quarta-feira, 29 de julho de 2009

Rumos do futebol baiano


Bahia: um estado unificado de múltiplas culturas. Arriscaria-me dizer que se o Brasil tem dimensões continentais, a Bahia tem dimensões nacionais. Salvador não pode resumir esse que é o 4º maior estado territorialmente do país: Ilhéus e Porto Seguro já foram capitanias hereditárias (se agregando a então capitania hereditária Bahia de Todos os Santos quando nosso território passou a ser dividido em estados).

Foi de Ilhéus que em 2006, surgiu uma destemida equipe que levou o caneco do Campeonato Baiano de Futebol para a terra do cacau: se Bahia e Vitória (as principais forças do estado) estavam na 3ª divisão, o Colo colo se encontrava em ascensão, apenas parada com a venda de seus principais jogadores após o título. Além dos Tigres do sul do estado, levaram também a taça para o interior o Fluminense de Feira (1963 e 69) e o Palmeiras do Nordeste (em 2002, ano que Bahia e Vitória não disputaram o estadual para dar prioridade ao Campeonato do Nordeste), ambas da cidade de Feira de Santana. Ambas as equipes se encontram na elite do futebol baiano: o Fluminense com a sua forte identidade pintando suas cores no estádio da prefeitura, o Jóia da Princesa, enquanto o Palmeiras do Nordeste hoje se chama Feirense, e não conta mais com as cores do ex-chará paulista, e sim com o vermelho e branco.

Feira de Santana terá no próximo ano mais uma equipe na 1ª divisão do Baianão: o Bahia de Feira, campeão da 2ª divisão em 2009. Pela primeira vez na história, Feira de Santana terá mais equipes que Salvador na 1ª divisão: a capital contava com o Galícia para subir esse ano, e mais uma vez o clube da colônia espanhola ficou no meio do caminho no acesso. Se o futebol baiano nasceu em Salvador, com Zuza Ferreira, e se desenvolveu principalmente na parte Sul da cidade (da Barra nasceu o Vitória, e da fusão entre dois clubes, o Baiano de Tênis - Canela - e a Associação Atlética da Bahia - Barra - nasceu o Bahia), hoje ambos jogam muito longe de suas origens: o Vitória treina e joga na Canabrava (onde fica localizado o Barradão, próximo a Avenida Paralela) e o Bahia treina em Itinga (no município de Lauro de Freitas) e joga no Pituaçu (na Avenida Pinto de Aguiar, que é uma das ligações da Orla com a Avenida Paralela). Times como Ypiranga, Leônico, Botafogo e etc não existem mais, e as equipes do interior tem predominado na quantidade de equipes (embora os títulos ainda se concentrem na capital).

A Bahia encontra dificuldade em organizar o seu futebol: os estaduais ainda existem, para a felicidade das populações interioranas, que podem contar com equipes grandes como Bahia e Vitória em suas cidades, mas já se pensou em extinguir o estadual a fim de se organizar uma liga do Nordeste (seria mais rentável para a dupla BAVi e acarretaria numa crise sem precedentes em equipes como Camaçari, Itabuna, Conquista e etc, já que não caberiam todas as 12 equipes que hoje disputam o Baianão numa nova competição com a participação de mais sete estados). Esporadicamente equipes do interior disputam a Copa do Brasil (apenas Camaçari e Fluminense conseguiram passar da 1ª fase) e na história da Série C (hoje Série D) as equipes baianas não obtiveram muito sucesso. Em suma, o calendário é apertado, e na tentativa de aumentar a renda do futebol brasileiro (concentrada principalmente em São Paulo), a Liga brasileira de pontos corridos é excelente para as 20 equipes que se encontram na Série A (e não é mal negócio para as outras 20 da Série B, que tem seus jogos transmitidos): é certeza de bilheteria e mais injeção de dinheiro das televisões, mas sufoca outras competições, e os estaduais tendem a desaparecer (aliás, só existem porque o Paulistão ainda é um excelente negócio, e com a existência desse se mantém os outros 26). A Copa do Brasil ajuda a diminuir os prejuízos das micro-equipes (muitas equipes do Brasil que receberem o Flamengo no torneio terão um caixa de bilheteria suficiente para pagar a folha salarial da equipe por alguns meses, e se não forem eliminadas no jogo de ida, ainda podem proporcionar aos seus jogadores uma viajem para a Cidade Maravilhosa, o que não será bom para o Flamengo, que irá perder dinheiro e tempo de preparação para outras competições com essa partida de volta). As Federações estaduais também se esforçam: criam competições alternativas para 'encher lingüiça' no calendário, a fim de equipes pequenas não se licenciarem ou encerrarem suas atividades.

Difícil o destino do futebol brasileiro, tentamos nos aproximar dos europeus, para pelo menos segurar grandes jogadores, mas o custo de ver um Palmeiras ou Internacional com mega-equipes de nível 'galático' custa muito caro para os mais modestos. Sou a favor da volta dos Campeonatos Brasileiros com finais e da volta dos Campeonatos Regionais sem extinguir os Estaduais, afinal, essa é a cara do futebol brasileiro!

Um comentário:

Alter Ego disse...

Vejo que realmente transformou seu blog em um bate-papo sobre futebol, bom, ao menos sabe por onde dirigir tal assunto sem bater no primeiro poste a vista.