segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Não tente abraçar o mundo...

Seus braços são pequenos demais para tanto

O mundo está aí cheio de conflitos: mercado de trabalho competitivo, preconceitos e países inventando guerras para defender seus interesses. Você se acha justo, certo? Mas se acha forte o suficiente para defender todas as causas que ache justa? Você tem energia o suficiente para 'matar um leão' todos os dias? Se vivêssemos de defender causas justas, não faríamos mais nada na vida a não ser defender tais causas: devemos selecionar, escolher pelo que lutaremos, e as prioridades, lógico, mexem com o seu aspecto pessoal, com o seu dia a dia e com os seus interesses.

Dessa forma, por exemplo, não faz o mesmo sentido um branco abraçar a causa negra do que um negro, que sente a descriminação de fato: não tem haver com racismo do branco que não abraçar a causa, mas certamente em outros aspectos ele precisará lutar por algo que valha mais a pena e modifique a sua vida, e não a de outras pessoas (e quantas pessoas precisam de ajuda?). Pode-se apoiar de certa forma, ouvir hip-hop, conhecer o movimento, mas o que nos faz lutar todos os dias é a necessidade de sobrevivência, e a não ser que se tenha um parente negro ou de certa forma algo em sua vida recebeu certa influência (o melhor amigo de infância negro ter sido morto por um policial, ou a namorada ser negra e sentir o peso do preconceito todos os dias), não é apenas o senso de justiça que nos mobiliza, pois existem muitas causas nobres que buscam melhorar a vida de: crianças excepcionais, índios, aidéticos, homossexuais, dependentes químicos, muçulmanos, desabrigados em zonas de conflito, presidiários, sindicato dos operários... Há muitas pessoas do mundo que precisam de ajuda e que por algum motivo são descriminadas e sofrem por condições precárias de tratamento, o que te sensibilizar mais fará você agir, mas além de tentar melhorar o mundo, você tem que ter tempo para trabalhar, se divertir, estudar e etc.

No futebol, sempre quando olho para a zona de rebaixamento dos campeonatos, eu penso no quanto tantas pessoas perderão além dos times: quando a Bahia não tinha times na Primeira e Segunda divisão do Campeonato Brasileiro, em 2006, menos jogos foram realizados (e menos verba de tv e anunciantes era ganha), menos ambulantes puderam vender seus produtos para torcedores, menor era a folha salarial das equipes, menos dinheiro se tinha para formar equipes que pudessem tirar o futebol baiano do buraco, que trazia prejuízos financeiros e emocionais. Atualmente, a zona de rebaixamento da Série B conta com Campinense, ABC, Juventude e Fortaleza. Fico pensando nos paraibanos, que mesmo com a equipe lanterna da competição, vibram felizes a cada gol do Campinense, e sua cidade, Campina Grande, por um ano deve ter vivido uma grande festa: a festa da Série B! E se o Juventude cair? Caxias de Sul tem duas equipes que sempre duelaram as equipes da capital Porto Alegre como guerreiros: o orgulho dessa cidade gaúcha está em Juventude e Caxias, e pela primeira vez em muitos anos, essa cidade pode ficar sem representantes nas duas primeiras divisões do Brasileirão.

Indo para a série A: as duas equipes de Pernambuco estão na zona de rebaixamento! Recife perderá muito dinheiro e alegria se ao final do campeonato essas equipes descerem. E o Santo André, orgulho da cidade? Está certo que nesse município a maioria das pessoas torcem para outros times, como São Paulo, Palmeiras e Corinthians, mas receber as melhores equipes do Brasil certamente não está fazendo mal para essa cidade do ABC paulista, e quem é de lá poderá defender seus interesses freqüentando e vibrando com a equipe do Ramalhão, no Estádio Bruno José Daniel.

Para cada 20 equipes da Série A e 20 da Série B eu conseguirei enxergar danos que tantas pessoas sofrerão se suas equipes caírem, mas 4 equipes tem de cair, e portanto que não seja a minha (O Bahia, que está beirando a zona do rebaixamento na Série B), está tudo certo! Mas tenho minhas preferências: eu não gosto quando equipes nordestinas caem (torço a favor de minha região, embora como bom rival, eu não goste quando especificamente o Vitória vence), acho que o Centro-Oeste tem que ter representante na Série A e desafiar as outras regiões mais poderosas (por isso gosto de ver o Goiás lutando pelo título), quando fui a São Paulo no meio do ano fiquei na casa de uma família são paulina, e por isso quero ver essa equipe na zona de Libertadores. Prefiro que caiam quatro equipes grandes para a Segundona do ano que vem: seria muito gostoso ver Fluminense, Botafogo, Cruzeiro e Santos experimentando o que o Vasco está sofrendo na Série B!

Nossas crenças determinam pelo que lutamos, e não podemos lutar por tudo: lutamos pelo que nos marcamos.

2 comentários:

dora disse...

É isso aí! Tudo é uma questão de equilíbrio. Temos que realmente lutar sempre por uma vida melhor e mais justa para todos, procurando porém estar atentos às nossas necessidades também, pois assim estaremos mais fortalecidos e energizados para a nossa vida e a do próximo.
bjs

SB-SSA disse...

Tentar abraçar o mundo pode quebrar nossos braços.Palavras sensatas. Concordo com a Dora: "É isso aí".