Para começar o texto, uma explicação do que foi a 'tarde de Sarriá': Sarriá foi um estádio de futebol em Barcelona- Espanha(demolido em 98). No dia 5 de julho de 1982, nesse estádio, jogaram Brasil e Itália, e esse jogo era decisivo para garantir uma vaga para a semifinal da copa do mundo.
O Brasil tinha um timaço, que sem exagero, marcou tanto quanto seleção de 70: Na copa de 82, tínhamos um dos melhores técnicos de todos os Tempos, Telê Santana. No meio, um 'quadrado mágico, com Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico. A
Itália era a antítese de toda essa magia: conseguiu a classificação com 3 empates(Polônia, Peru e Camarões) e graças aos seus 2 gols marcados, contra apenas 1 de Camarões, de classificou(sendo que um gol de Camarões contra a própria Itália no final do jogo foi legal e o juiz anulou, e o gol italiano sobre a seleção camaronesa contou com a colaboração do goleiro N’kono, que escorregou no lance).
Na chave de Brasil, Argentina(que havia ganhado a última copa) e Itália, em que apenas 1 poderia se classificar para as semifinais, nem precisa falar quem era a ‘azarona’. Pois a freguesa foi a Argentina, que perdeu para as 2 equipes. Na última partida, do grupo, o Brasil jogava pelo empate e tinha a melhor seleção. Há registros de italianos apaixonados por futebol que afirmaram: ‘O Brasil tem que vencer esse jogo, pelo bem do futebol!’
Pois daí surgiu a estrela desta copa, o nome que até hoje causa arrepio em muitos brasileiros acima dos 35 anos: Paolo Rossi, que inclusive até essa partida(a anti penúltima da copa) não havia marcado gol na copa, e terminou como artilheiro com 6 gols. Mesmo com 19 anos, sou um jovem que estudo muito o futebol, e sei como essa partida em Barcelona mudou o rumo do futebol brasileiro e internacional.
Paolo Rossi, que havia disputado a copa de 78 como titular, ficou longe dos gramados por 2 anos devido a denúncias de manipulações de resultados denominado ‘Totonero', quando atuava pelo Peruggia. Chegou a copa de 82 fora de forma e desacreditado, como toda a nação italiana. Inclusive o técnico Enzo Bearzot proibiu os jogadores da seleção italiana de lerem jornais, para não se desequilibrarem emocionalmente com as notícias furiosas da apaixonada imprensa italiana.
Com 3 gols, num jogo disputadíssimo, a incrível seleção brasileira de 82 foi eliminada da copa, mas deixou um legado, assim como a Hungria de 54 e a Holanda de 74, que ‘vencer não é tudo’. Infelizmente, com o tempo, esse legado foi sendo esquecido e tivemos uma seleção com futebol extremamente ‘doloroso aos nossos olhos’ campeã do mundo, que por sinal era brasileira, em 94. Parreira, um técnico ultra-conservador e adepto do manjado 4-4-2, se tornou campeão com 2 zagueiros, 2 laterais recuados, 2 volantes, dois meias que estão longe de ser criativos e um ataque que salvou a equipe do fiasco.
Hoje o Brasil regride mais com Dunga, que está optando por 3 volantes, mas na verdade a nossa cultura impôs toda essa retranca: talvez ficamos tão tristes por perder aquela copa que pedíamos por times vencedores e esquecemos que futebol bom de se ver é jogado pra frente, em busca do gol, com ousadia e meias criativos que possam também fazer gols.
Torcemos por dias melhores para o futebol mundial, mas sem mexer na regras, os técnicos vão continuar abusando da retranca,e o futebol vai aos poucos ficando mais feio. Mas o problema é: como mexer a regra para o futebol ficar mais dinâmico e com as equipes correndo mais riscos, se todos querem ganhar, não importa como?
Estreias da semana - Nos cinemas
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*Cristina 1300 - Affonso Ávila - Homem ao termo*
Está nos cinemas brasileiros esse bom e bem curtinho documentário, de
apenas 60 minutos, que resga...
Há um dia
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