Provavelmente você ja ouviu a frase 'contra fatos não há argumentos'. Fatos são dados em números, estatísticas, letras frias que jamais nos levarão a sensação de realidade do acontecimento. Uma manchete como 'Morrem 100 civis num ataque terrorista na Faixa de Gaza' jamais conseguirá chegar perto da dor de tantas famílias que tanto sofrem e sofrerão com estas perdas, quantas rotinas irão mudar, quantas cabeças quebraram sua ordem pré-estabelecida para tentar driblar o sofrimento com algo que não estava em seus planos.
Tudo que sabemos é que a morte simultânea e num espaço pequeno de 100 pessoas é muito: sabemos que todos os dias morrem muitas pessoas no mundo, mas 100, num raio de distância inferior a 1 km, causada por uma só ação, aterroriza, mas não tanto para o espectador que ao se informar sobre o fato deixar de continuar sua vida normal (afinal, se nos chocássemos com cada situação semelhante, viveríamos apenas do sofrimento dos outros), e a tv censura a exposição das imagens, amenizando cenas de carnificina.
Mas como podemos 'descobrir' algo com os números, se eles foram passados antes por outras pessoas e, sem tantos segredos na sua forma exata, outras pessoas poderiam decodificá-los antes? A resposta é a forma com que se usa os números: por exemplo, se dados mostram investimento altíssimo numa equipe de futebol e nas próximas temporadas ela conquista mais títulos do que antes, isso significa que o faturamento desses troféus foi fruto de uma ação, ilustrada em números, mas que nem todos conseguem associar tal crescimento com o outro. É possível ver nos números múltiplas interpretações, acabando com a tese de que a 'matemática é inflexível': podemos 'brincar com ela', dá-la nosso formato, fazer o que quisermos, ir experimentando novas formas de raciocínio, e isso é criatividade, derivado da palavra 'criar'.
O que difere profundidade e superficialidade não é o fato, e sim a interpretação que damos dele: a manchete 'Morrem 100 civis num ataque terrorista na Faixa de Gaza' é um dado superficial de algo que terá maiores descrições nos textos, e mais do que isso: nos textos dos inúmeros jornais que tiverem essa notícia com diferentes visões e aprofundamentos, e ainda mais, será impossível abranger toda a profundidade de qualquer coisa, pois sempre terá algo mais para se falar sobre, cada cabeça em cada lugar terá sua visão, etnocêntrica ou relativista, conservadora ou liberal, distante ou próxima do fato, e quem mais se abre ao mundo é quem nunca está satisfeito com o superficial, mesmo sabendo que será impossível alcançar toda a profundidade de um fato: enquanto a sede de informação for grande, haverá o que se obter de novo.
Ja algo caracterizado como 'superficial' pode se aprofundar mais do que o esperado para muita gente: uma simples anedota pode ganhar uma profundidade Skaksperiana se principalmente se usar criatividade para isso. Fatos banais com toques de literatura ou crônica viram obras de arte, e artifícios nos tiram da realidade (algo que o jornalismo não gosta), mas nos enche de curiosidade, afinal, nem sempre há espaço para criar (infelizmente temos que ser 'sisudos' em ocasiões que temos de ser compreendidos por uma maioria, e a arte muitas vezes não consegue ser tão popular), e nos levam para essa busca pelo algo mais além dos fatos, tão frios e sisudos, que com uma ótica diferente pode se 'distorcer' (no bom sentido) e fazer a notícia não ser tão exata como o que pensavam que era a matemática, que a depender da sua visão, pode se tornar tão humana quanto.
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