Tem coisa mais chata do que um politicamente correto "xiita"? A vontade que tenho quando vejo um "senhor da razão" é de mandar a pessoa para aquele lugar, mas por enquanto, confesso, sou um tanto careta para isso.
O mundo vive uma contradição: os costumes mudam na mesma velocidade da tecnologia. Conclusão: se o que foi proibido antigamente já não choca hoje, a privacidade para se transgredir é mínima e o risco de se fazer algo escondido é maior, pois por vários condomínios pode haver uma câmera de segurança, ou até mesmo um gaiato pode te filmar pelo celular e colocar no You Tube. Dessa forma, uma professora de crianças foi demitida após ser veiculada uma imagem sua dançando a música "Todo enfiado", da banda “O Troco”, que diga-se de passagem, é extremamente vulgar. Taxar algo de vulgar não é "defender os bons costumes e a ordem vigente": a subversão gratuita se torna feia, e o belo continua existindo como conceito. Acontece que o belo, com a "evolução dos pensadores", nem sempre está associado ao bom e vice-versa, como acreditavam Platão e Aristóteles.
Largar a caretice não significa dar credibilidade a qualquer manifestação cultural. Isso é o que os caretas pensam sobre os não-caretas: que sem os "bons costumes", o mundo se torna "terra de ninguém". Eu continuo achando o funk carioca e o pagode baiano gêneros musicais feios e vulgares. Antes de qualquer coisa, o significado de vulgar no Dicionário Aurélio é: comum, ordinário, trivial, usual, reles, ordinário. Minha conclusão: ser careta também é ser vulgar, pois é aceitar as convenções sem parar para refletir. Se me perguntarem "o que você prefere: músicas de apelo sexual explícito ou os seus críticos moralistas ferrenhos" eu responderei que não sou obrigado a me posicionar entre dois extremos que não nos levam a encarar a vida de uma forma transparente: eu critico certas músicas mais pelo critério estético do que pelos "bons costumes".
Se você não é careta e quer ser candidato à presidência da república um dia, tome muito cuidado com o que fala/escreve/compõe. Tudo pode ir contra você: seus concorrentes irão desvendar todas as suas "subversões", e isso pode determinar o fracasso da sua candidatura. Você terá de tomar uma decisão arriscada: pagará o preço por tentar chegar ao topo do país, e quem sabe lá, tomar decisões que você sempre sonhou que seus representantes tomassem, ou continuar sendo transparente, candidatar-se sem o apoio de falsos moralistas e de quebra assumir os seus erros quando for necessário?
O mundo é dos caretas. Mas não acostume-se. Subverta. Não há vitória ou derrota: há aceitação ou menosprezo. Se você não quer mais ser um “vencedor” (nos padrões da caretice), leve a vida no seu ritmo, para que não lhe falte o que é tão importante: ser ser humano.
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Há 3 dias
Um comentário:
Muito bom...
José Luiz
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