quarta-feira, 10 de março de 2010

Esportes fechados

Pouquíssimas nações hoje ainda resistem ao modelo socialista: com o fim da União Soviética, os seguidores de Marx se viram forçados a reconhecer uma derrota histórica, e aos poucos, novos países foram surgindo, na maior mudança geo-política da história. No fim dos anos 80 e início dos 90 os Atlas sofreram tantas atualizações que o planeta parecia ser outro, agora não mais com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) que foi dividida em 15 países, sendo o maior e mais influente deles, a Rússia, o que responde por todo o histórico esportivo dos 'vermelhos', embora no basquete, por exemplo, os melhores jogadores soviéticos eram os lituanos, mas os resultados da União Soviética foram transferidos para o histórico da Rússia, e não para a Lituânia.

Fidel Castro, líder político de Cuba, está no poder a quase meio século e provavelmente sua família dará continuidade ao regime, que vem enfraquecendo nos esportes: nos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, sua modesta 28ª posição e apenas dois ouros são uma prova de que a potência de outros tempos não assusta nem Jamaica, Nova Zelândia e o próprio Brasil, todos eles na frente da ilha de Fidel no quadro de medalhas. O aspecto interessante é que o 1º colocado no quadro geral foi a China, com 100 medalhas, 51 delas de ouro. Todos respeitaram a superioridade dos anfitriões do evento, menos os Estados Unidos: a imprensa americana distorceu os fatos, dando méritos maiores para o número de medalhas conquistadas (a soma de ouro, prata e bronze), e os EUA conquistaram 110 medalhas ao todo (10 a mais que a China), mas 'apenas' 36 de ouro. Para quem não está acostumado a não liderar o quadro de medalhas nas Olimpíadas é realmente difícil se adaptar aos novos tempos.

Mesmo sendo um país socialista, o fornecedor de material esportivo da Delegação cubana é Adidas, inclusive Fidel Castro usa frquentemente um casaco da marca alemã que carrega do lado esquerdo do peito a bandeira cubana. Se parece ser controverso a Adidas (para muitos, um dos grandes símbolos do capitalismo, ao lado de Nike e Coca-Cola) ser aceita nas roupas da delegação de um país onde o consumo é controlado e o Estado comanda todas as atividades nacionais, o que dizer da Coréia do Norte, muito mais fechada, e que também ja foi patrocinada pela Adidas?
Hoje o patrocinador da Seleção Norte-Coreana de Futebol é a Erke. Há mais credibilidade em ser patrocinada por uma empresa chinesa, afinal, na guerra das Coréias a República Popular da China foi aliada da República Democrática Popular da Coréia (nome oficial da nação ao norte da penísula). A China é o único país que tem vôos internacionais para o país do 'líder supremo' Kim Jong-Il, e a mágoa dos seus súditos pelo Japão e Estados Unidos é tanta que a última coisa que podemos esperar um dia é a Nike ou Mizuno patrocinarem qualquer coisa que tenha a ver com a Coréia do Norte, que por sinal, contraditoriamente conta com patrocínios e deixa de se reafirmar como 'auto-suficiente'.

Por trás de uma marca e sua nacionalidade há muita responsabilidade, nem todas as peças se encaixam umas as outras.

2 comentários:

Unknown disse...

rpz..até hoje fidel usa esse casaco..aliás..eu acho q ele nao lava essa porra nao

Luana Marinho Nogueira disse...

fantástico, Lucas!
eu juro que nunca havia reparado
essa relação.
Como vc me disse hoje, o futebol, e os esportes como um todo, não
são vagos ou simplistas. Tdos
são complexos e são representativos da cultura de uma nação.