terça-feira, 31 de março de 2009

A seleção só se supera em crise?

Há 'lógicas' que devem ser quebradas todos os dias, e os responsáveis pela nova ordem são os resultados. É incrível como os 5 títulos mundiais vieram depois de desconfianças ameaçadoras: tínhamos o estigma de 'amarelarmos com a pressão', especialmente pela perda do título dentro de casa em 1950, onde os jogadores negros foram crucificados e dessas teses se criou um 'machismo patriótico', que em 1954 fez os jogadores perderem a cabeça e partir para as vias de fato com os húngaros, esquecendo o futebol e caindo na porrada.
Sob o silêncio de um Maracanã com quase 200 mil pessoas, o Uruguai se sagra bi-campeão mundial

Fomos para a Suécia desacreditados, até nossa autoconfiança surgir no decorrer da competição, com os nomes de Garrincha e Pelé, que não começaram a copa no time titular, entre alguns motivos, por serem rotulados de 'burro, com inteligência insuficiente para a prática desse esporte' (Garrincha) e 'agressivo, de pavio curto e incapaz de lidar com as próprias emoções' (Pelé) pelos psicólogos da então CBD. Foram esses 2 e mais uma safra maravilhosa comandada por Didi (o melhor daquela copa) que em pleno dia de superstição amedrontadora, em que tivemos de estrear o uniforme reserva (a camisa azul é uma homenagem a Nossa Senhora da Aparecida, padroeira do Brasil) deram o primeiro título para a tão apaixonada nação por futebol, que detém até hoje o recorde de ter ganhado títulos fora de seu continente (mais tarde manteria a escrita vencendo em 2002 na Ásia). Os suecos, que usavam amarelo, não conseguiram nos empurrar uma 'camisa perdedora'.
Lágrimas, agora de alegria, do garotinho de 17 anos que é considerado até hoje o melhor jogador de futebol de todos tempos

Em 1962, a base da seleção era a mesma, com exceção do capitão Bellini que fora trocado por Mauro Ramos de Oliveira (que iria erguer a taça no Chile). 4 anos mais velha, viu seu título ficar mais distante ao perder Pelé pelo resto da copa, ao se contundir no 2º jogo. A crise dessa vez veio durante a competição, e sem o craque do Santos, a estrela solitária de Garrincha ofuscou todas as luzes do torneio, sendo considerado por muitos, junto com Maradona em 86, 'os únicos homens a ganharem uma copa sozinho pelos seus países'.

Em 1966, Pelé apanhou muito, fomos eliminados na 1ª fase, sofremos a pior derrota até então (4 a 2 da Hungria) e para completar, o rei do futebol afirmou que não iria mais participar de copas do mundo, por se considerar 'azarado' nessa competição (afinal, em 2 das 3 copas saíra contundido). A Inglaterra vinha com um time ainda melhor que o campeão 4 anos antes (e estava na chave do Brasil), e o técnico João Saldanha, que classificou nosso país para o torneio, fora demitido pelo presidente da República Médici 1 mês antes do começo da competição por desculpas esfarrapadas, nas quais a única verdade era o fato de ser socialista num país ditatorial. Houve até boato que Pelé havia ficado cego, e aquela copa estava fadada ao nosso fracasso. Estava, pois o que aconteceu no México foi de uma magia tal que a seleção de 1970 é considerada por muitos a melhor equipe de futebol que já existiu em todos os tempos.

Depois da geração de Rivelino, Tostão e Pelé, amarguramos 24 anos sem chegar numa final de copa, sendo que em 1978 fomos 3º colocados invictos e em 1982 o futebol encantador de Zico e Falcão parou na sem graça Itália. Para chegar à copa de 1994, sofremos a primeira derrota na história das eliminatórias, para a Bolívia, com direito a falha histórica do grande goleiro Taffarel. Carlos Alberto Parreira, com experiência em 3 copas do mundo até então (sendo auxiliar de Zagallo em 70 e treinador do Kuwait em 82 e dos Emirados Árabes em 90) fora chamado de burro em estádios lotados, a seleção canarinha corria o risco de não marcar presença pela primeira vez na copa do mundo, até no jogo decisivo, com um Maracanã lotado no jogo contra o Uruguai (que traz péssimas recordações nesse estádio), Romário fora chamado e confirmamos vaga para o torneio que se realizaria no ano seguinte nos Estados Unidos.

Com o tradicional esquema 4-4-2 (em que 2 zagueiros, 2 laterais, 2 volantes, 2 meias e 2 atacantes), um estilo taxado por muitos de 'futebol europeizado' (devido à retranca que equipes do velho continente fazem para encarar o talento sul-americano) e resultados pouco convincentes, chegamos à final depois de 24 anos, contra o mesmo adversário de 70, a Itália, e com o sofrimento da perda do maior ícone da auto-estima nacional: Ayrton Senna, que vinha nos orgulhando nas pistas muito mais que a seleção de futebol nos gramados. Com 5 vitórias em 6 jogos até então (sendo que apenas 2 delas por mais de 1 gol de diferença), aos trancos e barrancos enfrentamos outra equipe em crise: A Itália vinha com 1 derrota, 1 empate e 4 vitórias por 1 gol de diferença, tendo perdido para a surpreendente Irlanda na estréia e por uma combinação de resultados se classificara em 3º lugar com o mesmo número de pontos do 4º.

A Itália sofre da mesma crença que no Brasil: há que só se chega longe numa copa através de crise na preparação, não é a toa que em 1982 a 'Azurra' quase fica fora da 1ª fase, o país sofria em credibilidade na liga nacional devido a problemas de corrupção e o resultado final daquele ano fora um título após 44 anos!

Romário e Baggio: dois craques no jogo que daria para uma das seleções o inédito tetra-campeonato. Ambas as equipes chegaram muito além do que todos imaginavam, e um duelo tão equilibrado resultou na primeira disputa por pênaltis na história das finas de copa do mundo. Com uma cobrança desperdiçada pela estrela maior da equipe azul, a amarelinha brasileira pôde contar com a tão sonhada 4ª estrela.
de 1970 a 94: depois de 6 copas, o Brasil se re-encontrou com uma final, no período mais longo de sofrimento da nossa seleção

O caminho para o título de 2002 começou após o encerramento da final de 1998, em que sofremos a maior goleada em copas do mundo (um vergonhoso 3 a 0 para a França). Teses sobre a derrota não faltam: conspirações envolvendo os patrocinadores, convulsão de Ronaldo, brigas internas... Tudo isso abalaram profundamente a confiança dos brasileiros pela seleção, numa final que tinha tudo para ser mágica: o duelo entre os atuais campeões contra os donos da casa (fato inédito até hoje).

Sofremos, fizemos piadas sobre nós mesmos, nos desesperamos, não achávamos luz no fim do túnel: CPI do futebol e derrota nas olimpíadas contra Camarões em 2000, desclassificação catastrófica contra Honduras na copa América e classificação apertada para a copa em 2001. O país que havia perdido apenas um jogo em eliminatórias perdeu 6 vezes e empatou outras 3, em 18 jogos, para carimbar o passaporte para a Ásia: vencer apenas metade de seus jogos sem um time base (pois dezenas de jogadores participaram da campanha) era motivo para se buscar um redentor, que era o mesmo da última conquista: Romário. Luxemburgo o havia chamado e por algumas rodadas na metade das eliminatórias o baixinho fora artilheiro jogando apenas 2 jogos! Com a saída de Luxemburgo, o comando de Leão fora marcado por uma 'renovação', em que jogadores pouco lembrados hoje defenderam nossa camisa na copa das Confederações em 2001, como Carlos Miguel, Evanílson e Leomar. Os tropeços para França e Austrália custaram seu cargo, e para seu lugar veio Felipão, que convocara Romário apenas uma única vez e, devido a uma mágoa com o baixinho (em que este pedira dispensa da seleção para uma suposta turnê do Vasco ao exterior, que não aconteceu), mesmo com todo o Brasil pedindo o nome do craque do Vasco, o comandante bigodudo batia o pé firme com perseverança e assumia a responsabilidade de não chamar o nome que 4 anos antes era, para alguns, o que faltava naquela trágica final de copa contra a França.

Ganhamos da Turquia com a ajuda do juiz (que marcou um pênalti numa falta fora da área) e derrotamos com facilidade as frágeis China e Costa Rica. Sofremos contra a Bélgica e mais uma vez fomos beneficiados pela arbitragem, que anulara o gol legítimo do belga Wilmots. No nosso primeiro grande desafio, contra a respeitada Inglaterra, houve pessoas que não estavam dispostas a acordar 3 e meia da manhã para assistir um suposto fracasso, e essas que tiveram tal desconfiança perderam uma das melhores partidas da copa, num triunfo de virada com direito a gol histórico de Ronaldinho gaúcho. Na semifinal, encontramos novamente a Turquia, o que prova que nossos adversários de estréia não eram fracos como imaginávamos, afinal, chegara muito longe e prometendo vingança. E nesse dia, mesmo com virilha estourada, Ronaldo marcara de biquinho seu 6º gol, assumindo a artilharia isolada. Na final, o confronto tão sonhado há tantos anos: as duas maiores potências do futebol (com 6 finais cada até ali) que nunca haviam se enfrentado até então iriam decidir o título em 'campo neutro' (ou seja, em outro continente). Nenhuma das duas equipes esperava ir tão longe, e sem dúvida, Ronaldo, Rivaldo e Klose não esperavam serem os goleadores de um torneio com Verón, Henry, e Figo (melhor jogador do ano de 2001), que viviam momentos muito melhores (e ambos caíram na 1ª fase respectivamente, Argentina, França e Portugal).

os 2 gols de Ronaldo selaram o título que de alguma forma amenizara a desconfiança sentida pelos brasileiros pelo seu futebol. Artilheiro com 8 gols e vindo de séria contusão que quase lhe tirara do futebol, para alguns, ele era apenas um ex-jogador, mas para Felipão, era a promessa de título que virou realidade.
Ronaldo: entre contusões e gols, a bonita história de superação que vai do abismo à apoteose, das cirurgias ao pentacampeonato.

Em 2006 chegamos como favoritos, sem crises e com muita festa, e perdemos para o então carrasco França, sem jogar com garra e com as laterais do campo com idade média acima de 30 anos (setores do campo onde se precisa de velocidade e gás, ou seja, juventude), Ronaldo, Adriano e Ronaldinho acima do peso e a insistência de Parreira em não colocar o brilhante meia Juninho Pernambucano no time titular desde o início, os atletas nem se quer voltaram ao Brasil imediatamente: muitos continuaram pela Europa por um bom tempo (já que por lá jogavam) sem visitar sua terra Natal, que tanto hostilizava a equipe.

Sinto que em 2010 estamos num misto de desconfiança e esperança: ao mesmo tempo em que Dunga é chamado de 'burro' em côro pelos estádios, damos crédito a Kaka, Luís Fabiano e Julio César, pelas boas atuações. A defesa foi o ponto forte em 2006, e provavelmente se manterá forte em 2010, agora com Lúcio como capitão. Os resultados nas eliminatórias não assustam e não animam: estamos confortáveis na 3ª colocação e 'apenas' 1 derrota (para o líder Paraguai), embora não marcamos gols dentro de casa há mais de 1ano (foram 3 empates sem gols em 2008). Vencemos amistosos contra Portugal, Itália e Suécia, ganhamos a copa América, e teremos a 'prova de fogo' na copa das confederações, que irão ocorrer no meio do ano na África do sul (mesma sede da copa mundo, ano que vem). Que lutemos pelo favoritismo e confirmemos em campo porque merecemos ganhar, para quebrar de vez esse paradigma que 'para vencer tem que sofrer'.

domingo, 29 de março de 2009

Valeu a pena acreditar!

Dobradinha da Brawn é prova que o começo de uma nova era na F1 pode ter chegado

Não é garantia, como tudo na vida, mas não poderia haver uma estréia melhor para uma equipe numa competição tão competitiva: a Brawn GP manteve suas posições dos treinos e Button venceu e Rubinho terminou em 2º.

Está certo que a história desse Grande prêmio não foi a continuação linear do que se programava: Button largou bem, mas Barrichello demorou para sair e logo perdeu muitas posições, além de quase ter saído da corrida após um toque. Na maior parte da corrida o veterano piloto brasileiro foi coadjuvante, e com parte dianteira de seu carro danificada, demorou muito na manutenção dessa peça e de um abastecimento farto.

Sua posição após o primeiro pit stop não refletia seu bom desempenho no treino: com uma modesta 9ª colocação, seria muito difícil reparar as consequências geradas por uma única falha, a da largada. Mesmo assim, Barrichello continuou acreditando (enquanto isso seu companheiro Button liderava a maior parte da corrida), conseguia ultrapassagens, passava também quem fizesse pit stops e assim foi conseguindo a colocação necessária para te levar ao pódio, em 3º.

Faltando 6 voltas para terminar, eis que Rubinho teve de fazer mais um pit stop, e esse parecera um pouco demorado para quem precisava de apenas 6 voltas para finalizar uma corrida. Voltou para a pista em 5º, mas com garra ultrapassou Timo Glock e ficou numa 4ª colocação em que a possibilidade maior era o polonês Kubica (o então 3º) ultrapassar o alemão Vettel (o então 2º) do que ele chegar ao pódio, logo, sua 4ª colocação parecia se encaminhar, até que em uma ousada investida de Kubica, o polonês se chocou com o alemão, o que levou imediatamente o polaco para fora da corrida e o germânico a levar um final dramático onde parte de seu carro estava destruído, e então nosso brasileiro ultrapassou ambos e pegou a 2ª colocação, enquanto o Safety car entrou na pista.

Mesmo com o carro totalmente limitado, a esperança de Vettel era que o Safety car se mantivesse até o final da corrida (pois assim não poderia haver ultrapassagens e mesmo sem estado competitivo, poderia-se levar 'aos trancos e barrancos' o seu carro para a 3ª colocação), mas antes da saída do Safety car o carro do alemão não aguentou, e o italiano Trulli, que largou em último, garantiu sua vaga no pódio, sendo que o Safety car só entrou no box praticamente no final da corrida (no momento exato da bandeirada quadriculada).

Interessante foi como começou a corrida para o 1º e 2º colocados (Button e Rubinho) e como terminou igual, embora durante as 58 voltas tantas coisas tenham acontecido e por alguns momentos o destino ameaçava mudar de posição os líderes do prêmio. Assim é a vida: buscamos algo, parecemos distantes de nossos objetivos, que são dificultados por inúmeros fatores, mas continuamos insistindo e na cola dos nossos desejos, até quem sabe sermos presenteados com a sorte, que nada mais é que o merecimento para quem se manteve firme e forte na luta, afinal, Rubinho não ficaria na 2ª colocação se não insistisse com ela, e de nada adiantaria a batida entre Vettel e Kubica se ele estivesse logo atrás. A festa da nova equipe pode coroar uma nova era na Fórmula 1, em que as poderosas Ferrari e McLaren não foram tão bem (dos pilotos dessas equipes, melhor para Hamilton, que terminou em 4º), que ja vinha se construindo na corrida antes mesmo do final: houve um momento em que Button liderava, seguido de Vettel e Kubica, e a semelhança entre eles 3 é que ambos só haviam ganhado um grande prêmio na vida.
Button não é nenhum novato: estreou em 2000 e era a promessa dos ingleses apaixonados por automobilismo para conseguir sucesso na F1. O tempo passou e ele, pelo menos até hoje, não 'vingou' como o esperado. Hoje, 9 anos depois, o atual campeão também é inglês (Hamilton), mas a promessa daquele piloto vitorioso de quase uma década atrás não foi em vão: apenas esperou seu tempo para acontecer. Com 29 anos, é tempo de lutar, assim como Rubinho, com 36, que junto com seu parceiro, se tornou tão bem sucedido, ajudando a quebrar um tabu: há 45 anos uma equipe estreante não conseguia dobradinha (a 1ª e última vez tinha sido a Mercedes, em 1954).

Confio na equipe Brawn, muito também pelos valores metafóricos que ela tem mostrado para mim, e que, se prestando atenção, pode se tornar visível para muito mais gente.

Agora é hora!

Não há tempo perdido, agora é hora de construir o futuro. Com essa mentalidade Rubens Barrichello acreditou em si mesmo e em seu potencial, lutou primeiramente para conseguir vaga em alguma equipe da Fórmula 1 para essa temporada (ja que sua equipe nas temporadas 2006, 2007 e 2008 encerrou suas atividades devido a crise econômica mundial, logo, ele não tinha para onde ir e era icógnita para essa temporada) e essa conquista ja é dele: a nova equipe, a Brawn GP (fruto de reformulação da antiga Honda após a crise), construída esse ano, chamou-o, junto com Jenson Button, e ambos não decepcionaram sua equipe e surpreenderam muitos no primeiro treino para o GP da Austrália: Button pegou a Polly position e Rubinho ficou com a 2ª colocação.

Daqui a pouquinho vai começar o primeiro Grande Prêmio do ano que tem tudo para ser a temporada de um piloto guerreiro, que mesmo sem os melhores resultados que desejava ao longo da carreira, ainda luta buscando primeiramente a competitividade, e quem sabe, resultados históricos virão. Sendo o piloto com mais participações em Grandes Prêmios na história, ficara no 'anonimato' até conseguir bons resultados no final da década de 90, e com isso atraiu a Ferrari, que o contratou para ser o companheiro de equipe de Michael Schumacher.

Devido a uma obediência que irritou tantas pessoas (inclusive permitindo seu 'parceiro' te passar em alguns grandes prêmios que ja estavam garantidos em seu nome - tudo em prol dos interesses da equipe) continuou sendo motivo de chacota, descrença e falta de sorte. Ao sair da Ferrari (sua última temporada na equipe vermelha fora em 2005), depois de 2 vice campeonatos mundiais e 9 vitórias, continuou na sombra dos grandes ícones do automobilismo e se transferiu para a B.A.R. em 2006 (que depois ficou denominada equipe Honda F1).

Há quem diga que Rubinho tem medo de arriscar, que não inova, que passa vergonha e que ja está na hora de parar. Só ele sabe até quando quer correr, a equipe Brawn confiou na sua experiência para a reformulação, e por isso torço muito para esse brasileiro de 36 anos e persistência no discurso: vê-lo bem esse ano na competição vai me fazer rever muitas antigas crenças e conceitos, em que não há idade para começar algo, o melhor momento para construir novas coisas é o aqui e agora, momento de lutar, vencer e celebrar.
Button, Brawn (dono da equipe) e Rubinho: EU ACREDITO nessa pareceria, e você? VEREMOS EM 2009!

sábado, 28 de março de 2009

Tapando o sol com a peneira

O começo da solução de um problema é quando se detecta sua origem e logo, uma solução. Problemas do fundo da alma, como a depressão, estão longe de ser apenas patologias dependentes de remédios alopáticos: apenas a ingestão de substâncias químicas podem dar uma falsa cura para quem queira continuar a levar uma vida de mentiras e de falta de autoconhecimento, sendo o maior responsável pelas nossas soluções nós mesmos, e sendo nós mesmos, sabemos de nosso tempo em lidar com as situações, que não precisam ser imediatistas.

A agilidade se tornou uma convenção tão contagiante que nós não respeitamos mais a nós mesmos, seja comendo fast-foods, afirmando que não há tempo para fazer exames preventivos (enquanto, em caso de doença, não arranjará mais tempo para nada) e querendo correr para fazer tarefas extremamente destrutivas em nome de uma 'vida melhor' ('tempo é dinheiro', e enquanto for, a vida não será melhor). Manter as aparências nessa sociedade é um trabalho árduo e desgastante, que levará a relações supérfluas e interesseiras. Se mostrar feliz, distribuindo sorrisos, enquanto por dentro se está triste, é um auto-castigo. Não significa que o universo tem haver com os seus problemas, mas tampouco tem o direito de julgá-los, levando em conta que cada um lida com as situações diferentes, e essa é a riqueza das diversidades pessoais. Tentar curar a depressão para se fazer mais agradável para os outros ou manter o emprego é prolongar um problema em que remete a incrível obsessão do ser humano pela cura.

Se toparmos com o dedão do pé em um buraco na rua, não temos dúvida em tomar um analgésico. Se parte do corpo dói constantemente, busca-se a 'cura', e não a investigação interior em que tais dores são consequência maior do que da limitada parte atingida: até problemas de ordem psicológica podem ser causas de incômodos pelos braços e pernas, e a solução pode vir com reflexões, dispensando-se muitas vezes a pressa em se curar imediatamente.

Meu professor de Estética, Duda Bastos, me contou uma história interessantíssima sobre uma amiga dele que tem um gato. O felino em questão fora submetido a uma cirurgia, em que o veterinário cometeu um erro e acabou ferindo outra parte de seu corpo, deixando-o em depressão e isolado. O gato ficou debaixo da cama, sem 'querer papo com ninguém', nem com a dona que tanto te ama. Após 3 dias, a dona estava dormindo e fora acordada com as lambidas do felino, o que fora um alívio para ela, pois este era um sinal do fim de seu tempo de isolamento e depressão. A lição dessa história que tiro para mim é que o animal se respeita muito mais que o homem. Ele é coerente com o seu tempo, e assim devíamos ser, devíamos ser verdadeiros com nós mesmos, e tirar o proveito de cada situação, mesmo sendo triste, que pode levar ao autoconhecimento não proporcionado muitas vezes pela mania de cura do ser humano, em que algumas teses afirmam poder ser 3 fatores: culpa, medo e desespero.

Estar bem é uma busca, que nem sempre fazemos por nós mesmos, respeitando o nosso tempo, afinal, não aceitamos nossa fragilidade, queremos sempre ter o controle da situação, e por vezes, aceitar nossa condição de meros personagens de um filme chamado vida pode nos ajudar a descobrir todas as nossas facetas e reações que por muitas vezes não conhecemos por não nos dar oportunidades. Tapar o sol com a peneira é como adiar uma crise, e mais tarde, para depois, numa eterna bola de neve que nos levará a lugar nenhum, ou melhor: pode nos levar um dia a reflexão que pouco nos conhecemos.

terça-feira, 24 de março de 2009

Retrospecto do Bahia na copa do Brasil

O ano de 2003 não fora apenas o último do Bahia na série A: também fora o último de uma campanha memorável na copa do Brasil. Nessa ocasião, chegara as oitavas de final e tivera o artilheiro da competição, Nonato.

Depois disso, coisas raras aconteceram: em 2004, o tricolor se quer disputou a competição - antes sua ausência só acontecera em 91 e 93-, em 2005, 2006 e 2008 fora eliminado na 1ª fase por, respectivamente, Grêmio, Ceilândia-DF e Icasa-CE, e em 2007, apesar de chegar nas oitavas de final, só obteve uma vitória, contra o Itabaiana-SE.

Ao vencer na 4ª feira passada por goleada o Potiguar, no Pituaçu, o tricolor garantiu vaga na 2ª fase, onde enfrentará o Coritiba, que eliminou o Holanda de Amazonas. O próximo adversário é conhecido para os tricolores na competição, ja em três edições ambos se enfrentaram: em 1996 e 97, melhor para os sulistas, e em 99, revanche em grande estilo, com direito a vitória por três a zero na Fonte Nova e empate no Couto Pereira, numa época em que as equipes se encontravam em situação semelhante à de hoje, com os baianos na 2ª divisão e os paranaenses na elite do futebol nacional. O novo confronto ocorre dia 9 de Abril - 5ª feira - , em Pituaçu, e o Bahia nunca foi eliminado no jogo de ida - quando se perde por dois gols de diferença em casa na primeira ou segunda fase - portanto, provavelmente jogará sua classificação na capital paranaense, no dia 15, uma 4ª feira.

segunda-feira, 23 de março de 2009

O que te prende e o que te faz ser livre

Esse blog está pouquíssimo jornalístico. A intenção de criar o blog surgiu quando minha professora de Oficina de Leitura e Escrita orientou eu e meus colegas a criarmos um espaço na internet para treinarmos nosso futuro ofício, que é escrever, e, sendo nosso futuro ofício, é o espaço de aperfeiçoamento, já que através de visibilidade recebe-se críticas e com elas se aprimora técnicas.

Talvez o propósito tenha sido um, e eu esteja o desviando: não o divulgo, considero uma página relativamente íntima (e preciso divulgar, afinal, o que são pensamentos se não forem jogados ao mundo com intensidade?) e tenho escrito pouco com as técnicas sisudas aprendidas na faculdade, estou preferindo refletir, transgredir a linguagem 'uniformizante' e criando o meu próprio estilo, com pensamentos meus, que embora poucos o leiam (não é a toa que quase não há comentário nas postagens), me satisfaz jogar para o ar tais idéias.

Uma das coisas que penso muito ultimamente é a origem e o significado de nossas essências, além das nossas liberdades. O que somos nós? Muitos dos nossos aspectos são censurados, e não nos mostramos quem realmente somos pro completo porque pode ser extremamente perigoso. Também, muitas vezes pensamos ser algo e nos limitamos aos rótulos dados pelo exterior (não se refere a outro país, e sim 'de fora'), e não investigamos em nosso interior se o determinado tem prazo de validade ou é eterno enquanto vivamos. Acha loucura tudo que estou escrevendo? Bom, vou tentar ser um pouco mais 'concreto', afinal, já é uma honra muito grande te ter como leitor e você não tem obrigação de entender todos os meus sígnios, que as vezes só se fazem compreensivos para mim (afinal, cada cabeça é um mundo, e embora eu possa compreender tudo isso escrito, tenho que de alguma forma traduzir essas palavras em versos simples e com alcance maior de compreensão).

Quando alguém se afirma 'senhor do próprio destino e de suas escolhas', ou tenta se enganar ou está extremamente iludido. Para começar, você não escolheu seu nome e nem onde iria nascer (e nem como iria nascer, afinal, não é angustiante sair da barriga quentinha de sua mãe para cair numa sala gelada pelo ar-condicionado e, mesmo com o corpo frágil e desacostumado a toques, levar uma 'palmadinha' do médico? Não seria melhor nascer debaixo da água com temperatura da bolsa de água da sua mãe?). Aí depois do seu nascimento, você não tem autonomia de escolha, e 'descobre o que quer' depois de já ter sido registrado no cartório, matriculado na escolinha e 'forçado a aprender' um idioma que você nem sabe se é o de sua preferência. Dá para fugir de tudo isso? Penso que outros animais, como a girafa, despertam sua 'pseudo-independência' de locomoção muito mais rápido, porque mesmo depois de um parto de uma altura enorme, o filhote já levanta sabendo andar, e nós, temos que aprender tudo muito lentamente.

Quando você se 'entende como gente', já fala um idioma, já foi condicionado a comer determinados alimentos e suas amizades nascem dos únicos lugares que você pode ir: a escolinha, o condomínio, os parentes... Um conjunto de valores já foi adquirido, e o conceito de estranho, que se opõe a tudo já te ensinado até então, desperta a curiosidade ou repulsa sobre algo.

Aí você cresce e o controle sobre você vai aumentando: é preciso fazer carteira de identidade, CPF, título de eleitor, reserva no exército (se você for menino), carteira de trabalho, declaração de bens materiais e renda... Se você 'sair da linha', o estado, muito mais poderoso que você, vai te punir, e a depender do caso, poderá te multar ou até mesmo te colocar em detenção. O que é ser preso? Bom, ser preso é perder a liberdade de ir e vir, por um tempo determinado, como forma de punir um ato contra as normas que visam o 'bem estar da sociedade', e se você transgrediu, é um perigo para a integridade do estado. E eu me pergunto: haveria vida organizada sem estado?

Tão bizarra quanto a idéia de ser constantemente controlado, seja pelas burocráticas documentações ou pelos valores sociais, que se não te punem com força de lei, de fazer andar nos eixos por força da pressão das convenções (que podem te excluir e até lhe tirar a vida) é a idéia de nada ser controlado e as pessoas não terem 'um centro', uma 'referência', pois não existe vida inteligente ser cultura (que são os artifícios criados para nos diferenciar do 'mundo animal selvagem', no quais não há valores e persiste a idéia da cadeia alimentar, darwinismo, do 'mais forte' - qualquer semelhança com o capitalismo deve ser revista, porque a selva animal é muito mais cruel para quem não age apenas por extintos) e nem existe 'cultura neutra' ou algo que seja 'universal', logo, o respeito as diferenças está longe de ser a uniformalização do pensamento e das normas, por isso, antes de tanto contestarmos o que se passa na nossa sociedade, é interessante olharmos que motivos levaram ela a chegar até hoje, e não ser tão 'obediente' ao meio.

Que coisa controversa é não achar solução para algo. Ser controlado é ruim, mas uma vida sem controle é inimaginável. Talvez, os mecanismos de controle devem ser revistos: a repressão é muito forte para os 'rebeldes'. Estamos presos ao estado burocrático, a cultura da nossa sociedade, a nossa genética (já que há teses em que muitos de nossos comportamentos podem ser explicados através de nosso DNA, a exemplo de predisposição a depressão e irritação), ao medo e ao que já nos aconteceu na vida... Devemos reconhecer que não somos livres, como também não aceitar total submissão, pois há um fato que nos define: as nossas escolhas, que, se tomadas verdadeiramente com a constante luta pela auto-descoberta, nos levará para perto do nosso verdadeiro EU. Não digo que levará totalmente ao verdadeiro eu, porque não sabemos todos os motivos que nos levarão a ser quem somos (e não saberemos, e nem escolhemos), mas lutar contra a síndrome de Gabriela ('eu nasci assim, vou morrer assim') nos faz entender um pouco a seguinte frase de Clarice Lispector: "Liberdade é pouco: o que eu quero ainda não tem nome".

Se achar no meio de tantos artifícios não é fácil, mas não é esse corpo que nos faz se sentir tão pesados: o peso vem da alma, e não há vida após a morte que tire conceitos de uma mente que, embora livre dos traços genéticos de personalidade, não queira ver que há vida além da sua mente.

sábado, 21 de março de 2009

Relação ser humano x meio em que se vive

O homem nasce bom e a sociedade o corrompe, como diria Rousseau, ou nós também temos muito de primitivo em nossas essências, e sendo animais, nos faltam pudores em algumas ações tomadas por instinto, onde proibições e limites foram construídos pela sociedade? Talvez um meio termo seja válido: o ser humano é tão animal que surpreende quem sempre espera uma postura 'civilizada', mas de fato, a cultura em que este está incluída determina e muito as suas ações, logo, o maniqueísmo de 'bem ou mal' é fruto de seu meio, e as transgressões dependem de seu limite.

No meu país, Brasil, há uma inversão de valores nos quais os próprios brasileiros se entristecem: reclamamos da corrupção vinda dos políticos, sem enxergar ações controversas em nós mesmos, que compramos softwares de Windows pirata, chamamos cópias e mídias não autorizadas de 'genéricos' e justificamos a ilegalidade com discursos de 'boas intenções', nas quais as gravadoras são as grandes vilãs pelos preços abusivos e nós nos recusamos a pagar tão caro para ouvir o que queremos. Não são poucos os que 'agraciam' os responsáveis pela segurança pública com 'cortesias' a fim de se escapar de punições nas estradas ou multas pela cidade. Era comum na cultura local beber e dirigir, até o medo da punição se tornar mais alto que um hábito tão perigoso para nós e para as outras pessoas. Falamos de ética e somos contra o nepotismo, mas suponho que a maioria dos contestadores nessa questão se tivessem oportunidade dariam vagas para seus familiares. Joga-se lixo no chão achando que estamos garantindo o emprego dos garis, que com mais trabalho para recolher dejetos, voltam mais tarde para suas casas, ganhando o mesmo salário de que se fossem poupados de tamanho esforço.

Na mesma mentalidade de que 'se faz por não haver impunidade', agem políticos e cidadãos comuns: eu acredito em gente honesta, mas creio que o problema do Brasil não está só na política, e sim no meio em que vivemos que remetendo aos remotos tempos, nos leva a um país dominado a força, onde os fortes eram privilegiados e não sofriam censuras, e o povo através da malandragem sobrevivia nesse sistema bruto. O tempo foi passando e muito do que existe hoje é colheita de uma plantação tão hostil a sua própria terra. Achar solução está difícil, mas pelo menos a causa me parece clara, e se para melhorar algo é preciso saber onde está a raiz do problema, essa pode ser encontrada na triste história de exploração ao continente sul-americano, que teve como vilões maiores os colonizadores europeus, que tão 'charmosos' em seus lares e moralistas quanto aos bons costumes, dentro de seus países bancam os politicamente corretos, não jogam lixo no chão e criticam as posturas dos habitantes dos países subdesenvolvidos, mas que fora de lá, há muitos anos, seus habitantes soltaram seu 'extinto animal' em terras desconhecidas, afinal, ninguém quer mostrar suas 'impurezas' em seu lar, e sim na terra dos outros, que destruídas, pouco interferirão na sua sociedade (assim como nas favelas a paz é controlada pelos donos do tráfico, que promovem a violência fora de seus territórios, mas dentro de suas delimitações, são responsáveis pela 'manutenção da paz', exigindo dos moradores 'consciência social' e 'regras', mesmo que não as mesmas do estado- já que se vive em um estado paralelo- para evitar a entrada de polícia para solucionar qualquer problema que seja).

Escrevi tudo isso dessa postagem porque agora pouco não estava aguentando tamanho desrespeito dos meus vizinhos que, pouco se importando com os demais residentes da área, colocaram som em volume altíssimo para 'celebrar' de forma egoísta um sábado onde, se quisessem fazer festa, poderiam ir a um lugar mais apropriado, ou respeitar o próximo com o som mais baixo(já que os seus direitos terminam a partir do momento que interfere no direito do próximo). Pagodes e arrochas são manifestações culturais dignas e tem o seu espaço, só não podem transbordar das paredes de seus admiradores forçando toda uma rua a ouvir letras e melodias que não agradam unanimemente, e se uma pessoa estiver insatisfeita, não é ela que 'tem de mudar', afinal, se ela faz parte desse meio, a frase 'os incomodados que se mudem' não faz efeito, embora eu tente ser flexível para aceitar, mesmo que forçado, uma situação tão incomoda (não adianta Sucom, reclamação pessoal, nada disso: o sistema é mais 'bruto' e foge do campo em que legislações podem entrar a favor de quem tem razão, pois além da razão, a política da boa vizinhança é fundamental para quem não quer viver a vida toda brigando e se desgastando com problemas de solução há um prazo tão longo que, quando solucionados, dificilmente eu estarei aqui para desfrutá-los, logo, não vale a pena lutar para mudar o meio, e sim, mudar de meio, quem sabe, um dia não encontro um lugar com mais paz, mesmo sabendo que a paz verdadeira está dentro da gente, e que a paz interior depende de condições como o ambiente onde se vive).

quinta-feira, 19 de março de 2009

A fria indústria da informação

Todos estamos com o mesmo objetivo, indo para o mesmo lugar, nas medíocres idéias que nos impõe: trabalhar para ganhar dinheiro, se fazer agradável para patrão e clientes para segurar o emprego, evitar polêmica para se viver em paz e comprar sem tanto pensar, tal estímulo sofremos para consumir.

Todas as profissões parecem ser sem graça, todas elas levam para o mesmo lugar, fazer a economia rodar (ganhando-se e gastando-se dinheiro): se você é advogado, defenderá os mais inescrupulosos casos, se for médico, tentará salvar vidas, mas tentará não se abalar com as que se forem, e se for jornalista, venderá informações, que sofrem todos os tipos de influência, transformadas em notícias com critérios estéticos agradáveis a maioria dos leitores que não tem paciência para refletir tanto sobre os fatores secundários dos acontecimentos, e com técnicas compatíveis a cada momento e grupo, a fim de uniformizar textos, que serão esquecidos amanhã, quando novas notícias surgirem, e assim por diante: vai se reciclando, vai se esquecendo, sendo as notícias tão descartáveis como a maioria dos produtos supérfluos que consumimos.

A maioria das coisas que se escreve em nada irá transformar o leitor: tão frio e distante dos acontecimentos, comumente pode-se chocar, mas são poucos que interiorizam o que se escreve, que tenta-se aprofundar nos fatos que são transmitidos e não vividos por quem lê, que continuará na sua mediocridade de mero receptor de números e letras frias, que nada te tocam, que pouco importaria se lida ou não, pois não irá te levar a um lugar diferente do que esteja.

Não que a metamorfose tenha de ser o objetivo constante, sendo o humor e o supérfluo importantes para a manutenção de 'uma mente sadia' (e na convenção em questão, não se trata de imune de doenças, e sim que não pensa em tantas coisas diferentes- que seriam taxadas de loucura-, incapaz de 'sair da linha', obediente aos fatos e pouco contestadora, com uma trilha previsível a se traçar, e não flexível a novos conhecimentos em seu percurso), mas experiência está longe de ser o acúmulo de atividades e informações ao longo do tempo: se nada te sensibilizar, tocar, transformar, o fato simplesmente passou, e não ficará guardado, logo, foi em vão. Quem procura a experiência verdadeira não quer fabricação de notícias, não taxa de verdade absoluta a informação que não foi construída com a sua experiência (que te leva até a criar opinião sobre algo) nem com o conhecimento científico tão omisso às diferentes receptividades que pode ter na mente de cada pessoa, e sim se expõe, sai de seu cômodo, pode até se chocar, e se choca quem se dispõe para tanto, e não apenas com o fato acontecendo em sua frente -que também pode passar indiferente-, e sim com a interiorização do fato quebrando seus antigos conceitos.

Isso é jornalismo de verdade: a quebra de regras, a busca pelos fatos com descrições diversas, respeitando as diferentes mentes que irão ler o mesmo texto (sem a pretensão de achar que todos sentirão a notícia da mesma forma), a revisão de técnicas e a busca incessante pela experiência, pois se o leitor em si não tem tanto 'tempo' para ir atrás dos fatos nem 'técnica' para transformar em notícia (com todos os ensinamentos teóricos e éticos aprendidos na faculdade e na vida), o repórter tem grande responsabilidade de transgredir a idéia de comercialização de idéias e de fato, se preocupar em sentir, se transformar, porque para ter uma sociedade de maiores percepções, é interessante que exista uma imprensa pronta para desafios, nos quais não se trata da mediocridade de ganhar dinheiro, e sim exercer seu ofício com o coração que dinheiro nenhum paga para ser ouvido, num mundo de tanta frieza, indiferença e previsibilidade.

quarta-feira, 18 de março de 2009

A essência dos lugares

O que são lugares, se não pedaços de terras que em conjunto podem rotular cidades, países e continentes? Somos fruto da essência dessas terras, mesmo sabendo que sua identidade tem uma ligação muito mais forte que geográfica, tendo a raiz cultural como fruto de sua história? Sem pesquisar muito sobre o assunto e investigando a mim mesmo acerca de meus conceitos, vou refletir sobre o que é o que, e se esse o que pode ser algo que eu não tenha pensado antes;
Quem é você, como você está registrado e porque o estado te controla? Você escolheu aonde nasceu? Gostaria de mudar, pois não acha a sua terra a sua cara? Ja pensou em pesquisar mais sobre a legislação de outros países e ver se essas se adequam mais a seu jeito de ser, respeitando as suas liberdades? Como pode a lei interferir na cultura, e vice-versa?

Em primeiro lugar qual a definição de município? Diria que para ser autônomo, pelo menos nas leis brasileiras, é preciso haver uma prefeitura e uma câmera de vereadores, e dentro delas, políticos que cuidarão da sua administração e projetos de leis. Lógico que uma cidade é feita de pessoas, então é essencial feiras de comidas e roupas, tribunal para julgamentos, delegacia para infratores, hospital e escolas, além de um comércio que sustente seus moradores, e o consumo pode variar entre venda de frutas e verduras, extraídas da própria horta, há peixes tirados do mar e artesanatos decorativos. Dentro de um município podem até haver regiões em busca de autonomia (digamos que um bairro ou vila queira ser independente), mas para isso, é preciso que sua emancipação seja reconhecida pelo seu estado (província) e que este a partir disso distribua porcentagem da verba de seus contribuintes para as despesas públicas, a exemplo da educação e saúde. Municípios nascem a toda hora, seja fruto de emancipação ou de desmatamento de área preservada, a exemplo de Brasília, construída na região do Cerrado onde antes não havia civilização. Também crescem, seja em população ou em área, quando áreas próximas são 'desbravadas', a exemplo da Mata Atlântica de Salvador que vem perdendo seu espaço.

Alphaville x Alphavela: o maior contraste de Salvador pode ser visto na Avenida Parelela, onde um condomínio de luxo bem projetado é ligado pela mesma via do Bairro da paz (antigo bairro das Malvinas), um conjunto de residências esquecidas pelos governantes. Ricos e pobres 'ajudaram e ajudam' a desmatar boa parte da mata Atlântica, que com o crescimento desenfreado da cidade tende a sumir, enquanto os gases poluentes aumentarão, necessitando de novas árvores.

Num município há a área urbana (chamada de cidade) e área rural (chamada de campo). Na cidade se concentram o maior número de pessoas, e num território muitas vezes menos que no campo, com suas enormes fazendas e terras tantas vezes improdutivas e esquecidas. Há áreas urbanas que já pertenceram a um município e hoje pertencem a outro, a exemplo de parte de Santos que pertenceu a Cubatão (no estado de São Paulo), e há municípios que já trocaram de nome (como Palmira, em Minas Gerais, que passou a se chamar Santos Dumont em homenagem ao seu conterrâneo).
De origem camponesa e sem terras para se apropriar, o movimento dos sem Terra busca justiça por uma causa que ja devia ter acontecido há muito tempo: a reforma agrária, onde a destribuição de terras faria a zona rural abrigar mais pessoas que, sem esperança de crescimento, muitas vezes rumam para grandes centros urbanos e acabam se tornando sem tetos

Em segundo lugar, o que são países? Há mais que traços geográficos que expliquem a romântica palavra 'nação'. Uma nação pode não ter onde morar, mas para sempre irá buscar o seu lugar. Assim foi com os judeus, que já saíram do Oriente Médio em direção ao Egito, e, depois de retornarem, foram expulsos, ficando quase dois mil anos longe de seu território, até reconquistarem com certa brutalidade depois de tanto tempo, com ajuda de uma nação que 'nem existia' antes da sua dispersão pelo mundo. Essa nação, chamada Estados Unidos, fora fundada por fugitivos de uma guerra religiosa em outra nação, a Inglaterra.

Inspirados nas idéias iluministas, os americanos ganharam de presente pela independência esta estátua, construída por um francês (país rival de seu antigo colonizador, a Inglaterra)

Gerações de descendentes de ingleses se passaram no novo continente e por lá construíram sua vida e uma nova forma de ver o mundo, incompatíveis com a visão do outro lado do oceano. Tanto tempo se passou que na América não haviam mais 'ingleses', e sim americanos, que embora não descendessem dos índios, se tornaram um novo povo branco em busca de sua autonomia. Inspirados no iluminismo, os Estados Unidos eram donos de lemas e ideologias pregadoras da liberdade, fato que se comprovou com a sua modernização e correntes econômicas que buscavam desconstruir o que os europeus tanto prezavam: a subserviência aos reis e rainhas, sendo o neoliberalismo uma maneira de dispensar intervenções que padronizassem a economia.


Um povo pode sair de seu país, mas continua sendo nação, e esses laços de afinidades são claros ao encontrar um conterrâneo no exterior e fazer comunidades de imigrantes a fim de resgatar e manter seus costumes. Territórios podem acabar, fenômenos naturais nos provam que a matéria tem prazo de validade, mas a história e seus registros, sejam em arquivos ou ensinamentos hereditários, apenas serão apagados quando as pessoas perderem a sobriedade, pararem de lutar e deixarem fenômenos como a globalização vencerem traços únicos que nos explicam como vimos parar aqui hoje.

A 'falta de luz' durante a idade média afetou a grande maioria das pessoas, mas ainda haviam livro de registros e alguns (pouquíssimos) preservadores da história, a exemplo do clero que, isolados em suas experiências, não se ocupavam com o que mais provocou escuridão nessa época: a luta constante pela sobrevivência, pois para haver cultura, primeiro é preciso haver vida, e a prioridade de todos é se manter vivo, e se for preciso de 'luta' para tal, uma vida de 'sobrevivência' ofuscará a sensibilidade de perceber coisas tão próximas, pois o perigo eminente estará mais perto ainda.

A República das Maldivas é um arquipélago com dias contados: o aquecimento global derreterá calotas que farão o nível dos mares subir, e com isso, suas ilhas desaparecerem. Desaparecerão ilhas que foram a casa de um povo por mais de mil anos, mas não creio que os maldivos também desaparecerão do mapa: o governo local faz o possível para retardar a inundação, com ajuda de algumas barragens que manterão certa distância entre o solo e o mar, e como longo prazo, há uma poupança do estado que será usado para compras de terras no exterior (provavelmente Sri Lanka, Índia ou Austrália, que são os países próximos), ou seja: as ilhas somem, mas a história desse povo continuará nos arquivos e na hereditariedade das histórias que se manterão.

Fiquei refletindo um tempo: uma compra de terras feitas por um país que quer construir um novo lar é muito diferente do que uma compra de terras feita por pessoas física ou jurídica, pois num caso comum, o proprietário de terras terá de se submeter às leis do estado em que se encontra o seu patrimônio, mas duvido muito que a Maldiva se submeterá a leis cingalesas, indianas ou australianas, e irá impor a sua constituição (elemento marcante na identidade de uma nação).

Em terceiro lugar, qual a definição de continente? Se for 'terras em que se encontram um grupo de países, o que diríamos de Rússia e Turquia, pertencentes a Europa e Ásia? E caso único no mundo: Istambul, que já teve outros 2 nomes (Bizâncio e Constantinopla), é o único município do mundo a pertencer a dois continentes (sendo o estreito de Bósforo a separação entre a parte européia e asiática). O 'velho mundo' está ligado em 3 continentes, sendo Europa, África e Ásia continentes irmãos (e quase parte da mesma massa homogênea): o estreito de Gibraltar separa Espanha e Marrocos, o Egito (África) vezes por outra briga por território com Israel (Ásia), que por sinal pertence à confederação de futebol européia (UEFA) devido à problemas com seus vizinhos. Há quem nem esteja no continente propriamente dito e pertença a um desses 3 blocos: as Ilhas do Reino Unido da Grã Bretanha faz parte da Europa, o Japão da Ásia e Madagascar da África.

Mais interessante é pensar em qual a maior ilha do mundo. Muitos apontariam a Austrália, que em teoria, não é ilha: é o continente Oceânico, já que a Oceania, além da parte continental representada pela terra dos Cangurus, tem diversos arquipélagos e ilhas de tamanhos 'respeitáveis' (como as duas que formam a Nova Zelândia).

A América é subdividida ideologicamente: América Latina e América Anglo-saxônica. Canadá e Estados Unidos, no seu 'isolamento cultural', pouco tem haver com mexicanos, cubanos, argentinos e brasileiros, o que mostra que cortes geográficos não mostram com fidelidade como as pessoas podem ser tão diferentes embora estejam tão perto.

Cada lugar tem sua essência, seu cheiro, seus frutos e seus preparos para a apreciação e digestão. Todo povo tem seus transgressores, mas de maneira geral, tem seus consensos, e todos transgridem algum consenso, embora alguns consensos o maior dos transgressores sigam, sem fugir de suas origens. Cada ambiente há uma energia, um clima, uma lembrança, uma história que te guiou até hoje, e é construindo o mundo a partir de hoje que construiremos nossas histórias e a história do mundo, tão rotulado por lugares, mas tão único na sua essência: a essência de guardar lembranças e respirar história.

terça-feira, 17 de março de 2009

Março está ruim para o Bahia

Após 9 vitórias seguidas no Baianão, tricolor caiu de rendimento nesse mês.

No primeiro dia de março, o Bahia, jogando com o time misto, perdeu não apenas 3 pontos para o Colo-Colo, mas também o seu zagueiro titular Alisson que, operado hoje as 9 da manhã, só deve voltar aos gramados em setembro. A primeira derrota no campeonato baiano foi suficiente para lhe tirar a liderança, ja que o Vitória, embora com um jogo a mais, estava há apenas 1 ponto do tricolor.

Alguns titulares foram poupadas para a estréia na copa do Brasil, contra o Potiguar, em Mossoró, no dia 4. Esperava-se eliminar a equipe do Rio Grande do Norte no jogo de ida, vencendo-a por no mínimo 2 gols de diferença. Dois tentos foram marcados, mas a classificação não veio: o resultado de 2 a 2 trouxe a possibilidade do Esquadrão de aço jogar por empate de 1 a 1 ou sem gols para seguir para a 2ª fase, onde enfrentará o Coritiba.

Essa semana pode ser a redenção no meio de um mês de desempenho fraco: com 2 vitórias, 2 derrotas e 1 empate, 7 gols feitos e 6 gols sofridos em Março, o Bahia pode conseguir na 5ª feira sua classificação para a 2ª fase na copa do Brasil, no Domingo igualar o número de pontos do Vitória e no dia 31, na partida contra o Madre de Deus - a partida para igualar o número de jogos no campeonato- conseguir a liderança, isso se o Vitória não tropeçar antes do término do mês.

Por enquanto a semana está tumultuada: Leandro, expulso na partida de ida contra o Potiguar, foi julgado na 2ª feira pelo STJD e não defenderá o Bahia na 5ª feira. No seu lugar deve entrar Diogo, que na partida do último Domingo contra o Poções entrou no lugar de Rubens Cardoso, que saiu com um problema na coxa e também pode desfalcar a equipe no jogo da copa do Brasil. Leo Medeiros nem chegou a entrar na última partida, também com problema na coxa.

Em compensação, o atacante Alex Terra pode estrear na 5ª feira, e o goleiro Marcelo deve voltar a jogar, após um tempo afastado por contusão. O jogo está marcado para oito e meia, no estádio Metropolitano de Pituaçu.

http://www.oscampeoesdabola.com.br/lista.php?idCat=80#905

segunda-feira, 16 de março de 2009

Fred, o cara das estréias

E não foras poucas as 'primeiras vezes' desse mineiro de 25 anos

Três de outubro de 1983: a estréia do cara das estréias. Nascido em Teófilo Otoni, Frederico Chaves Guedes não parou mais, e antes da maioridade, ja fazia seu primeiro gol na carreira, pelo América mineiro, a sua primeira equipe. Ainda na equipe junior, entrou para o livro dos recordes como o autor do gol mais rápido da história do futebol: 3,17 segundos!



Transferido para um clube maior da cidade, o Cruzeiro, também estreou com gol, e seu sucesso foi tão intenso que em menos de 2 anos ele ja estaria jogando na Europa e convocado para a copa do mundo. E na sua estréia pelo Lyon da França, também deixou sua marca, assim como na sua estréia em copas: 3 minutos foram o suficiente para pegar o rebote do chute de Robinho e colocar pra dentro a redonda na vitória por 2 a 0 sobre a Austrália, em 2006.

Ontem, mais uma estréia do 'predestinado': seu retorno ao Brasil teve o Maracanã lotado e cheio de expectativas para ver o astro do tricolor carioca. E ele não decepcionou e fez mais que um: foram 2 gols na vitória sobre o Macaé!



Começar com intensidade, pois como diria Geraldo Vandré, 'quem sabe faz a hora e não espera acontecer'. Nos gramados, busca-se posicionar bem em campo, para fazer as oportunidades virem até você, e em questão de tempo, marcar. Na vida, dizemos sim ao que queremos, nos posicionando bem às situações afim de conquistarmos nosso espaço, mesmo que não na estréia como Fred, mas sempre com intensidade, sempre em busca do gol!

sexta-feira, 13 de março de 2009

A peneira do querer

"Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade pra dizer mais sim do que não"- Lulu Santos

 Lulu Santos - Tempos Modernos


Esse trecho da música 'Tempos modernos' é um grande complemento para a reflexão de um filme que digamos, embora um pouco 'água com açucar', me fez pensar bastante sobre a vida, sobre o nosso poder de decidir e fazer um futuro melhor.

O filme em questão é 'Sim senhor', com o canadense Jim Carrey, em que seu personagem, chamado Carl Allen, costumeiramente se nega a todas as oportunidades que surgem em sua vida: nunca saí com os amigos, preferindo ficar em casa, e, como funcionário de um banco de empréstimos, nega todos os pedidos, sem critério algum. Um dos motivos que levaram sua ex-namorada Stephanie (Molly Sims) a terminar com ele foi a sua passividade em relação a vida.

Até que uma 'luz' surge, sendo esta oportunidade a abertura para várias oportunidades: um grupo de auto-ajuda que 'ensina' as pessoas a dizerem sim. Foi com esse 'empurrão' que novas coisas surgiram em todos os âmbitos de sua vida: nas antigas amizades, na vida profissional e amorosa. O 'Sim' parecia ser a resposta mágica para todas as perguntas, e, não me aprofundando mais sobre o meio e final do filme (que eu indico), penso que realmente, se queremos algo, devemos dizer sim, caso contrário, devemos saber dizer não com firmeza. Não há resposta pronta para todas as perguntas, e a sinceridade aliada a flexibilidade são ingredientes para viver sem medo de ser feliz ao mesmo tempo que se seleciona o que se quer, numa peneira que não precisa ser tão fechada, mas taopouco tão aberta.

As pessoas são diferentes, logo, suas peneiras também. Seja feliz com a sua peneira, afinal, ninguém melhor que você para saber o que te faz bem.

Balanço de começo do 3º semestre

Matérias interessantes não tem faltado: em prática de reportagem ll, complementaremos os conceitos da técnica jornalística com teorias que ampliaram nossos repertórios de formatos de escrita, e assim aperfeiçoaremos os nossos textos narrativos, dissertativos, e todos os detalhes que os cercam. Se 'transgredir a linguagem convencional' é uma meta minha aqui no blog, como futuro jornalista, terei que 'andar na linha' para escrever nos formatos convencionais e assim me inserir competitivamente no mercado de trabalho, porque ao mesmo tempo que quero ajudar a criar um 'novo mundo', também busco ganhar dinheiro (o que não é pecado se feito com ética) para fazer coisas que tanto gosto, como viajar, e se torna muito mais viável ser bem sucedido sócio-economicamente se cumprirmos algumas 'regrinhas chatas' as vezes, embora isso não me impeça de continuar com outros trabalhos alternativos, como escrever no blog sobre temas em que não tenho compromisso com audiência e aos poucos tentar, da forma que posso, ampliar os horizontes das pessoas que lêem meu conteúdo, para estas não se limitarem ao midiático.

No trabalho em grupo de Práticas investigativas faremos uma pesquisa sobre o desenvolvimento de uma banda daqui de Salvador, chamada 'Casca Dura', que com quase duas décadas ainda sobrevive, embora sem tanto reconhecimento, no cenário indie rock. Essa matéria busca enxergar o mundo musical sem tantos preconceitos, tanto que nosso professor nos recomendou dois livros para reflexão: "Que tchan é esse?" (sobre o desenvolvimento do sons mais populares que vemos hoje) e "Eu não sou cachorro não" (que busca desmistificar o conceito de 'brega'). Há grupos que farão pesquisas sobre bandas como Jammil, e mesmo esta sendo de Axé, com pesquisas mais profundas, pode-se buscar fatores que contribuíram para seu sucesso que não são meros clichês, e apenas com estudo se consegue estas respostas. Vale lembrar: é interessante que o pesquisador não esteja no meio do qual pesquisa, porque sendo 'de fora' seu campo de visão pode enxergar coisas que quem está incluído está muito perto para ver, por exemplo, uma pesquisa sobre os Emos feito por 'não-emos' pode dar um resultado muito mais interessante, já que na coleta de informação já haverá entrevistas que revelem conteúdos, e o repórter tem apenas o papel de balanceá-las e relatá-las, sem preconceitos ou julgamentos, sem olhar de cima pra baixo com ar de superioridade, são ensinamentos que muitas vezes aprendemos dentro e fora da sala de aula, fora que essa é uma base boa para se ambientar com a monografia, TCC, teses, que serão feitas no último semestre, mestrado, doutorado...

Em assessoria de comunicação, meu grupo fará uma pesquisa sobre órgãos públicos estaduais, e temos em mente duas ASCOM para investigar: o Ministério Público e a EMBASA. Relatar seus trabalhos e desafios, juntando com o nosso aprendizado na disciplina, nos fará aprender na prática o que tanto ouvimos nas aulas teóricas. O trabalho de um assessor foge do que quero para minha vida, que é ir para as ruas colher informações e levar com rapidez as redações, mas não descarto da minha vida nada que venha da minha formação acadêmica, afinal, um trabalho de experiência pode ser válido, e também, vai que eu aprenda a amar assessoria...

Mas como hoje tenho em mente ser repórter, o projeto que mais me instiga é o de radiojornalismo, em que estou com a editoria de esportes e falarei sobre 2 temas: o trabalho dos boleiros de tênis (que geralmente são recrutados para seus serviços temporários) e o 'Sua nota é um show' (programa do governo estadual em que se troca notas fiscais por ingressos em partidas de futebol). Terei que sair do comodismo, correr atrás da notícia, como um jornalista de verdade. Estou gostando dos novos desafios.

Em estética, penso que 'nos fecharemos um pouco' para o conceito de 'belo convencional', que pode não ser o refletido pela sociedade, mas que de alguma forma, nos ensina técnicas para distinguir e refletir sobre valores regionais e assim quebrar paradigmas e não nos prendermos a um centro, e sim ao todo, portanto que tenha estética. Mas, refletindo um pouco sobre os conceitos, em que até a matemática explica através da simetria as definições de belo, penso que podemos sim discordar de pessoas que tem a mesma busca estética que nós, afinal, para a 'frieza dos cálculos', Angelina Jolie talvez não seja favorecida esteticamente pelo elemento boca ser 'desproporcional' ao resto da face, e no entanto, o que há de mais bonito e sedutor em Angelina Jolie é justamente a boca, que, se fosse pequena, não daria tamanho desataque a uma das mulheres mais bonitas do mundo.

Pensamentos, reflexões e mãos a obra: há tempo de refletir, seguir normas técnicas e por vezes, porque não, também fugir das regras. Isso é jornalismo: um curso que ensina muito mais que transformar fatos em notícias, pois nos ajuda ver o mundo de uma maneira que jamais pensávamos que pudesse ser vista.


Não sei se essa reflexão tem muito haver com o conteúdo acerca de estética, mas vamos lá: o estudo da 'simetria sisuda' não é compatível com o real fascínio que o ser humano tem pelo surpreendente, por formas alternativas que fujam de cálculos frios. Se a boca de Angelina Jolie tivesse tamanho compatível com suas outras partes do rosto, ou o contrário: se as outras partes do rosto fossem compatíveis com o tamanho e traços de sua boca, os resultados seriam esses acima (colaboração do blog Evolution Body)

Mas digamos que a natureza, com suas formas 'errantes', a fez mais bela do que qualquer tipo de planejamento previsível, logo, talvez o conceito de estética não esteja tão ligada às exatas (afinal, eu faço curso de jornalismo), e sim ao bom senso (ou bom gosto), e isso temos com nós, e observaremos ao usarmos nas avaliações que em muitas vezes estarão em páginas de jornais.

terça-feira, 10 de março de 2009

Informação x Experiência

Mais uma postagem da série que visa discutir conceitos antagônicos e decifrá-los, compreendendo seus conceitos. Sábado passado fiz uma comparação entre 'Estética x Mercado', dando exemplo no campo das artes e em especial da música, que muitas vezes é produzida como mercadoria (e em larga escala industrial, fazendo o gosto da multidão para assim se lucrar muito sem a preocupação estética) e em outras pode contrariar as preferências gerais e por isso não vingar tanto nas paradas de sucesso, embora parte desses artistas pouco se preocupem com isso. Nessa mesma postagem, falei da aliança entre esses dois conceitos, por exemplo, a dos garotos de Liverpool que fizeram música de qualidade e até hoje são muito ouvidos.

O antagonismo entre Informação x Experiência surgiu na aula de Estética. Na verdade, a teoria tratada no texto 'A experiência ou saber experiência', que nosso professor Eduardo Bastos passou, defende a tese de que não há conhecimento de algo sem a vivência, logo, não adiantam tantas informações, seja da leitura ou de experiências de outras pessoas: você só saberá como é determinado lugar se estiver lá e com a sua experiência poder descreve-lo, com as suas letras construídas pela sua vivência, que é única.

Vale lembrar: não adianta sair por aí 'procurando experiências', se não houver momentos de pausa e reflexão, pois o tempo do ócio criativo fará a 'digestão de idéias' se tornar produtiva em sua mente. Por exemplo: não adianta trabalhar tanto, chegar em casa cansado, dormir, para no outro dia trabalhar novamente, num ritmo tão alucinante que leva suas ações a adquirirem características mecânicas, logo, sem pausas não haverá experiência.

Não se trata de dispensar a informação: esta pode ser útil, sendo o conhecimento prévio importante para previnir e 'saber em que terreno se pisa' (se é que a 'loucura da vida imprevisível' não leve a uma experiência ainda mais rica), mas não substitui a experiência. Penso então que o jornalista tem de ser humilde de reconhecer suas limitações e não ter a pretenção de falar por si próprio acerca de um assunto que tudo que ele coletou fora informações alheias ou os seus 'achismos' e 'preconceitos': ser jornalista é falar por si o que se viu e falar pelos outros, experiências que nos textos narrativos (estudados na matéria Prática de Reportagem ll, com Antônio Brotas) ganharam um caráter semelhante ao literário, mas que deixará claro que se trata de uma coleta de dados extraída de terceiros.

A informação também tem as suas controvérsias, sendo suas 'prioridades' extremamente polêmicas, afinal, a técnica usada no jornalismo é parcial, embora tente desfarçar através de 'leads e pirâmides invertidas'. Afinal, porque a eleição de Barack Obama é mais importante que a vitória de um micro-empresário que cresceu no Brasil? Porque o caso de Isabelle Nardoni, João Hélio e Eloá são mais importante que os casos de Joãozinho Silva e Mariazinha de Jesus? Com que critério as capas e manchetes são selecionadas? É o que move mais interesse? Interesse para quem? É muita audácia achar que todos os leitores tem os mesmos valores, e a 'massificação de idéias' foge da tentativa utópica de ser imparcial, logo, minha classe, a de jornalistas, deveria ser mais humilde para reconhecer que embora tenhamos o poder de informar, nem de longe somos os responsáveis por passar todas as informações, e nem de longe fugimos dos nossos princípios e nos tornamos totalmente 'neutros' quando damos a notícia, e principalmente, nem de longe saberemos de tudo, pois não basta informação, é preciso ter experiência, afinal, quem é Diogo Mainardi para falar de BRASIL (com todas as maiúsculas e negrito para ressaltar como 'és impávido colosso'), se ele ganha tanto dinheiro para falar mal- sentado em seu confortável escritório com arcondicionado- do que pouco se aprofundou e nunca fez questão de se aprofundar?

Ganhar dinheiro não pode ser um valor universal, acredito que ainda há quem se preocupe com valores estéticos (como no texto anterior citei os Indies) e acima de tudo, com valores éticos!

domingo, 8 de março de 2009

FENOMENAL!

Pode desconfiar, pode falar mal e dizer que assim não se vai a lugar nenhum: contra todas as objeções, Ronaldo responde, dentro de campo, porque mesmo sem a forma física ideal é um jogador especial, ou você duvida disso?

Histórias de superação sempre entusiasmarão multidões, e em enredos heróicos, o protagonista não pode ser apenas persistente: tem de ser inteligente, afinal, do que adianta persistir no mesmo erro? Se você fizer as coisas da mesma forma que não levam ao sucesso, obterá sempre o mesmo resultado. Foi com muita paixão pelo futebol que Ronaldo Luiz Nazário de Lima, após contusão séria no joelho em abril de 2000 (que poderia te deixar pra sempre fora do futebol), insistiu com a idéia de voltar aos campos, seguiu as normas estabelecidas por seus médicos e fisioterapeutas e deu a volta por cima, culminando não só numa volta em alto nível no poderoso futebol europeu como também a ida a seleção brasileira, que tão descrente, conseguiu o título mundial em 2002, sendo o camisa 9 o artilheiro da competição.

Após a copa, Ronaldo não queria se manter na Internazionale, equipe que na época era comandada por um argentino que, segundo Ronaldo, 'não gostava dele'. Conseguiu assim transferência no mesmo ano para o Real Madrid, e teve que sair pelas portas do fundo, tamanha revolta dos torcedores Interinos. Na sua estréia no Real, ele entrou no meio do jogo, e em menos de um minuto, se locomoveu o suficiente para aproveitar uma oportunidade e balançar as redes: isso é extra-ordinário! Não há precedentes na história do futebol! Esse era seu cartão de visitas, que duraria meia década na capital espanhola. Momentos de muita farra, aproveitando o melhor que a vida pode lhe proporcionar: restaurantes finos, estréias de cinema, boates alucinantes e churrasquinho em casa chamando todos os seus amigos, essa era a vida de um astro que tanto batalhou e poderia desfrutar de tudo que ele conquistou, como diria Zeca Pagodinho, 'se quiser fumar eu fumo, se eu quiser eu bebo, pago tudo que consumo com o suor do meu emprego'.

Mas essa curtição toda trouxe alguns quilos a mais e especulações acerca de sua vida pessoal. Ronaldo, que caso parasse de jogar em 2000 ja teria dinheiro suficiente para levar uma vida farta, buscou seu sonho que dinheiro algum poderia comprar: voltar a jogar. Naquele momento, seu nível estava decaindo, e as cobranças começavam a aumentar quanto mais perto chegava-se da copa do mundo. E o ano de 2006 nem de longe correspondeu as expectativas dos brasileiros: está certo que com seus 3 gols marcados ele superou a marca do alemão Gerd Muller, se tornando o maior artilheiro da história das copas, e com uma assistência, faturou a chuteira de prata (prêmio dado aos artilheiros da competição), mas ser eliminado pelo antigo bicho papão, a França, fizeram todos se lembrar da copa 98, e seus méritos antigos ficaram esquecidos pelo público, que agora pedia 'raça' na seleção canarinha.

Transferido para o Milan em 2007, tentou voltar a jogar em alto nível com um grande desafio: marcar gols no país dos melhores defensores do mundo! O povo italiano já o conhecia pela sua passagem pela Internazionale, equipe rival do Milan, e Ronaldo até correspondia bem em campo, quando em fevereiro de 2008, nova contusão (muito semelhante a de abril de 2000) novamente o deixou afastado do futebol, e ele jamais jogaria pelo Milan.

Voltou para se tratar no Rio de Janeiro, no CT de seu time de coração, o Flamengo. Mesmo fora de campo, constantemente surgiam notícias suas, oras com supostos envolvimentos com travestis e consumo de cocaína. Sua imagem estava afundada, patrocinadores ameaçavam quebrar contrato, e para completar, no final de 2008, fora acusado de traidor pela torcida do Flamengo, que se julgava a 'única casa que sempre te acolheu', por se transferir para o Corinthians. A verdade é que a equipe da Gávea ora nenhuma mostrou planos para concretizar a parceria, tamanha desorganização, e nosso craque buscava imediatamente um contrato, e este surgiu com o clube do Parque São Jorge.

Nesta 4ª feira, o Fenômeno estreou com a camisa alvi-negra: entrara no lugar de Jorge Henrique na vitória por 2 a 0 sobre o Itumbiara de Goiás pela copa do Brasil. Tentou cabecear, tentou driblar, e se sua estréia não foi decisiva, tão pouco deixou a desejar.

Hoje, Domingo, foi dia de um dos 4 maiores clássicos do futebol brasileiro, em Presidente Prudente, e novamente o craque da camisa número 9 começou no banco de reservas. A expectativa era grande: o Esporte espetacular fizera matéria narrando seus tempos jogando aqui no Brasil (pelo Cruzeiro) e a Brahma mostrou o comercial, no início e meio do jogo, co o craque Ronaldo e palavras de apoio. Aos 19 do segundo tempo Ronaldo entrou no lugar de Escudero e, com o Palmeiras vencendo por 1 a 0, caía a invencibilidade de quase 9 meses (sem contar a derrota com a equipe reserva na última rodada da série B, contra o América) o Timão precisava de um gol, que mesmo com o esforço de Ronaldo e seu cruzamento preciso e bola na trave não surgia.

Até que aos 47 minutos do 2º tempo, um momento tão sublime que dispensa letras escritas por um simples blogueiro estudante de jornalismo: assista o vídeo e se emocione, junto comigo, no que de mais belo a vida pode guardar, a superação!


Diga que suas posturas foram inadequadas, mas jamais duvide do potencial dele! A rebeldia de grandes astros supera a 'rebeldia' tão condenada pela sociedade: mesmo com os quilos a mais ele consegue fazer seu dever, assim como Amy Winehouse consegue cantar maravilhosamente bem. Não é alusão as drogas ou a falta de obediência quanto as regras que regulam a harmonia social, e sim compreensão a quem merece, pois ao invés de apenas criticar e desacreditar, deveríamos enxergar muito mais as virtudes, assim como o povo argentino as enxerga em Maradona e por vê-lo como grande ícone, perdoa seu astro, enquanto nós por tão pouco até Pelé falamos mal (logo o Rei, exemplo de disciplina aliada ao talento).

Nesse mundo, há pessoas 'cometas' e 'estrelas': os cometas brilham por algum tempo, mas de tão efêmeros, logo são esquecidos. As estrelas brilham constantemente, e para sempre brilharão. São mais que pessoas, são mitos! Por certas vezes ofuscam até a partida pelo qual estão jogando, concentrando em si as atenções. Ronaldo não é só um jogador de futebol: ele é capaz de reunir a todos em nome de uma mesma emoção, era há 4 anos atrás o 3º rosto mais famoso do mundo (atrás apenas do Papa João Paulo ll e George Bush). Como representante da Unesco, fez muitas crianças felizes na Croácia em sua visita, e por isso tanto cobramos dele: porque sabemos como as crianças te seguem, como elas querem ser 'novos fenômenos'.

"Acima de tudo, futebol é um jogo de equipe. Quantas vezes ouvimos a afirmação que 'nenhum jogador é maior que o clube ou país pelo qual joga?'. Mas nas palavras do historiador escocês Thomas Carlyle, 'nenhum grande homem vive em vão. A história do mundo não é mais que a biografia de grandes homens'. A história do futebol não é diferente.*"

*Parte extraída de pensamentos do filme 'A História do futebol- um jogo mágico', produzido por Fremantle Media

Dia internacional da mulher

O marco simbólico do dia 8 de março representar o dia internacional das mulheres foi a luta de empregadas que, ao protestarem por melhores condições de trabalho, acabaram sendo insendiadas. Esse episódio, acontecido em Nova Iorque, ganhou maior repercussão depois e isto serviu para cravar a data no calendário com esse mérito. Muitas conquistas ainda virão, prova disso são as inúmeras conquistas nos últimos tempos:

-O Ituano, equipe de média expressão no cenário do futebol nacional, foi presidido até recentemente por Sheila Adrigo Minelli.

-A federação paraibana de futebol é presidida por Rosilene de Araújo Gomes.

-Se especulou a possibilidade de o estádio Rei Pelé, em Maceió, ter seu nome alterado para Marta (em homenagem a alagoana que é a melhor jogadora de futebol do mundo).

-Angela Merkel, Michelle Bachelet e Cristina Kirchner governam, respectivamente, Alemanha, Chile e Argentina.

Estes são apenas alguns exemplos de conquistas. Em 2010, quem sabe, não teremos uma presidente da república mulher?

sábado, 7 de março de 2009

Estética x Mercado

O que se faz pela beleza sem a procura imediata do dinheiro e o que se é comercial, 'fabricado em série', as vezes em 'larga escala?'

No primário, nossas professoras de arte nas escolas nos ensinavam que manifestações artísticas não devem ser classificadas: há espaço para cada idéia, sem critérios técnicos que limtem a transgreção e criação de novos conceitos, afinal, fazer arte é inventar, é muitas vezes pensar algo que não reflete os limites da sociedade. Ao contrário dos esportes, na arte não há vencedor: se manifestar é uma vitória, e ninguém está acima de ninguém.

Dos 6 prêmios Nobel entregues anualmente, apenas 1 se dedica ao campo das artes: é o prêmio da literatura, que em 98 foi dado ao portugês José Saramago, sendo ele o único escritor de língua portuguesa a ganhá-lo. Embora as artes não sejam competitivas, o prêmio Nobel costuma ser justo quanto aos critérios estéticos, indpendente de valores regionais.

Mas o que é arte? Se recorrermos a etimologia, deriva de artifício, artificial, ou seja, criado pelo ser humano, opondo-se a idéia de natural. Com esse critério, não há apenas 7 artes*¹, e todos as criações não divinas, a exemplo de sistemas políticos e o complexo mecanismo da economia, seriam arte.

Há muito tempo nós já nos manifestamos

Temos um certo consenso de que a arte entretem, agrupa comunidades e muitas vezes diverte. Talvez, divertir não seja prioridade, levando em conta que a reflexão fria acerca de uma obra abole as expectativas de excitação e gargalhadas. Cada manifestação artística tem o seu objetivo, ou quem sabe, seu objetivo é dado por quem interpreta a obra, ja que, uma vez exposta no mundo, sua ideologia não pertence mais ao seu criador, e sim, a cada um que refletir e lhe der um significado?

O que isso significa para você? Será que é o mesmo que significa para mim?

O que forma uma cultura? Historiadores e cientistas sociais*² pesquisam o que levou determinad povo a ter certa postura uniforme. Pessoas pensam diferentes, mas há traços culturais que fazem determinado grupo guardar hábitos, em que não se escolheu por assim agir, mas que pouca vontade se tem de mudar, e que ja está enraizado em determinada região há muitos anos, muito antes dessas pessoas que agem de determinada maneira nascerem. O artista que quiser ganhar dinheiro em determinada região tem de conhecer (se não ele, algum produtor artístico) a fundo o gosto popular dali.

Apenas 2 artistas conseguiram lotar o Maracanã: Frank Sinatra em 1980 e Ivete Sangalo em 2005. Porque eles? Qual o laço de identidade deles com os valores de tantas pessoas juntas num só lugar? O que fizeram eles chegarem lá, apenas o talento ou houve um bom trabalho de assessoria e produção feito por trás? O que as pessoas buscavam nesses shows? Entrentenimento, diversão, cultura, reflexão...? Frank Sinatra fez o Maracanã se concentrar em silêncio. Ja Ivete...

Como vivemos num mundo capitalista, é natural que muitas das atividades que podem ser exercidas pelo ser humano sejam assim feitas para se enriquecer, e para se ganhar muito dinheiro, tem de se 'filtrar' o que será útil para um projeto bem sucedido e o que não é.

Mas o artista independente (que nos campos do cinema e música são chamados de 'Indie') em essência não procura agradar público algum (nem mesmo o 'público indie'): a preocupação roda em torno da estética, e os admiradores que vierem são consequência do trabalho que criou laços de compatibilidade com pessoas, que não precisam ser muitas (afinal, a preocupação não é popularidade nem dinheiro, e quando o formato não entra em compatibilidade com o conceito de belo da sociedade, a banda não sairá do "underground").
"Banda de garagem" é o termo usado para grupos musicais fora do circuito comercial. Será que todas querem ser vendáveis? Enriquecer é um valor universal?

No mundo musical, se uma banda, mesmo que preocupada mais com as questões estéticas 'surpreendentemente' começe a ganhar mais espaço e visibilidade, não significa que ela se tornou 'vendável ou prostituída', e dinheiro como consequência de um bom trabalho que por acaso se encaixou com alguns valores culturais (e não da 'contra-cultura rebelde) pode sim aproveitar essa fase sem deixar de ser Indie, mas deve-se continuar com a preocupação estética, o que pode fazer a banda sair das paradas de sucesso (o que não deixa de ser normal, afinal, a música mercadológica passa pelo mesmo problema: o de ser 'descartável').
4 garotos de Liverpool na década de 60, com músicas envolventes e carisma fora de série, vidraram multidões no mundo todo, venderam muitos discos (e vendem até hoje) sem deixar de lado a estética invejável (respeitada até pelos críticos mais ferrenhos de música). Será essa uma prova de que é possível fazer uma boa música e vender bem? Eles foram sortudos? A época deles foi mais propícia? Qual a fórmula para chegar no sucesso por tanto tempo (no caso deles, um sucesso que perdura até hoje)

Vale lembrar que a música mercadológica (insisto nesses rótulo embora seja relativo empregá-los a cada banda, pois uma banda independente para mim pode ser mercadológica para você) não é sinônimo de música de má qualidade, embora a mentalidade das letras e melodia priorizem a permanência no mercado. Há como conciliar a estética e os valores atuais, mas a falta de preocupação com os valores atuais fazem o músico indie transgredir e a transgressão traz a mudança de mentalidade (que vale lembrar, nem sempre é construtiva), e a internet é uma ferramente útil para reunir tantas pessoas de mente diferenciada, que embora estejam distante, podem em frente ao computador fortalecer a corrente que visa pluralizar e democratizar sociedades tão presas às tradições e enraizados em preconceitos.

Dos computadores para a internet, da internet para o mundo: Mallu Magalhães e Cansei de ser sexy são exemplos de que pode-se fazer um som diferente e ser ouvido. A primeira, através do 'My Space' (é um serviço de rede social, como o 'Orkut') e a segunda, através do fotolog que as levaram a uma coluna da Folha de São Paulo e assim ganhando repercussão. Dois exemplos de 'descompromisso' com a indústria, mas que vem ganhado espaço, mas será que é realmente isso que elas querem? Ou foram levadas pelo talento e assim mantem o trabalho, sem tanto medo da 'efemeridade do sucesso'?

Um dia os valores do mercado irão mudar, e quem sabe, novos mercados surgirão sem 'acabar' com os antigos, afinal, há espaço para todos nesse mundo, seja a utulidade da arte refletir ou fazer sorrir, seja a música feita para carnaval ou para momentos de solidão: nós respiramos música e sem ela nossa vida seria difícil, afinal, como seria a ida ao trabalho sem ouvir uma canção num trajeto de 30 minutos? E na hora de cozinhar, tudo não fica mais fácil com um rádio de pilha próximo ao fogão? O novo não surge para destruir o velho, e sim para dividir espaço, um espaço em que cabe todos, e caberá até o que não foi inventado.

Segundo o blogueiro Jorge Furtado, são música, dança, pintura/desenho, escultura/arquitetura, teatro, literatura e cinema.

*² As ciências sociais englobam sociologia, antropologia e ciências políticas.


--->OBS:<---

--->O mais incoerente no mundo musical é o termo 'Indie Pop', em que controvertidamente se aliam conceitos opostos: o primeiro, de independência e pouca preocupação com popularidade, e o segundo, ressaltando justamente a popularidade e a busca mercadológica. Talvez, o termo 'pop' na língua inglesa ganhou uma denotação de estilo musical, e não de exposição musical. Aqui no Brasil, a controvérsia está por conta da 'MPB', música popular brasileira, que na verdade, não é popular por aqui, e sim ouvida muito mais pelas elites (o popular seriam o sertanejo, pagode, axé, calypso...)

---> Um exemplo interessante de visibilidade na televisão: se o carnaval de Pernambuco pouco é mostrado na tv, é porque esse não se 'adequa' ao formato televisivo, sem a busca do carnaval de Salvador que, para 'fazer a festa crescer mais' (não sei aonde é o limite de tal crescimento), adequa seus valores a diversos públicos, englobando diversos estilos musicais com diversos instrumentos, enquanto em Pernambuco permanece o Maracatu e Frevo.