sábado, 4 de abril de 2009

Correm os anos, e surge o amanhã, radioso de luz!

100 anos de Sport Club Internacional! Nem todo centenário leva tantos motivos para comemorar, mas o Colorado mostrou e mostra até hoje que uma história bem escrita nos dias de hoje é a melhor forma de guardar tudo de bom que foi feito no passado.
 Hino - Hino do Internacional


Para se orgulhar de algo, não está em jogo apenas causas e motivos: o orgulho vem do que se é de fato, nem mais nem menos, simplesmente, seu passado e seu presente, já que o futuro 'não existe', ainda será desenhado, embora o alvirrubro gaúcho saiba muito bem como construir o amanhã. Exemplo de organização, disputou todas as edições de campeonato brasileiro até agora, continua revelando talentos (Alexandre Pato é a mais nova promessa do futebol brasileiro) e plantar o bem hoje leva a colheita de bons frutos, sejam títulos, mais torcedores, futuros craques revelados na Beira-Rio (seu estádio)...

Nem todo exemplo vem das glórias: há equipes bem administradas que não conseguem se quer chegar a elite do futebol estadual. A simplicidade e falta de conhecimento de algumas direções de time de futebol pelo Brasil podem não levar ao estrelato, mas tampouco ao menosprezo, pois não há espaço para todos. O que é inadmissível é que clubes grandes, em glórias passadas e número de torcedores, passem por crises, pois estas são fruto de corrupção interna, e não da 'falta de potência em erguer uma instituição', logo, por mais que eu torça pelo crescimento dos emergentes, acho muito triste ver o Vasco e o Bahia na situação atual. E na contramão desses exemplos, está o Internacional, cujo respeito dos torcedores pela sua administração é tão grande que o ex-presidente Fernando Carvalho tem um bandeirão em sua homenagem, visto das arquibancadas pelos torcedores. A gratidão é a memória do coração, e os colorados demonstram todo esse amor pelo empenho que se transformou nos seus maiores títulos da história (e todos eles recentes), que foram a Libertadores e mundial em 2006, a Recopa sul-americana em 2007 e, ja não mais no comando de Fernando, a copa sul-americana em 2008.


Crises são normais: após tamanha euforia devido ao inédito título mundial em 2006, 2007 não fora um bom ano para o Colorado. Eliminado na 1ª fase do campeonato gaúcho e libertadores (no caso da competição continental, isso não acontecia desde que o campeão da edição anterior tinha vaga para o próximo ano), a equipe começou péssima no campeonato brasileiro, tendo amargurando por um bom tempo a lanterna. Para completar, perdeu o jogo de ida da Recopa, fora de casa contra o Pachuca. De repente, o que se 'construía' naquele momento era a decadência, a ida ao fundo do poço. Porém, nem sempre o presente dá todas as pistas sobre o futuro, e o Inter mostrou toda a sua garra para mudar seu destino com novas ações, pois mesmo não fazendo um 'ano brilhante' como aconteceu em 2006 (em que dos 4 torneios que disputou, ficou entre os 2 primeiros em todos, sendo campeão da libertadores e mundial), pelo menos poderia honrar a camisa vermelha e plantar coisas boas para 2008. E foi isso que aconteceu: o jogo de volta culminou no inédito título para o gigante da Beira-Rio, e no campeonato brasileiro a recuperação foi tão bonita que o levou, além de sair da zona de rebaixamento, a conseguir uma vaga na copa sul-americana (a melhor colheita que ele poderia ter em 2008, e só saberia isso mais tarde, pois nem sempre sabemos do resultado das nossas plantações).

2008, embora não tenha sido tão bom quanto 2006, fora sem dúvida inesquecível (em minha opinião, os anos mais inesquecíveis do Internacional nesses 100 anos de história foram 76, 79, 2006 e 2008). Em janeiro, a equipe foi a Dubai, nos Emirados Árabes, para disputar um torneio pequeno de apenas 2 jogos: semifinal e final. Nas semi, o clube brasileiro desbancou o Stuttgart da Alemanha, enquanto seu 'xará italiano', a Internazionale, eliminou o Ajax (aquele mesmo, que venceu seu rival Grêmio no mundial de 1995). Os 'interes' se enfrentaram numa final valendo 1 milhão de dólares! Se a falta de tradição desse torneio (ja que era a 1ª edição) não motivava tanto, o dinheiro no caixa era motivo suficiente para buscar a vitória e ajudar as finanças na temporada, e assim o Colorado mais uma vez mostrou para os europeus o porque é preciso respeitar o futebol brasileiro: 2 a 1, com direito a gol de bicicleta de Nilmar!


Antes de voltar ao Brasil, venceu um amistoso em Abu Dhabi (capital dos Emirados Árabes) contra o Al Jazira (clube em que futuramente iriam Rafael Sóbis e o técnico Abel Braga - estão lá até hoje). Na estréia do campeonato gaúcho daquele ano, mais uma vez teria de enfrentar outro Inter, dessa vez, o Internacional de Santa Maria.


Está certo que o jogo dera empate, mas ao longo da competição, nem se quer houve Gre-nal (duelo entre Grêmio e Internacional, o mais clássico do Rio Grande do Sul): o Inter chegou a final contra o Juventude, e, embora perdera o jogo de ida por 1 a 0 (para o desespero de alguns, já que o único título do alviverde de Caxias fora justamente contra o Colorado, além de que ele eliminara o Grêmio nas quartas-de-final), dera uma surra inesquecível por 8 a 1, em que até o goleiro Clemer fizera gol, e que, brincadeiras a parte, poderia ser 9 a 0 (já que o gol do Juventude fora gol contra de Índio).

No 1º jogo do campeonato brasileiro, uma quebra de tabu: vencera, o que não acontecia em estréias desse torneio há 10 anos! Depois desse feito de uma década, o Colorado amargou um jejum de 5 rodadas sem vencer, o que o levou a anti-penúltima posição.

Já na copa do Brasil, era por muitos (inclusive por mim) o favorito ao caneco: chegou as oitavas-de-final jogando apenas 2 jogos (já que eliminara Nacional de Patos da Paraíba e Chapecoense de Santa Catarina logo no jogo de ida). Contra o Paraná clube, perdera na ida por 2 a 0 e começara perdendo na Beira-Rio (o que significava que era preciso fazer no mínimo 4 gols naquela partida para se classificar). E o que aconteceu? O Inter não fizera 4 gols: fizera 5! 5 a 1, numa partida que o levara para as quartas-de-final, onde seria eliminado pelo Sport Recife (o futuro campeão daquele torneio), mas que seus feitos naquela competição jamais poderão ser apagados!

A temporada ia andando, na medida em que 3 contratações foram feitas: D’Alessandro, Gustavo Nery e Daniel Carvalho se juntariam a Alex (artilheiro do gauchão e em minha opinião o melhor jogador do campeonato brasileiro 2008), Nilmar (que voltara no início do ano ao clube que lhe revelou) e Índio (único remanescente titular da maior conquista do clube, o mundial de 2006). Com um forte time, terminou em 6º lugar do campeonato brasileiro (duas posições da zona da libertadores, embora haja 10 pontos de distância do 5º colocado Flamengo) e faturara um título inédito para o futebol brasileiro: a copa sul-americana! Passara pelo rival Grêmio e pela Universidad Católica apenas com empates (que o classificaram pelo maior número de gols fora de casa), mas contra o temível Boca Juniors (que o eliminara dessa competição nas duas últimas vezes que a disputou: 2004 e 2005) vencera bem por 2 a 0 em casa e também vencera fora! Sem perder o costume de vencer, suas 3 partidas seguintes também foram vitórias: na ida e volta das semifinais contra o Chivas do México e na ida, fora de casa, contra o Estudiantes da Argentina. O Inter estava com a faca e o queijo na mão para ser campeão invicto da competição (assim como fora campeão brasileiro em 79 e gaúcho por 12 vezes) , mas perdera no tempo normal, porém, na prorrogação, gol antológico e chorado de Nilmar lhe dera o título que lhe garantirá, nesse ano de 2009, a possibilidade de disputar a recopa sul-americana contra a LDU do Equador (campeão das Libertadores 2008).

Tudo que um time brasileiro pode disputar nos dias de hoje o Inter já ganhou: estadual (é o recordista de títulos gaúchos, 38 vezes, 3 a mais que o Grêmio), brasileiro (por 3 vezes, sendo 75 seu primeiro título, em 76 a melhor campanha de todos os tempos na competição - 84,1% de aproveitamento - e em 79 o segundo melhor aproveitamento na competição - 79,7% - e único invicto até hoje), copa do Brasil de 1992, Libertadores e mundial de 2006, Recopa sul-americana de 2007 e copa sul-americana de 2008. Por muito tempo os colorados foram ironizados pelo rival, que tem 2 libertadores e 1 mundial e o Inter até 2006 não tinha títulos Internacionais (o que para os gremistas não justificava ter o nome que tem). O Inter chegara numa final de libertadores primeiro que o Grêmio, em 1980, e demorara 26 para concretizar seu sonho maior. Enquanto isso, os colorados esperaram tristes? De jeito nenhum: continuou sendo celeiro de grandes jogadores, mantendo a liderança em número de títulos estaduais, acreditando sempre no sonho maior sem deixar de ser feliz com o que se tinha no momento, e hoje, com muitos sonhos realizados (e muitos ainda que virão), pode-se orgulhar de gritar bem alto: foram os 100 anos muito bem vividos!

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