sábado, 16 de janeiro de 2010

O Haiti não é aqui



O Haiti não é aqui: não se trata de nenhuma alusão à música 'Haiti' Composta por Caetano Veloso e Gilberto Gil. Se a situação no Brasil, com inversões de valores que atingem dos centros do poder até o cidadão comum que suborna a polícia, transformam essa nação num antro de desigualdade social e injustiças, acredite, a situação no Haiti consegue ser pior. Multiplique a corrupção por um número bem alto e some à desastres naturais (não encontrados no Brasil) com um orçamento mínimo para a reconstrução de um país ja destruído a muitos anos, e agora ainda mais, e assim terá uma idéia do que é o Haiti, idéia vaga, pois eu também não imagino a complexidade que há por lá: apenas estando nesse miserável país poderíamos sentir todas as angústias que a miséria pode proporcionar à um ser humano.

O Haiti merecia atenção antes mesmo do terremoto de 7 graus na escala Richter (o maior desastre que a Onu ja enfrentou, superando o Tsunami de 2004) que está matando mais de 200 mil pessoas, e que infelizmente matará muito mais, pois muitos corpos foram soterrados, o que causará danos ainda maiores por contaminação. Antes mesmo da tragédia, nas feiras populares os peixes eram lavados com água de esgoto, e hoje há disputas físicas pela mesma comida: as doações minimizarão os danos, mas não recuperarão os mortos e as consequências de ter 4% de sua população dizimada e sua economia já frágil ainda mais desestabilizada.

Governos tiranos se aproveitaram da fragilidade de um país sem força para planejar um futuro melhor. O Haiti não conseguirá sozinho dar uma vida melhor para a sua população: o mundo precisa se solidarizar com esse país, e não apenas nesse momento de tragédia. Há muito tempo o Haiti é esquecido, e até doações são censuradas: mesmo com uma situação pior do que qualquer outra no mundo, ainda há brasileiros egoístas que satirizam as doações do governo Lula, alegando que ele 'é presidente do Brasil, portanto, deve apenas atender àos nossos interesses, pois há muito o que se corrigir aqui'. Com essa mentalidade de olhar apenas para o próprio umbigo nascem as revoltas, as incompreensões perante o 'resto do mundo' (pois o que não fizer parte de si é visto como 'resto') e a violência.

O ano começou mal para todos: desastres aconteceram logo na primeira semana de 2010, no estado do Rio de Janeiro, São Paulo e região Sul. A Europa vive o inverno mais rigoroso dos últimos tempos. A natureza castiga o mundo e é preciso refletir sobre o que nós, seres humanos, podemos fazer para melhorar o quadro do nosso planeta. É preciso olhar para as diversas regiões do mundo antes mesmo que a tragédia aconteça: foi muito bonita a onda de solidariedade à Santa Catarina no final do ano de 2008, mas o Nordeste brasileiro sofre a muito tempo e nunca contou com tamanha mobilização da população no país. O foco não pode ser justificado pelo tamanho da tragédia, afinal, o Nordeste pode não ter contado com uma catástrofe do nível da região Sul, mas a tragédia cotidiana vem causando danos àos nordestinos ào longo de muitos anos, e é preciso olhar para o mundo, independente de ser o foco da imprensa no momento. Se não temos olhos tão grandes nem energia suficiente para ajudar a todos, que tenhamos consciência de que há muito mais para se fazer e nós não temos capacidade para tanto, mas ào menos, permita a ajuda dos outros, e não censure com argumentos tolos como a de brasileiros que acham um absurdo a ajuda brasileira à um país que precisa urgentemente de ajuda, mais do que qualquer outra nação no momento.

Um comentário:

Unknown disse...

Concordo plenamente... Acho que a única coisa que restou do desabamento da igreja, que foi a cruz com cristo..é um sinal bem forte ...