Em geral, para o noticiário internacional, um país tem duas formas de 'estar na mídia': a primeira é sendo poderoso e responsável diretamente pelo andamento da economia e política global, a exemplo dos Estados Unidos, China e alguns membros da União Européia, e a segunda é sendo um 'antro de absurdos': seja por ser rotulado de 'perigoso', como o Irã, por sobreviver a mais de meio século com um sistema político 'alternativo', como Cuba ou pelos crimes contra os direitos humanos, como a China. Nesses critérios, frutos de minha reflexão, a China é o país 'mais em evidência' do Mundo: os noticiários internacionais falam de avanços econômicos até torturas e execuções.
O noticiário internacional resume os seus esforços para noticiar o que é de 'interesse público', e como dinheiro parece ser o centro das atenções, nações que concentram investimentos ou ameaças ao avanço global precisam ser noticiados por serem candidatos a mudarem a história do Mundo, seja com progressos inovadores ou pela tentativa de ruir o sistema.
Talvez muita gente não teria ouvido falar de Camarões se a sua Seleção de futebol nacional não estivesse presente em cinco das últimas sete Copas do Mundo. E a Romênia, que pessoalmente me faz lembrar de Hagi (craque dos anos 90) e não dos ciganos, Drácula e comunismo? A imagem de um país pode mudar com o futebol: países pequenos tem a sua chance de aparecer no noticiário internacional sem precisar ameaçar ninguém com projetos de enriquecimento de Urânio ou bombas atômicas.
A Coréia do Norte é considerada por muitos como 'o país mais fechado do Mundo'. Poucos se esforçam para enxergar a República Democrática Popular da Coréia como a terra do Festival Arirang e de Pak Doo Ik , e não como o país da ditadura de Kim Jong-Il. Mas nada como uma Copa do Mundo para abrir os olhos do planeta para esse país que todos tem uma paciência tão pequena que acusam sem a mínima precaução esse país de ter explodido um submarino do país vizinho (a Coréia do Sul). São nessas horas que a conspiração contra o 'mal falado na imprensa' pode parecer tão fácil: não seria um absurdo que algum outro país tenha sido o responsável pelo ataque apenas para causar um mal estar na diplomacia norte-coreana.
O desinteresse pela versão dos fatos dadas pelos norte-coreanos não é novidade. O que se torna impressionante é a sua Seleção nacional, que irá estrear na Copa de 2010 no dia 15 de Junho, não tem ainda camisas prontas para a partida. Falta quem queira anunciar a sua marca na camisa da Coréia do Norte, será o medo de ter a imagem associada a este país 'tão mal falado'? A matéria do Terra conta um pouco isso: http://esportes.terra.com.br/futebol/copa/2010/noticias/0,,OI4451956-EI14416,00-Coreia+do+Norte+pode+usar+uniforme+improvisado+contra+o+Brasil.html
A BBC lançou um documentário belíssimo sobre a Seleção Norte-Coreana que disputou a Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, inclusive com depoimentos atuais dos jogadores da época. Esse documentário tem passado regularmente na Sportv, mas achei-o disponível na internet apenas em inglês, está abaixo. Vale a pena ver e se esforçar para abrir a cabeça quanto ao preconceito que plantamos todos os dias por países que se quer tem 'direito de resposta'. Viva a Copa do Mundo!
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