Kevin Douglas morreu ao ser atingido por sinalizador | Reprodução/ Facebook |
Inteligência. Palavra de fácil compreensão e pouca aplicação quando se trata de segurança pública no ambiente do futebol. No final do ano passado, escrevi uma matéria sobre o trabalho das polícias civil e militar da Bahia na contenção da violência entre torcidas de futebol. Declarações de especialistas à parte, o problema parece longe de uma solução e me faz pensar em uma frase do ex-presidente dos Estados Unidos, John Kennedy: “A vitória tem mil pais, mas a derrota é órfã”.
Será tão complicado prevenir mortes como a do garoto boliviano atingido por um sinalizador ontem, na partida do seu time, o San José, contra o Corinthians? Ou o presidente do clube paulista continuará com o discurso de que houve uma “fatalidade”? O clima não era de hostilidade em Oruro, onde foi realizado o jogo. As torcidas não estavam separadas como acontece no Brasil e antes do jogo, os habitantes da cidade queriam chegar perto dos jogadores brasileiros para pelo menos relarem seus braços no corpo dos jogadores brasileiros, tamanha admiração pelo campeão mundial. Após o sinalizador que atingiu Kevin Douglas Beltrán Espada, 14 anos, no olho, a hostilidade tomou conta do estádio e os corintianos passaram a ser chamados, em coro, de assassinos.
Quantas pessoas precisarão morrer para que a fiscalização seja mais branda nos estádios de futebol? Também no final do ano passado, entrevistei um empresário do ramo da pirotecnia, Adriano Ribeiro, e ele defendeu a ideia de que nem todos os fogos deveriam ser proibidos em estádios de futebol. “Se estádio de futebol vai te oferecer uma estrutura para determinado tipo de fogos, você tem que saber usar aqueles tipos de fogos visando a segurança. Talvez quem crie as leis, quem aprova as leis, não são entendedores do ramo de pirotecnia. Existe uma variação de fogos e a lei fala que simplesmente você não pode usar, sendo que aqueles menores, sem estampidos, sem uma menor quantidade de gramas de pólvora, você poderia usar. A lei deveria determinar 'a partir desse você pode usar', mas a lei fala que não pode”.
Certamente, o sinalizador marítimo que matou o garoto boliviano não entraria em um estádio bem fiscalizado: a velocidade do disparo ultrapassava 100 km/h. A Conmebol, como de costume, se exime de responsabilidade e a solução mais fácil, se é que haverá punição, será punir o clube. Punir um clube de futebol pelo ato de um torcedor é a maneira mais fácil de dar satisfação à sociedade. Achar o responsável, coibir que fatos como esses ocorram novamente e assumir a responsabilidade parecem demais para a confederação que rege o futebol sul-americano. Para se ter uma ideia, em todas as competições europeias, a Uefa passa a gerir o estádio do mandante pelas horas que antecedem e sucedem o jogo, e o clube deixa de ser o “proprietário” do seu próprio patrimônio para que a competição não corra o risco de ter sua imagem manchada pela incompetência da agremiação, foi o que ouvi de Mauro Cézar Pereira, da ESPN, o mesmo que faz reflexões brilhantes sobre questões como essas abaixo, acerca das torcidas organizadas. Confira o vídeo e reflita, sem clubismo, sobre a questão, que vai muito além de Corinthians, Palmeiras, Bahia, Vitória, Brasil e Bolívia.
Será tão complicado prevenir mortes como a do garoto boliviano atingido por um sinalizador ontem, na partida do seu time, o San José, contra o Corinthians? Ou o presidente do clube paulista continuará com o discurso de que houve uma “fatalidade”? O clima não era de hostilidade em Oruro, onde foi realizado o jogo. As torcidas não estavam separadas como acontece no Brasil e antes do jogo, os habitantes da cidade queriam chegar perto dos jogadores brasileiros para pelo menos relarem seus braços no corpo dos jogadores brasileiros, tamanha admiração pelo campeão mundial. Após o sinalizador que atingiu Kevin Douglas Beltrán Espada, 14 anos, no olho, a hostilidade tomou conta do estádio e os corintianos passaram a ser chamados, em coro, de assassinos.
Quantas pessoas precisarão morrer para que a fiscalização seja mais branda nos estádios de futebol? Também no final do ano passado, entrevistei um empresário do ramo da pirotecnia, Adriano Ribeiro, e ele defendeu a ideia de que nem todos os fogos deveriam ser proibidos em estádios de futebol. “Se estádio de futebol vai te oferecer uma estrutura para determinado tipo de fogos, você tem que saber usar aqueles tipos de fogos visando a segurança. Talvez quem crie as leis, quem aprova as leis, não são entendedores do ramo de pirotecnia. Existe uma variação de fogos e a lei fala que simplesmente você não pode usar, sendo que aqueles menores, sem estampidos, sem uma menor quantidade de gramas de pólvora, você poderia usar. A lei deveria determinar 'a partir desse você pode usar', mas a lei fala que não pode”.
Certamente, o sinalizador marítimo que matou o garoto boliviano não entraria em um estádio bem fiscalizado: a velocidade do disparo ultrapassava 100 km/h. A Conmebol, como de costume, se exime de responsabilidade e a solução mais fácil, se é que haverá punição, será punir o clube. Punir um clube de futebol pelo ato de um torcedor é a maneira mais fácil de dar satisfação à sociedade. Achar o responsável, coibir que fatos como esses ocorram novamente e assumir a responsabilidade parecem demais para a confederação que rege o futebol sul-americano. Para se ter uma ideia, em todas as competições europeias, a Uefa passa a gerir o estádio do mandante pelas horas que antecedem e sucedem o jogo, e o clube deixa de ser o “proprietário” do seu próprio patrimônio para que a competição não corra o risco de ter sua imagem manchada pela incompetência da agremiação, foi o que ouvi de Mauro Cézar Pereira, da ESPN, o mesmo que faz reflexões brilhantes sobre questões como essas abaixo, acerca das torcidas organizadas. Confira o vídeo e reflita, sem clubismo, sobre a questão, que vai muito além de Corinthians, Palmeiras, Bahia, Vitória, Brasil e Bolívia.
A vida vale muito mais que o futebol. Há brasileiros que reclamam da falta de conhecimento dos europeus quando o assunto é o nosso futebol. Mas será que uma competição que vende 90 minutos de uma decisão para uma TV e transmite só 45 é um bom produto? Será que é tão divertido assistir a uma partida em que os policiais precisam proteger os jogadores do time visitante para cobrar um escanteio? Ou só quem consegue enxergar a “mística dessa guerra” são os sul-americanos?
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