sábado, 30 de maio de 2009

O dia em que Salvador pode entrar para o mapa-mundi do futebol

Indague a um 'estrangeiro comum' o que ele sabe sobre o Brasil, e certamente o futebol estará entre uma dos assuntos no qual ele tem conhecimento (depois vem o carnaval, o personagem Blanka do Street Fighter, as top models...). A maneira mais eficiente que uma cidade brasileira tem de se expor ao exterior é justamente se usando da sua ferramenta mais conhecida: o futebol. Afinal, quem se lembra lá fora que Janis Joplin passou um tempo na aldeia Hippie de Arembepe? (Isso é marcante para nós, mas foi apenas um dos lugares 'exóticos' que essa cantora passou)

E para que se expor internacionalmente, se isso não for transformado em crescimento sócio-econômico? Bom, de certa forma não é nada mal para o ego saber que sua cidade é reconhecida lá fora, e no caso do Brasil, 6 cidades atualmente estão imortalizadas em todo mundo na mente dos fãs de futebol como eu: Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, as cidades sedes na copa de 1950. Está certo que nem todo mundo fica recordando o nome das cidades, pois nem todos sofrem desse 'vício futebolês', mas ao comprar o álbum de figurinhas da competição, estará lá, para os arquivos de gerações, a foto dos estádios sede, graças a isso eu sei que Sapporo no Japão tem um estádio todo coberto em que seu gramado é transportado para fora do estádio para tomar sol, ou que Leipzig foi uma cidade muito importante na Alemanha oriental.

Algo fica na memória de cada cidade que foi sede, eu tenho recordação de todas as 7 cidades em que o Brasil jogou na Ásia em 2002 (Ulsan, Seogwipo e Suwon na Coréia do Sul e Kobe, Shizuoka, Saitama e Yokohama no Japão). E não são apenas dados de que o Brasil jogou nela: nas prévias dos jogos, reportagens eram feitas para mostrar a história desses lugares, e assim sei, por exemplo, que Kobe passou por um terremoto na década de 90 e que Saitama era o lugar onde John Lennon e Yoko passavam férias.

Salvador está prestes a se juntar as ja outras 123 cidades que já sediaram jogo de copa do mundo e mais as 9 cidades da África do sul que irão sediar os jogos do torneio que antecederá ao realizado aqui no Brasil. Amanhã 12 cidades vibrarão de felicidade, e Salvador provavelmente será uma delas (inclusive, no jogo de amanhã entre Vitória e Grêmio, no Barradão, haverá festa com Ivete Sangalo em comemoração ao feito). O Brasil virá no 2ª semestre jogar em Pituaçu contra o Chile pelas eliminatórias, mas o estádio que será usado para a copa será a Fonte Nova, que será reformada.

Na história das copas, que vão 'pondo alfinetes de marcação' no mapa mundi dos fãs de futebol, algumas cidades se destacaram mais que outras: há quem tenha sediado mais de uma copa (mais que isso: Roma e Cidade do México já sediaram 2 finais, sendo a mexicana no mesmo estádio), há quem tenha mais que um estádio (na Espanha mais de uma cidade contaram com 2 estádios, e em 1930 todos os estádios da competição, que foram 3, ficavam em Montivideo, e Munique, que realizou a final de 1974, em 2006 construiu um estádio super moderno, apesar de a final dessa vez ter ficado na capital), e há cidades não capitais que já sediaram finais, como Munique em 1974 (na época a capital da Alemanha ocidental era Bonn), Los Angeles em 1994, Saint-Denis em 1998 e Yokohama em 2002 (na copa realizada na Coréia do Sul e Japão, Tóquio se quer foi relacionada como uma das cidades sedes, embora por muito tempo teve tradição de no seu estádio olímpico realizar as finais de mundial de clubes).

O Rio de Janeiro deve sediar a final em 2014, agora não mais como capital do país. Não se sabe como Salvador pode se destacar em relação a outras, mas eu tenho sugestões (quem sabe um jogo como Argentina e Inglaterra vir parar aqui, e essa partida passa a ser rotulada de 'A batalha de Salvador'? Assim foram rotuladas de batalha de Berna em 1954 e batalha de Nuremberg em 2006 partidas de muitas expulsões).

A 'Roma Negra' merece sediar o torneio: somos a primeira capital do país do futebol, e quando em 1763 deixamos de ser capital, perdemos muito do prestígio, que poderia resultar num desenvolvimento maior do esporte por aqui. Já sediamos o grupo do Brasil na copa América de 1989 (nessa edição, quebramos o jejum de 40 anos sem conquistar esse torneio) mas não temos boas recordações: Sebastião Lazaroni deixou de convocar Charles, o jogador do momento e integrante da equipe campeã brasileira, o Bahia, e como forma de protesto o público baiano deixou de ir a Fonte Nova, inclusive queimando e rasgando ingresso em frente as cameras de tv e, os que foram só estádio, vaiaram. Nesse momento, Bebeto até chegou a dizer que 'tinha vergonha daquilo' (por ser baiano), mas o fato é que depois dessa ocasião, poucas vezes tivemos partidas aqui (apenas 2 vezes: um amistoso contra o Equador em 1997 e contra a Holanda em 1999). O pior não é só isso: parece que nenhuma modalidade de futebol quer vir para aqui: a seleção de Beach Soccer não vem para cá desde 99 também, e a de Futsal, há mais tempo ainda (se quer eu tenho registros).

Vamos Salvador, vamos ser uma das sedes e ficar guardados na memória, se Deus quiser, pela boa organização (tenho desconfianças, mas além de torcer, vou fazer o que tiver ao meu alcance para mostrar para ó Brasil o porque de se orgulhar da minha cidade).

Abaixo, o projeto da Fonte Nova para a copa 2014:

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