a engolir, com quantas coisas não mais nos chocamos, para aonde estamos indo, e que vida é essa em que não podemos escolher nossos caminhos, em que nos empurram papéis sociais e ideologias fabricadas: coragem para pensar diferente, e acima de tudo, agir diferente!



"todo camburão tem um pouco de navio negreiro"- O Rappa

quinta-feira, 23 de abril de 2009

De onde vem as diferenças e semelhanças

Eu tenho começado a perceber o desenho das coisas com mais atenção, e me parece que há uma ordem despercebida que visa uniformizar algumas obras a depender da sua região, por exemplo: eu vejo uma incrível semelhança entre os estádios de Pituaçu (Salvador-BA), Municipal de Madre de Deus (Madre de Deus-BA), Frasqueirão (Natal-RN), Arena da Floresta (Rio Branco-AC), Arena Barueri (Barueri-SP), Bezerrão (Gama-DF) e Engenhão (Rio de Janeiro-RJ), e a arquitetura é um traço marcante de identidade em diversos lugares, como em Barcelona, em que a influência de Gaudí faz dessa cidade ser única no mundo devido a alguns de seus edifícios pitorescos.
Pode até ser 'viajem da minha cabeça', mas eu vejo algo de semelhante em todos esses (todos eles foram construídos recentemente) e que se diferem de estádios no exterior

Quando a Alemanha se unificou, após o fim da guerra fria, a cidade de Berlim voltou a ser uma só: o lado ocidental, de economia capitalista, era arrojado, limpa e bem cuidada, já o lado oriental, comunista, arcaico, feio e decadente. Mesmo com a união de dois mundos até então opostos, era preciso começar a pensar no futuro, que deveria reservar para a capital alemã traços de semelhança em ambos os lados. Mas o que deveria ser feito, de que lado sairia a tendência para o futuro? A resposta dos pensadores e arquitetos é vista hoje: Berlim tem uma arquitetura que não dá informação para nenhum dos dois lados, ou seja, para fazer uma cidade 'de todos', era preciso reconstruí-la com uma arquitetura que não era de ninguém.

Analisar identidades requer muita reflexão: na maioria das vezes se intui está certo, ou se intuiu uma resposta ou deduz, por exemplo, se eu lhe mostrar essa paisagem, você poderá dizer primeiramente de onde elas não são, e eliminando as respostas, dando-se dicas, pode-e chegar na 'cara do gol'.
É muito mais fácil dizer que a figura acima, apesar de não ter tantas informações (vegetação, pessoas...), não fica na Alemanha, Estados Unidos ou Rússia do que afirmar que fica no Brasil, Espanha, Vietnã ou Indonésia. Se tem certeza de onde não é, e não de onde é, até eu dar algumas dicas: fica na Ásia (logo não pode ser Brasil, Espanha ou qualquer outro país não asiático) e venceu uma guerra para os Estados Unidos, logo, com essa dica, nem era preciso tal imagem, ja que o fato histórico dispensa dica maior que os olhos veem: sim, essa é uma foto tirada no Vietnã

Seres humanos são dotados de antropofagia para a elaboração das suas 'criações'. Não, eu não digo 'antropofagia' como 'se alimentar de outro humano' literalmente. Primeiramente, a diferença entre canibalismo e antropofagia é que no 1º simplesmente se come alguém, na maioria das vezes por fome, e em antropofagia, se come a carne com a crença de que também se está ingerindo as virtudes (são guerreiros que, ao capturar inimigos, querem a sua coragem e bravura, e os que serão comidos nem hesitam e fugir, pois seria uma desonra muito grande para se e para sua tribo, uma prova de covardia e quebra de princípios).

Então, no sentido conotativo, o ser humano dificilmente inventa algo: todas as 'invenções' ou tiveram precedentes ou foram frutos de pesquisas anteriores e apropriadas para uma nova forma de desenvolvimento, então, a 'essência' tem de ser repensada, já que nossas experiências, batidas no 'liquidificador', nos transformam, e transformam as civilizações, logo, o brasileiro não é europeu, nem africano nem índio: somos o resultado dessa mistura, e nenhum desses elementos somos nós, nós somos algo novo. É como a receita de um bolo: leite, açúcar, ovos, farinha de trigo, margarina. Qualquer um desses elementos sozinho tem alguma semelhança com o bolo? Então, sendo fruto dessa mistura, o bolo é 'o novo', é algo que não e compara ao antigo.

Abordarei mais assuntos acerca de identidades aqui no blog, temas essas muito discutidos nas aulas de Estética.

Deus perdoa, o Inter não

Quem mandou o Guarani incomodar a vida do Colorado com aquele gol no finalzinho da partida de ida? Tendo de fazer a partida de volta, o Inter não perdoou e aplicou 5 a 0 sobre o alviverde campineiro.

O Inter não jogou uma partida brilhante no Brinco de Ouro da princesa dia 8 de abril, mas parecia suficiente para descartar um jogo de volta e passar um bom tempo de folga. Mas no fim do jogo, o Guarani ainda tinha esperanças e confirmou sua viajem para Porto Alegre. Será que valeu a pena? O Colorado faria o possível para mostrar que não: após a goleada de 8 a 1 que lhe deu o título do gauchão no domingo, a fome de gols continuava intensa, e o 5 a 0 não deu nem espaço para o Guarani sonhar com algo que não o término da partida, a fim de não se levar mais e mais gols. O Guarani, que caiu esse ano para a série A-2 do campeonato paulista, irá disputar a 2ª divisão do brasileiro, e terá de encarar as gozações da macaca: a Ponte Preta não só passou para as oitavas-de-final, como vai pegar o Americano! Passando da equipe de Campos (que eliminou Santa Cruz e Botafogo) pegará o vencedor de Coritiba e CSA (nada 'tão amedrontador'), porém, se quiser chegar às finais, os ponte-pretanos terão de enfrentar o bicho-papão de seus rivais: o Internacional, grande favorito ao título.
O Zagueiro Índio abriu o placar e mostrou com os dedos das mãos quantos gols sua equipe marcou

A turma é mesmo boa, é mesmo da fuzarca

De virada, o Sport Club do Recife virou sobre o Colo-Colo e se classificou no 'grupo da morte'.

O início não foi lá tão motivador: o 0 a 0 persistia e complicava a antes fácil vida do Sport na Copa Libertadores. O adversário, o Colo-Colo, já havia perdido do Leão dentro de casa, e parecia disposto a dar o troco quando abriu o placar. A ilha do Retiro lotada parecia não conseguir acreditar: após a badalação do início, com 2 vitórias, o rubro-negro da Veneza brasileira se embaraçou com uma derrota e um empate para o Palmeiras, e agora, com 7 pontos (empatados com o Colo-Colo) precisava vencer os chilenos para garantir vaga com uma rodada de antecedência, e mais que isso: a derrota significava sair da zona de classificação e ter de lutar por uma vitória na altitude de Quito na última rodada.

A tradição pesava contra: as outras três equipes do grupo já haviam conquistado o torneio, e essa era a 2ª participação do Sport, que vem de uma região pouco influente no futebol nacional: além dele próprio, o Bahia já havia disputado três e o Náutico uma libertadores. A única vez que um nordestino passou da 1ª fase foi há exatos 20 anos, quando o Esporte Clube Bahia chegou às quartas-de-final.

Estrangeiros no próprio país, era preciso acima de tudo mostrar merecimento para ser visto mais vezes. Aquela classificação faria um bem enorme, e as forças da natureza estavam prontas para agir: após uma bomba do naturalizado togolês Hamilton na trave, o recifense Moacir pega o rebote e iguala o marcador! Era preciso mais um gol para o atual campeão pernambucano dormir o sono dos justos na 5ª feira, e Vandinho, aproveitando o toque de Luciano Henrique, virou a partida, e pouco mais de 15 minutos, um time nordestino volta a estar entre os 16 melhores da América do Sul.

Parabéns Sport, exemplo de planejamento e organização mostram que para ser grande não precisa se distanciar da linha do Equador: é preciso pensar grande.
Com muito suor, a classificação no grupo da morte veio uma rodada antes do fim da 1ª fase



DENÚNCIA: os sites da UOl e MSN prometiam cobertura instantânea com detalhes dos jogos da Libertadores, o que não aconteceu: enquanto o jogo do São Paulo era atualizado frequentemente, o do Sport havia apenas o placar, sem mais detalhes (as imagens das coberturas de Sport e São Paulo foram salvas no mesmo momento por mim em print scrn- embora não sirva como prova de processo no Procon-, com margem de erro de 1 minuto).

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Liberte a informação!

O jornalismo é parcial. Todos os estudantes de comunicação deveriam estar bem cientes disso, e não como parte de uma regra fria imposta como cálculos, e sim como resultado de debates que levariam reflexões, e o resultado não poderia ser outro, a não ser a conclusão de que as notícias são manipuladas no seu formato e publicação.

Tudo já começa pela capa: nela, estarão os principais fatos de 'interesse público'. Para começar, o contexto de 'maioria' não pode ser aplicado para definir o que é mais importante de ser visto: importância é relativa, e a idéia de 'democracia' na qual 'o que a maioria julgar acreditar mais importante de fato é' exclui quem julga acreditar o contrário, e para mim, a idéia de democracia visa atingir a todos, e não a maioria. Por exemplo: porque a reunião da cúpula do G-8 toma a frente de tantos jornais, se aqui no Brasil grupos sindicalistas podem estar organizando uma greve super-impactante nos interesses locais? Aí está à controversa: talvez não seja interessante mostrar a reunião dos sindicalistas, já que, ganhando mais evidência, isso pode cair como uma bomba no colo dos anunciantes que financiam tais jornais, e estes precisam do dinheiro das propagandas (afinal, o dinheiro da compra nas bancas não é nem de longe sua maior fatia ganha), logo, como essa verdade não pode ser dita, omitem-se fatos (julgando que as omissões simplesmente 'perdem espaço para o que é mais importante') e evitam-se desordens.

Utopicamente, todo fato deveria ser publicado, não importa se não seja de relevante na mente dos jornalistas que fazem esse jornal: se for importante para algum leitor, já será o bastante. Mas o que fazer com as capas? Talvez, reconhecer que a estética da capa visa ganhar o leitor dê uma boa dose de consciência: num mundo tão competitivo, manchetes bombásticas, ineditismos e promessas de grandes matérias adentro são as armas na guerra da informação. Os punks defendiam a livre informação e uma revisão de conceitos sobre a sociedade de consumo, logo, isso significa a ausência de omissões e o fim da guerra contra um produto que deveria nos alimentar, mas que hoje tem nos causado fome (a informação). Logo, como seria o jornalismo por uma ótica punk?

Creio que todas as faculdades de comunicação devem ensinar as mesmas coisas que a minha ensinam: artifícios para definir o grau de importância da notícia, técnicas para prender o leitor, treinamento de olhar crítico. Tudo isso que me ensinam tem uma finalidade: ganhar dinheiro. Mas é só dinheiro o que eu quero ganhar? Eu sei que eu não vou conseguir mudar o mundo mais do que ninguém que por aqui passou nos mais de três mil anos de civilização (talvez as maiores alterações tenham sido feitas por Jesus Cristo, que morreu crucificado e de quebra sofrido distorções sobre seus princípios, que em hora nenhuma pediu a criação de uma religião com o seu nome), mas não quero seguir essas ordens medíocres que estão me empurrando, quero fazer diferente, quero inventar, não quero ser escravo de processos com fins puramente políticos e financeiros.

Eu sei que a anarquia parece distante do senso de realidade que sempre criei, e que apagar boa parte do passado e reconstruir tudo a partir de agora por um lado nos levaria a um novo lugar, mas por outro, não traria de volta alguns valores que gosto tanto e quero manter, e como diria na música de Cidade Negra: "Amor, Estamos atravessando, O milênio,O novo tempo está chegando [...]A inocência, o respeito, A alegria de estar sério, O bom humor e sentimento, Nós vamos levar [...]". Que a informação se liberte, que novas formas de informar sejam pensadas, que as faculdades sejam flexíveis, e que continue não existindo consenso para várias coisas: mentes não são obrigadas a concordar, pois o maior medo que tenho do mundo é a padronização.
 Cidade Negra - A cor do Sol

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O tempo se abre nos esportes!

Não, não se trata do clima: a chuva mais uma vez se fez presente na Fórmula 1. De qualquer forma, sem perder o trocadilho, duas regiões do país mostram poucas alterações climáticas e repetem os fenômenos acontecidos ano passado: o céu ficou completamente vermelho no Rio Grande do Sul no final da tarde de Domingo com máxima de 8! E em Pernambuco, ótimo tempo para quem curte sport, clube... Está certo que as águas do litoral paulista estão dando muitos peixes, que a Lua cheia de São Jorge promete iluminar a capital paulista no próximo mês, mas se essa loucura parece incompreensível demais, abaixo um vídeo de 6 de maio de 2008 que pode ajudar na melhor compreensão desses trocadilhos futebolísticos, afinal, há coisas que se repetiram esse ano nele:

O fato é que o glorioso Internacional, equipe que conquistou mais campeonatos gaúchos, faturou mais um ontem, e nem precisou prolongar mais o torneio: ja havia vencido a final do 1º turno contra o maior rival Grêmio e, ao vencer no domingo o Caxias na final do 2º turno por 8 a 1 (mesmo placar que aplicara no jogo decisivo do ano passado, contra o Juventude, da mesma cidade, Caxias do Sul) se tornou o primeiro campeão estadual do Brasil sem precisar de mais 2 jogos (que seriam entre os campeões do 1º e 2º turno). O calendário da equipe Colorada só não está mais tranquilo porque esta não conseguiu eliminar seu jogo de volta da copa do Brasil: receberá o Guarani dia 22, caso contrário, esperaria até o final do mês para voltar a jogar, só pela 3ª fase da copa do Brasil, contra Criciúma ou Náutico. Isso seria bom para recarregar as energias para a estréia do Brasileirão, dia 10 contra o Corinthians (que a esta altura poderá entrar com a faixa de campeão paulista) no Pacaembu.

O tempo se abriu para Ronaldo mais uma vez, que agora feito gol na semifinal, pôde responder a provocação de um dirigente do São Paulo que o chamou de 'ex-jogador'. Mas acima de tudo, o tempo se abriu para o público: há menos de 3 semanas do campeonato brasileiro, os estaduais vem terminando, a libertadores vai engatando para a fase do mata-mata e o nível das partidas irá melhorar. A diversificação nas arquibancadas vem crescendo: o futebol vem ganhando o gosto de muitos públicos, inclusive o feminino! Aqui em Salvador, o estádio de Pituaçu está mais bonito, com tantas famílias, crianças, idosos, e especialmente, mulheres. Abaixo, uma matéria do Esporte Espetacular sobre uma cronista esportiva torcedora do Bahia:


O tempo do futebol faz sol em pleno outono, aliás, o tempo nunca se fecha para o futebol: o futebol é que abre as fronteiras do mundo!

domingo, 19 de abril de 2009

Dia do índio

O que se comemora no dia do índio? Talvez esse seja o único dia dos 365 do ano em que se pensa sobre os antigos donos desta terra, ou não, afinal, quantas pessoas lembravam que hoje era o dia deles?
Como tantas minorias tem o seu dia, com os nativos sul-americanos não poderia ser diferente: o dia da consciência negra é 20 de novembro (não por ser data de abolição da escravatura, que é 13 de maio e até certo tempo era comemorado pelos negros, até se chegar à conclusão de que, por ter sido realizada pela princesa Isabel, uma branca, quebrava a coerência, e assim passou a ter o dia da morte de Zumbi dos Palmares) o dia das mulheres (8 de março, em homenagem a operárias assassinadas em Nova Iorque por pedirem melhores condições de trabalho), o dia do orgulho gay (que é marcado no dia da passeata que tem reivindicações e festa em várias cidades, em dias diferentes) e por fim, o dia do índio, 19 de abril, data criada em 1940 por Getúlio Vargas (o 'pai dos pobres'), já que nesse dia acontecia no México o primeiro congresso indigenista interamericano.
O que se passa na vida do índio após um dia de homenagens? Gostaria de entrevistar um índio e questioná-lo sobre a importância dessa data. Está certo que hoje nem todos os nativos vivem isolados: há os que vivam em grandes cidades e estudem em prol de suas aldeias, ou quem sabe, até as esquecem, e esquece-se de suas origens muitas vezes por vergonha, e isso sim tem de ser trabalhado: pertencer à etnia pioneira desse continente tem que ser motivo de orgulho! Se deixar seduzir pelas convenções que tanto buscam enquadrar todas as pessoas a seguirem os mesmos caminhos é jogar a toalha, é optar pelo 'caminho mais fácil, porém, mais covarde'. Ser índio não é só ter a pele mais escura: é muito mais que um conceito racial, é um conceito 'étnico-ideológico', e envolve uma série de princípios, defendidos com unhas e dentes por quem não teve pólvora para lutar de igual para igual, e quem, mesmo vendo suas raízes perdendo espaço, continuam a bater o pé firme, a rejeitar remédios alopáticos, a não consumir tanto em prol de uma indústria que faz o ciclo do universo continuar na superficialidade. É difícil reconhecer um índio hoje, talvez eu nunca tenha visto um 'de verdade' (mesmo tendo visitado a Amazônia há 6 anos), mas ser índio tampouco é se isolar: é viver em sociedade sem precisar usar terno e gravata para ser ouvido, é passar suas idéias adiante e não deixar que as idéias de sempre comandem nossas mentes, tão acostumadas a excluir, tão egoístas para achar que estamos certos.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Você e o tempo

Sabe aquele ditado "respeite o seu tempo?" Balela para quem luta pela causa do "tempo coletivo", a exemplo do grande goleiro Castillo, que amava tanto o Fluminense que, acredite, depois de uma contusão no seu dedo mínimo esquerdo e o diagnóstico de que teria de ficar 2 meses fora dos gramados, o arqueiro tricolor não pensou duas vezes: decaptou seu dedinho e assim foram necessárias apenas 2 semanas para a volta aos gramados. Castillo, o cara que deu o dedo pelo time do coração!

Rogério Ceni se contundiu ontem e deve ficar 4 meses sem jogar. Se precisasse, sugiro eu, o líder são paulino faria o mesmo, mas sua contusão foi diferente, no pé, e digamos que jogar manco não leve tantas vantagens para um goleiro artilheiro que quer continuar no clube mesmo depois de encerrada sua carreira de jogador, seja na diretoria ou presidência.

Entre as causas do dia-a-dia, tenho dado tempos de reflexão para mim mesmo, um pouco 'inúteis'? Eu as vezes me questiono, pois de que adianta tanta teoria sem a prática? Quero pôr a mão na massa, vou buscar a motivação dos grandes heróis dos gramados para fazer meu tempo valer por mim mesmo, de preferência, sem dedo decaptado.

domingo, 5 de abril de 2009

Domingo controverso no futebol

Os 4 classificados para o paulistão e taça Rio são justamente os gigantes desses estados. Por outro lado, o Bahia não seguiu a tendência do futebol do sudeste e mesmo com tanta tradição caiu diante do pequeno Ipitanga.

Não existe 'nova era' no futebol ou 'tempos modernos na reconstrução da tradição'. Fases vem e vão: em 2004, a final 'caipira' do campeonato paulista entre São Caetano e Paulista de Jundiaí quebrou um tabu de 14 anos, em que Bragantino e Novorizontino disputaram uma final, deixando de fora os 4 grandes (Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos). Dessa vez, os 'titãs da capital' já tinham vaga assegurada, e o Santos disputava a última vaga com a Portuguesa que, apesar de ficar no município de São Paulo e ter uma história respeitável, está longe do patamar de grandeza desses 4. Pois então, no final das contas, tudo 'deu certo' para eles, os maiores: o 1º colocado Palmeiras enfrentará na semi-final o 4º colocado Santos, o 2º colocado São Paulo enfrentará o 3º Corinthians, e vale lembrar: os melhores posicionados jogam o último jogo em casa, e jogam por 2 resultados iguais.
Para vocês lembrarem do 'democrático campeonato paulista de 2004', o mais 'capial' do século XXl.

No Rio de Janeiro, a taça Guanabara nos reservou um Resende, que tirou não só a vaga do Vasco na fase classificatória como também eliminou o Flamengo nas semifinais e só parou no campeão Botafogo. A taça Rio (2º turno do estadual do Rio) acabou a fase classificatória hoje, e os 4 grandes do Rio se classificaram, sendo o Flamengo, 1º colocado do grupo B, tendo de enfrentar novamente o Fluminense (houve FlaFlu hoje terminara 1 a 1), e o Vasco, 1º colocado do grupo A, próximo adversário do Botafogo que, se vencer a Taça Rio, anulará a final e levará para casa o Caneco de campeão carioca (isso aconteceu 6 anos atrás, no último título estadual do Vasco, quando não houve final em 2003). Desde a criação da taça Guanabara, em todas as vezes que o clube da estrela solitária o faturou, venceu também o campeonato carioca, e há 12 anos atrás (1997), o Botafogo faturou ambos os canecos: taça Guanabara e taça Rio.

Por outro lado, o Flamengo quer muito ganhar esse ano por 2 motivos especiais: vencer seu 31º estadual e pela 1ª vez nos 103 anos de campeonato carioca passar o Fluminense no número de estaduais (já que o tricolor venceu os 4 primeiros estaduais e, já disparando dessa maneira no início do século XX, fora igualado apenas ano passado) e o tricampeonato, que será o 5º da sua história (mais uma vez algo inédito, já que o Fluminense também tem 4 'tris' - sendo um deles o tetra - e Vasco só tem 1 - 1992/93/94 -, e o Botafogo tem o tetra de 1932/33/34/35) e o 2º contra o mesmo adversário nos 3 campeonatos seguidos (em 1999, 2000 e 2001, o Vasco fora vice do Rubronegro, e em 2007 e 2008 o Botafogo fora vice, e se a equipe da Gávea vencer a Taça Rio, enfrentará na final justamente o Botafogo na decisão do carioca).

A história do futebol vem se desenhando todos os dias, mas nem tudo saí de rumo: coisas novas acontecem mas não são tendências, outras, ajudam a construir um futuro a se orgulhar.

Ipitanga devolve goleada na mesma moeda

Após mais de dois meses da goleada sofrida pelo Bahia por 4 a 0 – naquela ocasião, a estréia de Pituaçu, 25 de janeiro – o Ipitanga aplica um 4 a 0 surpreendente sobre o mesmo tricolor, que vê suas possibilidades de terminar como líder da 1ª fase afundadas.
Ambas as equipes se enfrentaram em diversos estádios, como Fonte Nova, Madre de Deus, Terra Nova, e esse ano se enfrentaram 2 vezes em lugares inéditos: Pituaçu na ida e hoje, no jogo de volta, em Senhor do Bonfim.

sábado, 4 de abril de 2009

Correm os anos, e surge o amanhã, radioso de luz!

100 anos de Sport Club Internacional! Nem todo centenário leva tantos motivos para comemorar, mas o Colorado mostrou e mostra até hoje que uma história bem escrita nos dias de hoje é a melhor forma de guardar tudo de bom que foi feito no passado.
 Hino - Hino do Internacional


Para se orgulhar de algo, não está em jogo apenas causas e motivos: o orgulho vem do que se é de fato, nem mais nem menos, simplesmente, seu passado e seu presente, já que o futuro 'não existe', ainda será desenhado, embora o alvirrubro gaúcho saiba muito bem como construir o amanhã. Exemplo de organização, disputou todas as edições de campeonato brasileiro até agora, continua revelando talentos (Alexandre Pato é a mais nova promessa do futebol brasileiro) e plantar o bem hoje leva a colheita de bons frutos, sejam títulos, mais torcedores, futuros craques revelados na Beira-Rio (seu estádio)...

Nem todo exemplo vem das glórias: há equipes bem administradas que não conseguem se quer chegar a elite do futebol estadual. A simplicidade e falta de conhecimento de algumas direções de time de futebol pelo Brasil podem não levar ao estrelato, mas tampouco ao menosprezo, pois não há espaço para todos. O que é inadmissível é que clubes grandes, em glórias passadas e número de torcedores, passem por crises, pois estas são fruto de corrupção interna, e não da 'falta de potência em erguer uma instituição', logo, por mais que eu torça pelo crescimento dos emergentes, acho muito triste ver o Vasco e o Bahia na situação atual. E na contramão desses exemplos, está o Internacional, cujo respeito dos torcedores pela sua administração é tão grande que o ex-presidente Fernando Carvalho tem um bandeirão em sua homenagem, visto das arquibancadas pelos torcedores. A gratidão é a memória do coração, e os colorados demonstram todo esse amor pelo empenho que se transformou nos seus maiores títulos da história (e todos eles recentes), que foram a Libertadores e mundial em 2006, a Recopa sul-americana em 2007 e, ja não mais no comando de Fernando, a copa sul-americana em 2008.


Crises são normais: após tamanha euforia devido ao inédito título mundial em 2006, 2007 não fora um bom ano para o Colorado. Eliminado na 1ª fase do campeonato gaúcho e libertadores (no caso da competição continental, isso não acontecia desde que o campeão da edição anterior tinha vaga para o próximo ano), a equipe começou péssima no campeonato brasileiro, tendo amargurando por um bom tempo a lanterna. Para completar, perdeu o jogo de ida da Recopa, fora de casa contra o Pachuca. De repente, o que se 'construía' naquele momento era a decadência, a ida ao fundo do poço. Porém, nem sempre o presente dá todas as pistas sobre o futuro, e o Inter mostrou toda a sua garra para mudar seu destino com novas ações, pois mesmo não fazendo um 'ano brilhante' como aconteceu em 2006 (em que dos 4 torneios que disputou, ficou entre os 2 primeiros em todos, sendo campeão da libertadores e mundial), pelo menos poderia honrar a camisa vermelha e plantar coisas boas para 2008. E foi isso que aconteceu: o jogo de volta culminou no inédito título para o gigante da Beira-Rio, e no campeonato brasileiro a recuperação foi tão bonita que o levou, além de sair da zona de rebaixamento, a conseguir uma vaga na copa sul-americana (a melhor colheita que ele poderia ter em 2008, e só saberia isso mais tarde, pois nem sempre sabemos do resultado das nossas plantações).

2008, embora não tenha sido tão bom quanto 2006, fora sem dúvida inesquecível (em minha opinião, os anos mais inesquecíveis do Internacional nesses 100 anos de história foram 76, 79, 2006 e 2008). Em janeiro, a equipe foi a Dubai, nos Emirados Árabes, para disputar um torneio pequeno de apenas 2 jogos: semifinal e final. Nas semi, o clube brasileiro desbancou o Stuttgart da Alemanha, enquanto seu 'xará italiano', a Internazionale, eliminou o Ajax (aquele mesmo, que venceu seu rival Grêmio no mundial de 1995). Os 'interes' se enfrentaram numa final valendo 1 milhão de dólares! Se a falta de tradição desse torneio (ja que era a 1ª edição) não motivava tanto, o dinheiro no caixa era motivo suficiente para buscar a vitória e ajudar as finanças na temporada, e assim o Colorado mais uma vez mostrou para os europeus o porque é preciso respeitar o futebol brasileiro: 2 a 1, com direito a gol de bicicleta de Nilmar!


Antes de voltar ao Brasil, venceu um amistoso em Abu Dhabi (capital dos Emirados Árabes) contra o Al Jazira (clube em que futuramente iriam Rafael Sóbis e o técnico Abel Braga - estão lá até hoje). Na estréia do campeonato gaúcho daquele ano, mais uma vez teria de enfrentar outro Inter, dessa vez, o Internacional de Santa Maria.


Está certo que o jogo dera empate, mas ao longo da competição, nem se quer houve Gre-nal (duelo entre Grêmio e Internacional, o mais clássico do Rio Grande do Sul): o Inter chegou a final contra o Juventude, e, embora perdera o jogo de ida por 1 a 0 (para o desespero de alguns, já que o único título do alviverde de Caxias fora justamente contra o Colorado, além de que ele eliminara o Grêmio nas quartas-de-final), dera uma surra inesquecível por 8 a 1, em que até o goleiro Clemer fizera gol, e que, brincadeiras a parte, poderia ser 9 a 0 (já que o gol do Juventude fora gol contra de Índio).

No 1º jogo do campeonato brasileiro, uma quebra de tabu: vencera, o que não acontecia em estréias desse torneio há 10 anos! Depois desse feito de uma década, o Colorado amargou um jejum de 5 rodadas sem vencer, o que o levou a anti-penúltima posição.

Já na copa do Brasil, era por muitos (inclusive por mim) o favorito ao caneco: chegou as oitavas-de-final jogando apenas 2 jogos (já que eliminara Nacional de Patos da Paraíba e Chapecoense de Santa Catarina logo no jogo de ida). Contra o Paraná clube, perdera na ida por 2 a 0 e começara perdendo na Beira-Rio (o que significava que era preciso fazer no mínimo 4 gols naquela partida para se classificar). E o que aconteceu? O Inter não fizera 4 gols: fizera 5! 5 a 1, numa partida que o levara para as quartas-de-final, onde seria eliminado pelo Sport Recife (o futuro campeão daquele torneio), mas que seus feitos naquela competição jamais poderão ser apagados!

A temporada ia andando, na medida em que 3 contratações foram feitas: D’Alessandro, Gustavo Nery e Daniel Carvalho se juntariam a Alex (artilheiro do gauchão e em minha opinião o melhor jogador do campeonato brasileiro 2008), Nilmar (que voltara no início do ano ao clube que lhe revelou) e Índio (único remanescente titular da maior conquista do clube, o mundial de 2006). Com um forte time, terminou em 6º lugar do campeonato brasileiro (duas posições da zona da libertadores, embora haja 10 pontos de distância do 5º colocado Flamengo) e faturara um título inédito para o futebol brasileiro: a copa sul-americana! Passara pelo rival Grêmio e pela Universidad Católica apenas com empates (que o classificaram pelo maior número de gols fora de casa), mas contra o temível Boca Juniors (que o eliminara dessa competição nas duas últimas vezes que a disputou: 2004 e 2005) vencera bem por 2 a 0 em casa e também vencera fora! Sem perder o costume de vencer, suas 3 partidas seguintes também foram vitórias: na ida e volta das semifinais contra o Chivas do México e na ida, fora de casa, contra o Estudiantes da Argentina. O Inter estava com a faca e o queijo na mão para ser campeão invicto da competição (assim como fora campeão brasileiro em 79 e gaúcho por 12 vezes) , mas perdera no tempo normal, porém, na prorrogação, gol antológico e chorado de Nilmar lhe dera o título que lhe garantirá, nesse ano de 2009, a possibilidade de disputar a recopa sul-americana contra a LDU do Equador (campeão das Libertadores 2008).

Tudo que um time brasileiro pode disputar nos dias de hoje o Inter já ganhou: estadual (é o recordista de títulos gaúchos, 38 vezes, 3 a mais que o Grêmio), brasileiro (por 3 vezes, sendo 75 seu primeiro título, em 76 a melhor campanha de todos os tempos na competição - 84,1% de aproveitamento - e em 79 o segundo melhor aproveitamento na competição - 79,7% - e único invicto até hoje), copa do Brasil de 1992, Libertadores e mundial de 2006, Recopa sul-americana de 2007 e copa sul-americana de 2008. Por muito tempo os colorados foram ironizados pelo rival, que tem 2 libertadores e 1 mundial e o Inter até 2006 não tinha títulos Internacionais (o que para os gremistas não justificava ter o nome que tem). O Inter chegara numa final de libertadores primeiro que o Grêmio, em 1980, e demorara 26 para concretizar seu sonho maior. Enquanto isso, os colorados esperaram tristes? De jeito nenhum: continuou sendo celeiro de grandes jogadores, mantendo a liderança em número de títulos estaduais, acreditando sempre no sonho maior sem deixar de ser feliz com o que se tinha no momento, e hoje, com muitos sonhos realizados (e muitos ainda que virão), pode-se orgulhar de gritar bem alto: foram os 100 anos muito bem vividos!