Numa sociedade onde a competitivade é estimulada para poucos chegarem ao topo e se tornarem privilegiados, cria-se uma crença que 'não há espaço para tantos vencedores'. Para completar, se criam critérios de como deve ser a vitória: ganhar mais dinheiro, ser reconhecido e famoso, usufruir bem do dinheiro... Claro, nem todos cumprem tais regras estabelecidas, mas esta imposição interfere no giro do mundo mesmo para quem não esteja envolvido diretamente com esta competição: com essa corrida contra o tempo, as pessoas vão ficando cada vez mais perigosas, capazes de passar dos limites do bom senso para alcançar uma meta.
E se vencedor for aquele que levar uma vida digna, embora não seja reconhecido? Que ajude sem precisar mostrar a todos seu espírito filantrópico, como fez Ayrton Senna, que fazia diversas doações a instituições de caridade, e só depois da sua morte o público foi ter a dimensão de seu trabalho voluntário. E se o seu mundo entrar em conflito com as idéias da sociedade, a exemplo do livro Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, em que o protagonista se imaginava como um cavaleiro andante, e no entanto, não passava de um fanático por histórias de cavalaria que buscava viver seu 'mundo mágico' envolvendo a sobriedade de pessoas que não sabiam o que se passava em sua cabeça? Será a loucura uma doença, ou em alguns momentos uma dose de "maluquice controlada, misturada com lucidez, pode deixar um 'maluco beleza' levar uma vida digna?"
Não se tratando apenas de viver o seu mundo, há quem queira vencer desafios não como Dom Quixote, vivendo apenas para si, mas fazendo os outros viverem mais sóbrios, como no livro '1984', de George Orwell, em que Winston Smith sentia que algo estava errado, e com o auxílio de seu amor, Júlia, tentaram derrubar um sistema político que acaba com a vida provada das pessoas(que viviam para o estado). Outro exemplo de personagem que tentou derrubar um sistema alienante foi Neo, do filme Matrix: conhecedor do mundo virtual, tornava-se uma ameaça para o sistema de computador que controlava a vida de seres humanos, e, descoberto por aliados que também buscavam enxergar algo 'além do que se vê'(como na música de Los Hermanos de mesmo nome), foi o escolhido para as tarefas mais complexas de resistência contra a Matrix.
Pegando exemplos na literatura e cinema, além da música, como 'O vencedor', de Los Hermanos(que descreve bem o desprezo do autor pela vida corrida onde se busca vencer para ser feliz), podemos chegar a conclusão que vencer não é uma idéia universal, e nem todas as vitórias são atribuídas a causas particulares e convencionais, inclusive, melhorar o mundo todos os dias da nossa maneira torna-se uma meta, independente de como se faça isso, podendo ser um 'bom dia' ao vizinho ou grandes projetos como no filme 'A corrente do bem', onde um garoto do primário inventa uma corrente em que cada pessoa que receber uma boa ação, retribua-a para mais 3 pessoas, e assim em diante; No filme, essa corrente se espalhou e ganhou grandes proporções, e eu me pergunto: e se o final do filme não for feliz, implica que ele fracassou? Claro que não! Também vivemos de legados, bons exemplos, e torna-los eternos depende apenas dos admiridadores desses atos: Dom Quixote, Neo(Matrix), Winston Smith(1984), Trevor McKinney(A corrente do bem) serão eternos em seus legados, suas ações em muitas vezes correspondem as nossas expectativas de mundo, portanto, temos um pouco deles em nós, e como contestadores, não os deixaremos morrer, pois enquanto houver resistência, haverá vidas para esses heróis, independente de seus finais nas obras serem felizes ou não.
Estreias da semana - Nos cinemas
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*Cristina 1300 - Affonso Ávila - Homem ao termo*
Está nos cinemas brasileiros esse bom e bem curtinho documentário, de
apenas 60 minutos, que resga...
Há 3 horas
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