quarta-feira, 22 de abril de 2009

Liberte a informação!

O jornalismo é parcial. Todos os estudantes de comunicação deveriam estar bem cientes disso, e não como parte de uma regra fria imposta como cálculos, e sim como resultado de debates que levariam reflexões, e o resultado não poderia ser outro, a não ser a conclusão de que as notícias são manipuladas no seu formato e publicação.

Tudo já começa pela capa: nela, estarão os principais fatos de 'interesse público'. Para começar, o contexto de 'maioria' não pode ser aplicado para definir o que é mais importante de ser visto: importância é relativa, e a idéia de 'democracia' na qual 'o que a maioria julgar acreditar mais importante de fato é' exclui quem julga acreditar o contrário, e para mim, a idéia de democracia visa atingir a todos, e não a maioria. Por exemplo: porque a reunião da cúpula do G-8 toma a frente de tantos jornais, se aqui no Brasil grupos sindicalistas podem estar organizando uma greve super-impactante nos interesses locais? Aí está à controversa: talvez não seja interessante mostrar a reunião dos sindicalistas, já que, ganhando mais evidência, isso pode cair como uma bomba no colo dos anunciantes que financiam tais jornais, e estes precisam do dinheiro das propagandas (afinal, o dinheiro da compra nas bancas não é nem de longe sua maior fatia ganha), logo, como essa verdade não pode ser dita, omitem-se fatos (julgando que as omissões simplesmente 'perdem espaço para o que é mais importante') e evitam-se desordens.

Utopicamente, todo fato deveria ser publicado, não importa se não seja de relevante na mente dos jornalistas que fazem esse jornal: se for importante para algum leitor, já será o bastante. Mas o que fazer com as capas? Talvez, reconhecer que a estética da capa visa ganhar o leitor dê uma boa dose de consciência: num mundo tão competitivo, manchetes bombásticas, ineditismos e promessas de grandes matérias adentro são as armas na guerra da informação. Os punks defendiam a livre informação e uma revisão de conceitos sobre a sociedade de consumo, logo, isso significa a ausência de omissões e o fim da guerra contra um produto que deveria nos alimentar, mas que hoje tem nos causado fome (a informação). Logo, como seria o jornalismo por uma ótica punk?

Creio que todas as faculdades de comunicação devem ensinar as mesmas coisas que a minha ensinam: artifícios para definir o grau de importância da notícia, técnicas para prender o leitor, treinamento de olhar crítico. Tudo isso que me ensinam tem uma finalidade: ganhar dinheiro. Mas é só dinheiro o que eu quero ganhar? Eu sei que eu não vou conseguir mudar o mundo mais do que ninguém que por aqui passou nos mais de três mil anos de civilização (talvez as maiores alterações tenham sido feitas por Jesus Cristo, que morreu crucificado e de quebra sofrido distorções sobre seus princípios, que em hora nenhuma pediu a criação de uma religião com o seu nome), mas não quero seguir essas ordens medíocres que estão me empurrando, quero fazer diferente, quero inventar, não quero ser escravo de processos com fins puramente políticos e financeiros.

Eu sei que a anarquia parece distante do senso de realidade que sempre criei, e que apagar boa parte do passado e reconstruir tudo a partir de agora por um lado nos levaria a um novo lugar, mas por outro, não traria de volta alguns valores que gosto tanto e quero manter, e como diria na música de Cidade Negra: "Amor, Estamos atravessando, O milênio,O novo tempo está chegando [...]A inocência, o respeito, A alegria de estar sério, O bom humor e sentimento, Nós vamos levar [...]". Que a informação se liberte, que novas formas de informar sejam pensadas, que as faculdades sejam flexíveis, e que continue não existindo consenso para várias coisas: mentes não são obrigadas a concordar, pois o maior medo que tenho do mundo é a padronização.
 Cidade Negra - A cor do Sol

Um comentário:

dora disse...

Realmente muito importante termos consciência de que nem tudo que nos é ensinado merece ser posto em prática e mais importante ainda é termos a consciência que com os devidos filtros ligados podemos mudar alguma coisa, nem que sejam pequenas coisas, que somadas com tantas pessoas que fazem"pequenas coisas", tornam-se relevantes. O importante é termos atitude e lutarmos pelo que acreditamos!
beijos