domingo, 24 de agosto de 2008

E a pira olimpíca é apagada...

representando o final dos jogos olímpicos de verão* Pequim 2008. Há uma norma de boa conduta internacional afirmando que enquanto o fogo olímpico estiver aceso(e este fica durante ás Olimpíadas) as guerras devem cessar. Que bom que vivêssemos o espírito olímpico todos os dias, uma confraternização entre os povos. Aliás, imaginem se aliássemos todos os dias nosso fraternal espírito olímpico com o solidário espírito natalino e o esperançoso espírito de ano novo? Porque não buscar hoje todas as coisas que queremos ao invés de estipularmos datas para através de rituais buscarmos virtudes não encontradas durante a maior parte de nossas vidas?
Os esportes tem a nos ensinar todos os dias, e insisto que, especialmente o futebol, é a maior demonstração pública de como se comportam nós seres humanos. Como maior metáfora da vida humana, os jogos envolvem competições em que, certamente como no nosso mundo, haverá vencedores e perdedores, e o perdedor de hoje pode ser o vencedor de amanhã, e vice versa. Não há privilégio que não seja mantido sem garra e determinação, e não há recorde que se mantenha para sempre com a evolução dos treinamentos e aperfeiçoamentos físicos. A busca pela excelência dos atletas é exemplo em palestras para empresas que buscam melhorar seu desempenho no mercado, e o próprio mercado está envolvido nos esportes ao ponto de competições antes almejadas apenas pela honra pessoal e pátria hoje se tornarem metas para enriquecimento monetário.
O dinheiro é importantíssimo para que competições se expandam e chamem atenção de mais pessoas, e se o objetivo é integrar o mundo, é preciso difundir idéias com cada vez mais força. O problema é que essas idéias geralmente custam caro para justamente 'serem re-embolsadas', ou seja: se gasta dinheiro para se ganhar mais dinheiro ainda. Anunciantes apenas se preocupam com a qualidade do espetáculo porque este te dará mais projeção.
Na delegação brasileira, as mulheres foram destaque, em primeiro, com a 1ª medalha olímpica individual feminina, com o bronze da judoca brasiliense Ketleyn Quadros. Depois, com o 1º ouro feminino individual, com Maurren Higa Maggi, e depois, com o 2º ouro feminino num esporte coletivo, com a seleção de vôlei(o 1º ouro tinha sido com Jacqueline Silva e Sandra Pires, no vôlei de praia). Houve também uma difusão na participação brasileira, que apesar de ter mais representantes do Rio e São Paulo, contou com a judoca Sarah Menezes, que se tornou a primeira piauiense a participar dos jogos. Está certo que ela perdeu na primeira luta, mas é um avanço saber que mais estados estão sendo representados internacionalmente, e podemos ainda mais.
Entre ineditismos como a 1ª medalha de ouro da natação, com César Cielo, algo vai ter que aguardar no mínimo mais 4 anos: o sonho do ouro olímpico de futebol. Chegamos mais perto com as meninas, que mereceram chegar ao topo do pódio. Já com os comandados de Dunga, uma embaraçosa derrota para nossos maiores rivais, os argentinos, que justiça seja feita: mereceram e conquistaram o ouro, porém, a elasticidade do placar(3 a 0) foi um reflexo de uma seleção covarde e mal preparada, com bons jogadores e sem a garra que esperamos. Os argentinos, que na olimpíada passada quebraram o tabu de quase 50 anos sem conquistar um ouro(em Atenas, conquistaram ouro no futebol e basquete), esse ano repetiram a dose no futebol, nos forçando a uma comparação com outro país às margens do Rio da Prata, o Uruguai, que também venceu dois torneios olímpicos consecutivos(1924 e 28) para 2 anos depois vencer a copa. A Argentina, que já fora vice 2 vezes nas olimpíadas de futebol antes de faturar o título pela 1ª vez, conteve-se com apenas essa alegria dourada, e ficou atrás do Brasil no quadro de medalhas.
Por falar em futebol sul-americano, desde 96 temos ao menos um representante do continente no pódio: em 96, a Argentina com a prata e o Brasil com o bronze, em 2000, o Chile com o bronze, em 2004, a Argentina com o ouro e o Paraguai com a prata(até hoje a única medalha olímpica deste país, então, não está tarde para todos os nossos estados conquistarem um dia uma medalha), e em 2008, a Argentina com o ouro e o Brasil com o bronze(vale lembrar que a final deste ano entre Argentina e Nigéria foi uma revanche da final olímpica de 96).
No vôlei feminino, muita emoção. A seleção com fama de azarada, especialmente depois dos jogos olímpicos de 2004, quando desperdiçou 4 match points seguidos e perdeu no Ti-brake para a Rússia na semi-final, perdeu para esta mesma seleção na final da copa do mundo de 2006(com o jogo ganho), mas com muita garra faturou a medalha, a 2ª de ouro no currículo do técnico Zé Roberto(que vencera no comando da masculina em 1992, Barcelona, a 1ª medalha de ouro do Brasil em um esporte coletivo na história das olimpíadas). O vôlei masculino caiu na final contra a alta seleção americana, que tinha como o jogador mais baixo o líbero, com 'apenas' 1,90! Méritos para os americanos, e para Bernardinho e seus comandados, não há o que dizer, pois todos os títulos conquistados ao longo de 8 anos dispensam críticas em relação ao conflito entre o levantador Ricardinho e o técnico(pelo menos porque tudo parece muito mal explicado dos dois lados para merecer comentários com bases científicas, e não a base do 'achismo').
Em breve começarão as para-olimpíadas(olimpíadas para deficientes físicos e mentais), e mais uma vez teremos uma aula de superação de limites.


*Na teoria, jogos olímpicos ocorrem de 2 em 2 anos, revezando-se entre jogos de verão(mais conhecida como Olimpíadas, geralmente em agosto) e de inverno(que ocorrerm no início de ano de copa do mundo de futebol, apenas em lugares frios que possam proporcionar a prática de esportes na neve, como snow board, ski...)

sábado, 23 de agosto de 2008

1ª atividade de Estudos Culturais

Pergunta: Nas aulas 1 e 2 você foi apresentada(o) aos objetivos e conteúdos que serão discutidos ao longo do semestre. A partir de seu conhecimento pessoal sobre o conceito de cultura e o que foi apresentado nas aulas 1 e 2, comente a importância dos estudos culturais no exercício de sua futura profissão.


Minha Resposta: Num mundo seduzido pelo dinheiro e onde reina a intolerância, até mesmo profissionais da área de comunicação esquecem das ciências aprendidas em salas de aula e partem para teorias pessoais a base do ‘achismo’, sem formulações e estudos. O 'achar' certamente foi uma construção da própria história de vida, e quebrar parte dos conceitos nos ensinados anteriormente e nos abrirmos para novas realidades nos faz compreender o mundo como um todo, com diversas realidades que podem ser aceitar sem anular as demais. A responsabilidade de informar não tem sido levado tão a sério e erros de comunicação causam transtornos até hoje, e a comunicação falha é uma das consequências da falta de conhecimento sobre 'o outro lado', e para lidar com o diferente, é preciso esquecer tudo que nos foi aprendido e de fato estudar, falar 'com ciência'(não é a toa que a palavra consciência leva toda uma carga de responsabilidade: ela trata da sobriedade que mentes humanas devem ter ao reagir tranquilamente com o que não te pertence, mas que deve ser respeitado).
Nem sempre a voz do dominador deve ser a prioridade, embora meios de comunicação tendenciosos insistam em leva-las como verdades absolutas, e reprimir o 'periférico', que 'não tende a acrescentar' um mundo movido por ações destruidoras como a de lucrar, não importa como. A má utilização do dinheiro tem polarizado mentes fracas, e a resistência deve partir por iniciativa também dos profissionais de comunicação, que tem um grande poder, o de levar mensagens e assim, ajudar a minimizar a ignorância, que nada mais é que a falta de conhecimento acerca de algo, logo, não se pode saber de algo que não se aprendeu, e um dos introdutores aos aprendizado podem ser jornalistas e publicitários.
Ementar pode ser a nova voz de um jornalismo ético. Sempre haverá compromissos com interesse, lógico, pois estes bancam os meios de comunicação que precisam se manter, mas a busca por independência de idéias deve se tornar mais intensa, quem tem ética deve correr mais riscos, pois parados, deixaremos o mundo estático, e estudando(estudos culturais, antropologia, sociologia, filosofia...) e agindo, melhoraremos nossas vidas e a das próximas gerações.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O dia em que a faculdade parou.

O meu blog já está ganhando cara de 'diário particular', e minha intenção aqui não é falar sobre a minha vida privada, pois este é um espaço que uso como ferramenta de trabalho afim de divulgar minhas idéias e soltá-las para o mundo. No entanto, não dá para negar que esses dias tenham sido dinâmicos, e vale a pena falar um pouco do que vivi, não só no poste de ontem, como no de hoje também.
Após uma espetacular aula de fotografia, onde aprendemos conceitos encantadores sobre a arte de controlar a iluminação de nosso instrumento de trabalho e artificialmente selecionar que quantidade de luz queremos na imagem, fomos correndo em busca de uma tv para assistir ao jogo final de futebol feminino das olimpíadas de Pequim: Brasil e Estados Unidos. O saguão tinha um telão com retro-projetor, estava lotado, mas ainda havia espaço, 'ainda', pois se chegássemos 5 minutos mais tarde não daria. O 0 a 0 da partida hora ou outra era interrompido com trechos Ao vivo das provas de hipismo, parta delírio do público ali presente, que antes de cada salto de cavalo fazia um som para 'espantar urucubaca'(no som de uhh...) e ao soltar sem derrubar nada, delírio geral com outras vogais, o 'aêêêê...'(tão entusiasmados como um gol).
As garotas do Brasil mostravam ter mais intimidade com a bola, mais agressividade, e ao mesmo tempo, uma dose de displicência, a exemplo das chegadas 'mina a mina'(o conhecido 'mano a mano' na versão feminina) das estado-unidenses na meta brasileira. Pela 2ª vez seguida em olimpíadas, íamos para uma prorrogação na final, e contra as mesmas adversárias, que já não metiam tanto medo quanto antes, afinal, no ano anterior, havíamos goleado em duas oportunidades: na final dos jogos Pan-americanos e na semi-final da copa do mundo.
Cansaço e fadiga eram problemas para as duas equipes, no entanto, talvez por questão de infra-estrutura nesse esporte, as americanas pareciam aproveitar melhor as oportunidades, e em uma delas, houve o gol. A seleção canarinha tentou muito, perdeu muitas oportunidades, e a arbitragem passou por dois momentos polêmicos: um impedimento e um pênalti sobre a número 1 do mundo, Marta. Houve esperança até o último minuto, mas no final, o saguão lotado silenciou-se tanto que era possível ouvir uma abelha voando sobre um copo de coca-cola.
Motivo para tristeza? Talvez porque, com a falta de ter para quem torcer, criamos expectativa em meninas maravilhosas que merecem a nossa confiança, mas no entanto, não tem recebido nossa retribuição para lutar de igual para igual com seleções onde o futebol feminino é mais respeitado, e mesmo assim, se conseguiu a prata. Com a evolução das mulheres dessa terra, certamente em breve o ouro será alcançado: até 2004, se quer havíamos chegado a uma final, e hoje, já somos três vezes vice, e vale lembrar: ser 2º colocado é uma honra muito grande, ainda mais se lutaste com suas próprias pernas, sem apoio, com todos os motivos para desistir, e sem motivos para se lamentar.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

E a pauta mudou...

Eu tinha uma lista de assuntos para falar em meu blog: a vitória da Argentina sobre o Brasil, a cultura Indie na música e filmes... Mas como todo jornalista, ás vezes é preciso dar prioridade para o que está mais 'quente' no momento, e por mais que procuremos na rua assuntos com a pauta do dia, coisas mais importantes podem acontecer no caminho.
Hoje seria um dia tranquilo para mim, mas minha amiga e colega de trabalho, Luciana Ferraz, perguntou se eu faria algo pela tarde, e como teria tempo disponível, fomos em direção ao estádio de Pituaçu, com uma pauta que iriam variar entre entrevistas com pedreiros e engenheiros a fotos do andamento das obras. Não pudemos entrar hoje, mas não poderíamos voltar para casa de mãos vazias, e inventamos um plano B para conseguir informações do time que estamos acompanhando(E.C.Bahia): fomos ao C.T. do clube, em Itinga, acompanhar o treino. Lá, fomos muito bem recebidos, havia um ambiente amistoso, com idosos, crianças, todos juntos para apoiar o time de coração, que mesmo não figurando na zona de classificação para o acesso a série A, precisa de apoio e paciência, afinal, se tiver de conseguir vaga a 1ª divisão, será com esses jogadores.
Eu e Luciana conhecemos algumas partes do C.T., inclusive a sala de imprensa, comemos e bebemos por lá, entramos em contato com outros colegas de profissão, inclusive Jaime Brandão, acessor de imprensa do clube, figura tranquila e carismática que fez de tudo para nos deixar a vontade.
Nossa pauta envolvia a regularização dos documentos do meia Caio, que ainda não estreou, e detalhes do coletivo, mas és que surge um acontecimento lamentável que muda todas as nossas prioridades: um 'torcedor' que invade parte restrita a jogadores e comissão técnica dando palavras de ordem, para depois, vir seguido de mais de 40 vândalos com rojões, que, atirados em direção aos atletas, causou um tumulto, envolvendo uma briga generalizada, que afastou todos os que estavam ali para curtir uma boa tarde de treino. Elias, que minutos antes havia sido fotografado com várias crianças, sorrindo, foi agredido fisicamente, talvez o que tenha mais sofrido com a invasão ao gramado.
O desespero era grande, mas o instinto jornalístico ainda guardava energias para algumas fotos do tumulto, para só depois entrar no carro e sair imediatamente do Fazendão, e naquela hora a portaria ligava urgentemente para a polícia. No caminho para nossas casas, no viaduto perto da Madeireira Brotas, uma fumaça negra chamou nossa atenção, e paramos no meio para investigar a ocorrência, que já estava sendo fotografada por uma jornalista de jornal impresso. Também tiramos foto com a câmera digital, mesmo sem saber o motivo da queima de pneus(chegando em casa soubemos que era um protesto contra a demora dos ônibus). Lembrarei para sempre do comentário da foto-jornalista do impresso, que, ao ver algumas câmeras de tv se aproximando da ocorrência, comentou 'basta a televisão aparecer para todos darem importância'. Ela que estava saindo para outro lugar, e parou no meio para caçar notícia.
Assim é a vida de jornalista: com prioridades que podem tomar lugar de outras, com acontecimentos lamentáveis que devem ser noticiados, e que infelizmente, são mais ricos que a pauta que sai de casa. Que o futebol tenha mais paz, e que a paixão por um clube não envolva violência. Os principais responsáveis pela situação do Bahia não são os jogadores nem comissão técnica, e nenhum tipo de agressão física justifica um objetivo digno quanto o de querer o bem para algo ou alguém.


Eu e Luciana colaboramos com foto para o site da filial da Record em Salvador

sábado, 9 de agosto de 2008

Dias perfeitos, texto da aula de Alena

O galo cocorocou, aqui não há despertador
Janelas abertas, brisa a banhar
O nosso lindo amor, debaixo do cobertor
Sem hora para acordar, temos todo tempo para se amar

De uma janela vislumbro, céu vermelho e neblina
De outra vastos campos ensolarados, que o sol ilumina
Maravilhoso prestígio tenho eu
Ao seu lado, nesse apogeu

Não te acordarei, ó minha princesa
Temos todo o tempo do mundo
Para curtir a natureza
Durma mais, e do tempo se esqueça

As horas não preocupam
Vamos relaxar
Na nossa fazendinha
Temos todo tempo para se amar

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Fábrica de heróis

Heróis, super poderosos(com super poderes, a exemplo de homem aranha e sua capacidade de lançar teias) ou não(sem poderes especiais, a exemplo de Batman) são referências máximas em histórias onde há um conflito da ordem contra a desordem, sendo esta última não interpretada sobre suas razões(o 'mal' sempre será responsável por si mesmo, independente de quem o tenha feito assim), maniqueísmo semelhante as visões conservadoras de direita na política(visão esta que se preocupa mais em soluções de curto prazo, sendo a segurança pública um elemento de repressão contra a desordem que se estabelece, e muitas vezes, essa foi fruto do injusto sistema).
Há muito de especial nos heróis, afinal, se todos o fossem, 'ninguém mais os seria'(frase do filme 'Os incríveis', quando a Senhora Elástica afirma ao seu filho, Flecha, que este é normal, e não especial, como este se considerava pelos seus super poderes). É preciso ter um grau de diferenciação para alcançar elevado patamar de 'heroísmo', e a 'busca pelo escolhido' para essa função preocupa mentes sóbrias todos os dias. A busca por soluções a curto prazo muitas vezes é uma ilusão da Ficção científica muitas vezes demonstrada na nossa sociedade, seja numa crença cega por um político redentor, ou um esportista que traz orgulho ao seu povo(muitos destes levam a responsabilidade contra a vontade). O que seria uma 'crença' pode ser interpretada por uma consequência de idéias ‘negativas’ de uma população, pois um povo seguro de si não precisa de heróis, e sim de união, sem 'poderes especiais', onde nada mais que a realidade pode te levar a estabilidade, e não a euforia seguida de desilusão.
Os esportes 'fabricam' heróis todos os anos, muitos destes não conseguem repetir o excelente desempenho depois, e ficam na história aqueles que por mais tempo estiveram no topo, a exemplo de Pelé, Micheal Jordan, Ayrton Senna(que não fosse a sua morte, poderia ser recordista de títulos na Fórmula 1), entre outros. A consequência das competições nas diversas modalidades é que todos os anos surgirão heróis, mas nem todos se manterão no topo: quem vencer o campeonato brasileiro desse ano, por exemplo, será reverenciado como 'exemplo a ser seguido', seja o Grêmio, Cruzeiro ou qualquer outro. Logo, farão reportagens em seus Centros de treinamento mostrando a infra-estrutura do clube(abusarão dos aspectos positivos) interpretando como consequência disto os títulos. Mas e se o campeão brasileiro desse ano(que já está quase no meio) não se manter com excelente rendimento até o final e vencer por demérito dos adversários? Não há tantas comparações entre campeões e não campeões de anos diferentes, e certamente, o Atlético Paranaense, vice de 2004(que chegou muito perto do título com méritos), será muito menos lembrado que qualquer um que levante o caneco(inclusive o Corinthians de 2005, que com ajudas de arbitragem e re-marcação de pontos- devido a um problema de corrupção na arbitragem- conseguiu um título até hoje contestado).
Heróis, na maioria das vezes, são uma projeção de seres perfeitos trabalhados pela mídia para levar otimismo a um povo desacreditado. Grandes expectativas podem inclusive tranformar-los num vilão, e não por este não ter feito o trabalho que pretendia, mas sim pela expectativa criada que era maior do que este poderia corresponder(a exemplo de, para muitos, o presidente Lula). A auto-confiança, paciência para solucionar a longo prazo e sobriedade fazem de pessoas de carne osso não só grandes personalidades, como também, 'destruidores de heróis'(e é preciso re-pensar nas expectativas para retomar um 'raciocínio lógico').

domingo, 3 de agosto de 2008

Estereótipos

Segundo o dicionário Aurélio, há duas definições:

1.Tip. Fôrma compacta obtida pelo processo estereotípico; estereotipia, clichê. [F. red.: estéreo2.]
2.Fig. Lugar-comum (2); clichê, chavão. [Cf. estereotipo, do v. estereotipar.]

Esqueçamos a 1ª e trabalhemos apenas com a 2ª definição, que traz uma referência maior de algo que é mais complexo do que aparenta, por exemplo: eu, como baiano, para muitos não-baianos, 'deveria' jogar capoeira, usar todas as gírias inclusas no dicionário baianês e ser frequentador de terreiros de candomblé. Na prática, os habitantes deste estado estão envolvidos em uma enorme pluralidade de estilos de vida, porém, essa marca da 'baianidade' é levada para fora do estado pelos veículos de comunicação, que criam tal estereótipo baseado nas concepções e 'pre-conceitos' de não-baianos, afim de achar diferenças exclusivas de determinado povo.
O esterótipo nos meios de comunicação são consequências dos ja comentados 'causos'(de conexão inter-pessoal* para conexão inter-pessoal, idéias vão se espalhando como vírus, até abranger vasta parte dos territórios cobertos por uma mídia central- no caso, as redes de tv e rádio brasileira atingem os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal). Veículos não criam idéias sozinhos(não adianta um programa de humor insistir na idéia de que os amazonenses seguem o islamismo, se não houve um proceso de criação maior que uma só fonte, e pior que isso, não dá para reverter valores, como por exemplo, afirmar que os mineiros odeiam queijo, se ja há uma idéia anterior totalmente contrária).
As verdades podem ser contestadas, e um dos motivos que associam o trabalhador baiano a preguiça é que a maior parte do estado é negra, e no período colonial, os escravos criavam resistência a trabalhar(óbvio, quem gostaria de trabalhar a base de punições e sem ganhar nada em troca?), logo, se associou a resistência a trabalhar dos escravos aos negros de hoje, que não precisam provar mais nada para o Brasil, porém, idéias infundadas custam a desaparecer.
Um exemplo de idéia extinta é acerca da qualidade dos produtos japoneses, antes, sinônimo de 'porcaria' devido a má qualidade, e hoje, depois da re-estruturação deste país(depois da 2ª guerra mundial), são os com melhor tecnologia, seja carros, eletro-domésticos...
Não se sabe ao certo como se extinguir uma idéia, mas pode-se aprender a conviver com os estereótipos sem incomodar tanto, ou pelo menos, sem julgar a mal o veículo que ainda transmite essas idéias, exemplo do Casseta e Planeta, que ao fazer piadas estereotipando povos como o baiano, paulista e gaúcho, também nos informam o que se passa nas mentes dos habitantes que não estão nestes estados(por exemplo, assistir ao Casseta e Planeta e ver uma piada sobre baianos me ajuda a informar como pensam os não baianos sobre nós, e esta visão etnocêntrica** sobre nós mesmos pode nos ajudar a compreender melhor o outro lado e assim, fazer o outro lado nos compreender melhor).
O Casseta e Planeta é um programa de humor com alto teor informativo, e quem o sabe usar como uma ferramenta para mudar e ajudar o próximo a mudar o próprio comportamento, pode certamente extinguir idéias preconceituosas, na base da descordância não do programa em si, mas das idéias que ele transmite, que não são deste, e sim da sociedade.


*Comunicação inter-pessoal: comunicação direta onde há trocas de mensagens entre 2 elementos(que são fonte e receptor em momentos alternados, ex: um diálogo, enquanto uma pessoa fala, a outra é um 'comunicador em potencial' e a qualquer hora falará.

Significado(Dicionário Aurélio)
**Etnocentrismo: Tendência do pensamento a considerar as categorias, normas e valores da própria sociedade ou cultura como parâmetro aplicável a todas as demais.