Há quem diga que para se tornar ídolo de um time é preciso fazer parte de uma façanha histórica. A história do futebol, porém, contradiz essa tese com alguns exemplos, afinal de contas, de quem a torcida do Internacional sente mais saudade em campo: Falcão, gênio que não conseguiu dar o inédito título da Libertadores para o clube, ou Iarley, o destaque da final do mundial de clubes contra o Barcelona, em 2006? Iarley, sem dúvida, foi um bom jogador, vestiu a camisa 10 de Maradona no Boca Juniors quando o clube argentino ganhou seu último título mundial, em 2003, mas não entrou na relação dos principais jogadores brasileiros de todos os tempos, fruto de uma lista elaborada por PVC e André Kfouri com o nome de 182 craques em que internautas escolheram os 100 melhores.
Falcão nunca ganhou um título internacional como atleta, nem mesmo na Roma, onde é idolatrado até hoje por ter ajudado o clube a ser campeão italiano após quase 40 anos, em 1983. Nesse caso, o título nacional o ajudou a se tornar "rei". O craque colorado também se destacou na Seleção Brasileira, especialmente na Copa do Mundo de 1982, quando foi escolhido como melhor jogador do torneio apesar da saída prematura do "Scratch Canarinho". Mas os legados valem mais do que troféus e, com todo respeito a atletas como Iarley, para ser especial não basta se esforçar: é preciso ter o dom.
Cinco times brasileiros brigam para faturar a Libertadores. A maioria deles já conquistou a América: o Santos, em 1962, 63 e 2011, o Flamengo, em 1981, o Vasco, em 1998 e o Internacional, como já citei, em 2006. Fluminense e Corinthians sofrem com a chacota dos rivais por não terem chegado ao topo do continente. Mas será que se o tricolor carioca vencer Fred tomará o lugar de Castilho, Rivelino e Assis? E se o Coringão quebrar o tão incômodo jejum, Ralf e Paulinho ofuscarão o brilho de Sócrates? Magrão foi muito mais que um atleta brilhante: suas ideias de repensar o esporte estão vivas até hoje.
Eu não vi Falcão, Castilho, Rivelino, Assis e Sócrates jogarem, infelizmente. No entanto, nem sempre é preciso ter vivido uma época para tirar conclusões do que pode ser mais importante na história de um clube: o talento que deslumbra gerações ou o esforço para conquistar um título inédito. Atualmente me deslumbro pelo talento de Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo e defenderei para meus netos suas memórias assim como tanto defendem até hoje a memória de grandes astros do passado.
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