domingo, 19 de abril de 2009

Dia do índio

O que se comemora no dia do índio? Talvez esse seja o único dia dos 365 do ano em que se pensa sobre os antigos donos desta terra, ou não, afinal, quantas pessoas lembravam que hoje era o dia deles?
Como tantas minorias tem o seu dia, com os nativos sul-americanos não poderia ser diferente: o dia da consciência negra é 20 de novembro (não por ser data de abolição da escravatura, que é 13 de maio e até certo tempo era comemorado pelos negros, até se chegar à conclusão de que, por ter sido realizada pela princesa Isabel, uma branca, quebrava a coerência, e assim passou a ter o dia da morte de Zumbi dos Palmares) o dia das mulheres (8 de março, em homenagem a operárias assassinadas em Nova Iorque por pedirem melhores condições de trabalho), o dia do orgulho gay (que é marcado no dia da passeata que tem reivindicações e festa em várias cidades, em dias diferentes) e por fim, o dia do índio, 19 de abril, data criada em 1940 por Getúlio Vargas (o 'pai dos pobres'), já que nesse dia acontecia no México o primeiro congresso indigenista interamericano.
O que se passa na vida do índio após um dia de homenagens? Gostaria de entrevistar um índio e questioná-lo sobre a importância dessa data. Está certo que hoje nem todos os nativos vivem isolados: há os que vivam em grandes cidades e estudem em prol de suas aldeias, ou quem sabe, até as esquecem, e esquece-se de suas origens muitas vezes por vergonha, e isso sim tem de ser trabalhado: pertencer à etnia pioneira desse continente tem que ser motivo de orgulho! Se deixar seduzir pelas convenções que tanto buscam enquadrar todas as pessoas a seguirem os mesmos caminhos é jogar a toalha, é optar pelo 'caminho mais fácil, porém, mais covarde'. Ser índio não é só ter a pele mais escura: é muito mais que um conceito racial, é um conceito 'étnico-ideológico', e envolve uma série de princípios, defendidos com unhas e dentes por quem não teve pólvora para lutar de igual para igual, e quem, mesmo vendo suas raízes perdendo espaço, continuam a bater o pé firme, a rejeitar remédios alopáticos, a não consumir tanto em prol de uma indústria que faz o ciclo do universo continuar na superficialidade. É difícil reconhecer um índio hoje, talvez eu nunca tenha visto um 'de verdade' (mesmo tendo visitado a Amazônia há 6 anos), mas ser índio tampouco é se isolar: é viver em sociedade sem precisar usar terno e gravata para ser ouvido, é passar suas idéias adiante e não deixar que as idéias de sempre comandem nossas mentes, tão acostumadas a excluir, tão egoístas para achar que estamos certos.

Um comentário:

dora disse...

é isso aí,de um modo geral esquecemos a importância de alguns ensinamentos dos indígenas que devem ser preservados como a medicina indígena e sua espiritualidade, como pode ser bem exemplificada pelo indio Kaká Werá, que é terapeuta e pahi e realiza seu trabalho no Brasil e no exterior, difundindo os valores que realmente edificam um ser...
beijos