quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Fábrica de heróis

Heróis, super poderosos(com super poderes, a exemplo de homem aranha e sua capacidade de lançar teias) ou não(sem poderes especiais, a exemplo de Batman) são referências máximas em histórias onde há um conflito da ordem contra a desordem, sendo esta última não interpretada sobre suas razões(o 'mal' sempre será responsável por si mesmo, independente de quem o tenha feito assim), maniqueísmo semelhante as visões conservadoras de direita na política(visão esta que se preocupa mais em soluções de curto prazo, sendo a segurança pública um elemento de repressão contra a desordem que se estabelece, e muitas vezes, essa foi fruto do injusto sistema).
Há muito de especial nos heróis, afinal, se todos o fossem, 'ninguém mais os seria'(frase do filme 'Os incríveis', quando a Senhora Elástica afirma ao seu filho, Flecha, que este é normal, e não especial, como este se considerava pelos seus super poderes). É preciso ter um grau de diferenciação para alcançar elevado patamar de 'heroísmo', e a 'busca pelo escolhido' para essa função preocupa mentes sóbrias todos os dias. A busca por soluções a curto prazo muitas vezes é uma ilusão da Ficção científica muitas vezes demonstrada na nossa sociedade, seja numa crença cega por um político redentor, ou um esportista que traz orgulho ao seu povo(muitos destes levam a responsabilidade contra a vontade). O que seria uma 'crença' pode ser interpretada por uma consequência de idéias ‘negativas’ de uma população, pois um povo seguro de si não precisa de heróis, e sim de união, sem 'poderes especiais', onde nada mais que a realidade pode te levar a estabilidade, e não a euforia seguida de desilusão.
Os esportes 'fabricam' heróis todos os anos, muitos destes não conseguem repetir o excelente desempenho depois, e ficam na história aqueles que por mais tempo estiveram no topo, a exemplo de Pelé, Micheal Jordan, Ayrton Senna(que não fosse a sua morte, poderia ser recordista de títulos na Fórmula 1), entre outros. A consequência das competições nas diversas modalidades é que todos os anos surgirão heróis, mas nem todos se manterão no topo: quem vencer o campeonato brasileiro desse ano, por exemplo, será reverenciado como 'exemplo a ser seguido', seja o Grêmio, Cruzeiro ou qualquer outro. Logo, farão reportagens em seus Centros de treinamento mostrando a infra-estrutura do clube(abusarão dos aspectos positivos) interpretando como consequência disto os títulos. Mas e se o campeão brasileiro desse ano(que já está quase no meio) não se manter com excelente rendimento até o final e vencer por demérito dos adversários? Não há tantas comparações entre campeões e não campeões de anos diferentes, e certamente, o Atlético Paranaense, vice de 2004(que chegou muito perto do título com méritos), será muito menos lembrado que qualquer um que levante o caneco(inclusive o Corinthians de 2005, que com ajudas de arbitragem e re-marcação de pontos- devido a um problema de corrupção na arbitragem- conseguiu um título até hoje contestado).
Heróis, na maioria das vezes, são uma projeção de seres perfeitos trabalhados pela mídia para levar otimismo a um povo desacreditado. Grandes expectativas podem inclusive tranformar-los num vilão, e não por este não ter feito o trabalho que pretendia, mas sim pela expectativa criada que era maior do que este poderia corresponder(a exemplo de, para muitos, o presidente Lula). A auto-confiança, paciência para solucionar a longo prazo e sobriedade fazem de pessoas de carne osso não só grandes personalidades, como também, 'destruidores de heróis'(e é preciso re-pensar nas expectativas para retomar um 'raciocínio lógico').

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