Quando você gosta de futebol e tem um time de coração, você não canaliza as suas energias apenas para torcer pelo seu clube: é preciso reservar um tempo para secar o rival. Todos os times do mundo tem um rival, e todas as rivalidade seguem esse mesmo princípio, mas há algumas variações que vão além do endereço.
Os torcedores do Internacional hoje torceram pelo Liverpool do Uruguai, afinal, essa equipe cisplatina enfrentou o Grêmio. Certamente, uma derrota gremista faria Porto Alegre ficar mais vermelha amanhã: os tricolores ficariam vermelhos de vergonha, e os colorados sairiam contentes com as suas camisas alvirubras pelas ruas a fim de provocar. Não faltam métodos criativos para zombar, trocadilhos infames para constranger o torcedor do time adversário, e no caso da dupla GreNal, a rivalidade tem alto nível, pois são duas equipes gloriosas. Os gremistas provocam os colorados porque esses foram eliminados pelo Mazembe, da República Democrática do Congo, no mundial de clubes, e os colorados se frustraram porque perderam a oportunidade de sacanear o Grêmio, já que ele passou, com alguma dificuldade, pelo Liverpool uruguaio, e garantiu vaga para a fase de grupos da Libertadores.
Em Belém, a torcida do Paysandu entoa no Mangueirão, nos dias de jogo contra o seu rival Remo, o grito "Puta que pariu, Libertadores o Remo nunca viu". Para os torcedores do Papão, ver Libertadores é ter participado, e de fato, o time da Curuzu é o único da região Norte a ter chegado lá, em 2003, quando foi eliminado pelo campeão daquela edição, o Boca Juniors. Já os santistas, palmeirenses e são-paulinos entoam o mesmo grito em direção ao Corinthians "Puta que pariu, Libertadores o Corinthians nunca viu", apesar de o time do Parque São Jorge já ter disputado muitas Libertadores. É que, para o nível de rivalidade na terra da garoa, ver Libertadores é ter colocado a mão na taça. Isso comprova que o ponto de vista sobre o que é ver varia de região para região, pelo menos se o assunto for futebol.
Na Bahia, O Vitória dominou a década de 2000, conquistando oito dos dez Baianões possíveis. Também fez grandes campanhas em Copas do Brasil, sendo semifinalista em 2004 e finalista em 2010, sem falar que o rival Bahia ficou por muito tempo na segundona. No entanto, o torcedor tricolor se agarrava a alguns argumentos que julgava convincentes: terem sido campeões brasileiro, por duas vezes, 1959 e 88, e terem uma torcida mais fiel. Agora, quem carece de argumentos são os rubronegros: ainda amargando a subida do Bahia e pouco depois, o seu rebaixamento para a Série B, o Vitória continua sem ter conquistado um título nacional e sem ter disputado Libertadores. As provocações entre os dois times são carentes, pois conquistar um Brasileirão, em muitas regiões, é requisito básico para entrar na discussão, o que dirá então um time que nunca conseguiu vaga para a Libertadores, que se vangloriou por tanto tempo apenas de se manter na elite do futebol nacional, longe de almejar o título no difícil campeonato de pontos corridos.
Esse é o futebol: amanhã, os corintianos mais fanáticos precisarão fazer um esforço enorme para levantar da cama, e os colorados levarão consigo a frustração de não ter se concretizado o seu desejo de poder sacanear o rival. Enquanto isso, a vida continua, afinal, isso é só um jogo... Que para muitas pessoas vale mais do que a própria vida.
Estreias da semana - Nos cinemas
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*Cristina 1300 - Affonso Ávila - Homem ao termo*
Está nos cinemas brasileiros esse bom e bem curtinho documentário, de
apenas 60 minutos, que resga...
Há 6 horas
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