domingo, 3 de agosto de 2008

Estereótipos

Segundo o dicionário Aurélio, há duas definições:

1.Tip. Fôrma compacta obtida pelo processo estereotípico; estereotipia, clichê. [F. red.: estéreo2.]
2.Fig. Lugar-comum (2); clichê, chavão. [Cf. estereotipo, do v. estereotipar.]

Esqueçamos a 1ª e trabalhemos apenas com a 2ª definição, que traz uma referência maior de algo que é mais complexo do que aparenta, por exemplo: eu, como baiano, para muitos não-baianos, 'deveria' jogar capoeira, usar todas as gírias inclusas no dicionário baianês e ser frequentador de terreiros de candomblé. Na prática, os habitantes deste estado estão envolvidos em uma enorme pluralidade de estilos de vida, porém, essa marca da 'baianidade' é levada para fora do estado pelos veículos de comunicação, que criam tal estereótipo baseado nas concepções e 'pre-conceitos' de não-baianos, afim de achar diferenças exclusivas de determinado povo.
O esterótipo nos meios de comunicação são consequências dos ja comentados 'causos'(de conexão inter-pessoal* para conexão inter-pessoal, idéias vão se espalhando como vírus, até abranger vasta parte dos territórios cobertos por uma mídia central- no caso, as redes de tv e rádio brasileira atingem os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal). Veículos não criam idéias sozinhos(não adianta um programa de humor insistir na idéia de que os amazonenses seguem o islamismo, se não houve um proceso de criação maior que uma só fonte, e pior que isso, não dá para reverter valores, como por exemplo, afirmar que os mineiros odeiam queijo, se ja há uma idéia anterior totalmente contrária).
As verdades podem ser contestadas, e um dos motivos que associam o trabalhador baiano a preguiça é que a maior parte do estado é negra, e no período colonial, os escravos criavam resistência a trabalhar(óbvio, quem gostaria de trabalhar a base de punições e sem ganhar nada em troca?), logo, se associou a resistência a trabalhar dos escravos aos negros de hoje, que não precisam provar mais nada para o Brasil, porém, idéias infundadas custam a desaparecer.
Um exemplo de idéia extinta é acerca da qualidade dos produtos japoneses, antes, sinônimo de 'porcaria' devido a má qualidade, e hoje, depois da re-estruturação deste país(depois da 2ª guerra mundial), são os com melhor tecnologia, seja carros, eletro-domésticos...
Não se sabe ao certo como se extinguir uma idéia, mas pode-se aprender a conviver com os estereótipos sem incomodar tanto, ou pelo menos, sem julgar a mal o veículo que ainda transmite essas idéias, exemplo do Casseta e Planeta, que ao fazer piadas estereotipando povos como o baiano, paulista e gaúcho, também nos informam o que se passa nas mentes dos habitantes que não estão nestes estados(por exemplo, assistir ao Casseta e Planeta e ver uma piada sobre baianos me ajuda a informar como pensam os não baianos sobre nós, e esta visão etnocêntrica** sobre nós mesmos pode nos ajudar a compreender melhor o outro lado e assim, fazer o outro lado nos compreender melhor).
O Casseta e Planeta é um programa de humor com alto teor informativo, e quem o sabe usar como uma ferramenta para mudar e ajudar o próximo a mudar o próprio comportamento, pode certamente extinguir idéias preconceituosas, na base da descordância não do programa em si, mas das idéias que ele transmite, que não são deste, e sim da sociedade.


*Comunicação inter-pessoal: comunicação direta onde há trocas de mensagens entre 2 elementos(que são fonte e receptor em momentos alternados, ex: um diálogo, enquanto uma pessoa fala, a outra é um 'comunicador em potencial' e a qualquer hora falará.

Significado(Dicionário Aurélio)
**Etnocentrismo: Tendência do pensamento a considerar as categorias, normas e valores da própria sociedade ou cultura como parâmetro aplicável a todas as demais.

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