quarta-feira, 10 de junho de 2009

Recife abre os braços para a seleção

A história da capital pernambucana com a seleção brasileira é projetada pela mídia como magnífica, ao contrário da relação com Salvador. Está certo que os nativos da Veneza brasileira ao longo do tempo souberam acolher bem a equipe canarinha, seja na copa América de 89, com grande festa na semifinal, ou nos preparativos para a copa do mundo de 94, onde em plena época de crise nossa seleção se preparou lá e ganhou uma injeção de ânimo importante para a competição na qual se sagraria campeã (foi em Recife que nasceu o gesto marcante de entrar de mãos dadas em campo, coibido pela Fifa no início do século XXI ao exigir que os titulares entrem em campo de mãos dadas com criança, padronizando as entradas e não permitindo dessa forma um gesto tão bonito).

Não contesto a festa pernambucana, mas me incomoda ver minha cidade como 'vilã'. Se Salvador vaiou a seleção brasileira em 89, teve motivos: fomos vítimas da estratagema do então técnico Sebastião Lazaroni, que, ao notar que o público não ia lotar o estádio caso Charles (atacante do então campeão brasileiro, o Bahia) não fosse convocado. Depois de convocado, os baianos compraram os ingressos e após todos vendidos, Lazaroni 'desconvocou' Charles, irritando os baianos e fazendo-os queimarem e rasgarem ingressos na frente de câmeras de tv, e, o público que marcou presença vaiou a seleção. Certo ou errado, exageros a parte foram atiçados especialmente por Raimundo Varela, o 'comunicador das massas e manipulador das mentes fracas'. Salvador 'se queimou' com a CBF e hoje, mesmo 20 anos depois, recebemos pouquíssimos jogos da seleção. Somos comparados a Recife, somos o maior exemplo de 'como não se deve receber a seleção de seu país'. E esquecem que foi no Morumbi, em São Paulo, que bandeiras de plástico do Brasil foram arremçadas em direção ao campo durante um jogo de fraco desempenho contra o Equador em 2000. Portanto, parabéns a Recife, que façam uma grande festa hoje, mas que não a comparem com Salvador, tamanha distinção dos fatos.

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