Flamengo reúne torcedores de todo o NE em SSA / Foto: Felipe Oliveira |
O deputado federal Marco Feliciano conseguiu, sem querer, promover uma “guerra”. Os contrários às suas declarações se mobilizam pela sua renúncia na presidência da comissão dos direitos humanos, os religiosos retrucam, e enxergo esse momento “fervoroso” como uma grande oportunidade para refletir sobre tolerância em todos os âmbitos, inclusive no futebol. Até porque hoje saiu o resultado de uma pesquisa, realizada pela Pluri Stochos Pesquisas e Licenciamento Esportivo, que apontou que as quatro maiores torcidas do Nordeste são de clubes de fora da região, e já imagino o tipo de reação nas redes sociais com o resultado.
Sob que justificativa uma torcida assume um comportamento xenófobo ao gritar “Éu éu éu, vai para casa tabaréu”, contra os baianos que torcem por um time do Rio de Janeiro? Ninguém é obrigado a torcer pelos times do seu estado. “Ah, então vá no Sudeste e veja se alguém vai te respeitar...”. Ora, a situação é diferente em Salvador, onde quem é do interior recebe a alcunha de tabaréu? Como o Esporte Clube Bahia pode querer captar mais fãs em outras cidades se faz vista grossa para manifestações do tipo? Os mesmos torcedores contrários a opção clubística de seus conterrâneos não gostariam de ouvir “Ino ino ino volta para casa nordestino” durante um jogo entre São Paulo e Bahia no Morumbi.
Os mandamentos religiosos estão na Bíblia, que é interpretada de diversas maneiras. Há também quem não faça do livro cristão seu manual, e daí surge toda o conflito, que não é o tema dessa postagem. Os fundadores do futebol, até onde eu sei, não deixaram recomendações para seus adeptos. Longe das discussões eclesiásticas, defendidas sob os argumentos de um livro por um lado e sob ideais de direitos humanos do outro, no futebol não há representação divina, e “Se Deus não existe, tudo é permitido”, já havia escrito Fiódor Dostoiévski em “Os Irmãos Karamázov”. Essa é a minha crença. E a sua?
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