Era uma vez, um moleque chamado Astrogildo. Como grandes virtudes desse grande centroavante do XV de Lagarto estão a persistência e, por incrível que pareça, a ingenuidade. Quando todos pensavam que era impossível virar um jogo contra uma equipe superior tecnicamente, ele bufava de raiva, pedia a bola, carregava a bola até onde dava como um tratô se chegasse perto do gol, a chutava, se sofresse a falta, a batia para o gol, e sozinho muitas vezes decidia o jogo.
Como grandes defeitos de Astrogildo estão a persistência e a ingenuidade. Esses traços de personalidade, que por horas eram usados em pró da equipe em alguns momentos, em outros a prejudicavam: não eram poucas as vezes que Astrogildo pegava a bola da defesa de seu time, tentava sair jogando e a perdia, oferecendo perigo para o XV de Lagarto. Mesmo errando pela 1ª vez, ele persistia, e caía no mesmo erro, e como o susto já não lhe dera a lição, a equipe adversária dessa vez fazia o gol. Astrogildo saía xingado pela torcida papajaca*, que já não aguentava um moleque limitado se achar o Pelé do novo milênio.
Na outra partida, quando todos pediam para ele desistir das jogadas individuais começando do campo de defesa, ameaçando inclusive de tirá-lo da equipe, Astrogildo novamente desobedecia, e a equipe vencia, logo, todos se calavam. No entanto, esse ciclo era contínuo: na próxima, as coisas davam errado, na seguinte, certo... Com esse ciclo, o XV de Lagarto era uma equipe irregular, e sempre ficava no meio da tabela de todas as competições que disputava: não chegava ao topo da tabela, tampouco corria risco de segurar a lanterna.
Até que, anos mais tarde, uma 'maré de sorte' parecia acompanhar Astrogildo: 60% de suas jogadas resultavam em gols seus, e quando não resultavam em seus gols, em apenas 20% das vezes resultava em gols do adversário. Com as estatísticas em seu favor, o XV de Lagarto chegou a final do campeonato municipal, para enfrentar o Atlético Lagartense, maior potência da cidade.
Astrogildo sentiu medo de ser ousado num momento tão crucial da carreira, e sem sua ousadia, a equipe perdeu uma chance única na história; Como consolo, havia o fato de que o gol que resultara o gol do Atlético não ter sido culpa de Astrogildo, porém, mesmo com o final da partida, ele não se conformava com a derrota, e após o árbitro estender os braços terminando a partida, seus companheiros caíram no chão, seus adversários pulavam de alegria, e Astrogildo pegou a bola, partiu com tudo em direção ao gol, e chutou, estufando as redes sem goleiro. Ele acreditava ser o gol do empate, pulou, vibrou, na descrente esperança de que havia vencido, já que a persistência era seu defeito, a ingenuidade, sua qualidade, afinal, quem vai provar para sua mente que o campeão não era ele?
*Quem nasce no município de Lagarto, Sergipe.
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*Cristina 1300 - Affonso Ávila - Homem ao termo*
Está nos cinemas brasileiros esse bom e bem curtinho documentário, de
apenas 60 minutos, que resga...
Há 18 horas
2 comentários:
ja pensou em ser comentarista esportivo?
tá, pergunta idiota.
=*
ahn....
comentario acima foi meu, grandão!
=*
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