Foto: Lucas Franco |
“Ora, parece-nos que o
football não se adapta a estas boas paragens do cangaço. Estrangeirices não
entram facilmente na terra do espinho”. Há pouco mais de 90 anos Graciliano
Ramos refletiu os prognósticos (negativos) sociais do esporte que hoje é o mais
popular do Brasil e do mundo. O escritor alagoano só não contava que o “football”
trocaria de vogais e eliminaria um “L” para se “abrasileirar” como um novo
esporte, o futebol. O corner virou escanteio, o back zagueiro, e sua bola de cristal,
meros cacos de vidro varridos junto com palpites como o de que o Bahia jamais
venceria o Santos na primeira Taça Brasil.
Com os mesmos
argumentos “gracilianísticos”, muita gente acredita que esportes como futebol
americano e rugby jamais conseguirão ser grandes no país onde reina o antes
desacreditado futebol. Os esportes da “bola oval” seriam “estrangeiros demais”,
a começar pelos nomes das jogadas e posições dos jogadores. Mas se eu conheço a
Bahia, “Touchdown” pode virar “tondidáu” na mesma velocidade em que a música “Don’t
matter” ganhou a versão “Não vale mais chorar por ele” e inclusive foi cantada
pelo autor da canção original, o rapper americano Akon. A antropofagia já fez
das guitarras do rock instrumentos do tropicalismo e dos cultos africanos
candomblé. Me surpreende que os “defensores da hegemonia da bola redonda”
duvidem que outros esportes possam se “abrasileirar” e quem sabe, ganhar espaço
semelhante ao do vôlei, que tem uma liga forte no país e jogos transmitidos
pela TV aberta. Mas nada é conseguido sem esforço. "Algo só é impossível
até que alguém duvide e acabe por provar o contrário" – Albert Einstein.
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