domingo, 15 de maio de 2011

Uma nova década para o futebol baiano


Já em janeiro, os anos 2010 prometiam ser diferentes da década anterior: no primeiro mês do ano, a bola da vez era o Esporte Clube Bahia, que chegava na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, além de estar na Série A e ser considerado, oficialmente (pela CBF), bi-campeão brasileiro (com a unificação dos títulos de Taça do Brasil e Robertão, que passaram a ser considerados Brasileiros).

No entanto, o Esquadrão de Aço correu sérios riscos de não passar para a segunda fase do Baianão 2011. As coisas pioraram quando o time levou 6 a 0 do Atlético Paranaense na Copa do Brasil e foi eliminado pelo seu maior rival na semi-final do estadual. O tricolor, então, rumou para um resort em Águas de Lindoia, interior de São Paulo acostumado a receber equipes de futebol em fase de preparação para torneio.

Enquanto os jogadores do Esquadrão treinavam, longe da pressão soteropolitana, seus torcedores estavam de olho em outro Bahia, o de Feira, finalista do estadual contra o Vitória. O Tremendão (apelido da equipe feirense) começou esse ano com o pé direito, ao se tornar o primeiro time do interior a faturar o Torneio Início, em cima do Conquista na final, com destaque para o artilheiro da competição, João Neto, com três gols.

O rubro-negro baiano teve um crescimento fantástico na sua história recente: superou Galícia em número de estaduais nos anos 60, o Botafogo nos 70, o Ypiranga nos 80, nos 90 veio o primeiro tri-campeonato consecutivo(95-96-97) e, em 8 dos 10 anos da década de 2000, se sagrou vitorioso no estado. No ano de 2002, houveram duas edições de estadual: o Palmeiras Nordeste, de Feira de Santana, venceu o Baianão, do qual a dupla BaVi negligenciou em detrimento do Nordestão, mas o Vitória ficou com o Supercampeonato, que ocorreu durante a Copa do Mundo, quando a CBF paralisou competições nacionais.

O Vitória entrou hoje em campo como grande favorito ao título. O inédito penta ficou próximo com o empate no jogo de ida, no Joia da Princesa, na semana passada. Quando Geovanni, cobrando falta com maestria, abriu o placar aos 15 minutos então... Porém, no final do primeiro tempo e novamente na bola pelo alto, o Leão, que pretende subir de avião para a Série A, viveu seu característico momento de pane aérea: foi o 11º gol oriundo de cruzamento, de 21 sofridos na competição. O intervalo foi tenso, com vaias dos torcedores. Mas o pior ainda estava por vir: João Neto virou o placar, aos 21 da segunda etapa, após um chute forte que contou com a colaboração de Viáfara, que perderá a vaga de titular na Série B para Fernando.

Dali por diante, o fantasma do Colo Colo se materializava em um bicho papão. Porém, diferente do time de Ilhéus, que se aproveitou da pior fase dos times da capital (ambos na Série C do Brasileiro em 2006), o Bahia de Feira, na classificação geral, ficou em segundo lugar, a frente do chará da capital, atualmente na primeirona, e invicto jogando em casa (diferente do Vitória, que perdeu três jogos no Barradão: na estreia para o Colo Colo, na semi contra o E.C. Bahia e na decisão para o Tremendão). Foi o quinto título baiano vencido por uma equipe do interior: o Fluminense de Feira ganhou em 63 e 69, o Palmeiras Nordeste em 2002, o Colo Colo em 2006 e hoje, o Bahia de Feira.

A nova era do fuebol baiano se estende ao Ypiranga, Botafogo e Galícia, que podem voltar a elite em 2012 (apenas dois sobem). A nota negativa dessa nova década é a itinerância de clubes pequenos, que vivem mudando de sede e dessa forma, não criam identidade com cidade nenhuma. O melhor exemplo é o Ipitanga, que nasceu em 2003, em Lauro de Freitas, e já passou por Terra Nova, Madre de Deus, por pouco não joga em Santo Antônio de Jesus e atualmente, está em Senhor do Bonfim, cidade que também abrigou o Juazeiro nesse ano, e que abrigará o Feirense no ano que vem.

É triste ver tamanha falta de identidade com uma torcida e uma região. Por isso, vejo como positivo a ascensão de ex-campeões estaduais. Desejo que, no decorrer dessa década, times de verdade representem o nosso futebol. Já o Bahia de Feira, um clube empresa, que se fortaleça, continue em Feira, para quem sabe, conseguir um dia respeito nacional. Viva o futebol baiano!

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