terça-feira, 27 de setembro de 2011

A Seleção perdeu seu encanto

“Quem não sonhou ser um jogador de futebol?”, já indagava a banda mineira Skank, que transformou a música “Partida de Futebol” num hino dos apaixonados do esporte mais popular do planeta. O topo da carreira para um boleiro, sem dúvida, era jogar uma Copa do Mundo pela Seleção de seu país.

Mas as coisas têm mudado, a camisa canarinha não exerce o mesmo fascínio e não adianta culpar a nova geração de não ter amor à camisa. O povo brasileiro sente falta de ver seus jogadores de perto, já que a maioria dos jogos da Seleção têm sido realizados na Europa. Pra completar, o número de denúncias de corrupção contra Ricardo Teixeira tem repercutido ainda mais, embora não se tratem de novidades.

O presidente da CBF está há mais de 20 anos no poder e só pretende largar o osso após a Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. Teixeira está organizando o torneio e pretende usá-lo como plataforma política para se eleger presidente da Fifa em 2015. Para sua infelicidade, o mundial corre risco de não acontecer, já que, segundo o jornal carioca O Globo, a entidade máxima do futebol não está satisfeita com o andamento das coisas e a cláusula 7.7 do contrato determina que até o dia 1º de junho de 2012 o torneio pode ser retirado do Brasil sem pagamento de multa.

O reflexo de tanta cartolagem é o descrédito do brasileiro, que agora se concentra apenas no clube de coração. O bairrismo sempre foi uma marca da Espanha, onde os atletas preferiam defender o clube de coração do que “La Fúria”. A conquista da Copa de 2010 tem equilibrado as coisas, embora a rivalidade entre Barça x Real continue a mesma. Porém, se os espanhóis curtem mais sua seleção do que antes, nós, brasileiros, até torcemos contra o próprio patrimônio, basta reparar nas redes sociais.

O garoto que rejeitou a canarinha(na foto, duelo de fujões: Mário Fernandes x Jóbson)


O lateral-direito do Grêmio Mário Fernandes, 21 anos, foi o assunto do dia. Ao se negar a defender a Seleção Brasileira, faltando dois dias para a decisão do Superclássico das Américas, contra a Argentina, o atleta dividiu a opinião pública, entrando no trending topics do twitter e ganhando a hashtag #mariofernandesfacts. “Não aceitar a Seleção Brasileira é simbólico. Hoje, todo mundo prefere assistir seu time do que ver jogo da Seleção”, escreveu o usuário @futebol_pontual. Já o repórter da Rádio Guaíba Ígor Póvoa escreveu na sua conta “O que mais me impressiona é que a vida do Mário segue adiante, sempre. Ele não tem dimensão do que tá perdendo. E do prejuízo ao Grêmio.”

Em 2009, o jogador protagonizou outro episódio inusitado, quando passou três dias desaparecido após realizar apenas um treino no Grêmio. Vindo do São Caetano, o atleta alegou que o clube paulista havia prometido que ele seria emprestado. Porém, ele descobriu que estava contratado por cinco temporadas pelo time de Porto Alegre. Revoltado, ele voltou para São Paulo, alegou estar em depressão e pensou em abandonar o futebol, mas acabou voltando ao Grêmio.

No caso de hoje, se especulou um boicote à CBF, mas o empresário do jogador, Jorge Machado, disse que seu cliente não é idealista, apenas não gosta de mudar de ambiente e vive um momento maravilhoso no Grêmio. Tal declaração não foi suficiente para abafar os boatos. “Mário Fernandes não é gaúcho, mas também já está com o pensamento separatista em relação ao Brazil. Mandou bem guri...”, declarou @RafaelVGremista. Os colorados, por sua vez, disseram que o gremista desistiu após saber que três atletas do Internacional foram chamados para defender a Argentina no clássico. “Após ver a convocação do Guiñazu, D`Alessandro e Bolatti na seleção Argentina, Mário Fernandes amarelou”, brincou o @twinter_net.

Até o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, entrou na gozação e lançou o game “Convocando Mário”, no qual o usuário é Mano Menezes e o objetivo é vestir a camisa do Brasil no lateral-direito do Grêmio.



http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1§ion=Esportes&newsID=a3503111.xml

Piadas do #mariofernandesfacts

Se o Mário Fernandes fugir mais uma vez vai pedir música no Fantástico.

Você busca no Google por "Mário Fernandes" e vem o resultado: "Mário Fernandes não foi encontrado".

E no oitavo dia, após descansar, Deus disse: "onde diabos se meteu o Mário Fernandes"...

Chuck Norris é capaz de encontrar qualquer pessoa. Menos Mário Fernandes.

Filme "Convoque-me se for capaz" ganha Oscar. Mário Fernandes decide ir p gramado buscar um kikito.

Mário Fernandes conseguiu sair da ilha de Lost

Nike oferece patrocínio vitalício para Mario Fernandes. "Obrigado, estou bem com a Perusso."

Steve Jobs convida Mario Fernandes para ser o novo CEO da Apple. "Obrigado, estou bem no Grêmio."

Mario Fernandes ganhou na Mega Sena, mas não quis buscar o prêmio!

Pior situação do mundo: ser noiva do Mário Fernandes e estar a poucos minutos de entrar na igreja

Conhece o Mário? Que Mário? Aquele que tirou o mano pra otário

Certa vez, Mário ficou famoso por usar óculos, casaco e gorro para se disfarçar e fugir. Ele adotou o nome de Wally.

Mario Fernandes não se apresenta a Seleção para poder ficar mais tempo na fila do show do Justin Bieber!

Jesus havia chamado 13 apóstolos, mas um deles não quis. Era o Mario Fernandes

ir pra balada, beber todas e esquecer de pegar um avião acho que o #MarioFernandesFacts deveria ser #CharlieSheenFacts

Como eu faço pra encontrar o Mário Fernandes?! num sei não, melhor cê perguntar lá no posto Ipiranga!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Futebol, história e economia

A versão de toda história costuma balançar para o lado de quem a conta. A história geral nos é passada na escola como uma aventura de seis mil anos movida principalmente por conquistas territoriais. Como não podia ser diferente, os povos que obtiveram maior destaque nesses seis milênios de civilização foram os que mais "venceram", ou seja, invadiram outras nações, roubando seus conhecimentos para, dessa forma, criar e inventar inúmeras coisas, como as navegações e a pólvora.

Civilizações que habitavam a América antes da chegada de Colombo deixaram incríveis legados, mas a ausência de escrita as privaram de dar suas versões dos fatos de forma mais clara e objetiva. No caso do futebol moderno, todos podem ter voz através das redes sociais, mas uma velha regra do jogo predomina: o poder econômico. Não é a toa que, na hierarquia da bola, Barcelona, Real Madrid e Manchester United estão no topo e times de milionários como Manchester City e Anzhi sonham em chegar lá, e para isso, fazem o que o Arsenal não faz: torram o dinheiro sem piedade. A Europa é, sem dúvida, o centro do mundo, seja na história geral ou no futebol.

O bom momento da economia brasileira tem feito o país segurar seus principais astros, como Neymar, Lucas e Leandro Damião. Não se sabe até quando, mas em outros tempos, esses atletas já teriam feito as malas. Como, dentro da América do Sul, é possível competir com eles, os times grandes do Brasil? O Bahia é um reflexo que o crescimento do Brasileirão não é só favorável para os times de São Paulo, Rio, Minas e Rio Grande do Sul, pois tem o time caríssimo, mas com um torneio competitivo, é natural que a folha salarial dos rebaixados seja maior do que as folhas salariais das equipes rebaixadas nos anos anteriores. Com isso, será cada vez mais difícil uma equipe do Nordeste vencer a Série A de pontos corridos. Uma economia ruída ao menos possibilitava ao Atlético Paranaense faturar o título em 2001 e o São Caetano chegar em duas finais consecutivas, em 2000 e 2001.

Vale mais um campeonato "de estrelas" em que você pode ver Neymar, Lucas e Damião no estádio ou um torneio menos competitivo em que seu time tem mais chances de ser campeão? Que os "amantes do futebol" me perdoem, mas bons eram os tempos em que o Bahia brigava pela parte de cima da tabela, enquanto a Europa enfraquecia os clubes do sudeste "roubando" seus astros.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Mané Seleção, rapá...

A Seleção Brasileira já me deu mais títulos que o Esporte Clube Bahia. No mesmo ano em que a Canarinha quebrava o jejum de 24 anos sem vencer uma Copa do Mundo, em 1994, o Esquadrão de Aço vencia o seu antepenúltimo Campeonato Baiano (a edição de 1999 foi uma vergonha e nem comemorei, tamanha covardia do meu time, que teve medo de decidir o título no Barradão).

Porém, mesmo sem ter gritado tantas vezes "É campeão porra" com o meu time de coração, hoje percebo que a incondicionalidade do amor clubístico é muito maior que o patriotismo. Não é a toa que em todas as partidas do Brasil as câmeras flagram torcedores dos mais diversos times, do Remo ao Grêmio, todos orgulhosos vestindo o manto que os fazem rir e chorar. Chorei muito pela perda na final da Copa de 1998, quando a Canarinha perdeu de uma forma até hoje misteriosa e cheia de teorias da conspiração. No entanto, é o Bahia que me faz sentir parte integrante da história, eu e todos os torcedores tricolores existimos para o time a partir do momento em que vamos ao estádio e não deixamos de ser apaixonados mesmo com todas as grosserias da diretoria contra torcedores opositores, que amam o time muito mais que eles.

Já quando a coisa é Seleção, não dá para deixar de sentir uma "broxação" enorme ao ler o perfil do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, na revista Piauí de julho desse ano. A diferença entre a paixão entre um clube e uma seleção é que a revolta pela situação do time lhe faz querer mudar todas as estruturas dele, pedir democracia, reestruturação, contratações melhores e etc, enquanto a Seleção lhe faz simplesmente desligar a TV para não dar Ibope a uma instituição que prefere distanciar um patrimônio do seu povo, realizando a maioria de suas partidas na Europa, do que tentar aproximá-lo, já que as relações parecem estar cada vez mais frias.

Já fui a dois jogos da Seleção Brasileira: em 1999, um amistoso contra a Holanda, na Fonte Nova, e em 2009, contra o Chile, partida válida pelas Eliminatórias da Copa, em Pituaçu. Não dá para negar que o público de jogo da Seleção é diferente do público de um time, principalmente de massa, como Bahia, Atlético Mineiro e Santa Cruz. Eu perguntei a muitas pessoas que estavam na partida entre Brasil x Chile qual foi a última vez que elas foram ao estádio, e a resposta de boa parte delas foi há 10 anos, no Brasil x Holanda. Em partidas como essas, "torcedores de ocasião", que enxergam o futebol como um evento, e não como uma paixão, se misturam aos clubistas que gritam para ver o jogador do seu time representando o país.

Nem todas as Seleções têm um elo tão fraco com o torcedor. Os Argentinos pulam pela Albiceleste tanto quanto pelos times de coração, até mesmo no basquete. Não resta dúvida que a relação do brasileiro está estremecida com a CBF, e não irá se recuperar na Copa de 2014, pois um evento como esse vai atrair torcedores de ocasião, que não conhecem a atmosfera de um estádio, sem falar que os estrangeiros vão predominar, como sempre predominam em mundiais. Os cartolas estão copiando o que há de pior no futebol europeu: a elitização do público. A Inglaterra está repleta de senhoras e senhores comportados, enquanto quem não pode comprar os ingressos vai assistir aos jogos nos pubs. Sinceramente, pouco me importa se o Brasil vencerá hoje: só quero saber do meu Bahia domingo, contra o Fluminense.
Lomba é Lomba, o resto é Jefferson