quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

'Previsões' para a Copa 2010

Havia tempos em que eu gastava muitas folhas de caderno fazendo uma simulação de como será a Copa. Por exemplo, baseado na tabela do torneio, independente de disputar bolão ou não, eu gostava de imaginar como será a Copa. Em excesso, essas tais 'tentativas de previsão' são perda de tempo, até porque você não tem nenum controle sobre nada, não é a 'força dos seus pensamentos' que fará algo acontecer, e mesmo se pudesse, o gostoso mesmo é ficar na surpresa sem o poder de decidir sobre o destino das partidas. Mas como eu vi um simulador da Copa num site, não resisti e fiz o caminho que eu imagino que essa Copa terá, com direito a zebras que poderiam ter 'direitos autorais'.

Vou escrever como eu acho que será a Copa de 2010, e veremos aonde eu quebrarei a cara e aonde eu acertarei. Lembrando: futebol é um jogo onde ninguém tem poder ou controle sobre o que acontece nos gramados, logo, ser 'especialista' não garante tanta exatidão nos resultados como em outros assuntos, como previsão de conclusão de obras ou desenvolvimento econômico de um bairro.

A África do Sul entrará para a história como o país-sede de pior campanha na história das Copas: com apenas um ponto somado (no empate contra o Uruguai) os bafana-bafana serão presa fácil para México e França. A França se classificará em 1º lugar apesar do susto com a derrota para o Uruguai na estréia, e os uruguaios conseguirão a outra vaga graças a empate heróico contra o México.

No grupo B, a Argentina passará como um rolo compressor, vencendo todas as partidas, marcando 10 gols e não levando nenhum. A Coréia do Sul será o grande saco de pancadas, perdendo todas as partidas, e a 2ª vaga ficará com a Nigéria, apenas na última rodada.

Um velho fantasma reaparecerá em frente àos comandados da Rainha: os americanos vencerão sua antiga metrópole pelo mesmo placar de 60 anos atrás (na Copa no Brasil, em 1950, gol do haitiano Gaetjens), 1 a 0, com também gol de imigrante (do brasileiríssimo Feihaber). A Eslovênia estava garantindo o 1º lugar até a última rodada, quando valeu a tradição do 'english team', que terminarão em primeiro lugar do grupo graças a vitória apertada sobre os eslovenos, e assim os americanos ficarão com a 2ª colocação, mesmo com empate contra a Argélia.

A tradicional Alemanha disputará na última rodada a 1ª colocação do grupo D contra Gana, e vencerá, ja a Holanda vencerá todas as partidas no grupo E e Dinamarca e Japão disputarão a 2ª colocação na última partida, melhor para os nórdicos.

Para variar, a Itália correrá risco de ser eliminada na 1ª fase, mas na última rodada conseguirá a vaga (foi assim nas últimas quatro Copas do Mundo, onde a Itália não conseguiu emplacar 100% de aproveitamento nas primeiras duas rodadas do torneio). Os paraguaios ficarão com a 1ª colocação com dois empates e uma vitória (sobre a fraca Nova Zelândia). Com o mesmo número de pontos do líder, a Itália e Eslováquia farão o grupo F ser o mais dramático da Copa: os italianos empatarão na última rodada em 0 a 0 com a Eslováquia, com direito a expulsões, bolas na trave e até pênaltis perdidos dos dois lados!

Com três vitórias 'decrescentes' ào longo dos jogos, o Brasil dará 3 a 0 na Coréia do Norte, 2 a 0 na Costa do Marfim e 1 a 0 em Portugal. Costa do Marfim perderá o jogo chave para a sua classificação logo na 1ª rodada, quando jogou melhor que Portugal mas levou um gol nos acréscimos (em caso de empate, os marfinenses teriam conseguido a 2ª vaga). A Coréia do Norte voltará para casa com um pontinho, no empate contra Portugal.

A Espanha, como se previa, ficará com a 1ª colocação do seu grupo, com 7 pontos (empatará com a surpreendente Honduras). Chile e Suíça terminarão com 4 pontos, mas os sul-americanos ficarão com a vaga graças ao saldo de gols (um a mais).

Oito europeus, cinco sul-americanos, dois africanos e um norte-americano disputarão as oitavas-de-final, com direito a quatro confrontos continentais (Argentina x Uruguai, Holanda x Itália, Brasil x Chile e Espanha e Portugal). Os dois africanos vencerão e se enfrentarão pelas quartas! 'Dois coelhos serão matados numa paulada só': pela primeira vez haverá um confronto africano na história das Copas do Mundo (Nigéria, que eliminará a França, e Gana, que eliminará a Inglaterra) e pela primeira vez uma seleção africana irá para uma semi-final do torneio! A Alemanha passará sem dificuldades pelos Estados Unidos e a Argentina conseguirá vaga contra os rivais uruguaios no melhor jogo dessa Copa: um 4 a 4 no tempo normal e disputa de pênaltis prolongada até a 7ª cobrança, com direito a 2 expulsões, uma para cada lado, durante o jogo.

Mesmo com os seus dramas, a Itália nunca deixa de ser forte, e vencerá a Holanda, que era apontada como uma das favoritas à vencer o torneio. O Brasil vencerá o Chile sem tantas dificuldades, o Paraguai pasará pela Dinamarca e pela primeira vez em sua história jogará uma quarta-de-final, e no confronto hibérico, melhor para Portugal num jogaço em que com dois gols de Cristiano Ronaldo, nossos Patrícios vencerão os espanhóis por 3 a 2.

Contra a Itália nas quartas-de-final, o Brasil só marcará o gol da classificação faltando 10 minutos para o fim do jogo, chute de fora da área de Kaka, surpreendendo a todos, inclusive o câmera, que não esperava pelo chute 'no meio da rua'. Gana vencerá Nigéria no jogo de maior vibração entre a torcida: o sonho de ver a África nas semi-finais será celebrado pelas barulhentas vuvuzelas que tocarão mais alto do que nunca. A Argentina se vingará da Alemanha com estilo, no 2º jogo de sua campanha que tinha perfil de final de Copa do Mundo (o 1º foi contra o Uruguai): um 4 a 1 que deixará os germânicos envergonhados. O Paraguai conseguirá a classificação nos pênaltis contra Portugal, e quem cobrará o pênalti da classificação guarani será ninguém menos que Cabañas, que atualmente se recupera de um tiro que tomou na cabeça, mas que eu ainda acredito que poderá se recuperar a tempo do mundial, mesmo atualmente correndo risco de vida (será uma história linda de superação).

Sem levar gols até as semi-finais (igualando o recorde de invencibilade de Valter Zenga, da Itália em 1990) será contra Gana o jogo em que Júlio César mais trabalhará nessa Copa. O Brasil vencerá por 2 a 0, os dois gols marcados nos últimos 15 minutos de jogo, e o ataque de apenas 12 gols marcados e nenhum sofrido enfrentará na finalíssima a sensação do torneio, a Argentina, com 22 gols marcados (10 apenas na 1ª fase) e 5 gols sofridos (4 deles apenas contra o Uruguai, no empate elástico por 4 a 4 que levou à disputa por pênaltis). O tempero da Copa será a Argentina, responsável pela eliminação de dois vizinhos (Uruguai nas oitavas e Paraguai nas semi) e que não ve a hora de vencer o Brasil na partida que prometerá ser a mais quente da história dos mundiais!

Pela 1ª vez na história das Copas não haverá um europeu se quer nas semi-finais. Nunca antes uma copa contou com três sul-americanos nas semi-finais, e Gana
chegará às semi-finais, se sobrepondo ào continente asiático, que tinha como maior vantagem sore a África o fato de ter visto a Coréia do Sul chegar às semi-finais do mundial de 2002.

Sem levar gols, a equipe brasileira começará tímida na finalíssima: a Argentina buscará o ataque enquanto a nossa seleção tentará manter a posse de bola. De tão 'calculista', a decisão parecerá um 'jogo de xadrez', onde um único erro poderá decidir a partida. Àos poucos, a Argentina também se retrairá, ambas esperarão pelo erro do adversário, e a partida terminará em 0 a 0, a prorrogação não resolverá nada, e o título será decidido nos pênaltis. Após as quatro primeiras rodadas, todas as cobranças serão convertidas, mas Messi, assim como na final da Liga dos Campeões, não conseguirá marcar o gol de pênalti contra Júlio César, e na rodada seguinte, Lúcio converterá e fará do Brasil seis vezes campeão mundial.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A atmosfera de cada torcida

No Brasil e em outros dois países que visitei recentemente, Espanha e Itália, a população em geral 'respira futebol'. A imprensa dessas nações dedicam muita energia nas notícias sobre o mundo da bola, e certamente em época de Copa quem não estará em frente a uma tv no momento do jogo de sua seleção é excessão: até quem não é fã de futebol se rende ào momento mágico que é a Copa do Mundo, mobilizando o planeta com as suas imagens transmitidas por centenas de cadeias de tv.

Porém, as atmosferas variam muito em outros lugares do globo, e nem todos se dedicam tanto ào futebol da mesma forma que brasileiros, espanhóis e italianos. Em 1994, os Estados Unidos sediaram o mundial, e no dia da estréia, o canal de esportes nacional preferiu transmitir um jogo de golf! Nem todos os americanos estavam cientes do grande evento que estavam recebendo, e se quer conheciam os seus jogadores: os esportes nacionais são baseball, futebol da NFL (parecido com o Rugby) e basquete.

O Irã foi à copa de 1978, mas no ano seguinte, com a Revoulção Islâmica, o futebol desapareceu no país por quase 10 anos: o regime dos Aiatolás proibia o futebol, que desviava a atenção dos jovens, que deveriam priorizar pela religião.

O exemplo mais chocante de atmosfera em Copas do Mundo é a Coréia do Norte: esse exolado país tem apenas três canais de tv, todos estatais, e nenhum deles transmitirá os jogos da Copa ao vivo. O presidente King Yong-il vai censurar as derrotas do país na Copa, e os norte-coreanos só poderão ver os melhores momentos dos jogos em que o país vencer (e se vencer). Ou seja, enquanto nós brasileiros estivermos bebendo e confraternizando com pessoas queridas em frente à tv, o adversário do primeiro jogo da nossa seleção (15 de junho, às 15h30) não terá ninguém apoiando-os: a expectativa dos jogadores é vencer para poder mostrar para os seus conterrâneos apenas os sucessos, pois em caso de fracasso, não aparecerão. Esconder os defeitos e filtrar o que na íntegra pode não ser tão bom: essa é a postura dos governantes do primeiro adversário do Brasil. Caso semelhante ja ocorreu com outro adversário da nossa seleção, em 1974: a seleção do Zaire, que ganhou premiações do governo após conseguir vaga para o Mundial, teve tudo confiscado após os maus resultados durante o torneio e de quebra receberam ameaça de morte do então ditador Mobutu Sese Seko (a condição era não perder por mais de 4 gols na última partida, contra o Brasil; Felizmente, vencemos por apenas 3 a 0)

O mundo da bola é realmente muito democrático, até porque nem só de 'democracias' vivem o mundo: a diversidade vai das mais diversas formas de governo existentes no planeta. Viva a diversidade? Bom, nada como uma aula de antropologia para refletir se devemos julgar os outros com o nosso olhar etnocêntrico, mas enquanto isso, aí vão alguns vídeos sobre a Coréia do Norte (claro, sob os nossos 'olhares ocidentais').







Se o mundo não acabar antes...

A Copa de 2010 promete ser a mais quente de todos os tempos!

Não se trata do clima de inverno na África do Sul do meio do ano: as polêmicas parecem dar lugar à sensação de otimismo que as grandes seleções tinham antes de outros Mundiais. A Inglaterra contesta o seu capitão John Terry pelo seu caso extra-conjugal com a esposa de Bridge (seu ex-colega de Chelsea e Seleção), com alegações que 'um líder em campo acima de tudo tem de ser um líder moral'. A França irá a Copa graças a uma certa 'mão boba' de Henry, que conduziu a bola como um jogador de basquete e deu um passe para o gol da classificação da sua equipe na repescagem contra a Irlanda. O lance envolveu tanta polêmica que até se cogitou mudanças na regra do futebol! Se pensou em uso da tecnologia a longo prazo e, para a Copa de 2010, haveriam dois árbitros a mais em campo, um atrás de cada gol. No final das contas, nada feito: a Copa do Mundo na África do Sul será realizada nos moldes tradicionais.

A Argentina tem o melhor jogador do Mundo, mas sua seleção principal não vence um mísero torneio à 17 anos! De lá para cá, apenas as seleções de base levantaram o caneco: foram dois títulos olímpicos, dois Pan-americanos, cinco mundiais sub-20, três Sul-americanos sub-20 e um Sul-Americano sub-17. Os argentinos continuam sendo ao lado dos uruguaios os maiores vencedores da Copa América, mas desde a útlima vez que conquistou o continente, em 1993, viu o rival Brasil faturar quatro vezes o torneio, em duas delas vencendo-a na final. Até onde a 'geração Messi' pode chegar? Com Maradona no comando, a classificação foi conquistada a duras penas e com direito a insultos do treinador argentino à imprensa de seu país, o que lhe custou dois meses de suspensão, sem poder exercer nada que tivesse haver com o futebol, inclusive ir ào sorteio da Copa em Dezembro.

O Paraguai está embalado e otimista para a Copa, mas o seu principal jogador, Cabañas, levou um tiro na cabeça num bar no México, e corre o risco de ter sequelas e não poder jogar mais profissionalmente. O Uruguai também só conseguiu a sua vaga enxarcando a camisa, e se quiser voltar àos velhos tempos, quando era uma potência no futebol, terá de passar pelo difícil grupo A, com a França no jogo de estréia, os fracos anfitriões Sul-Africanos e o respeitado México.

As seleções africanas estão em baixa: a vencedora do torneio continental foi o Egito, que não participará do mundial. Na primeira rodada da Copa das Nações Afrianas, nenhuma seleção que vai à Copa venceu, e com desempenhos ruins, o torneio ficou marcado mais pela tragédia ocorrida com a Seleção de Togo, que foi atacada por um grupo separatista do norte de Angola.

Espanha, Holanda e Brasil estão no hall das favoritas, mas nem por isso a situação é cômoda. A Espanha tem contra si o histórico em Copas do Mundo: jamais chegou a uma final de Copa do Mundo e não chega à uma semi-final à 60 anos! Na Copa das Confederações teve a oportunidade de testar as suas potencialidades, e surpreendeu a todos negativamente ao perder por 2 a 0 na semi-final para os Estados Unidos. Com tradição de 'chegarem como um dos favoritos e fracassarem no meio do caminho', os espanhóis terão um grupo aparentemente tranquilo, com Honduras, Chile e Suíça, mas o seu cruzamento logo nas oitavas de final pode ser com Costa do Marfim, Portugal ou Brasil!

O povo brasileiro custou a dar créditos ào técnico Dunga: o pior momento foi no primeiro semestre de 2008, quando uma sequência de três jogos quase o tira do comando, com direito a derrota inédita para a Venezuela em amistoso nos Estados Unidos e derrota para o Paraguai em Assunção e empate em casa contra a Argentina (que chegou a ter gol anulado) pelas eliminatórias. Foi com uma atmosfera de desconfiança que o mesmo Dunga treinou a seleção que foi a Pequim disputar os Jogos Olímpicos. Sem muito tempo de treino com aquele jovem grupo, a medalha de bronze não seria tão sofrível não fosse a humilhante derrota por 3 a 0 para a Argentina na semi-final e o fato de o título olímpico ser o único que falta para a Seleção Brasileira.

Sem marcar gols dentro de casa pelas Elimnatórias, o ano de 2008 ào menos teve um desfecho otimista com a vitória por 6 a 2 sobre Portugal no amistoso no Distrito Federal. Em 2009, a Seleção Brasileira fez o suficiente para merecer o peso de ser uma das seleções favoritas paa conquistar a Copa de 2010: venceu a atual campeã Itália duas vezes (embora a Itália constantemente entre em Copas com ares de desconfiança, até nas vezes em que venceu, e 2010 não será diferente), venceu a Copa das Confederações, venceu o Uruguai e Argentina fora de casa e terminou as Eliminatórias em primeiro lugar. Somado ào título da Copa América de 2007 sem a equipe completa (vencendo a Argentina completa por 3 a 0 na final) e de ter números favoráveis ào longo da era Dunga, há ingredientes suficientes para dificultar ainda mais a vida da Coréia do Norte na estréia, mas eu questiono: alguém sabe algo sobre a Coréia do Norte? Até que ponto é bom enfrentar uma seleção tão desconhecida? A exposição que os nossos astros se submetem é a nível global: todos sabem da má fase dos brasileiros nos seus clubes, a começar por Felipe Melo, titular e contestado, e Robinho, patrocinado pela Vivo (também patrocinadora da Seleção) e homem de 'confiança de Dunga', mas que causa desconfiança por ter sido reserva do Manchester City e por ter forçado a barra para voltar ào Brasil: até que ponto é melhor 'desisitir do desafio de tentar ser titular de uma equipe que joga contra os melhores do mundo' para vir ào Santos e não ter dificuldade para ser o maior astro da equipe? O grupo de Dunga parece ja estar fechado, e é realmente bom contar com jogadores que ào longo do tempo fizeram a credibiliade do seu trabalho ser o que é hoje, mas e se Ronaldinho Gaúcho, que teve tantas oportunidades nos últimos anos com Dunga (e não aproveitou) voltar a jogar com regularidade pelo Milan? Não se trata de fazer gols num clássico e jogar mal no outro (com direito a pênalti perdido): se Ronaldinho jogar muito realmente, quem sairá do grupo?

A Copa de 2006 contou com uma onda de otimismo muito forte em torno de Brasil e Inglaterra e essas largaram a competição logo nas quartas-de-final. Melhor que se questionem as equipes hoje para não contar com surpresas desagradáveis ào longo do torneio. Nenhuma Seleção está tão segura que vencerá a Copa, e esse Mundial pode ser o mais quente, com o anexo de todas as últimas polêmicas e mais as diversas suspresas que poderão vir daqui para frente. Muito cuidado com a Coréia do Norte!