domingo, 5 de dezembro de 2010

Reflexos da queda do Leão no futebol baiano

A queda do Vitória representa, para a maioria dos torcedores do Bahia um triunfo a parte. A pior década do tricolor nascido em 1931 acaba com o cenário mais convidativo: recém-chegado na primeira divisão e com o rival na segundona. Mas num mundo como o do futebol, de momentos efêmeros, onde tudo pode mudar a cada segundo, é difícil fazer qualquer projeção do que será o futebol baiano.

Durante muitos anos, o clássico BaVi mobilizou milhares de pessoas, fazendo desse "derby" o mais sadio do país por muitos anos. Gozações sempre existiram, mas a briga entre as torcidas é um fenômeno recente. Com o desencontro entre os rivais nas competições nacionais, mais uma vez o segundo semestre perde tempero, e o futebol baiano perde a chance de se firmar como uma potência. Outros estados estão ganhando força, como Goiás, que mesmo com o rebaixamento dos esmeraldinos, manterá um representante na Série A (o Atlético Goianiense), o Ceará, que hoje tem o Vovô na primeirona e o Icasa na Série B, isso sem falar nos já tradicionais estados do Paraná e Santa Catarina, que com dois representantes na Série A e um na B são mais fortes do que a "boa terra".

O mercado da bola mobiliza muito dinheiro e oportunidades profissionais em todas as áreas: o pior momento da história do futebol baiano foi 2006, quando a Bahia não tinha representantes nas Série A e B por incompetência dos gestores dos times da capital. De tão frágil, o Campeonato Estadual teve um vencedor inesperado: o modesto Colo-Colo de Ilhéus, que pode ter sido o orgulho de sua cidade, mas não tinha forças para representar o estado em competições nacionais, tanto que foi eliminado no primeiro quadrangular da Série C de 2006 e foi eliminado pelo Atlético Mineiro no jogo de ida da Copa do Brasil de 2007, ao levar 3 a 1 no Estádio Mário Pessoa. O Colo-Colo, carente de recursos, se desmanchou. Sem conseguir manter o time vencedor do Baianão jamais chegou entre os quatro primeiros colocados dos torneios posteriores, e pior: esse ano escapou do rebaixamento do Baianão na repescagem.

A maioria dos grandes times pelo mundo tem um rival regional disputando a mesma competição nacional (Grêmio x Internacional, Liverpool x Everton e etc). O encontro entre ambos mobiliza e faz ambas se reforçarem para não passarem vergonha nos embates. O Vitória não pareceu tão preocupado em montar um time competitivo no começo do ano: confiantes em conquistar mais um Baianão, a modesta equipe comandada por Ricardo Silva (um modesto treinador que gradativamente ganhou respeito da imprensa) se iludiu ao achar que a temporada estava bem encaminhada após o tetra-campeonato baiano. O time não engrenou no Brasileirão enquanto disputava simultaneamente a outra competição nacional, e no fim de semana seguinte à final da Copa do Brasil, Ricardo Silva foi demitido, ou melhor, "ganhou férias", mesmo com "o time na mão". O eufemismo usado pela diretoria só não foi mais infeliz do que a contratação do novo treinador, Toninho Cecílio. Com ele, veio a desclassificação histórica na Copa Sul-Americana (após ter vencido o Palmeiras por 2 a 0 no Barradão, o Vitória levou 3 a 0 no Pacaembu, dando adeus à competição), um congelamento na segunda página da tabela e até briga com jogador (Egídio).

A reestréia de Ricardo Silva veio em grande estilo, com triunfo fora de casa contra o Atlético Mineiro. A equipe progrediu até a 24ª rodada, com vitória sobre o Avaí por 3 a 0 no Barradão. Depois daí, foi só ladeira abaixo (veja nesse infográfico) Muitos torcedores do Vitória diziam que a chegada do Bahia para a Série A melhoraria o Leão, que se sentiria na obrigação de montar times competitivos logo no começo da temporada. Que os erros cometidos nesse ano não se repitam, e que o Vitória não demore muito para subir e colocar o futebol baiano nos holofotes.

Um comentário:

Theo disse...

isso aí morota...! que um rival puxe o outro pra cima! nos nivelaremos por cima, e não por baixo!! vamos deixar de provincianismo, o futebol baiano merece coisa melhor!