domingo, 1 de maio de 2011

Clássico nostálgico do futebol baiano


Nunca tive um irmão mais velho para me levar aos estádios, já que meu pai nunca foi fã de futebol. Continuo sendo filho único, mas vez por outra, sou um irmão mais velho para um primo, de 11 anos. Por isso, ontem pela tarde (30 de abril) levei-o para ver o Ypiranga, "O Mais Querido", enfrentar o Galícia, "O Demolidor de Campeões", pela segunda divisão do Campeonato Baiano. É o tipo de jogo ideal para levar uma criança: sem a violência que vem crescendo nas torcidas de Bahia e Vitória, o "clássico alternativo" era uma boa oportunidade de conhecer uma nova realidade. E me surpreendi com ela.

Quando eu passava de carro pela Paralela, vi, de longe, camisas aurinegras e azuis penduradas num varal. Mas questionei: com essa chuva, esse vendedor conseguirá cumprir sua meta? O ingresso foi R$ 12, e como cheguei umas 15h (o jogo foi às 16h) praticamente não havia fila. Porém, ao entrar no estádio de Pituaçu, vi uma aglomeração significativa embaixo das cabines de TV e rádio, a única parte coberta do estádio (o resto estava vazio).



Senhores, jovens, de todas as etnias e classes sociais, já estavam num clima de resenha esperando pelo “clássico de ouro”, mesmo durante a partida preliminar, entre os juniores de Bahia x Fluminense de Feira. Incrível como dois times, em decadência há décadas, ainda mobilizam torcedores, muitos deles, inclusive, só torcem para um time de coração. "Sou só Galícia. Quando Bahia e Vitória jogam no Brasileirão, quero que eles ganhem, mas no Baianão, quero que eles sejam rebaixados para fazer companhia para a gente", comentou um torcedor do Demolidor de Campeões.

A galera levava o jogo tão a sério que por alguns momentos eu esqueci que aquela partida valia pela fase classificatória, e não pelo mata-mata do acesso: xingamentos ao juiz, buzinaço e até briga! Segundo um ypiranguista, o "fight" rolou entre os próprios torcedores do Ypiranga porque um deles, revoltado com a armação do time, xingou a esposa do treinador, e o irmão dela estava por perto e deu início a "porradaria".

Com 741 pagantes e renda de R$ 8.892,00, a partida terminou 3 a 2 para "O Mais Querido", que roubou a liderança do rival no grupo 1, que também tem Botafogo, Camaçariense e Juazeirense. Os dois melhores colocados de cada grupo vão para a semifinal, onde medirão forças contra o grupo 2, que tem Guanambí, Itabuna, Jacuípense, Jequié e Poções.



Em tempos de times itinerantes como o sem graça Ipitanga, que vive mudando de sede, me sinto feliz de ter ido ao estádio e ver tanta mobilização por esses dois times tradicionais da capital.

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