sábado, 30 de maio de 2009

O dia em que Salvador pode entrar para o mapa-mundi do futebol

Indague a um 'estrangeiro comum' o que ele sabe sobre o Brasil, e certamente o futebol estará entre uma dos assuntos no qual ele tem conhecimento (depois vem o carnaval, o personagem Blanka do Street Fighter, as top models...). A maneira mais eficiente que uma cidade brasileira tem de se expor ao exterior é justamente se usando da sua ferramenta mais conhecida: o futebol. Afinal, quem se lembra lá fora que Janis Joplin passou um tempo na aldeia Hippie de Arembepe? (Isso é marcante para nós, mas foi apenas um dos lugares 'exóticos' que essa cantora passou)

E para que se expor internacionalmente, se isso não for transformado em crescimento sócio-econômico? Bom, de certa forma não é nada mal para o ego saber que sua cidade é reconhecida lá fora, e no caso do Brasil, 6 cidades atualmente estão imortalizadas em todo mundo na mente dos fãs de futebol como eu: Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, as cidades sedes na copa de 1950. Está certo que nem todo mundo fica recordando o nome das cidades, pois nem todos sofrem desse 'vício futebolês', mas ao comprar o álbum de figurinhas da competição, estará lá, para os arquivos de gerações, a foto dos estádios sede, graças a isso eu sei que Sapporo no Japão tem um estádio todo coberto em que seu gramado é transportado para fora do estádio para tomar sol, ou que Leipzig foi uma cidade muito importante na Alemanha oriental.

Algo fica na memória de cada cidade que foi sede, eu tenho recordação de todas as 7 cidades em que o Brasil jogou na Ásia em 2002 (Ulsan, Seogwipo e Suwon na Coréia do Sul e Kobe, Shizuoka, Saitama e Yokohama no Japão). E não são apenas dados de que o Brasil jogou nela: nas prévias dos jogos, reportagens eram feitas para mostrar a história desses lugares, e assim sei, por exemplo, que Kobe passou por um terremoto na década de 90 e que Saitama era o lugar onde John Lennon e Yoko passavam férias.

Salvador está prestes a se juntar as ja outras 123 cidades que já sediaram jogo de copa do mundo e mais as 9 cidades da África do sul que irão sediar os jogos do torneio que antecederá ao realizado aqui no Brasil. Amanhã 12 cidades vibrarão de felicidade, e Salvador provavelmente será uma delas (inclusive, no jogo de amanhã entre Vitória e Grêmio, no Barradão, haverá festa com Ivete Sangalo em comemoração ao feito). O Brasil virá no 2ª semestre jogar em Pituaçu contra o Chile pelas eliminatórias, mas o estádio que será usado para a copa será a Fonte Nova, que será reformada.

Na história das copas, que vão 'pondo alfinetes de marcação' no mapa mundi dos fãs de futebol, algumas cidades se destacaram mais que outras: há quem tenha sediado mais de uma copa (mais que isso: Roma e Cidade do México já sediaram 2 finais, sendo a mexicana no mesmo estádio), há quem tenha mais que um estádio (na Espanha mais de uma cidade contaram com 2 estádios, e em 1930 todos os estádios da competição, que foram 3, ficavam em Montivideo, e Munique, que realizou a final de 1974, em 2006 construiu um estádio super moderno, apesar de a final dessa vez ter ficado na capital), e há cidades não capitais que já sediaram finais, como Munique em 1974 (na época a capital da Alemanha ocidental era Bonn), Los Angeles em 1994, Saint-Denis em 1998 e Yokohama em 2002 (na copa realizada na Coréia do Sul e Japão, Tóquio se quer foi relacionada como uma das cidades sedes, embora por muito tempo teve tradição de no seu estádio olímpico realizar as finais de mundial de clubes).

O Rio de Janeiro deve sediar a final em 2014, agora não mais como capital do país. Não se sabe como Salvador pode se destacar em relação a outras, mas eu tenho sugestões (quem sabe um jogo como Argentina e Inglaterra vir parar aqui, e essa partida passa a ser rotulada de 'A batalha de Salvador'? Assim foram rotuladas de batalha de Berna em 1954 e batalha de Nuremberg em 2006 partidas de muitas expulsões).

A 'Roma Negra' merece sediar o torneio: somos a primeira capital do país do futebol, e quando em 1763 deixamos de ser capital, perdemos muito do prestígio, que poderia resultar num desenvolvimento maior do esporte por aqui. Já sediamos o grupo do Brasil na copa América de 1989 (nessa edição, quebramos o jejum de 40 anos sem conquistar esse torneio) mas não temos boas recordações: Sebastião Lazaroni deixou de convocar Charles, o jogador do momento e integrante da equipe campeã brasileira, o Bahia, e como forma de protesto o público baiano deixou de ir a Fonte Nova, inclusive queimando e rasgando ingresso em frente as cameras de tv e, os que foram só estádio, vaiaram. Nesse momento, Bebeto até chegou a dizer que 'tinha vergonha daquilo' (por ser baiano), mas o fato é que depois dessa ocasião, poucas vezes tivemos partidas aqui (apenas 2 vezes: um amistoso contra o Equador em 1997 e contra a Holanda em 1999). O pior não é só isso: parece que nenhuma modalidade de futebol quer vir para aqui: a seleção de Beach Soccer não vem para cá desde 99 também, e a de Futsal, há mais tempo ainda (se quer eu tenho registros).

Vamos Salvador, vamos ser uma das sedes e ficar guardados na memória, se Deus quiser, pela boa organização (tenho desconfianças, mas além de torcer, vou fazer o que tiver ao meu alcance para mostrar para ó Brasil o porque de se orgulhar da minha cidade).

Abaixo, o projeto da Fonte Nova para a copa 2014:

sexta-feira, 29 de maio de 2009

4ª rodada

No clássico do estado de São Paulo, vai dar Santos! No ataque, um trio um tanto exótico: Vitor Simões do Botafogo (porque eu acho que o time da estrela solitária baterá o Leão pernambucano no Engenhão), Neto Baiano (que joga no Vitória, rival da minha equipe -Bahia-, mas acredito que ele deva fazer pelo menos um gol no Grêmio) e Pedrão do Barueri, pois apesar de o adversário ser o Palmeiras, Pedrão ja deu provas que não se intimida com o desafio (não é a toa que foi artilheiro do campeonato paulista esse ano, mesmo sem o Barueri ter chegado nas semi-finais - portanto, deixou de jogar 4 jogos).

Acredito que o Inter não deve levar gols do Avaí (por isso coloquei Lauro como goleiro) e predomina na minha escalação as cores preto e branco, porque aposto especialmente em Botafogo e Santos, além de ter colocado fora desses times ja citados, Gladstone do Náutico e Kléberson do Flamengo (recentemente convocado para a seleção brasileira).

terça-feira, 26 de maio de 2009

3ª rodada

Bem amigos do Cartola F.C., se esse joguinho virtual causasse repercussão na imprensa, a manchete sensacionalista de 2ª feira seria "Criiiiiiiiiiiiise no El Grande!!!".
Pois é, estou mal na fita: pra começar, escalei Durval do Sport (que estava machucado), Cristian do Corinthians e Pedro Ken do Coritiba (que não jogaram, devido à prioridade que seus clubes estão dando para a copa do Brasil, na reta final), e por muita sorte, coisas piores não acontecem: apenas dois dos meus jogadores relacionados tiveram saldo negativo em suas partidas (Igor e César, ambos do Sport), mas 6 jogadores e o técnico Mano Menezes pontuaram, mas, embora meu rendimento tenha sido acima da metade, não é o suficiente para estar no 1º escalão do Cartola F.C. (também, quanta ambição a minha).
Meus erros: ter escalado no início da semana e não ter atualizado próximo do jogo (assim eu evitaria escalar um jogador machucado e dois que claramente não iriam disputar a partida por outras prioridades, tão divulgadas na imprensa) e ter acreditado no Sport de Recife: os únicos dois jogadores com saldo negativo foram os do Leão da Ilha do Retiro (e logo defensores, que levaram três gols no primeiro tempo do não tão perigoso Atlético Mineiro, e em casa!). É o preço que se paga por acreditar, não há certeza, mas não esperava essa queda de rendimento do Sport depois da Libertadores (esperava certo abalo, mas não por tanto tempo a ponto de não ter vencido nesses três jogos de campeonato brasileiro).
Até mais!




_________Última___Mês_____Campeonato
NACIONAL__560257º_403404º_403404º(-109688)
BA________20789º__15727º__15727º(-3625)
OUTROS____11396º__8102º___8102º(-2121)

terça-feira, 19 de maio de 2009

O que se passa na cabeça de um mendigo?

É óbvio que pessoas são fruto também das oportunidades que lhes são dadas, mas suas escolhas também se fazem presentes para projetar um futuro melhor, logo, o que faz uma pessoa rejeitar os abrigos dados pelo governo para morar na rua?

Ja ouvi histórias e teses de que 'existe muito vagabundo por aí', gente que no máximo reclama, mas se lhe dessem um emprego, estes não aceitariam. Difícil saber acerca das capacidades de muitos moradores de rua, mas quando vejo um garotinho na sinaleira fazendo malabarismo para depois pedir uns trocados, vejo um potencial artista de circo que não teve oportunidade e que nem sabe o quanto é bom naquilo que faz e nem encararia um desafio maior que não acima do asfalto, tamanha falta de auto-estima.

O mendigo vive de pedir, independente da sua história que tenha lhe favorecido ou não: não fosse essa 'atividade', talvez nada mais soubessem fazer, tampouco força de vontade tem de aprender, tamanha desilusão que os leva a crer que nada vindo deles pode ser tão bom. A cabeça do mendigo tem que ser trabalhada, mas como trabalhar a cabeça de alguém tão fechado para novas perspectivas, embora esteja tão exposto ao mundo?

Abaixo, reportagem da Uol mostrando uma medida da prefeitura do Rio: os bancos 'anti-mendigos', que tem divisórias impossibilitando-os de deitar e dormir nas praças. As mais diversas opiniões foram ouvidas, de algo tão superficial que em nada acrescenta para se obter uma melhora nesse quadro, mas que faz todos ocuparem suas mentes com o que de menos importante tem nessa história: o atual - e não sua perspectiva otimista - espaço do mendigo, uma figura abandonada, excluída e sem perspectivas.

domingo, 17 de maio de 2009

Você já foi a Bahia?


Não, não estou te perguntando se você foi ao estado cuja capital é Salvador: ‘Você já foi a Bahia?’ é o nome de um filme da Disney, lançado em 1945 e que tinha como personagens principais o estado-unidense Pato Donald, o mexicano Panchito e o brasileiro Zé carioca (daí seu nome na versão original ser ‘The three Caballeros’).
Interessante como eu, tendo nascido na Bahia, não sabia que a Walt Disney fez um filme que, embora apenas sua versão brasileira tenha o nome que leva o nome de meu estado, se passa uma parte por aqui. É fato que no meio do século XX muitos esforços foram feitos pelos estado-unidenses para conduzir a América Latina ao consumo da sua cultura: a Disney criou Zé Carioca e Hollywood criou Carmem Miranda (que na verdade nasceu em Portugal), com toques de estereótipos aliados ao formato ‘pop’ para substituir o requinte francês das classes mais favorecidas daqui. Em outras épocas, falar francês era um ‘luxo’, uma elegância que fazia muita gente procurar aulas particulares desse idioma (em uma época que a demanda não era tão grande e o professor ia a casa do aluno). Hoje, o mercado de cursos de inglês movimenta milhões de reais em salas de aula onde não faltam alunos preocupados com o mercado de trabalho, mesmo achando o idioma inglês sem graça e sem ‘glamour’ (palavra essa vinda do francês).
Em casos extremos, havia quem mandasse suas roupas serem lavadas na França! Sejam barões de borracha de Manaus, latifundiários plantadores de café em Ilhéus ou produtores de Charque de Pelotas.
O inglês vem num momento onde se torna ‘obrigação’, e não ‘hábito diferenciado’. Já se foi o tempo onde a cultura francesa dominava até as cenas dos cabarés com suas madames: o cinema francês é visto como um dos símbolos do circuito alternativo, já que a massiça produção hollywoodiana e seus efeitos especiais ofuscam as histórias mais reflexivas da realidade humana. Champagne, ostras, escargot e caviar sempre foram para poucos, mas hoje em dia até os endinheirados tem se rendido aos fast-food e coca-cola. Sempre houve uma estrutura estrangeira forte na cultura brasileira, e elas se invertem em detrimento da troca de dominação cultural que é refletida na história do mundo: os Estados Unidos hoje são a maior potência e investiram muita energia e dinheiro para fazer sua marca ser a mais famosa, e numa época onde tais propagandas não tinham tanta circulação (ficavam restrita as elites), a cultura francesa ganhou o gosto de tanta gente rica pela sua elegância, incomparável com a dos também poderosos ingleses.
Michael Jackson no Pelourinho mais tarde tentou fundir as culturas pops de ambos os lados, embora a fama dos americanos seja muito maior aqui do que a nossa lá. E uma das coisas que iniciaram essa fase de ‘americanização’ foi o filme ‘Você já foi a Bahia?’

Clipe de Michael Jackson no Pelourinho com o Olodum: aliança entre música Pop estado-unidense e percussão afro-brasileira

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Rumo a 2ª rodada do campeonato brasileiro!

Bem amigos do esporte, estreamos hoje mais um quadro no blog: o Cartola F.C. Conhecido muitos como 'cartolão', esse é o jogo virtual que vem contagiando os amantes por futebol em todo o Brasil: lançado pela SporTV (um dos canais da GloboSAT), ele visa testar os conhecimentos de cada participante através do desempenho dos atletas escolhidos por ele. Cada participante do jogo faz suas apostas (não se trata de 'jogo de azar', pois não se aplica dinheiro, embora ao final do jogo, se possa ganhar), escolhe os 11 jogadores que espera melhor desempenho na rodada (a soma dos pontos são baseadas em gols, assistências, roubadas de bola e a perda por cartões amarelos, expulsões; O desempenho é avaliado independente desses critérios e também se alia ao resultado da equipe) e o técnico.

Eu comecei minha rodada com uma controversa: mesmo sendo torcedor do Bahia, apostei em 6 jogadores do Vitória. Ao final, somei 40,15 pontos, e com uma sorte imensa: O Vitória ganhou fora de casa para o Atlético paranaense e 6 dos meus 11 jogadores tiveram pontuação positiva, além do técnico Mano Menezes (apesar da derrota do Corinthians).

O nome de minha equipe fictícia (porque lá se escolhe o nome da equipe, seu escudo e suas cores) é 'El Grande', meu nome é 'Grande Lucas' e abaixo está a minha 1ª participação:



Abaixo, a 2ª rodada:

Foi mais coerente dessa vez: coloquei jogadores de times que realmente eu creio que se darão bem na 2ª rodada, como o técnico e 3 jogadores do Santos (que na Vila Belmiro acredito que irá vencer o Goiás sem tomar gols), 5 jogadores de clubes vivos na Libertadores (que não pouparão energias, porque as quartas-de-final não começam nessa semana, e porque o Palmeiras completo deve se dar bem em cima do misto do Inter no Beira Rio, o zagueiro Rafael Marques do Grêmio deve segurar sua equipe contra o Atlético no Mineirão e Bosco e Eduardo Costa, do São Paulo, irão enfrentar no Morumbi o Atlético Paranaense) e Gilmar do Náutico (único remanescente da rodada anterior, fez um gol e ganhou minha confiança), Victor Simões do Botafogo e Toró do Flamengo (ele que geralmente é reserva, com um Flamengo poupado em nome da copa do Brasil, deve entrar no Maracanã contra o Avaí).

Sorte para Santos, São Paulo, Grêmio, Palmeiras, Flamengo, Náutico e Botafogo, os 7 times que podem me deixar mais a frente no Cartola F.C., e especialmente, bom desempenho aos meus jogadores escalados! Minha modesta posição nos rankings é:

NACIONAL 165719º
BA 6800º
OUTROS 3596º

Até mais!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Pra te fazer sorrir

 Lucas Grande - Pra te fazer sorrir


http://www.yehplay.com/musics/Lucas-Grande-Pra-te-fazer-sorrir/296095/

Letra sem melodia de autoria minha (quem sabe em breve aprendo a tocar violão e faço essa música ganhar um corpo bonito):

Eu sei eu sei
As coisas poderiam estar melhor
Eu sei eu sei
Não posso ajudar, mas eu sei
Eu sei, eu sei...

Que gostaria de te ver sorrir
Só não sei o que posso fazer
Se remover montanhas logo ali
Melhorar, eu farei

Só quero te fazer bem eu ja sei
Que não posso ajudar embora eu sei
Que tudo que tiver a meu alcance
Eu farei

Eu gostaria de te ver sorrir
Só não sei o que posso fazer
Se remover montanhas logo ali
Melhorar, eu farei

E abriria até o mar vermelho
Eu me faria de palhaço pra te ver
Sorrir, sorrir, sorrir, eu sei, eu sei...

As coisas poderiam estar melhor
Não posso ajudar, embora eu sei
Que gostaria de te ver sorrir, eu sei, eu sei...

Só não sei o que posso fazer
Se remover montanhas logo ali
Melhorar, eu farei, eu farei, eu farei
O que tiver a meu alcance
Eu farei

domingo, 10 de maio de 2009

Cadê a fantasia do futebol?

Nem todos enxergam o futebol como eu, envolvido em tanta áurea e magia, mas certamente quando se trata de assuntos que o ligam a mercado, emoções e mobilização social, certamente em algum ponto o futebol poderá estar em sua vida, se não como futebol, pelo menos como algo semelhante a algo da condição humana, afinal, que outra atividade tem mudado tanto em menos de um século?

Já se foi o tempo em que o mais alto nível do football não era o ofício principal da atividade de seus atletas: operários jogavam futebol amador, e assim surgiu o Manchester United (formado por empregados de uma companhia de trêm). Com o aumento do interesse público, surgiram a profissionalização e contratos cada vez mais caros, em que pouco de sua fartura ia para o bolso dos jogadores: o teto salarial não permitia ascensão social, logo, todos os times, sendo da capital ou interior de um país, ganhavam salários parecidos. O fim do teto salarial foi uma conquista dos atletas, ao mesmo tempo em que marcou o declínio de tantas equipes que não podiam pagar os mesmos salários para quem exigia uma vida de 'novo rico'.

Já se foi o tempo em que clubes da América do Sul e Europa duelavam como dois gigantes: hoje, para se tornarem campeões mundiais sul-americanos reconhecem suas limitações e procuram vencer com muito mais cautela do que antes. Ninguém vai mais aos estádios com trajes impecáveis; O Santos não teria o maior jogador do mundo por toda a carreira; A seleção brasileira, que até a copa de 78 tinha todo o seu plantel de jogadores atuando no país, hoje conta com exceções que não atuem no exterior (na copa passada, foram convocados apenas Rogério Ceni e Mineiro do São Paulo e Ricardinho do Corinthians). Desde que a Coca-Cola começou a patrocinar a copa, em 78, uma nova era estava por vir: os anunciantes se repetem, sejam eles Gillette, Fuji e Philips, e de quebra as camisas das seleções nacionais contam com fornecedores como Adidas, Nike e Puma, que fazem muitos por fora dos bastidores do poder desconfiarem de tamanho dinheiro envolvido em partidas onde deveria reinar o compromisso apenas com a bola em campo.

Os estatutos de 5 grandes clubes brasileiros dizem o seguinte:

“O Sport Club Corinthians Paulista é uma sociedade civil, de fins não-econômicos e duração por tempo indeterminado.”

“O Santos F.C. [...] é uma sociedade civil, sem fins lucrativos.”

“O C.R. do Flamengo é uma sociedade civil sem fins lucrativos e de utilidade pública.”

“O C.R. Vasco da Gama é uma entidade desportiva, recreativa, educacional, assistencial e filantrópica de utilidade pública, sem fins lucrativos.”

“O Grêmio Foot-ball Porto-Alegrense é uma sociedade civil sem fins lucrativos.”

Em parte, suas essências se mantêm ligadas a um passado de comercialização da bola não tão agressivo, mas quem disse que a pareceria de Ronaldo e Corinthians, por exemplo, não trará enormes lucros para o clube do Parque São Jorge? Tudo se trata de trocar as palavras: A instituição Sport Club Corinthians Paulista não trabalha sozinha, e sim com parecerias, e essas sim tem fins lucrativos, a exemplo da MSI (não mais presente, mas que em 2005 montou um verdadeiro TIMÃO com Gustavo Nery, Carlos Alberto, Tevez, Mascherano, Nilmar e etc). Essas parecerias repartem seus lucros com o clube, que em teoria continua fiel ao seu estatuto, mas na prática executa uma hipocrisia que atrasa o desenvolvimento do país do futebol. Nós podemos sim formar clubes de futebol modernos que lucrem sem a dependência de parcerias, e um caminho para tal feito é a transformação desses tradicionais do futebol em clube-empresa: pois se o enriquecimento tem de vir para a sobrevivência do jogo nos tempos modernos, que venha de corpo e alma, com dirigentes competentes e honestos que saibam canalizar os recursos das equipes para tudo que se tornar vendável, de direitos televisivos a brinquedos licenciados. Quando compramos uma camisa de nossos times no camelô, nem de longe estamos ajudando financeiramente nosso clube: quem a fabrica na maioria das vezes não tem ligação com a entidade, diferente da Europa, aonde o consumo de produtos de seus times vai de tudo que se possa imaginar: camisas, toalhas, perfumes, bonecos, chocolates, relógios...

Já que é para entrar de vez nos tempos modernos, que tenhamos coragem de admitir que os tempos são outros, como claramente afirmou João Caetano, gerente da Traffic (empresa de marketing esportivo): "Nosso objetivo é formar e vender jogadores. Não existe paixão. Não temos torcida. É negócio". A Traffic tem um centro de treinamento na cidade de Porto Feliz (interior paulista) onde vivem 120 garotos que sonham em ser jogador de futebol (mas que tem a consciência que poucos deles conseguirão chegar lá). Negócio é negócio, o que é muito difícil para um torcedor apaixonado que prefere não enxergar as 'impurezas' do futebol (como até hoje eu tenho dificuldade de enxergar).

Empresas de futebol não são 'sagradas', aliás, nem a igreja católica é, tamanho seus latifúndios acumulados por todo o mundo gerando lucro para a sustentação de suas ideologias (não estou desrespeitando a crença, e sim comentando sobre a atividade econômica envolvida). Times de futebol nascem ou são comprados para vários fins: de lavagem de dinheiro a quem sabe, uma 'ingênua paixão de um torcedor'. Camisas são poluídas de patrocinadores, jogadores têm seus 'direitos federativos' (nome atual para 'passe'- só mudou o nome com a lei Pelé, quando o rei do futebol foi secretário de esportes) repartidos entre empresas. Dívidas não chegam ao conhecimento de tanta gente, irregularidades ainda pegam muitos jornalistas de surpresa, e eu, apaixonado por futebol, continuo amando esse esporte, mas tenho me desiludido um pouco com os tempos modernos, e tenho medo de um futuro que arranque o que de mais precioso tem numa partida: a imprevisibilidade do resultado.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Caminhadas sem rumos e 'perigosas'

Em geral, o ser humano gosta sempre de se sentir 'completo', e foge da sensação de que 'está faltando algo'. Somos acostumados sempre a procurar e achar o que quer que seja em lugares pré-estabelecidos, enxergamos a vida como um conjunto de metas, e não como uma viajem na qual vamos descobrindo o sentido ao decorrer da caminhada. Não gostamos de 'andar sem rumo': necessitamos de saber para quê andamos e para aonde vamos.

Tais convenções inibem experiências fantásticas, que nos levam a lugares antes nunca vistos. Se sentir confortável e estável é bom, mas se apenas disso se resumisse a vida, haveria um padrão que foge de tudo que somos forçados com os próprios acontecimentos a perceber: que a imprevisibilidade reina, que crenças diferentes entram em choque, e que resultados são predominante usados como provas de certeza, eliminando a possibilidade de outras versões num mundo onde não há apenas um caminho, mas muitos insistem em ir aos mesmos lugares.

Se sentir inseguro é viver, evitando o 'medo de ter medo', pois do medo se fazem construções de histórias (se o medo não inibir a ação), impossíveis de serem contadas por quem deseja apenas cumprir seus planos pré-estabelecidos e sente que a 'coragem' é questão de escolha.

*Esse é um esboço do que flui entre as aulas de estética e meus pensamentos, tentarei escrever mais sobre pós-estruturalismo.

sábado, 2 de maio de 2009

Alguém vai ficar estigmatizado

Ou o Botafogo irá amargurar o 'tri-vice campeonato' e ouvirá todas as manifestações de desprezo dos flamenguistas ou Cuca, técnico da equipe da Gávea, irá continuar com sua modesta sala de troféus, que não constam de um título relevante (faturara as 3 taças Rio e nada mais).

Quem é o azarado? Na verdade, o 'certo e o errado' depende do resultado: se o que se fez deu a vitória, foi o correto, caso o contrário, é 'preciso rever conceitos'. Amanhã, alguém vai ficar estigmatizado, e o outro, o redentor.
Parte do estigma de ambos os lados está no vídeo satírico 'tropa de sofredores':