Lidar com julgamento alheio não é novidade para o bloco Filhos de Gandhy. Mas para quem já foi perseguido por questões sociais-raciais-religiosas, é um tanto quanto ridículo enfrentar esse falso moralismo. E esse julgamento na hora mais inoportuna possível. No carnaval você pode ser quem você quiser. Homem vira mulher e a vida segue após quarta-feira de cinzas.
1. Secretaria de Segurança Pública de Salvador proíbe temas e batuques africanos.
Fonte: DVD A Bahia do Afoxé Filhos de Gandhy |
De uns anos pra cá, eu vinha achando que o carnaval de Salvador não tinha mais nada a me oferecer. ...2011, 2012, 2013. Tudo parecia “mais do mesmo”. Resolvi fugir dos “lugares comuns” do carnaval para um jovem de classe média (camarotes open bar/all inclusive, blocos e tudo mais que custe acima de R$ 250,00/dia).
Sempre tive curiosidade de sair no Filhos de Gandhy. Juntou “fome” com “vontade de comer”. Hoje estou realizado pela experiência que o bloco me proporcionou. Sem dúvida, esse foi um dos carnavais que mais curti, e gastei RELATIVAMENTE pouco.
Nunca vi um bloco igual. Pais carregando seus filhos no cangote, portadores de Síndrome de Down, cadeirantes, estrangeiros, homossexuais e heterossexuais. Um variado degradê de tons de pele, do preto ao branco. Eu sou essa bagunça harmoniosa. Saí no Filhos de Gandhy para me sentir mais baiano, para satisfazer o meu “complexo de povo”.
Identidade. Pertencimento.
Saí no Filhos de Gandhy também por ser trabalhador. Quero pertencer a esse bloco criado por estivadores do Porto de Salvador. Fiz colar por colar para pôr meus sentimentos e meu trabalho neles. Um certo velho barbudo teorizava que o valor advém do trabalho. Eu acredito nisso.
Aprendi no Filhos de Gandhy que ainda há carnaval sem abadá e coreografias ensaiadas. Se for para deixar o português de lado, que se dê preferência ao iorubá ao invés do inglês. Não só de “open bar” e “all inclusive” é feito o carnaval.
AJAYÔ!
Um comentário:
Bom saber que tanta gente ainda vive o gandhy com o prazer da vivência cultural e da identidade!
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