quinta-feira, 12 de abril de 2012

Volta Ypiranga, por favor!


Lá em cima, no céu, alguém torce pelo Ypiranga. Aliás, o Ypiranga tem mais torcedores vivendo nas nuvens do que na terra, embora os aurinegros baianos vivos tenham bastante pés no chão. Os 12 anos longe da elite do futebol estadual fizeram muitos perderem a capacidade de sonhar, e nem mesmo o ambicioso projeto capitaneado pelo presidente Emerson Ferretti pode garantir um acesso tranquilo. Futebol é decidido nos detalhes, e dentro de campo o novo uniforme produzido pela Lotto e o design moderno do site não poderão fazer a bola estufar as redes adversárias.

O Itabuna, que tirou o sonho do “mais querido” de voltar à Série A do Baianão no ano passado, já está rebaixado. O time do sul da Bahia sequer esperou Jorge Amado, ilustre filho da região cacaueira, completar 100 anos de seu nascimento (12 de agosto desse ano). De quebra, roubou do Ypiranga a magia de subir no ano da beatificação de sua ilustre torcedora Irmã Dulce (2011), que assim como Jorge Amado e meu avô Valdir, sonham em pintar o céu de amarelo e preto no dia 22 de julho, data da decisão do Baianão da Segunda Divisão, ão ão ão, Ypiranga campeão! Mas pouco importa o título: a data do eventual alívio será 8 de julho, quando acontece o jogo da volta da semifinal.

Na mitologia grega e na romana, há deuses e deusas para tudo: amor, trovão, farra... Se o futebol tiver uma divindade, certamente conspirará pelo acesso do “mais querido”, tão bem quisto na terra, mar e céu. Mas a realidade do futebol brasileiro me faz duvidar da existência de qualquer força sobrenatural que não seja o dinheiro. É triste se deparar com tamanha itinerância de clubes pelo país, que mudam de cidades como quem muda de cueca. O Ipitanga (não confundam com o glorioso Ypiranga), por exemplo, tem nome de praia de Lauro de Freitas e em seus oito anos de existência já mandou partidas em Terra Nova, Madre de Deus e Senhor do Bonfim, sem falar na tentativa de se instalar em Santo Antônio de Jesus. A maioria dessas cidades tem nomes “espirituais”, mas de santa essa instituição nada tem, já que tanto machuca o futebol, que é uma religião. Vai lá Ypiranga, e mostra que há motivos para ter fé em um futebol melhor!

Crédito da foto: Lucas Franco

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