segunda-feira, 8 de março de 2010

Vale a pena proteger o patrimônio histórico?

Por trás de tantos 'elefantes brancos' que enxergamos pelas ruas há uma história secular que protege muitos desses de serem demolidos. A agressividade das construtoras passa até por cima do meio-ambiente, mas ainda não consegue driblar a resistência dos que lutam para proteger o patrimônio histórico cultural. Não deixa de ser justo, afinal, a história viva nos conta um pouco do que foi o Mundo de outros tempos, e compreendendo-os dessa forma, entendemos em parte porque estamos aqui hoje. O que seria de Petrópolis hoje se não fossem suas saudosas lembranças do tempo em que era sede do Império? Os museus são um excelente mecanismo de se fazer dinheiro com obras que não podem ser demolidas (freando os ímpetos expansionistas do mercado imobiliário), mas se esse pontencial não for explorado, é melhor nos acostumarmos com a idéia de que as melhores lembranças de certos lugares serão através de fotografias. Não deixa de ser um 'sacrifício' o ato de derrubar uma construção antiquissima, mas as vezes é preciso se sacrificar para manter o bom funcionamento de uma cidade, e o bom funcionamento de uma cidade não depende apenas das obras do Estado, e sim da iniciativa privada, que tanto emprega e mantém famílias, mas faz questão de se expandir.

Todo progresso deveria ser pensado com mais cuidado, e nos dias atuais, em que 'tempo é dinheiro', a pressa tem agredido a todos de forma irreverssível sem nem percebermos, pois quando nos damos conta, um edifício enorme já vendeu todos os seus lotes em cima de uma antiga área verde que vem se tornando cada vez mais rara nas grandes cidades. A ONU recomenda que haja duas árvores por habitante para que uma cidade tenha uma boa 'saúde ambiental'. O que estão fazendo com Salvador hoje é um crime ecológico dos mais graves, pois o surgimento de novos empreendimentos tem passado dos limites, a frota de carros consequentemente aumentará e se quer há metrô como alternativa (breve colocarei os dados precisos sobre frota de carros, novos empreendimentos, proporção área verde/população...). Se o patrimônio histórico na capital baiana é preservado, a natureza por outro lado é esquecida.

O Uruguai, sede da primeira Copa do Mundo, em 1930, já não conta com o estádio onde ocorreu a 1ª partida de todos os Mundiais: o Estádio de Pocitos (no bairro de mesmo nome) deu lugar a algumas casas. De qualquer forma, há marcos históricos sinalizados de, por exemplo, onde foi dado o ponta-pé inicial da partida França x México (a primeira de todas) e onde foi marcado o primeiro gol (do francês Laurent). Foi uma maneira criativa de não cultivar um elefante branco e ao mesmo tempo preservar a história. O Estádio de Pocitos era muito diferente do Centenário (da mesma cidade, Montevidéo). Se quer seria praticável uma partida profissional nele nos dias de hoje, logo, não havia como explorar tanto do seu potencial, diferente do Wembley em Londres, demolido (embora com condições normais de se abrigar jogos profissionais) e reconstruído, mas que perdeu traços da sua arquitetura tradicional e deu lugar a um dos estádios mais modernos da atualidade. A discussão sobre Wembley é naturalmente polêmica, mas no caso de Pocitos eu não sei se houveram muitas pessoas contra.

Ontem o Esporte Espetacular mostrou como está hoje o lugar onde era o estádio de Pocitos.
Abaixo está o resumo dela.

Um comentário:

Theo disse...

trata-se de um grande dilema!

o exemplo de wembley foi tratado de forma pragmática pelos inglês, que já pensam em demolir o estádio olimpico de 2012 indo em contra a filosofia do COI de que as construções olimpicas deveriam servir como legados para as cidades sedes dos jogos.
já o estádio olímpico de berlim, uniu o último ao agradavel... talvez tenha saido um pouco mais caro... e espero que sirva de exemplos pros grandes estádios brasileiros pra copa de 2014